Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 13
Capítulo 13 Atacado




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             Cento e setenta dias sem Bella.


 


            Depois de duas noites, obriguei-me a ir atrás de Victoria. Estava ficando muito difícil manter o foco em qualquer coisa que não fossa a minha dor e o meu desesperado desejo de voltar; passei a me agarrar a essa caçada, como se isso pudesse salvar Bella da minha perigosa presença.


 


            Andei pelas ruas até alcançar o meu carro. Passei na frente do infecto café em que a garota Erin trabalhava; ela estava atrás do balcão servindo café, como em qualquer outra noite. Fiquei feliz por haver salvo sua vida; definitivamente, a menina tinha uma boa mente.


 


            Segui para a fronteira entre o Texas e o México, sabia agora pelo menos que Victoria havia estado na cidade de Piedras Negras. Se ela já tivesse ido embora, poderia encontrar alguém que a conhecesse e assim obter outra pista de seu rastro.


 


            Uma parte de mim não queria achar Victoria tão fácil; se eu a matasse logo, o que usaria para me manter afastado da Bella depois? Não havia mais nada que eu pudesse pensar em fazer enquanto visse 60 anos se passarem, sentado em algum buraco, sofrendo enquanto me segurava para não voltar; definitivamente não daria certo. Eu mal conseguia me manter focado na estrada. Os lindos olhos marrons dela sempre estavam em minha linha de visão; eu nunca seria capaz de me desviar do calor que ela mandava para mim através daqueles olhos; na verdade, eu também não queria isso.


 


            Cheguei à cidade ainda de madrugada. Apesar de as estradas estarem vazias, mantinha-me no limite de velocidade. Isso até me fez sorrir, pois era completamente estranho não correr. Recordei-me das muitas vezes em que a Bella me implorava para andar devagar e eu não conseguia. Entretanto, foi a maneira que eu encontrei de queimar o meu tempo: decidi fazer tudo da maneira mais devagar que eu pudesse. Hospedei-me em uma pensão horrorosa perto de um posto de gasolina, estava no meio do nada. Resolvi esperar anoitecer novamente e ver o que conseguiria encontrar no deserto.


 


            Assim que o crepúsculo chegou, corri em direção ao nada, fui farejando para ver se conseguia encontrar alguém da minha espécie por perto. Lembrava das histórias que ouvi várias vezes na mente do meu irmão Jasper. Ao pensar nele, senti vergonha pela minha briga com Alice, sabia da culpa que Jasper estava carregando e ainda sim acabei jogando isso na cara da minha irmã; não era correto da minha parte. Aquele não era eu; nunca me comportara de tal maneira antes, sabia que estava me tornando irreconhecível, tinha medo do quanto tudo isso estava me fazendo mudar. Só que não tive escolha: ou eu dava um jeito de parar Alice ou eu acabaria cedendo e voltando para Forks, algo que naquele exato momento me custava muito não fazer.


 


            Virei meu corpo em direção ao cheiro adocicado que senti, típico da minha espécie: havia encontrado um rastro fresco. Fui com cautela, não queria me meter novamente em uma briga, principalmente se não quisesse que a Alice de repente aparecesse por ali; provavelmente ela devia ter visto o que aconteceu comigo, ou melhor, no que eu me meti. Sabia que se fosse imprudente, Alice estaria em meu encalço o restante da minha caçada. Eu, na verdade, até estava surpreso por ela ainda não ter ligado e nem aparecido. Minha briga com ela a magoou muito também, essa era a única explicação que eu encontrava para o seu silêncio.


 


            Já podia ouvir a mente de uma vampira; ao que parecia, ela estava muito chateada com alguma coisa. Antes de estar perto o bastante para assustá-la, resolvi alertá-la da minha aproximação; coloquei-me a favor do vento, o meu cheiro bastaria para chamar a sua atenção e eu tinha uma distância segura para reagir a qualquer possível hostilidade. Assim que ela me farejou, virou-se e automaticamente se colocou em posição defensiva; realmente, a coisa no sul era muito mais tensa. Pensei antes de falar:


 


            - Não queria te assustar. Meu nome é Edward.


 


            - Não te conheço. É melhor sair dessa área, ela pertence ao Nolan.


 


            - Eu não estou caçando nesta área, só estou à procura de alguém. – Ela estava muito desconfiada.


