O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 7
Capítulo 7 - O Retorno de Eriol




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– Três vezes! TRÊS VEZES! Como conseguiu apanhar três vezes? Era pra você descobrir logo de cara quem era o verdadeiro e dá pra você prestar a atenção em mim? – Disse Kero indignado enquanto Sakura tentava se equilibrar na estrutura da borda de uma ponte no retorno do caminho de casa – e você não está em condições de ficar fazendo esses malabarismos.

– Calma Kero, eu consegui terminar o treinamento quase intacta. Shaoran está bem, então acho que o dia não pode ficar mais perfeito que isso.

Sakura estava feliz para espanto de Kero. Há uns minutos atrás ela estava muito pesarosa pelo chute que havia arremessado Shaoran numa das paredes do estádio. Yue havia deixado claro, várias vezes, que o garoto estava bem e ainda para completar, ela havia passado nos três treinamentos.

– Sakura, vai se preparando pra usar essas chaves hein, não vai demorar muito o dia em que elas serão úteis. Bom, não preciso nem dizer isso a você, fez vinte anos na semana passada, acho que estou ficando velho. – disse Kero pensativo.

– Velho? Esqueceu que você não envelhece?

Em meio a risos, Kero teve que concordar que Sakura tinha razão. Não que ele gostasse disso, mas um ser mágico criado para guardar as cartas não poderia ser algo finito já que elas eram infinitas. Tudo aconteceu normalmente até chegarem em casa, apesar da insistência de Sakura em querer ver Shaoran, Kero a proibiu de se desviar do caminho. Fujitaka logo percebeu os poucos machucados de Sakura, mas não se surpreendeu, aquela era a sua filha desastrada que sempre entrava por aquela porta. Não era algo pra se preocupar. Por outro lado, outra coisa preocupava o pai coruja.

– Você já tem 1,72m, nem parece a minha filhinha que chegava do colégio toda animada. Você está mais elegante. Acho que estou ficando velho.

– Poxa pai, você sabe que eu sempre serei a sua garotinha – disse Sakura pensando se o complexo da terceira idade havia se tornado uma epidemia.

– Eu sei, mas nada poderá impedir você de se casar, mudar de casa, ir embora pra outra cidade...

– Não quero que se preocupe com isso agora pai – ponderou Sakura – ainda tem muito chão pela frente até eu sair daqui, nem sei se quero me casar mesmo. Ahhh, havia me esquecido de contar, semana que vem entro de férias da faculdade e do serviço, então você terá mais tempo comigo ainda.

– Isso é bom mesmo. Por falar em família, hoje eu entrei em contato com a polícia para ver se encontram Touya. Disseram que vão fazer o possível para encontrá-lo, então é só deixar nas mãos deles.

A noite foi muito agradável entre pai e filha, mas não podiam negar que a ausência de Touya deixava tudo um pouco mais sem graça, já que o irmão era o centro das brincadeiras entre família.

Após uma semana cansativa de provas e trabalhos da universidade, as férias chegaram de repente e o tempo de folga parecera com um milagre para a cura de qualquer osso quebrado, ferimentos e até qualquer problema psicológico.

No primeiro dia, logo de manhã, ouviu-se batidas na porta. Era um garoto baixo de cabelos escuros, com óculos fundo de garrafa e expressão de “sabe-tudo” no rosto.

– A flor mais bonita que eu poderia encontrar, para a garota mais linda desse mundo.

Era Eriol com uma rosa vermelha na mão. Entrou e se aproximou tanto que quase colou o próprio rosto com o de Sakura, fazendo a menina se afastar um pouco. Pegou a flor e com um sorriso disse:

– É muito bonita mesmo, como sempre você é muito fofo.

– Não, não, não, eu estou apenas dizendo a verdade – e cochichou – quando quiser largar esse moleque que não serve pra nada, eu estou à disposição.

Shaoran havia passado a noite na casa de Sakura e estava ali presente, ouvindo tudo, fervendo de raiva, a ponto de explodir. Disse um “olá” bem obtuso para ver se o garoto nerd pudesse perceber que estava incomodando.

