O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 6
Capítulo 6 - A Chave do Poder de Ataque




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O dia amanheceu ensolarado com uma leve brisa que podia ser sentida pela janela aberta do quarto. O despertador tocou com veemência, mas o som não foi capaz de acordá-la. Fujitaka já havia acordado e estava começando a preparar o café da manhã. Kero pulou da cama assustado, e com um baque surdo acertou a cabeça na escrivaninha na tentativa de desligar aquele barulho ensurdecedor.

– Sakura! Sakura! Acorde, o despertador tocou. Por sinal meia hora mais cedo.

– Eu não quero mais bolo – resmungou Sakura com um suspiro quase inaudível, completamente fora do ar.

– SAKURA!!! – berrou Kero.

A garota caiu da cama assustada, levou o despertador junto e este caiu com um som estrondoso no chão de madeira, desmontando-o inteiro.

– Olha o que você me fez fazer, vou ter que comprar outro – disse Sakura nervosa. Mal terminou de falar e Kero estava dormindo enquanto flutuava como se a gravidade fosse zero. Sakura pegou o guardião na mão e o colocou em sua cama minúscula.

Retirou da sacola um grande avental com babados de renda. Tinha o desenho de uma rosa vermelha estampada, sem manga e com uma toca que parecia o de uma camareira se não fosse os detalhes em vermelho da borda que lembrava orelhas de gato.

– Não pode ser, vou ter que usar essa coisa? – pensou enquanto segurava o cabide com as duas mãos.

Com constrangimento sem fim vestiu e desceu para tomar café da manhã. Fujitaka não perdeu a oportunidade de fazer uma piada antiga que segundo ele ainda tinha graça e como sempre Sakura ria de má vontade. Comeu ligeiro como se fosse a última refeição na vida. Sabia que iria atrair milhares de olhos para as rendas que circundavam a parte inferior de todo aquele mau gosto pra uniforme.

Não pensou muito nos treinamentos àquela altura, não importava mais mesmo, havia sido reprovada da última vez. Pensava sobre todo aquele bla-bla-blá de ter uma segunda chance, mas logo tirava da cabeça quando pensava nas inúmeras vezes que perguntara a Kero e o mesmo mudava de assunto, sem contar as vezes que alguém a encarava com surpresa ou desaprovação no caminho para a padaria.

– VOCÊ ESTÁ LINDA SAKURA! Se não estivesse toda esfolada novamente. – ponderou Fujimoto.

– Eu acho que você se enganou, esse não deve ser o uniforme certo e quanto a essas bandagens, eu vou ficar bem, isso não é nada.

– Ah! Esse é o uniforme certinho, feito sob medida, olhe as outras funcionárias.

Sakura olhou em volta e viu todas as outras meninas com a mesma roupa extravagante e ficou se perguntando se Fujimoto tinha algum tipo de fantasia estranha ou se ele era louco mesmo. Teve vontade de rir por um momento, mas logo se deu conta de que estava na mesma situação. Trabalhou com muitas incertezas aquele dia. Já fazia alguns dias que Touya estava na posse da bruxa. Sentia que estava perdendo tempo demais e Touya não iria esperar pra sempre, então, no caminho de casa resolveu que iria intimar Kero a responder sobre o treinamento iria se suceder dali pra frente.

Sakura só se deu conta dos muitos olhares quando chegou na porta de casa. Parecia que ela estava ali em nome de alguma empresa de homenagens pra adultos à domicílio.

– Está animada hoje Sakura! Parece que quer falar comigo, desembucha! – Disse Kero.

– Nossa, como você sabe? Bom, de qualquer forma, me dá mais uma chance e não vou sair daqui enquanto não me responder.

– De novo isso? Bom, não posso te dar outra chance assim, mas se você se sair bem hoje no terceiro treinamento, eu posso pensar no que aconteceu.

Sakura não sabia nada do terceiro treinamento. Ambos os guardiões não tocaram sequer no assunto sobre o que seria e quem administraria. Sentiu seus joelhos bambearem, já não havia passado nem na segunda, imagina agora que ela não faz ideia de como tudo vai acontecer. Pegou a chave da estrela e junto com Kero foi para o estádio.

– Seriam vinhas retorcidas? teria que passar por um cemitério mal-assombrado? – pensou Sakura. Não queria nem pensar, pois tinha muito medo de qualquer coisa relacionada a assombrações, fantasmas ou cemitério, logo tirou da cabeça.