 


            - Quem você busca?


 


            - Ela se chama Victoria. – Ouvi atentamente a mente dela em busca de alguma pista.


 


            - Há, há, há, há! - Ela gargalhava, estava muito irritada. – Você também está interessado naquela fêmea?


 


            - Você a conhece?


 


            - Claro que eu conheço aquelazinha. Ela apareceu aqui e agora é a nova atração do México! Ela anda fazendo a felicidade de todos os machos da redondeza. – Esse era o problema: Victoria estava competido com ela, era vaidade, luxúria. Isso era bom para mim; parecia que Victoria não havia se importado muito com a morte do James e minha família poderia ficar tranquila a respeito de qualquer vingança neste sentido. Mas ainda sim eu não poderia permitir que ela vivesse.


 


            - Ela ainda está aqui?


 


            - Sim! Eu sou Neferet e, com certeza, posso ser muito mais agradável para você do que ela. – Ela veio se aproximando de mim, eram nojentos os pensamentos que eu estava sendo obrigado a ouvir.


 


            - Agradeço a sua... disponibilidade, Neferet, mas posso lhe garantir que o meu interesse por Victoria não é esse. – Eu me afastei dela, ela ficou ofendida.


 


            - Bem, sendo assim, posso te dizer exatamente onde pode encontrá-la.


 


            - Agradeceria muito se você pudesse me fazer essa gentileza. – Ela se aproximou; tentava ser sedutora, para mim era nojento, mas consegui captar em sua mente o local exato em que Victoria estava: no deserto próximo a San Carlos. Fui me afastando da fêmea, consciente de que estava ferindo o seu ego.


 


            - Não precisa ter medo... Hum, seu cheiro é gostoso; diferente, mas gostoso.


 


            - Não quero ser rude com você, Neferet, mas estou com pressa. Agradeço pelas informações.


 


            - Eu ainda não te disse onde encontrá-la... Quem sabe se você se mostrar... mais receptivo, eu possa dividir a informação.


 


            - Acredito que já saiba de tudo o que preciso. – Cuidadosamente, virei-me e fui me afastando.


 


            Continuei andando cautelosamente, afastando-me dela. Enquanto fazia isso, levantei a mão em sinal de agradecimento, estava enojado de ter que ficar na presença dela por qualquer momento mais. Voltei para o meu quarto no hotel, planejando os passos seguintes; estava muito perto do meu objetivo final, pensei em chamar por reforço, mas achei melhor tentar sozinho primeiro. A primeira coisa a fazer seria aguardar a próxima noite e me dirigir mais próximo da cidade dela. Também precisava caçar, já fazia semanas que eu não fazia isso, precisava garantir que tivesse força o suficiente para matá-la quando chegasse a hora.


 


            Peguei em minha mochila a foto em que eu estava com a Bella e o vidro de shampoo, tinha muitas horas pela frente até que conseguisse passar por mais um dia miserável. Sabia exatamente o que era estar no inferno, eu ardia nele todos os dias.


 


            Na noite seguinte, fechei a conta no hotel e segui vagarosamente para a cidade em que Neferet havia pensado. No caminho, parei o meu carro à beira da estrada deserta para poder caçar. As opções ali não eram muito boas, teria de me contentar com coiotes e lobos; Emmett teria odiado isso. Corria pelo deserto olhando para a paisagem seca e suas montanhas de areia meio avermelhada, a lua estava linda, cheia, tornando tudo bastante claro; parei e concentrei a minha atenção no olfato, procurava farejar alguma coisa que valesse a pena. O cheiro dos lobos não era nada agradável, mas aqui não havia leões e para recuperar um pouco da minha força isso iria servir. Comecei a correr em direção ao odor que sentia. Quando estava ficando próximo da minha presa, comecei a me sentir incomodado, meu sentido de defesa foi acionado me alertando do perigo; automaticamente parei de caçar e comecei a me concentrar em volta.


 


            Os pensamentos que se aproximavam de mim pareciam estar se divertindo. Fiquei tenso quando percebi que havia caído em uma emboscada: estava cercado por três machos e uma fêmea. Neferet havia me delatado para o vampiro que era dono daquela região.


 


            - Olha se não é ele mesmo, esse cheiro – ela farejava o ar à sua volta - é inconfundível – disse Neferet.


