Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 14
Capítulo 14 Assistir calada




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            Assim que saímos, comecei a me preparar para o pior. Há algum tempo eu já sabia que era muito provável que Edward se metesse em alguma confusão. Além de estar muito desatento, ele não parecia raciocinar muito bem ultimamente.


 


            - Jasper, assim que passar por alguma floresta, pare para podermos caçar. Acho melhor estamos fortes, ainda não sei o que podemos encontrar.


 


            - Onde ele está, Alice?


 


            - Por enquanto em Cristal City, mas vai logo para Piedras Negras.


 


            - Quanto mais perto do México, pior; eles são extremamente vingativos por lá.


 


            - Eu sei – Jasper acelerou mais.


 


            - Com quem Edward se meteu desta vez, Alice? – Perguntou Emmett, animado.


 


            - Um vampiro chamado Nolan. Você o conhece, Jasper?


 


            - Não, nunca ouvi falar.


 


            Paramos para caçar. Fomos rápido; em doze horas já estávamos na mesma cidade que Edward. Resolvi que era melhor esperar, então nos hospedamos no melhor hotel da cidade, que era uma droga em minha opinião.


 


            - Alice, vamos falar com ele.


 


            - Não sei, Rose. Edward anda muito irritado, ele está pior do que em Denali. Acho que o melhor é vigiá-lo de longe.


 


            - Mas Edward nunca é pego de surpresa, Alice! Não será pior se ele perceber o que estamos fazendo?


 


            - Acho difícil que ele perceba, ele anda tão distraído... Mas, por precaução, vamos ficar trancados aqui por enquanto.


 


            - Hã, Alice, você me trouxe aqui para me deixar trancado? Quero resolver logo o assunto com esse tal Nolan.


 


            - Calma, Emmett. Você vai se divertir, prometo.


 


            - E se o pararmos agora? Podemos evitar uma briga, Alice.


 


            - Não sei, Jasper; pelo que conheço do Edward, ele vai teimar que não tem perigo nenhum e vai continuar rastreando a Victoria. E, pior, ele pode acabar rompendo com a gente, como anda ameaçando. Pode sentir que esta sendo vigiado; orgulhoso como é ele, não vai gostar nada disso.


 


            - Então vamos ter de ficar aqui e esperar até que ele perceba a enrascada em que se meteu? – perguntou Jasper.


 


            - É, acredito que esse é o melhor jeito. Apesar de também não gostar disso, Edward precisa ter noção de que anda cometendo muitas imprudências.


 


            - Legal – Emmett se jogou no sofá -, vamos relaxar enquanto isso.


 


            - Jasper, ligue para Charlote e Peter, diga para eles onde estamos.


 


            Assim que Jasper saiu para telefonar, voltei a vigiar o meu irmão. Ainda estava no meio da tarde e teríamos, pelo menos, que esperar até anoitecer para ver o que Edward faria. O vampiro Nolan já havia se encontrado com dois de seus amigos. Eles estavam planejando ir atrás do Edward; precisava então concentrar toda a minha atenção em seu futuro.


 


            Jasper pegou a minha mão e me levou até a cama.


 


             - Alice?


 


            - O Nolan, ele está com mais vampiros, eles planejam começar a rastrear Edward esta noite.


 


            - Eu falei com Charlote e Peter, eles estão aqui perto e só esperam anoitecer para vir aqui conversar conosco.


 


            Balancei a cabeça, assentindo, e continuei a minha vigília no futuro de todos; sabia o quanto isso era importante.


 


            Algum tempo depois, Jasper chamou a minha atenção; já havia anoitecido e Peter e Charlote estavam em nosso quarto. Emmett e Rose conversavam animados com eles.


 


            - Olá, amigos. Agradeço a ajuda. Edward anda meio... transtornado ultimamente.


 


            - É, eu me lembro que da última vez que nos vimos ele estava meio estranho – disse Charlote.


 


            - Bom, daquela vez ele ainda estava meio normal – comentou Rosalie.


 


             Peter e Charlote me olharam de maneira interrogativa; precisava explicar para eles o que estava acontecendo em nossa família, afinal já era a segunda vez que eu pedia que eles me ajudassem a vigiar Edward e, da primeira, não lhes dei nenhuma satisfação. Contei tudo, sobre a Bella e sobre os motivos que fizeram com que Edward se afastasse dela; eles pareciam não em tender o porquê de ele ser tão teimoso em se matar afastado do seu amor. Mas isso era mesmo difícil de entender, em especial para nossa espécie, pois costumamos ser egoístas.