Quando chegaram não havia nada. Kero não disse uma palavra apesar da expressão interrogatória que Sakura carregava. Kero voou para o centro do estádio e desapareceu. Sakura não imaginou que a escuridão era o poder da SHADOW (Sombra) ao invés das sombras daquele estádio enegrecido ao céu noturno. A SHADOW se desfez e um ringue apareceu. Yue estava no centro do ringue com uma figura encapuzada ao lado.

– Suba no ringue e guarde a sua estrela, você não vai precisar dela por enquanto, só quando mandarmos – disse Kerberos em tom altivo.

Sakura obedeceu e Yue se retirou restando apenas ela e a figura misteriosa. Aquela pessoa se aproximou da garota e com um soco de efeito tentou acertá-la, mas ela conseguiu desviar com certa agilidade. Então começaram a vir golpes de todos os lados e algum tempo depois Sakura caiu cansada no chão após levar alguns socos. Parecia que a figura encapuzada aumentava a velocidade a cada segundo. Sakura levou a mão no bolso, mas Kerberos gritou de onde estava proibindo-a de usar a chave.

– Quem é você? – perguntou Sakura.

A figura mostrou um sorriso por dentro do escuro capuz e continuou a bater, e num movimento Sakura pôde ver a franja do cabelo em movimento – SHAORAN – A figura parou de atacar. A garota aminhou lentamente para ver melhor então resolveu tirar o capuz.

– Era você então? O que está fazendo aqui?

Shaoran olhou para baixo como se esperasse uma explicação plausível. Um tempo depois de vago silêncio Sakura virou as costas e começou a sair do estádio, decidida a ir embora.

– Espere, volte aqui. Eu-eu posso explicar – gaguejou Shaoran.

– Explicar? Explicar o que? Que estava querendo me poupar é isso? Que você era o melhor em luta pra esse treinamento? Você não tem palavra de homem, prometeu pra mim que não iria esconder mais nada. O que mais você sabe? – Sakura começou a tremer de raiva. Respirava compassadamente que até Yue e Kerberos podiam ouvir. Foi interrompida quando Shaoran começou a falar.

– Se é assim, prefiro enfrentar Cordália e trazer Touya de volta eu mesmo.

Sakura começou a chorar em silêncio.

– Não há relacionamento mais importante que a vida de alguém. Sim, eu fiz isso pra te poupar. Escondi minha face para você lutar sem pensar que estaria me enfrentando. Eu queria ver todo o seu potencial. Você fica desse jeito quando não te contam as coisas, mas nem tudo você pode saber, saiba das prioridades. Pelo jeito o treinamento vai acabar aqui também.

– Não – interrompeu Sakura – se prepare, que assim como você queria, eu vou com tudo.

– Ótimo, pode usar a FIGHT (Luta) e a SWORD (Espada).

Shaoran se preparou enquanto Sakura subia os degraus novamente. A expressão de Sakura era diferente, estava mais séria. Ativou o báculo e as duas cartas de uma vez só. Shaoran viu que a menina iria lutar de verdade e o silêncio que fazia não era bom sinal. De qualquer forma, Sakura foi quem atacou primeiro fazendo com que o rapaz se defendesse bem a tempo, parecia que tinha melhorado, era evidente o progresso mesmo com o uso das cartas.

– Não é o suficiente ainda, venha, quero mais. – Shaoran decidiu quebrar o silêncio. Nesse momento, Sakura recuou como se acordasse de um transe, a raiva havia passado e agora se dera conta de que estava batendo no próprio namorado.

– Espera... – mas Sakura não terminou de falar e foi golpeada tão forte que foi arremessada do outro lado do ringue. – Isso não é nada – disse com a boca ferida.

– Pelo jeito a raiva passou rápido – disse Shaoran em voz de desafio.

– Não quero bater em você – continuou Sakura, mas sem qualquer impedimento Shaoran deu uma volta e acertou Sakura nas costas com a canela fazendo-a cair no chão mais uma vez.

– Você me está me dando aberturas demais, não ia vir com tudo, como você mesmo disse?

Yue e Kerberos olhavam pasmos e Shaoran parou de atacar por um instante, mas sem tempo algum Sakura acertou os dois pés no peito de Shaoran. O menino tentou revidar, mas ela não dava mais tempo para ele sequer levantar do chão. Shaoran olha para Kerberos que faz um sinal de término.

– Ultima parte do treinamento – disse Shaoran bem a tempo, antes que Sakura o acertasse com um golpe fatal.

– ILLUSION (Ilusão) – gritou o garoto e Sakura ficou sem entender porque pensou que Shaoran havia falado alguma coisa de que ele não iria usar nenhuma carta ou qualquer magia de Feng Shui.