 


            Mudei minha posição de defesa e me coloquei de maneira relaxada. Vasculhava pela mente deles a melhor opção para sair dali vivo, não podia morrer e deixar Bella sozinha.


 


            - Será que posso ajudá-los em alguma coisa? – Eles foram aparecendo de trás de uma grande montanha. No momento em que encarei o primeiro, perdi a minha esperança de sair vivo, ele era o mesmo vampiro que eu havia atrapalhado de caçar Erin dias atrás e o pior: era ele o dono do território. “Que droga.”


 


            - Claro que pode, vamos terminar aquela conversa que começamos, afinal eu não posso perdoar a sua falta de educação da outra noite. - Ele foi se aproximando de mim, seguido de perto pelos seus comparsas; Neferet vinha logo atrás. - Deixe-me apresentar-me: meu nome é Nolan e este território de caça é meu. Ninguém te explicou que as coisas por aqui funcionam da minha maneira? Eu sou o rei do México! Não é nada educado entrar na casa das pessoas e ir abrindo a geladeira e comendo tudo o que há pela frente. E, principalmente, tomar a refeição da mão do dono da casa; isso realmente é imperdoável!


 


            Ouvia a mente deles. Neferet ficou ofendia com a minha recusa e contou que encontrou um estranho de olhos diferentes para Nolan; ele decidiu me seguir para ver se eu não era o mesmo estranho que dias atrás o havia atrapalhado de se alimentar. Resolvi entrar no jogo dele e ver no que dava:


 


            - Olá, sou Edward. Eu não costumo andar por estes lados, então não sabia que precisava pedir permissão para passar por aqui. Lamento se interrompi a sua caçada na outra noite, só queria proteger a menina. - Eles começaram a rir enquanto me cercavam, os comparsas dele me empurravam, não havia jeito de escapar daquela situação. Eles me cercaram.


 


            - O que você quer com a linda Victoria? – Perguntou Nolan.


 


            - Nós nos conhecemos há algum tempo, estava cansado de viajar sozinho e queria ver se ela tinha algum interesse em me deixá-la acompanhar por um tempo. – Neferet se irritou e me deu um chute nas costas; na verdade não doeu muito, estava acostumado a lutar com Emmett, era só irritante ter de ficar quieto enquanto procurava a minha melhor opção para escapar daquilo tudo.


 


            - Calma, Neferet, vamos brincar com ele um pouco – falou Nolan -, temos tempo. Prometi a Victoria que ela o encontraria vivo quando chegasse, ela está curiosa em saber quem a procura com tanto empenho. - Enquanto ele dizia estas palavras, fui tomado por um imenso alívio: minha solução estava a caminho.


 


            - Nolan, vou te dar um conselho: acho que seria sensato da sua parte ir embora. – Eles gargalhavam enquanto rodavam em volta de mim para me intimidar.


 


            - E por que eu faria isso?


 


            - Eu não gostaria que nenhum de vocês saísse daqui machucado e meu pai ficaria realmente aborrecido se alguém morresse.


 


            - E você acha que sozinho é capaz de lidar com a gente? Já matamos mais do que você pode sonhar. – Ele pretendia me dar um soco; eu rapidamente me esquivei, mas o seu comparsa me chutou e eu cai; coloquei-me de pé.


 


            - É, Nolan, o garoto é realmente rápido. – Olhei para o vampiro que dizia isso, divertindo-me pelo que estava para acontecer. – É uma pena termos que matá-lo, ele seria bem útil.


 


            - Nunca! – Ele pensava em me usar para defender o território.


 


            Olhei para longe, vendo que eles estavam muito perto; Nolan percebeu o meu olhar e se virou para ver o que estava chamando a minha atenção. Neste segundo de distração dele, eu aproveitei e voei de encontro a ele, mordendo o seu pescoço. Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.


 


            Enquanto eu atacava e desmembrava Nolan, Rose e Alice cuidavam da fêmea, Emmett se divertia com um comparsa dele e Jasper se encarregava do terceiro. Foi fácil acabar com ele: usei toda a minha raiva e frustração por estar longe de Bella e despedacei-o rápido demais. Neste pouco tempo, a dor que sentia em meu peito deu uma leve trégua. Então, voei ao encontro de Emmett para ajudá-lo a acabar com o outro. Juntos, rapidamente terminamos o trabalho.