 


            - O que me preocupa, Alice, é que ele se meteu com um vampiro realmente perigoso – disse Peter.


 


            - Como assim? – indagou Emmett.


 


            - O Nolan, bem, ele é quem manda por aqui, e isso não é pouca coisa. Provavelmente, ele tem muitos recém-criados com ele – olhei para Jasper preocupada; isso não era nada bom.


 


            - Tem certeza? – perguntou Rosalie.


 


            - Claro, esta é a única maneira de conseguir se manter no poder aqui. E, pelo que eu sei, já faz pelo menos um ano que essa área é dele. Tomar o poder é difícil; matá-lo será praticamente impossível; ele deve ter bastante dos nossos ao seu lado.


 


            - O que isso quer dizer? – Emmett questionou.


 


            - Significa que ele é muito perigoso e inteligente – interveio Jasper. - Temos de ter muito cuidado, a coisa pode facilmente sair de controle.


 


            - Isso não será problema para nós – disse Emmett, todo animado; ele era muito imprudente. Rose e eu olhamos feio para ele, que simplesmente deu de ombros.


 


            - Certo, Jasper, então a melhor maneira é nos mantermos no escuro por enquanto. Se esse Nolan imaginar que Edward está acompanhado, a coisa pode ser muito pior. Temos de deixar que ele pense que Edward está sozinho, assim não vai achar necessário envolver os recém-criados nisso.


 


            - Acho que você pode estar certa – disse Jasper. – Você concorda, Peter?


 


            - Pelo que ouvi dizer, Nolan é bem vingativo; portanto, se o Edward não sair logo do território dele, mais cedo ou mais tarde ele vai acabar encontrando o seu irmão – Peter balançou a cabeça -, não gostaria de estar na pele dele quando isso acontecer. Mas, se fosse eu, não colocaria o meu exército nisso, não há necessidade. Se ele tivesse mais um ou dois a seu lado já seria o suficiente para acabar com um vampiro sozinho.


 


            - Ele está com mais dois vampiros e já começaram a rastreá-lo.


 


            Passei o restante da noite vigiando todos os passos de Nolan. Ele não iria encontrar Edward enquanto ele se mantivesse quieto onde estava. Eles passaram o resto da noite e do dia planejando as melhores opções de ataques e defesas. De vez em quando, alguém me perguntava o que estava acontecendo; eu respondia e rapidamente voltava a minha atenção para o futuro. Quando finalmente anoiteceu, eu estava cansada de ficar trancada dentro daquele quarto horrível.


 


            - Bom, parece que Edward vai passar outra noite enfurnado naquela casa abandonada. Que tal se formos conhecer a causa de todo o problemas? – todos me olharam espantados. – Ah, gente, vão dizer que não estão curiosos a este respeito?


 


            - Tem certeza de que isso é seguro, Alice? – perguntou Rosalie.


 


            - Claro, Edward não vai sair esta noite e Nolan e os comparsas dele estão perto da fronteira. Eles sabem onde Victoria está, pretendem ficar perto dela para esperar pelo Edward.


 


            - Charlote e eu vamos esperar por vocês aqui.


 


            Concordei. Não dava para disfarçar o vermelho incandescente dos olhos deles, ao menos sem um bom par de lentes de contato. Seguimos a pé até o café em que a garota trabalhava. Assim que a vi, gostei dela, parecia bem simpática.


 


            - Vamos entrar? – perguntou Rosalie.


 


            - Claro! – disse enquanto colocava a mão na maçaneta.


 


            Entramos e nos sentamos em uma mesa no fundo da lanchonete; rapidamente ela veio até nós:


 


            - Boa noite – ela nós olhava admirada, provavelmente pela nossa beleza. - Gostariam de beber alguma coisa?


 


            - Café para todos – respondi sorrindo. Ela se virou e voltou para trás do balcão.


 


            - Que garota sem graça, não é para menos que Edward se interessou por ela – comentou Rosalie.


 


            - Ele não está interessado nela, Rose – retruquei, com a voz monótona.


 


            - Então por que ele se meteu nessa encrenca?


