O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Chave da Intuição




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Os dias de Sakura não davam sinais de que iam melhorar. Cada vez que Fujitaka perguntava a ela sobre Touya, tinha que manter a discrição para não dizer que ele havia sido sequestrado e tampouco que ela tinha a missão de resgatá-lo. Os sorrisos falsos e as mentiras se tornaram mais frequentes inclusive na padaria aonde trabalhava...

- Bom dia Sr. Fujimoto. – falou Sakura segurando e ventre e disfarçando para não entregar a sua situação.

- EU NÃO NASCI ONTEM. Estou vendo você segurar o estômago desde que entrou por aquela porta, foi assaltada por acaso? Deixe-me ver isso.

A loja ainda estava vazia, Sakura mostrou as bandagens que a envolviam, um pouco mais limpas que antes. Fujimoto tinha experiência médica, já fora médico no passado, mas sempre dizia que havia encontrado a felicidade verdadeira depois que abriu a padaria.

- Você quebrou uma costela, mas o ferimento está quase cicatrizado, em todo caso vou trocar essas faixas e você vai se sentir bem melhor. Como foi se machucar assim?

- Caí de patins em uma cerca de estacas – titubeou um pouco na hora de explicar entregando a mentira – sabe as calçadas hoje em dia não são tão confiáveis.

- Entendi, bom, parece mais que você caiu de um penhasco de duzentos metros de altura, tome mais cuidado, eu não quero nenhuma funcionária minha se afastando porque quebrou um osso.

Com aquele cuidado todo, Sakura sentiu que os ferimentos não doíam mais, tanto que conseguiu trabalhar a manhã inteira sem se preocupar uma vez sequer em olhar para baixo. O ferimento estava quase 100% curado, mas a dor pelo Touya agora havia sido substituído pelo sentimento de pressa, pensava a cada minuto que não havia tempo a perder. Após algumas horas Sakura olha para a porta e vê Tomoyo entrando com uma grande caixa na mão. Desajeitada ao passar pela porta, quase derruba a caixa e pelo barulho do movimento, Sakura percebeu que havia algo leve ali dentro.

- Não me diga que... – disse Sakura desconsertada.

- Bom dia Sakura. Sim, é um vestido que preparei especialmente para você usar hoje. É mais resistente então sei que esse não vai rasgar.

Sakura tentou falar, mas Tomoyo já desembrulhou o vestido que parecia feito de borracha, apesar dos babados bem feitos. Não era nada discreto. A cor era rosa e ia até a altura da coxa e dava a impressão de que era muito apertado. Junto do vestido havia um item que parecia uma boina ou um quepe da mesma cor. Era bonito, mas o fato da padaria estar movimentada, não era a melhor hora para mostrar um vestido chamativo daquele.

- Vou te esperar lá. Não se atrase hein – disse Tomoyo convidativa, mas Fujimoto interrompeu.

- Não quer esperar um pouco? Está quase na hora do almoço. Estou um pouco preocupado, ela não pode ir sozinha, não desse jeito. Por favor, leve ela até em casa.

A casa de Sakura era perto, Tomoyo começou a falar da nova filmadora que havia comprado e também tentava adivinhar como poderia ser o treinamento.

- Intuição não é? Será algo do tipo tentativa e erro? – indagou Tomoyo.

- Se eu cometer muitos erros, um ferimento no estomago vai ser pouco. Errar não é uma opção eu acredito. Vou ter que pensar rápido pelo jeito, e se for Kerberos agora, não espero que ele pegue leve também.

Naquele dia, Tomoyo almoça na casa de Sakura. Fujitaka era o melhor na cozinha, e não se contentava nunca em fazer algo gostoso pra comer. Sempre tinha tudo o que a filha mais gostava. Em especial, Tomoyo teve a sensação que Fujitaka havia acertado o que ela gostaria de comer também.

- Como o senhor adivinhou? Brócolis refogados e cogumelos? São meus preferidos – disse Tomoyo surpresa.

Fujitaka deu um sorriso – as amigas de minha filha merecem o melhor também – e olhou para Sakura – você não vai trabalhar agora à tarde?