 


            Juntamos tudo enquanto Jasper acendia uma fogueira. Ninguém falava; entretanto, podia ouvir a irritação na mente de todos. Estava envergonhado pela minha falta de responsabilidade; se tivesse morrido naquele dia, encontraria certa paz; eu queria ao menos acreditar que sim, afinal eu já estava vivendo no inferno há quase cento e noventa dias, nada podia ser pior que isso. Só que estaria definitivamente longe da Bella; no fundo eu ainda tinha esperança de que em algum dia pudesse olhá-la de longe e isso, de certa maneira, alegrava o meu coração.


 


            Virei-me assim que vi o que Alice pretendia fazer; não tentei me desviar, sabia que merecia. Alice avançou para cima de mim, esmurrando o meu peito; ela estava muito brava. Jasper teve que segurá-la enquanto a acalmava.


 


            - Como pode ser tão irresponsável, Edward? Seu idiota! Sabe o quanto todos nós iríamos sofrer se você tivesse morrido hoje? E a Bella, você, em algum momento, pensou em minha amiga? – Enquanto Alice despejava toda a sua ira em cima de mim, ouvi ao longe a mente da Victoria. Automaticamente me virei para segui-la, ela estava muito perto.


 


            - Segure ele, Emmett! – Gritou Alice. Senti que todos corriam atrás de mim. Victoria ouviu os gritos de Alice e começou a fugir. Corri o mais rápido que podia, mas Emmett voou e me agarrou. Eu estava muito fraco para poder lutar com ele, já fazia meses que eu não caçava.


 


            - Solta, Emmett! Ela tá fugindo! – Gritava enquanto Emmett olhava para Alice.


 


            - Jasper, acalma ele!


 


            - Não, Alice! Victoria está perto. Tenho que aproveitar a chance para matá-la.


 


            - Não, você não vai! Temos que sair daqui depressa. Logo, todos os vampiros da área vão saber o que aconteceu e vão começar a disputa por este território. Temos que estar bem longe daqui, caso contrário vamos nos meter em outra confusão. – Ela falava olhando para Jasper.


 


            Eu me debatia no abraço forte de Emmett; Jasper ainda estava controlando os meus sentidos, tentava me manter calmo.


 


            - Ouça Alice, Edward. As coisas aqui fogem do controle rapidamente. Acalme-se e a gente pode conversar em outro lugar.


 


            - Do jeito que Victoria está correndo, você não vai conseguir alcançá-la tão cedo. Ela está indo em direção à América do sul.


 


            Desisti de lutar com Emmett e me acalmei; precisava me livrar logo deles e voltar para a minha caçada.


 


            - Pode soltar, Emmett. – Ele olhou para Alice, que concordou.


 


            Emmett me soltou. Enquanto ficava de pé, podia ouvir a compaixão e a irritação que todos sentiam por mim.


 


            - Edward,você está horrível, sabia? – Disse Rose. Olhei para ela com desdém.


 


            - Rose tem razão, mano. Há quanto tempo você não caça?


 


            - Isso realmente não importa no momento – cortou Alice. – Anda, Edward, vamos até os carros, temos que sair daqui. Carlisle aguarda por você.


 


            - Ele está no carro? - Achei estranho. Se Carlisle estava próximo, ele provavelmente teria se envolvido na luta também.


 


            - Não! Vamos nos encontrar com ele em Ithaca – respondeu Alice.


 


            - Não vou voltar! Tenho de continuar caçado, não posso perder a pista dela.


 


            - Ela vai demorar para voltar para estes lados e é melhor sairmos daqui já. – Alice olhava para os lados com se precisasse se certificar de que não tinha ninguém por perto.


 


            - Agradeço o que fizeram por mim, mas vou continuar a rastreá-la. – Alice deu alguns passos até ficar a centímetros de mim.


 


            - Prometi a Esme que levaria você de volta para casa e será exatamente isso eu vou fazer. Se você relutar, Jasper vai ter de te apagar e você irá à força. Agora, pare de bancar o imprudente e venha conosco!


 


            - Alice...


 


            - Anda, Edward, vamos, mano. Depois você continua com isso. Precisamos conversar, a família toda. Carlisle e Esme estão esperando por você. – Pediu Emmett.