 


            - Ele não tem noção de que está encrencado. E eu também não sei o que o fez defender esta garota, mas gostei dela. Algo de bom ela deve ter, só isso faria Edward interferir daquela maneira.


 


            - Só espero que o nosso irmão tenha o bom senso de ficar longe desta humana. Já não basta ter se envolvido com a outra?


 


            - Rosalie, quando você vai entender que Edward ama a Bella? Isso não é um capricho dele.


 


            - Ah, fala sério, Alice! Ele não a ama. Concordo até que ele possa gostar dela, se preocupar com ela. Mas amar? Acho um exagero da sua parte.


 


            Olhei para Jasper, procurando por apoio; queria que ele falasse para Rose exatamente o que Edward sentia pela Bella.


 


            - Esquece, Alice, ela é teimosa demais; nada do que eu diga vai convencê-la.


 


            - Jasper tem razão, já perdi as contas de quantas vezes tentei convencer Rose disso – disse Emmett.


 


            Assim que a garota trouxe o café, fingimos beber enquanto conversávamos. Rose passou o tempo todo depreciando a menina; não se conformava com o gosto do Edward por mulheres simples. Ela nunca entenderia que ele tinha uma visão completamente diferente da nossa. Ele conseguia ver além da beleza física; ao ouvir o que as pessoas pensavam, Edward era capaz de ver praticamente sua alma e o que elas guardavam somente para si. Se ele se deu ao trabalho de defender essa garota, significava que ela era digna disso.


 


            - Vamos, já vimos tudo – paguei pelo café e voltamos para o nosso quarto no hotel.


 


            Assim que amanheceu, vi que Edward iria voltar a rastrear pela noite. Preparamo-nos preparamos para isso.


 


            - Ele vai para Piedras Negras. Nolan está Nueva Rosita, não é muito longe do Edward. Teremos de ficar atentos.


 


            - Vamos com vocês – disse Peter. Olhei para Jasper, dividida:


 


            - Peter, não sei se será bom para vocês se meterem nisso. Vocês rodam demais e são só dois. Se algo acontecesse a vocês por se meterem nisso, Jasper e eu iríamos nos sentir responsáveis.


 


            - Não se preocupe com isso, Alice – disse Charlorte.


 


            - Sério, acho mesmo que não será necessário arriscar o pescoço de vocês nesse caso, afinal somos cinco e eles, só três. Depois que acabarmos com o nosso assunto por aqui, vamos embora e não pretendemos voltar tão cedo.


 


            - E se ele resolver envolver o seu exército nisso?


 


            Peter poderia ter razão e as coisas talvez mudassem rápido. Decidi, então, chegar a um meio termo:


 


            - Vamos fazer assim: vocês vão conosco, mas só se envolvem se for inevitável; se ainda estivermos em vantagem, vocês poderão partir tranquilos e sem se meter em encrencas.


 


            - Acho... – antes de Peter falar qualquer coisa, eu interrompi:


 


            - Peter, pense: vamos voltar para Ithaca; nossa família é grande e forte, e com o meu dom e o do Edward, estaremos sempre bem protegidos. Você e Charlote estão mais vulneráveis; confie em mim, assim será melhor.


 


            Depois disso, ele resolveu me ouvir. Entramos no carro e fomos atrás do Edward. Tivemos de parar algumas vezes na estrada, para não corrermos o risco de ele perceber que estávamos atrás dele; ele parecia uma lesma andando.


 


            Enquanto Edward se hospedou em uma espelunca de beira de estrada, procurei pelo melhor hotel da cidade, que também não era grande coisa. Edward esperaria até a noite seguinte para se movimentar, o que deixou Emmett muito impaciente; ao que parecia, imaginara que chegaríamos aqui, brigaríamos com alguns vampiros e voltaríamos logo para Ithaca. Esme já havia ligado inúmeras vezes, insistia em tentar me convencer a parar Edward antes que ele se machucasse. Ela não parecia querer entender que meu querido irmão cabeça-dura não pararia de caçar Victoria se não fosse obrigado.


 


             Quando anoiteceu, Edward foi em direção ao deserto. Fiquei dividida; podia ver que Nolan não estava por perto, então resolvi ficar vigiando o futuro dele do hotel mesmo.


 


            - Que droga! – todos assustaram com o meu grito.


 


            - O que foi, Alice? – perguntou Emmett.