– Ah! Olá pra você também Shaoran, nem vi que você estava aí, vocês dois mudaram mesmo, claro que Sakura está mais linda – disse Eriol indiferente.

Shaoran olhou para os lados de forma a procurar algo que pudesse arremessar, encontrou um vaso em cima da mesa de centro, mas se deu conta que não poderia jogar um objeto que não era seu.

– Cheguei da Inglaterra agora, surgiram algumas coisas para tratar aqui no Japão. Não se preocupe Shaoran, eu já tenho lugar para ficar, é num hotel aqui pertinho.

Sakura diminuiu um pouco o sorriso, queria que Eriol ficasse em casa também, mas sabia que nada faria o garoto mudar de ideia – os hotéis daqui são bem luxuosos, tem um dos poucos cinco estrelas de todo o país, só se hospeda gente importante – disse Sakura.

– Que coincidência, é nesse que vou ficar – disse Eriol para espanto dos outros – a propósito, já marcaram a data do casamento? Sabe que eu não vou querer ficar de fora.

– O QUÊ? CASAMENTO? Nããão, não tem nada, nem vai ter por enquanto – gaguejou Sakura.

Para cortar o assunto na mesma hora Shaoran puxou Eriol pelo braço foi até algum lugar que Sakura não poderia ouvir e começou a escolher as palavras.

– Está louco Eriol? Isso não se pergunta, e por que está cantando a minha namorada, sinto que esses seus óculos ainda querem se manter inteiros – disse Shaoran.

– Já passou da hora de você comprar algo que ela goste, você tem dado presentes? E a aliança? Estou vendo nesse momento o dedo dela completamente descoberto ao mexer naquela caixa de biscoitos.

– Bom, é assim... você tem razão – disse Shaoran indefeso.

Com certeza Shaoran nunca havia dado sequer uma presilha ou um cachecol para Sakura fora dos feriados comemorativos ou aniversários. Pensou em comprar um presente naquela semana enquanto passava perto de uma loja de souvenirs no centro da cidade, mas viu que não carregava qualquer dinheiro no bolso e acabou se esquecendo.

– De qualquer forma, é melhor não tentar nada com ela hein? – disse Shaoran alertando-o.

– Não se preocupe com isso, até parece que não me conhece. De qualquer forma, mesmo que eu não fique aqui para comer biscoito com vocês, eu vou ficar na cidade porque parece que chegou a minha vez. Ela conseguiu as três chaves, não é?

– Sim - concluiu o garoto ao ver que Eriol olhava para seu estômago que carregava a cicatriz da ultima luta. Tentou esconder, pois não queria que o sábio soubesse que havia apanhado de uma menina.

Eriol se despediu sem comer qualquer biscoito deixando Sakura com uma dúvida tremenda sobre o fato de ele ter vindo apenas visitar. Sentiu que Eriol olhava para os lados como se quisesse sentir alguma presença no ar, mas resolveu não pensar muito mais após Shaoran indagar do por que ela estava tão pensativa.

– Bom, vamos ao parque? – disse Sakura.

Shaoran concordou. Pegaram algumas coisas que iam precisar, como bolsa, celular e outros pertences. Pediram para Kero telefonar se caso ocorresse alguma coisa, mas no caminho Shaoran logo percebeu que não era apenas um passeio comum. Pararam perto do parque pingüim, um lugar que trazia muitas lembranças.

– Me conta tudo, ok?

– O que? Contar o que? – disse Shaoran sem entender.

– Me conta o resto que você está me escondendo, Eriol não foi em casa sem motivo.

Então sem pestanejar Shaoran disse que Eriol queria lutar com ela uma vez para testar sua força. Disse que Eriol estava destinado a não deixá-la seguir em frente sem derrotá-lo.

– Cordália quer a magia de todos nós. Resolveu começar por todos aqueles que têm alguma ligação com Clow Reed. Pelo jeito ela te escolheu primeiro.