 


            Achei melhor acompanhá-los pelo menos até o carro. Entrei no meu carro com a intenção de ir em direção à América do sul; Alice entrou pela porta do carona e Jasper foi no banco de trás.


 


            - É o seguinte, Edward, posso ver que você não pretende nos acompanhar. Eu falei sério: ou você vem com a gente por bem ou Jasper vai te deixar meio incapacitado por algumas horas. O que você vai querer fazer? – Não havia dúvida de que Alice falava sério.


 


            - Vou com vocês até Dallas e de lá eu volto para a minha caçada.


 


            - Não! Você vai conosco até Carlisle e lá decidiremos junto o que fazer. Não será seguro para você ficar por estes lados por ora.


 


            - Alice... – comecei a argumentar e Jasper me cortou.


 


            - Edward, ouça Alice. As coisas por este lado mudam muito rápido, você viu bem hoje. Aqui o dia é usado para tramar as vinganças que serão executadas durante a noite. Com certeza irritamos muita gente hoje, temos de partir o quanto antes para apagar qualquer vestígio da nossa luta e deixar bem claro que não estamos reivindicando o território de caça.


 


            Relutante, concordei em voltar, afinal eles haviam se arriscado para me salvar. Virei o carro e seguimos para Ithaca. Fui a maior parte do caminho em silêncio e tentava não ouvir os pensamentos irritados deles sobre o meu comportamento.


 


            - Obrigado por virem me salvar hoje, se não fosse por vocês... provavelmente teria mesmo morrido – o que, em minha opinião, não seria de todo ruim.


 


            - Não precisa agradecer, Edward. Você faria o mesmo por qualquer um de nós e durante muito tempo você assumiu como sua a responsabilidade de defender a nossa família, ouvindo qualquer coisa que pudesse nos colocar em perigo. Então, considere que hoje só equilibramos um pouco as coisas - disse Jasper.


 


            - Mesmo assim agradeço. Estou envergonhado de ter sido tão imprudente.


 


            - Ah, corta essa, Edward! Agora me explica: por que você defendeu aquela menina? – Alice estava intrigada com isso havia algum tempo, só não havia me questionado ainda, pois estava tentando respeitar o meu espaço. Estranho.


 


            - Eu passei por ela e seu pensamento sobre a sua mãe me chamou a atenção... era muito parecido... com a maneira como a Bella fala da mãe dela, um modo protetor como, se ela fosse a mãe e não o contrário. Acabei ficando curioso e entrando na lanchonete; foi besteira, mas a menina era boa, os seus pensamentos eram gentis e fiquei um tempo lá. Depois que fui embora, continuei vagando pela cidade. Cruzei com ela e o seu namorado, um garoto horrível, a deixou sozinha. Era tarde; novamente me lembrei de como a Bella costumava atrair para si perigos. Planejei vigiar a menina de longe, até que ela chegasse à sua casa; não parecia certo deixá-la desprotegida. Aí apareceu aquele vampiro e eu tive que defendê-la; perdoem-me, fui imprudente, idiota.


 


            - Não, estou orgulhosa de você. Essa menina vai ter um lindo futuro, pelo menos isso não se perdeu. – Alice realmente estava orgulhosa de mim.


 


            No caminho, Alice ligou para Peter e Charlote, avisando a eles que tudo havia acabado bem e agradecia o apoio. Antes que eu pudesse perguntar, ela foi logo pensando:


 


            Sim, eu os mandei ficarem de olho em você. Eles estavam mais perto, chegaram antes de nós. Ficaram na nossa retaguarda, caso precisássemos de apoio extra.


 


            Senti-me mais envergonhado; provavelmente Alice estava me vigiando o tempo todo, ela deveria saber claramente como eu andava me comportando todo esse tempo. Eu estava dando muito trabalho para a minha família.


 


            Seguimos até uma floresta, em que eles já haviam caçado, perto de Ithaca. Fui praticamente obrigado a caçar com eles. Queria chegar logo, falar com Carlisle e voltar para retomar a minha caçada. A dor que eu estava sentido já não era nem um pouco tolerável.


 


            - Vamos, você precisa caçar. Faz quanto tempo desde a última vez? – Alice me perguntava.


 


            - Não quero. Podem ir, espero vocês no carro.