 


            - Pode ficar feliz agora, Emmett – olhei para Jasper e Rose. - Edward acaba de se revelar para uma das muitas companheiras do Nolan. Ela vai ficar bem feliz em dividir essa informação com o seu amante. Muito provavelmente, se tudo continuar na mesma, amanhã teremos mesmo que salvar a pele dele.


 


            - E não é por isso que estamos aqui? – perguntou Emmett com um grande sorriso no rosto.


 


            - Nada de imprudências, Emmett – Rose chamou a atenção dele.


 


            Via claramente que Edward voltaria para o seu quarto e na noite seguinte iria para San Carlos. Neferet, a vampira companheira de Nolan e de quem Edward conseguiu a informação do paradeiro da Victoria, corria até Nolan para informá-lo sobre o forasteiro.


 


            - Certo, vamos sair daqui e ir para San Carlos; Edward estará lá à noite e os inimigos dele também.


 


            Partimos, desta vez à frente do Edward, pois queria estar preparada quando ele chegasse lá.


 


            Achei um depósito abandonado nas imediações da cidade. Esperamos ali pela noite; assim que Edward saiu do hotel, informei a todos e ficamos em estado de alerta. Emmett andava de um lado para outro, como se estivesse se aquecendo para uma luta; se eu não estivesse tão nervosa com tudo aquilo, estaria me divertindo ao assisti-lo. Eu e os outros nos mantínhamos parados e concentrados. Podia ver que Nolan vagava pelo deserto, farejando rastros do Edward, acompanhado de seus dois amigos e de sua fêmea.


 


            Edward seguia para a cidade em que estávamos. Minha maior preocupação era achar o momento certo para nos revelarmos para ele. Se me precipitasse, Edward poderia ficar uma fera e não acreditar que estava em perigo; se eu demorasse, ele simplesmente poderia morrer. Legal, não é? “Como a minha existência é fácil”, suspirava.


 


            - Preparem-se, Edward já saiu de lá. Ele planeja parar em algum lugar para caçar, mas ainda não sei onde vai fazer isso. É melhor irmos para o carro – voltei a minha atenção para o Peter e para a Charlote. – Vocês ficam aqui, vejo que Nolan está no deserto procurando pelo Edward. Ele está acompanhado de mais três, então poderemos dar conta disso sozinhos.


 


            - Caso precise de nós, promete que vai nos chamar, Alice?


 


            Peter olhava profundamente em meus olhos. Jasper se adiantou e segurou a mão dele enquanto eu respondi:


 


            - Se a coisa ficar feia, eu te ligo. Adeus e obrigada.


 


            Peter assentiu. Despedimo-nos e fomos para o carro. Antes de entrar, disse:


 


            - Tenha prudência, Emmett. E vocês, esperem o meu sinal.


 


            No caminho, voltei a vigiar o futuro do Edward. Ele ainda estava na estrada e, estranhamente, andava muito devagar; deixei isso de lado, pois ele andava mesmo muito mudado.


 


            Quando Edward resolveu parar para caçar, dei o sinal para Emmett e fomos atrás dele. Ao nos aproximarmos do lugar onde Edward havia deixado o carro, vi a coisa começar a esquentar. Nolan estava se aproximando dele, já conseguia sentir o seu cheiro, e o meu irmão caçava como se nada estivesse acontecendo. Ainda bem que eu tinha o meu dom; caso contrário, Edward estaria perdido. Enquanto descíamos do carro, dava instruções para eles:


 


            - Emmett, por favor, tenha cuidado. Vamos nos aproximar contra o vento, não quero alertá-los da nossa presença antes da hora.


 


            - Eles já o encontraram, Alice? – perguntou Jasper.


 


            Balancei a cabeça negativamente.


 


            - Mas estão perto. Andem, não podemos nos atrasar.


 


            Eles corriam atrás de mim, precisavam que eu guiasse o seu caminho até o Edward. Assim que nos aproximamos o suficiente, entrei em contato com ele.


 


            Fique calmo, ganhe tempo, Rose, Emmett, Jasper e eu estamos chegando. Mantenha-se vivo!


 


            - Já estou sentido o clima, Alice; eles estão animados com a vingança. Se Edward estivesse sozinho, não teria a menor chance.