– Porque logo eu?

– Não sei, mas o fato dela ter seqüestrado seu irmão, eu arrisco que é uma forma de você ir até o esconderijo dela para tentar salvá-lo e então te pegar em algum tipo de emboscada.

– Então meu irmão está bem. Só está esperando eu aparecer. Me diz aonde é esse lugar, ele deve estar sofrendo alguma tortura nas mãos dessa mulher.

– Tudo o que eu posso dizer é que o castelo se chama Azhaghèrdenyeh ou Asgardênia e fica logo depois de um abismo. Mas não posso dizer como chegar até lá, não tem como, você terá que usar as três chaves, elas lhe mostrarão o caminho, mas não é simples como você pensa – disse Shaoran ao ver que Sakura tirava as chaves do bolso e tentava junta-las como um quebra-cabeça.

No caminho de casa, avistaram Eriol perto da porta da universidade, chamando os dois incessantemente. Correram até o lugar em que ele estava. Apesar de Sakura estar de férias, a universidade continuava aberta normalmente. Por várias vezes Sakura tentou convencê-los a mudar de idéia, já que ir na faculdade justamente no início das férias não era algo que remetia a algum tipo de diversão.

Tomaram o elevador e foram em direção ao subsolo, lugar aonde ficavam pisos e mais pisos de uma grande biblioteca. Ao deixarem o elevador, caminharam mais um andar que estranhamente o elevador não tinha acesso através de uma escada após uma porta que parecia um depósito de limpeza.

SEÇÂO DE LIVROS DE MAGIA

Era o que dizia uma placa ao pé da escadaria do lugar. Estava empoeirado, era como se existisse há muitos anos e o restante da biblioteca tivesse sido construída há séculos depois. Eriol caminhou entre as estantes e retirou um livro de capa roxa cujo nome era “O Diário de Clow”. Conseguiram deduzir o título do livro com muita dificuldade, pois o tempo e poeira deram conta de corroer parte da inscrição que um dia fora dourada estilizada em uma capa preta de couro. Eriol folheou enquanto Sakura olhava com veemência e Shaoran analisava o lugar todo.

– Está bem aqui. Nem acredito que realmente encontrei aqui após procurar nessa cidade toda.

– O que é isso? – disse Sakura.

– Algo que é algo que Cordália jamais deve por suas mãos. Veja essas gravuras – disse Eriol enquanto Shaoran se aproximava para ver também.

Enquanto Eriol folheava o velho livro, Sakura podia ver o desenho de pessoas em cada pagina e tinha inscrição bem minúscula. Cada um tinha uma característica específica cujo fundo indicava que a entidade ali impressa tinha familiaridade com algum tipo de elemento ou poder. Em uma das páginas havia uma mulher branca com gelo ao redor e em outra havia um manto negro escuro que parecia uma pessoa encapuzada.

– As três chaves abrirão o poder desses dez seres místicos. Esses dez poderes serão a chave maior para a derrota do grande mal. A má notícia que tenho hoje para dar a você é que nenhum deles vai liberar o poder de graça.

Eriol fechou o livro com força e Sakura começou a perguntar o que ele quis dizer com aquilo, mas Eriol se recusou a responder qualquer pergunta. Colocou o livro em uma bolsa que carregava.

– Você não pode levar isso, é roubo, isso pertence a nossa biblioteca. – disse Sakura advertindo-o.

– Não tem inscrição de empréstimo então essa seção não faz parte da biblioteca. Esse livro pertence a minha família, vou analisá-lo e se eu encontrar alguma coisa que servirá para você e sua magia, eu te direi. De qualquer forma me encontre na Floresta da Desilusão à leste da cidade as duas da tarde.

Sakura confirmou e os três foram para casa, mas Shaoran não podia se conter, resolveu abraçar a garota com muita força.

– Vamos enfrentar tudo isso, juntos! Eu prometo.

A garota começou a chorar sem parar como se tivesse guardado uma profunda angústia por todos aqueles dias.


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