 


            - Edward, sabe como é perigoso ficar perto de humanos quando estamos com sede, não seja imprudente. – Olhei para Jasper e suspirei fundo, não havia mais perigo para os humanos comigo por perto. Eu não tinha vontade de caçar e nem de viver. O único desejo em meu coração era voltar para ela, voltar para Bella, e essa era a única coisa que eu não me permitia fazer.


 


            - Vamos, Edward, você sabe muito bem como anda descontrolado, é melhor não abusar. – Concordei de má vontade com Jasper.


 


            Contrariado, desci do carro e me juntei a eles na caçada. Bebi mais sangue do que realmente precisava, para que eles não ficassem pegando no meu pé. Assim que terminei, sentei em uma pedra enquanto esperava que eles terminassem. Emmett e Jasper se divertiam atacando alguns ursos; Alice e Rose estavam fora do meu campo de visão. Emmett pareceu perceber a minha tristeza e veio para perto de mim. Assim que se aproximou, deu-me um soco no ombro; olhei para ele, Emmett se sentou.


 


            Sinto sua falta.


 


            - Eu também senti a sua.


 


            - Não, Edward, sinto falta de quem você era! Você não se parece mais com o meu irmão, eu não o reconheço, quero o meu irmão de volta!


 


            - Eu sei, nem eu me reconheço mais.


 


            - Se você decidiu que não vai mais ficar com ela, precisa superar isso. Parta para outra, Bella pode não ser a sua única chance de amar. Alice me contou quantas vampiras deram em cima de você nestes últimos dias. – Olhei para Emmett, indignado com o que ele dizia e com a língua grande da Alice. Contudo, ouvindo os seus pensamentos consegui entender que ele só queria me ver feliz novamente.


 


            - Esquece isso, Emmett.


 


            - Ah, qual é? Não tô falando para você se apaixonar! Só estou sugerindo que se divirta um pouco. A Heidi dos Volturi, por exemplo, ouvi dizer que ela é linda e não está em busca de um relacionamento duradouro.


 


            - Emmett, como pode sugerir isso para mim? Eu não sou capaz de pensar em nada parecido com isso.


 


            - E qual vai ser, Edward? Vai passar o resto da eternidade assim, chorando pelos cantos, se isolando do mundo e cometendo um erro atrás do outro? – Sabia que Emmett estava certo, não dava para eu passar o resto da minha existência assim. Mas para mim só existiam duas opções: ou eu voltava imediatamente para Forks e acabava de vez com isso ou eu lutava mais um pouco para mantê-la segura. Não conseguia mais mentir para mim: em algum momento eu sabia que voltaria para ela.


 


            - Eu sei, Emmett. – Como não sabia o que falar para ele, levantei e voltei para o carro. Não havia o que eu pudesse dizer em resposta à sua pergunta. Eu não tinha mais esperança, as minhas opções estavam se fechando. Caçar Victoria não estava dando certo. Para mim, só existiam duas portas, duas saídas: a primeira, morrer e deixar Bella viva e totalmente desprotegida caso viesse a precisar de mim - isso não era certo; e, a segunda, voltar para Forks e correr o risco de matá-la de alguma forma. A transformação da Bella em vampira estava totalmente fora de questão. Sabia exatamente qual porta queria escolher.


 


            Assim que eles voltaram para o carro, segui direto para Ithaca. A minha conversa com Emmett parecia ter piorado o meu humor. Chegamos a Ithaca quando estava anoitecendo. Para minha surpresa, Esme não estava em casa, ela só chegaria na manhã seguinte. Não questionei nem me preocupei em ouvir os pensamentos deles. Carlisle só voltaria para casa também na manhã seguinte também, estava dando plantão no hospital. Fui para o meu quarto e tranquei a porta; isso era muito incomum em minha casa, mas não queria ser perturbado por ninguém.


 


            Joguei a mochila no chão do quarto e deitei-me na cama. Comecei a questionar as minhas decisões, o meu plano de me manter afastado. Peguei o celular e passei horas decidindo se ligaria ou não para a casa dela. Acabei cedendo aos apelos do meu coração: prometi-me que só iria ouvir a sua voz e mais nada. Esperei dar a hora em que ela normalmente acordava. No primeiro toque, quem atendeu foi o Charlie; desliguei decepcionado e irritado comigo mesmo. Se começasse a quebrar as minhas regras, logo estaria em Forks. Coloquei o celular de lado e jurei que não faria isso novamente. Ouvi uma batida na porta, levantei e abri para que Carlisle entrasse.