 


            Quando nos aproximamos, Nolan estava na frente do Edward; ao virar-se, Edward aproveitou a sua distração e o atacou. Corremos mais rápido para ajudá-lo; Rose e eu voamos sobre a fêmea e demos conta dela. Emmett, Jasper e Edward cuidaram dos outros. Enquanto juntávamos os pedaços do que havia sobrado dos vampiros para queimá-los, fui tomada por uma fúria que não consegui controlar e parti para cima do Edward. Ele se virou e me surpreendeu ao ficar parado, deixando que eu esmurrasse o seu peito. Jasper me agarrou por trás, enquanto me acalmava. Eu gritava com o Edward, não me conformava com o fato de meu irmão quase morrer por uma idiotice. Quando Edward desviou a sua atenção de mim, eu olhei o seu futuro e só tive tempo de gritar para Emmett:


 


            - Segure ele, Emmett!


 


            Jasper me soltou e todos corremos atrás do Edward. Ele estava realmente me cansando! Quando finalmente Emmett conseguiu agarrá-lo, Jasper me olhou, confuso. Esclareci:


 


            - Ele sabe onde Victoria está, quer caçá-la. Jasper, a coisa pode se descontrolar. Assim que souberem o que aconteceu a Nolan – olhei para a fumaça que já chamava a atenção no céu -, virão reivindicar a área. Como fomos nós que acabamos com ele, vão pensar que queremos o território; virão com tudo para cima de nós, temos de partir já! – Rose e Jasper prestavam atenção ao que eu dizia, enquanto Edward lutava para se livrar de Emmett.


 


            - Acalme-o, Jasper.


 


            Enquanto Jasper o acalmava, eu tentava argumentar com ele; precisávamos sair logo dali.


 


            Assim que conseguimos praticamente arrastar o meu irmão, partimos para Ithaca. Obriguei Edward a parar para caçar; apesar da relutância, ele foi; ainda bem, não queria que a Esme o visse do jeito que estava. Edward estava mais pálido do que nunca; seus olhos, tão escuros, praticamente negros, sem mencionar o olhar sem vida, de profunda tristeza; as roupas sujas e rasgadas, pior que um nômade. Praticamente não falava, apenas olhava para a estrada; apesar de estar dirigindo, ele não parecia estar ali conosco. Pensei muitas coisas para ele ao longo da estrada, ele parecia não ver nada. Jasper me lançava olhares preocupados, podia ver que ele estava sofrendo com a presença do Edward; queria chegar logo e tirar Jasper de perto dele.


 


            Quando chegamos, Edward se trancou em seu quarto. Ficamos todos na sala esperando por Carlisle e Esme, que deveriam chegar logo. Assim que meu pai abriu a porta, pareceu sentir um alivio em nos ver ali.


 


            - Onde está Edward?


 


            - No quarto. Ele não está nada bem, Carlisle.


 


            - Ele se feriu? – Carlisle parecia preocupado.


 


            - Não, deu tudo certo. Mas tivemos de matar alguns vampiros, não havia outro jeito.


 


            Carlisle franziu o cenho; meu pai era totalmente contra qualquer tipo de violência. Prossegui:


 


            – Edward está muito descontrolado, precisamos dar um jeito de segurá-lo aqui por um tempo, para ver se ele se acalma.


 


            - Estou assustada, pai, nunca vi nenhum vampiro assim – disse Rose. - Vampiros podem enlouquecer?


 


            - Vou falar com ele.


 


            - Não é uma boa idéia, Carlisle. Talvez se o deixarmos sozinho por algum tempo, ele acabe ficando mais conosco.


 


            Carlisle se sentou no sofá e me olhou:


 


            - Alice, tem certeza de que ele vai voltar?


 


            - Tenho! Só estou surpresa de que ele esteja resistindo tanto, mas a cada dia minha visão fica mais forte.


 


            - Então, me contem: como ele está?


 


            Relatamos para o meu pai tudo por que passamos e a dificuldade de trazer Edward para casa. Quando relatamos para ele sobre o estado em que Edward se encontrava, Carlisle abaixou a cabeça e colocou as mãos sobre o rosto. Cheguei perto do meu pai e passei a mão sobre o seu ombro:


 


            - Isso vai passar, Carlisle, é só questão de quanto tempo ele ainda aguenta. E eu posso garantir que não será muito.


 


            - Não sei como ele está suportando isso – disse Jasper. - O pouco que fiquei com ele no carro foi insuportável para mim. Quanta dor!


 


            Ficamos conversando sobre como podíamos ajudá-lo. O pior era saber que não podíamos fazer nada, ele era o único que podia mudar a situação.


