Uma semana antes do início das aulas, eu e meu pai fomos ao Beco Diagonal comprar meu uniforme escolar. Não havíamos comprado antes pois teria bastante tempo e eu podeira crescer até lá,o que realmente aconteceu. Eu estava extremamente eufórica. Dentro de uma semana eu estaria dentro daquele castelo enorme. Tinha passado os últimos meses com meu pai estudando meus livros e já sabia bastante coisas. História da Magia era algo entediante. Já Poções e Defesa Contra Artes das Trevas prometiam ser as melhores matérias. Eu fiquei com meu pai fazendo algumas poções e era algo incrível!

– Sophie, venha logo, não temos muito tempo. - disse meu pai, entrando no meu quarto. Estava terminando de arrumar minha mochila.

Como sempre, utilizamos a Rede de Flu para nos locomover. Meu pai comprou um café gelado no Caldeirão Furado e fomos comprar minhas vestes. Fui sozinha, meu pai tinha que passar na sua loja deixar algumas encomendas e pegar os pedidos. Chegando lá, uma mulher alta, magra, com o cabelo preso em um coque veio me atender.

– Olá, querida. Pela sua carinha, é o primeiro ano em Hogwarts, não?

– Sim. A senhora é a Madame Malkin?

– Não, não. Sou sua assistente, Juliet. Ela está um pouco ocupada, então eu irei arrumar suas vestes, pode ser?

– Obrigada.

Após algumas medições a vários ajustes, saí do estabelecimento carregando meu conjunto de vestes. Passei em frente ao Empório das Corujas apenas para olhar a vitrine. Desde o incidente no meu aniversário, não havia entrado lá sem meu pai. A dona da loja ficou me olhando de esguelha e eu continuei meu caminho.

A loja do meu pai era um estabelecimento discreto. Ficava em cima da Farmácia. Não era a loja mais movimentada do Beco, mas, devido ao fato de meu pai ser realmente bom no que faz e não ficar fazendo perguntas sobre o que as pessoas vão fazer com as poções, ele tem uma boa clientela. Eu já lhe falara que isso poderia trazer problemas, porém ele não liga. A divulgação começou na própria Farmácia e se espalhou através do “boca-a-boca”, ou seja, um ia falando para o outro.

Subi correndo as escadas, como de costume, apenas para ficar sabendo que meu pai já havia saído. Desci rapidamente e corri para a rua, mas não havia sinal dele. Por estar bem perto do início das aulas, o Beco estava cheio de garotos de todas as idades correndo, conversando, brincando, terminando suas compras. Não estava acostumada a ficar sozinha, ainda mais com tanta gente em volta, mas não podia me apavorar. Simplesmente comecei a andar calmamente, como se nada tivesse acontecido.

Fui à Floreios e Borrões, minha segunda loja favorita, apesar da dislexia. Cheiro de livros é algo mágico, possui um efeito calmante em mim. Porém, nesse dia, foi uma péssima ideia ir lá. Estava tendo o lançamento de um livro sobre criaturas perigosas e havia um cartaz enorme com a figura de uma acromântula ocupando toda a parede em frente à porta. As pessoas me empurraram para o lado para poderem entrar e sair da loja. Eu não conseguia me mexer, nem desviar os olhos. Algo estava errado. Ela se mexia, o que não era estranho se tratando de uma foto mágica, mas não de um jeito normal. Em poucos minutos, ela havia saltado para fora do papel e vinha na minha direção. Gritei, percebendo logo depois que a minha voz não saiu. Ela estava chegando cada vez mais perto. Fechei os olhos com força e gritei com todas as minhas energias.

– Sophie! - alguém me sacudia pelos ombros. - O que aconteceu? Está tudo bem?

Abri os olhos devagar. Meu pai estava agachado na minha frente. O cartaz estava do jeito que deveria estar. Ninguém parecera notar o que acontecera. Meu pai insistia em dizer que não, mas as aranhas me perseguiam. Onde quer que eu fosse e elas estivessem por perto, sempre viriam para cima de mim me aterrorizar.

– Não é nada. Eu apenas me assustei com o cartaz. Onde estava?

– Fui atrás de você. Devia ter me esperado quando terminou de comprar as vestes. Sabe que é perigoso ficar andando por aí sozinha, ainda mais com esse lugar cheio assim. Venha, vamos embora.