 


            - Perdoe-me por te incomodar, mas tenho plantão novamente daqui a pouco. Não queria ir sem falar com você antes.


 


            - Não se desculpe, eu é que ando muito desatento e nem percebi que você havia chegado. Entre, vamos conversar. – Carlisle me deu um grande abraço antes de entrar e se sentar na minha cama.


 


            - Você sabia que já está trancado neste quarto há seis dias?


 


            - Na verdade não, o tempo deixou de ser importe. Então, hoje já são 189 dias de agonia – falei para mim mesmo.


 


            - O quê? Me perdi, filho.


 


            - Hoje fazem cento e oitenta e nove dias que estou longe dela.


 


            - Sinto muito, não queria te perturbar. Na verdade, Esme não tem deixado ninguém se aproximar deste quarto com medo de que você resolva ir embora novamente.


 


            - Você não me incomoda, nunca!


 


            - Obrigado. Só vim te ver porque estava com saudade.


 


            - Sinto ter preocupado vocês, eu fui totalmente irresponsável.


 


            -Não, você não foi irresponsável. E mais uma vez me deixou extremamente orgulhoso, nem posso dizer o quanto fiquei feliz em saber que você salvou aquela garota. - Fiquei constrangido com os elogios do meu pai, principalmente porque podia ver o quanto ele realmente se orgulhava de mim, mesmo que as minhas atitudes estivessem trazendo sofrimento para a minha família. - Edward, olhe para mim. –Levantei a cabeça e olhei para os olhos dourados do meu pai. - Vamos voltar? Vamos para Forks? Só você e eu, ninguém precisa saber.


 


            - Penso nisso a todo instante, Carlisle. Está insuportável ficar longe dela, dói tanto que eu nem consigo mais respirar. Mas ainda não acho certo voltar, vou me segurar um pouco mais.


 


            - Não seja teimoso, sei que você não está mais suportando essa distância.


 


            - Acho que posso aguentar um pouco mais, por ela. Eu sei que estou muito perto do meu limite.


 


            -Tudo bem, você deve saber o que está fazendo. Mas, se precisar de mim, me chame; não importa onde eu esteja ou o que esteja fazendo, você é a minha prioridade.


 


            - Obrigado, pai.


 


            Carlisle saiu do quarto e fechou a porta, comecei a pensar no que ele havia dito e, “que droga”, eu não sabia mais o que estava fazendo. Estava total e completamente perdido e, o pior, não podia falar sobre isso com ninguém. Não se eu quisesse me manter afastado de Forks por mais um tempo. “Só mais quatro dias Edward, só mais quatro; aí então você sobe pela janela dela e implora o seu perdão.”


 


            Ouvi que alguém batia na porta do quarto. Não me surpreendi com a pessoa que batia, o que me surpreendeu foi que ela bateu na porta em vez de entrar por ela como era de seu costume.


 


            - Entre, Alice.


 


            - Não vou te incomodar. – Não consegui deixar de rir com a falsa cerimônia da Alice.


 


            - Desde quando você ficou tão respeitosa? Entra logo. – Alice entrou graciosamente pelo quarto, ela vestia um simples vestido azul. O que me fez lembrar de como essa cor ficava deslumbrante em Bella; suspirei profundamente.


 


            - Queria te contar sobre o que aconteceu comigo neste seu período de “retiro pessoal.”


 


            - “Retiro pessoal?”


 


            - Prefiro encarar assim: “A cagada monumental” – levantei a sobrancelha enquanto sorria para ela. - Agora, pare de se afundar um pouco e me deixa te contar tudo o que descobri sobre o meu passado.


 


            Alice descreveu para mim tudo o que havia acontecido com ela nestes meus meses de sofrimento e pela primeira vez em muito tempo eu realmente estava prestando atenção ao que ela me contava e não fingindo, como andava fazendo. Quando ela me relatou a visita à sua sobrinha, senti-me envergonhado por não estar presente naquele momento de sua existência. Alice era mais do que minha amiga, mais do que minha irmã; não encontrava uma palavra para explicar como a nossa relação era especial. Era imperdoável da minha parte não estar com ela. Sempre conversávamos sobre isso, sobre como o seu passado misterioso nos deixava curioso, e no momento em que ela precisou de mim eu não estava ao lado dela... Eu era mesmo um “idiota”, como ela sempre dizia.