 


            Quando Esme chegou, tivemos de repetir para ela tudo o que contamos a Carlisle. Ela proibiu qualquer um de entrar no quarto dele.


 


            Os dias foram passando; Jasper voltou para o seu curso de filosofia, Rose e eu aproveitamos o tempo fazendo compras. Emmett não estava gostando da cidade, reclamava disso a todo o momento, queria passar alguns dias em Denali. Mas todos ficaram ali, esperando para saber os próximos passos do Edward. Não se ouvia um único ruído vindo do quarto dele, nem mesmo o som da sua respiração; quanto mais os dias se passavam, mais todos nos ficávamos apreensivos. Era muito difícil assistir ao sofrimento de alguém que se ama sem poder fazer nada.


 


            Aproveitei que estavam todos reunidos na sala e desci para falar com Carlisle.


 


            - Carlisle, e a minha ficha médica, o que você descobriu?


 


            Todos pararam o que estavam fazendo. Jasper e Carlisle estavam lendo; Esme e Rose jogavam xadrez e Emmett estava no computador. Eles se juntaram a mim no sofá.


 


            - Bom, Alice, você já deve ter dado uma lida.


 


            - Eu li, mais não entendo muito os termos médicos. Você sabe, essa é uma área que não me interessa muito...


 


            - Você foi diagnosticada com esquizofrenia; naquela época não entendíamos muito desta doença. – Carlisle olhou para Jasper, sabendo o quanto ele odiaria ouvir isso. – O tratamento era basicamente aplicação de choque elétrico e pesados sedativos – Jasper, que estava ao meu lado, me abraçou; ele estava mais rígido do que o normal. – O diferente era que trancavam você em um quarto escuro e sem janela. Depois de ler a sua ficha com cuidado, cheguei à conclusão de que as enfermeiras tinham medo de você, das coisas que falava, então a deixavam isolada de todos. Era muito comum, quando não entendiam a doença, especialmente as mentais, os médicos simplesmente isolarem o paciente.


 


            - Bem, isso explica as coisas – disse sorrindo, tentado relaxar o Jasper.


 


            Emmett se levantou e veio para perto de mim, bagunçou o meu cabelo enquanto dizia:


 


            - Eu sempre soube que a Alice não batia bem.


 


            Todos nos divertíamos às minhas custas. Olhei para Carlisle e Esme e disse:


 


            - Carlisle, ele está lá há seis dias. É hora de alguém falar com o Edward.


 


            - Estava pensando nisso – Carlisle se virou para Esme. - Esme, não se preocupe, serei cuidadoso.


 


            Carlisle subiu, enquanto todos fingíamos voltar para o que estávamos fazendo; na verdade, ficamos todos ouvindo Edward. Às vezes, em reação ao que ele dizia, Esme me olhava, triste. Ninguém disse nada.


 


            Assim que meu pai saiu do quarto, resolvi falar com o Edward. Sentia tanta falta de conversar com ele... Edward me entendia tão bem, estava louca para contar a ele sobre a minha sobrinha. Conversamos por horas, fazia muito tempo que isso não acontecia. Aproveitei para me desculpar com ele, não devia ter interferido tanto na vida do meu irmão. Expliquei para ele como o contato com a minha sobrinha havia mudado algumas coisas em mim. Quando isso acontecia conosco, vampiros, era uma mudança permanente.


 


            Saí do quarto, sentindo-me um pouco mais aliviada. Embora ainda me preocupasse com Edward, parecia que ele começava a aceitar o fato de que era só uma questão de tempo para voltar.


 


            Passaram-se alguns dias, até que finalmente Edward resolveu sair do quarto. Já havia visto: ele estava dividido entre dois rumos para o seu futuro. Ele fingia estar decidido a retomar a caçada da fêmea; contudo, mesmo durante a nossa discussão, ele não estava completamente convencido de que faria isso. Depois de muita conversa, conseguimos convencê-lo a começar a sua caçada pela América do Sul. Ele prometeu que não iria para o México sozinho. Convenci-o a fazer uma visita para conhecer a minha sobrinha, isso era realmente muito importante para mim; sabia que ela não viveria muito mais.


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Notas finais do capítulo

Estou saindo de viagem e estou postando um rapadinho, não e esqueci de vcs.
bjos e bom feriado.



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