- Não, ele me deu a tarde de folga, vou aproveitar para sair um pouquinho com a Tomoyo.

Olhou para relógio e quase caiu da cadeira quando viu que faltava dez minutos para o horário marcado. Puxou Tomoyo que quase engasgou com o ultimo pedaço de brócolis, abriu a porta e ambas saíram apressadas, antes de Fujitaka pudesse perguntar aonde iriam.

- Brócolis? – perguntou Sakura.

- Sim, eu adoro. Não sabia?

O caminho parecia mais longo do que da outra vez. Sakura contava cada passo que dava. Não havia se recuperado totalmente da ultima vez que lutou e agora, ela teria que passar por um teste que talvez pudesse ser mais perigoso ainda. A visão embaçou quando atravessaram o muro quebrado do estádio abandonado.

- Chegaram cedo! – disse Kerberos animado – esperem um pouco, relaxe Sakura, você parece tensa. Tente relaxar o máximo que puder, vamos começar em cinco minutos.

Demorou um pouco para Sakura relaxar completamente e de propósito esperaram cerca de uns quinze minutos até Kerberos anunciar o segundo treinamento e entregar as cartas THE SWORD (Espada) e SHIELD (Escudo). Da mesma maneira, Sakura só pode ver as cartas envoltas em luz, na hora em que as tocou.

- Imaginei que seriam essas – e sem demora Sakura ativa a SWORD antes que Kerberos pudesse fazer alguma coisa – meu sexto sentido nunca falha.

- O sexto sentido não vai te ajudar muito, tente se concentrar – disse Kerberos mais sério. Ativou a carta THE MAZE (Labirinto) e THE MIST (Névoa). As cartas demoraram alguns segundos para fazer efeito e em um instante Sakura estava envolta em um lugar que ela jamais poderia pensar que as cartas tivessem poder de construir. Era mesmo um labirinto nebulento, bem diferente do que ela já havia visto. Nas paredes haviam desenhos, indicações e algumas carrancas, rostos medonhos que enfeitava cada ponto do lugar. Logo pensou em não subestimar a Besta do Lacre Kerberos. Pela primeira vez Sakura percebeu que o guardião estava falando sério e jamais pensaria que ele pudesse ativar as cartas da forma que quisesse e com a criatividade que lhe vinha à cabeça. Começou a caminhar sem rumo e após alguns passos, ouviu uma voz bem ao longe. Apressou o passo na direção daquele som. Era a carta THE SONG (Som), reconheceu imediatamente e começou a seguir o caminho conforme o som aumentava. Conforme seguia o caminho as armadilhas aumentavam também, e quando se desviava, as armadilhas paravam.

Uma planta surgiu e agarrou Sakura pela perna que se desvencilhou imediatamente. De tempos em tempos algumas chamas surgiam e ela desviava facilmente. Em um determinado trecho viu Kerberos nitidamente. Segurou o punho da espada com mais força e partiu na direção dele para atacar, mas quando chegou próximo viu o guardião desaparecer. Era uma ilusão.

O grito da invocação de carta ecoava mais perto e Sakura percebeu que estava na trilha correta. Andou certa de dez minutos. Sakura foi tomada pela fadiga e não parecia que o estádio era tão grande assim. Em um determinado momento, ela viu que dava pra ir apenas por dois caminhos que aparentemente eram retos.

- Chega de labirinto então? – Disse Sakura aliviada.

- Não – disse a voz de Kerberos – você vai ter que escolher o caminho correto, está vendo essas estátuas? – Sakura concordou com a cabeça – é um teste de lógica simples e conhecido. Faça apenas uma pergunta a uma delas. Uma irá sempre dizer a verdade, a outra vai sempre dizer mentiras.

Sakura pensou por um momento, havia visto algo parecido nos livros da faculdade, mas não lembrava direito. Se aproximou de uma das estátuas, resolveu tocar, mas a estátua ficou vermelha e uma fumaça saiu dos olhos. Imediatamente Sakura tirou a mão por causa da alta temperatura. Se afastou da primeira e se aproximou da estátua da direita. Nem precisou tocar. Os caminhos se fecharam e da boca da estátua começou a jorrar água, e inundando o local.