 


            - Perdoe-me, Alice, eu devia estar com você. Sei o quanto isso era importante, mas, na verdade, eu não tenho tido forças para nada mesmo ultimamente. – Ela me abraçou.


 


            - Eu é que peço desculpas, Edward. Aprendi muitas coisas com isso tudo, e, principalmente, aprendi a respeitar a vontade dos outros, mesmo que isso me irrite bastante. Estou me esforçando, e muito, para respeitar o seu tempo.


 


            - É! Percebi mesmo que você não tem aprontado nada desde que nos reencontramos, mas pensei que era por causa da nossa última briga.


 


            - No começo foi, mas depois de tudo pelo que passei, acho que alguma coisa mudou em mim. Claro que ainda sou a mesma baixinha irritante, só estou me esforçando para respeitar o tempo do outro.


 


            - Isso é bom.


 


            - E também está ficando mais fácil, afinal, a cada dia que passa, sua decisão de se manter afastado fica mais fraca e a visão de você escalando uma certa janela... fica mais forte.


 


            - Alice, comporte-se!


 


            - Tudo bem, espero você saiba a hora certa de voltar, só não se esqueça de me avisar. – Não pude evitar de sorrir.


 


            - Alice, se eu te perguntar uma coisa... você me diz a verdade?


 


            - Claro! – Antes que eu pudesse perguntar ela foi logo falando: - Eu já sei mesmo o que é. Não. Eu nunca mais olhei o futuro dela, desde que você brigou comigo pela última vez. Então, não posso te dizer como ela está. E também não vou olhar. Se quiser, vá olhar você mesmo.


 


            - Tenho um pouco de medo.


 


            - Medo do quê?


 


            - Primeiro, de ela estar infeliz e nunca me perdoar e, segundo, de ela estar feliz e com alguém. Sei que não é certo; Bella merece ter uma vida, foi por isso que a deixei, mas vê-la com outro... Não sei se posso aquentar isso.


 


            -É difícil, mas ela ama você, mesmo que ela já esteja com outro. E eu não acho isso possível. Tenho certeza de que o que ela sente por você não mudou nada, você sempre será o Romeu da minha amiga. Só o que me deixa intrigada é como ela andava sumindo ultimamente...


 


            - Como assim “andava sumindo”?


 


            - Lembra quando você pediu que eu a vigiasse logo que você a deixou? – Abaixei a cabeça, já estava começando a acreditar que este foi o pior erro que cometi na minha existência. - Eu te disse que ela havia sumido. Cheguei a pensar que ela tivesse morrido – Alice e eu estremecemos. – Só que isso aconteceu muitas vezes depois, eu só não pude te contar.


 


            - O que você acha que isso significa?


 


            - Não sei! Jasper acredita que ela pode estar criando alguma resistência a mim também.


 


            - Não acredito nisso.


 


            - Eu também não. – Ficamos em silêncio, Alice pensando na última visão que teve da Bella, ela na cozinha fazendo o jantar para o Charlie.


 


            - Ela parece bem.


 


            - Não se engane, ela ainda quer você, Bella ainda precisa de você; não preciso da minha visão para saber disso. Conheço a minha amiga. – Alice me deu um beijo e saiu do quarto, tentado não pensar em como eu estaria feliz quando decidisse voltar.


 


            Eu me recolhi com meus pensamentos, precisava arranjar alguma coisa para fazer, já estava ficando totalmente incoerente. Não voltar para mantê-la viva? Voltar e ser desprezado? Voltar e encontrá-la com outro? E se eu voltasse e por um milagre ela ainda me quisesse da mesma forma? Isso sim era um pensamento bom; mas eu era um monstro e coisas boas nunca acontecem com monstros. Recolhi-me em meu buraco negro.


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Notas finais do capítulo

Quero agradescer, o numero de reviews que recebi no último capítulo e por me acompanharem.
Fiquei tão feliz, que postei um dia antes do combinado.
Agora, vocês precisam torcer para que o meu revisor, que também é meu marido, termine logo com o próximo capítulo.
Não se esqueçam de comentar o que estão achando, quero criticas também.
bjos e até sabado, se ele consiguir.