Sete figuras idênticas apareceram diante dela. Eram seres de armadura e máscara. Sakura logo imaginou que nem todos eram ilusões. Shaoran não estava mais lá então deduziu que uma delas o vestia e ela deveria saber qual deles era para poder acerta-lo. Três vezes tentou, mas em vão, pois as armaduras mudavam de posição cada vez que tentava.

Sakura teve uma ideia. A carta ILLUSION podia emanar apenas um tipo de magia, todas provenientes da mesma fonte, mas uma delas não teria apenas esse tipo de magia, mas teria também a aura de Shaoran. Fechou os olhos como se fizesse algum tipo de reverência, com certa dificuldade, mas não a mesma de antes, conseguiu sentir que realmente havia algo de diferente. Deu um passo e acertou a armadura da frente com um chute lateral tão forte pelo poder da FIGHT que arremessou Shaoran em uma das paredes do estádio e algumas pedras caíram em cima dele, agora, sem a armadura ilusória. Ele estava inconsciente.

Sakura correu na direção de todo aquele entulho e tirou pedra por pedra até livrar Shaoran que estava evidentemente machucado.

– NÂÂÂÂÂÂOOOOOOOO. O que eu fiz? – disse Sakura chorando copiosamente.

Shaoran parecia morto, não tinha sinal nenhum de que iria acordar e ambos os guardiões já estavam de prontidão para fazer o que fosse preciso. Sakura não parava de gritar, e Yue a repreendeu dizendo que a humanidade era mais importante que a vida de uma única pessoa. Yue ergueu Shaoran do chão e o levou embora.

– Não se preocupe, ele está bem. Por sinal, estou devendo isso a você. – Kerberos mostra duas chaves cada uma com uma escrita: A Intuição e O Poder de Ataque.

– Mas eu pensei que... – Sakura começou a falar mais Kerberos interrompeu – Sim, mas não há outra maneira de derrotar o mal. Sem a sua força, não haveria nenhuma salvação, nem pra nós, nem pra ninguém. Mudamos o ultimo treinamento de modo a englobar as duas coisas e você se mostrou forte, com resistência acima da média e ainda por cima com experiência suficiente para entender novamente como uma magia se distingue da outra, mesmo que seja apenas pela presença. Guarde as três, você vai precisar delas.

– Para que? – indagou Sakura.

– Para o verdadeiro treinamento, um que nós não podemos te dar. São chaves para abrir uma câmara. Você vai entender depois.

Sakura soltou um gemido de indignação e ao mesmo tempo de interrogação. Ela não sabia se ia aguentar mais doses de treinamento, e pelo jeito, mais difíceis que os anteriores. Nesse momento Yue aparece sem Shaoran.

– Como ele está? Aonde ele está? Me diz. – Sakura tremia como se um frio intenso tivesse passado por todo o seu corpo.

– Ele vai ficar bem, a essa hora você deveria se preocupar com seu irmão. – disse com a voz fria de sempre.

Tudo terminou sem qualquer comemoração.

Em um castelo lúgubre após um abismo sem fim, Touya acorda após muitos dias dormindo. Sem entender abre os olhos e vê a figura da mulher de costas para ele. Sua voz não saia.

– Parece acabou o efeito da poção dormente que eu dei a você, mas já era hora de acordar mesmo! – Nesse instante Cordália se vira para ele. – Teve bons sonhos?

– Você? – soltou a voz como se não falasse há muito tempo quase engasgando.

– Sim e tenho que dizer que dormindo você não tem graça nenhuma. Bom, não faz mal, pelo menos você será muito útil daqui pra frente. Sua irmãzinha não vai resistir por muito tempo, ela vai vir muito em breve. Ela tem uma magia muito distinta que eu pretendo tomar posse a muito tempo. Ah, vai me dizer que você não sabia? Você é ingênuo demais, não é atoa que te iludi tão fácil.

Touya não esboçou reação com o que Cordália havia dito. Já sabia de forma oculta que a irmã era algum tipo de maga. Forçou as barras da jaula, mas foi em vão. Cordália apontou o dedo para ele e Touya sentiu um impulso invisível como se tivesse sido empurrado, fazendo-o cair no chão imediatamente.

– Não me subestime rapaz, é impossível sair daqui, e se continuar berrando, eu vou jogar você e sua irmãzinha naquele abismo e ainda irei destruir toda a cidade de Tomoeda.

– Não toque na minha irmã – vociferou Touya.

– Você não está em condições de falar nada – disse Cordália virando as costas e saindo dali com uma risada maligna o suficiente para a atmosfera do esconderijo pesar.


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