- E agora? – pensou.

A água já estava fazendo com que a garota ficasse submersa e então disse com grande esforço para a estátua que jorrava água.

- Qual é o caminho que a outra estátua diria ser o correto?

A estátua fechou a boca e a água começou a escoar, então com o braço de pedra apontou para o caminho da esquerda. Imediatamente foi pelo outro caminho. Sakura estranhou o fato de estar incólume ainda, não era bom sinal. No meio do caminho duas cartas envoltas em luz apareceram diante de Sakura, THE LIBRA (Balança) e THE DASH (Corrida). Sakura imaginou na utilidade que essas duas cartas poderiam ter. Ativou a carta de corrida e começou a pegar velocidade por aquele caminho interminável.

- Finalmente uma sala. Acho que agora consigo terminar – pensou Sakura.

- Se você chegou até aqui sem nenhum arranhão, isso não significa nada – disse Kerberos com uma voz triunfante.

- O que? Como assim? Tem mais?

- Sim, se conseguir passar agora, você termina o treinamento. ILLUSION.

Kerberos desaparece e ataca Sakura de leve para ver se ela conseguiria despertar mais da sua percepção. Foi aumentando a intensidade e Sakura com a SWORD tentou dar ataques giratórios, mas não conseguia acertar. Para se defender ativou a SHIELD. Acertou Kerberos no peito fazendo o guardião arfejar.

- Assim eu vou derrotar você, essa batalha já está ganha Kerberos – disse Sakura começando a comemorar.

- Acha mesmo que está na condição de dizer isso? – Kerberos ativa THE SILENT (Silêncio) fazendo com que Sakura fosse expulsa da sala e ficasse no meio da porta do caminho inicial. A SHIELD se desativou e abriu uma brecha para Kerberos acertar uma cabeçada em seu peito que a arremessou dois metros para dentro do corredor. A garota estava completamente estirada no chão, inconsciente. Seu peito sangrava um pouco.

Imediatamente Kerberos desfez o labirinto e Sakura acordou desesperada.

- Espera, eu ainda não acabei, tenho que passar nesse teste – disse Sakura tentando se levantar.

- Esse teste já acabou e você foi reprovada. Você não tem estilo de espada, se desviou das armadilhas por puro reflexo e não por intuição. Você deve sentir a presença das coisas antes que elas te ataquem. Tão enferrujada assim e sem competência alguma, acha que conseguirá salvar o mundo? Não posso aprovar uma pessoa que não tem sequer intuição para ser uma heroína. Você não passou, o treinamento termina aqui.

Nesse momento Yue correu até o local. Tomoyo mais uma vez tentou consolar a amiga que estava a ponto de chorar.

- Calma, vai ter outra oportunidade, o Kero é nosso amigo, sei que ele vai ouvir a gente depois. Na próxima você vai conseguir – disse Tomoyo.

- A examine Kerberos, algum órgão vital pode ter sido estraçalhado com esse seu ultimo golpe – disse Yue sem perder tempo.

Kerberos avaliou e concluiu que a menina não tinha nenhum ferimento interno; Confortou a todos que apesar dela não ter passado, não sofreu grandes danos físicos.

Kerberos se transformou em Kero, Yue se transformou em Yukito e tentou levantar Sakura que se pôs de pé com uma dificuldade tamanha que imaginou como seria Sakura andando pela primeira vez na vida.

Naquela noite, Sakura implorou de joelhos para Kero dar uma segunda chance.

- Acha que vai ter alguma chance com Cordália? Sim, sei que agora a essa altura você já sabe o nome dela. Deite e descanse, amanhã será um novo dia, tente não pensar nisso, e garanto que vou pensar em algo, só sei que não posso repetir a segunda fase – disse um Kero ríspido, mas abrandando o tom depois.

Sakura não conseguiu dormir aquela noite mais uma vez. Ficou pensando no que Kero iria fazer. Se ela não passou na primeira tentativa, não era uma segunda tentativa que ia melhorar as coisas.

- Acho que não tenho chance nenhuma – pensou alto.

- SAKURA, VAI DORMIR! – trovejou Kero.


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