Meu malão já estava pronto fazia dois dias, mas ainda assim eu estava vendo se estava tudo certo. Era uma hora da madrugada e eu tinha acordado de novo. Dentro de dez horas estaria embarcando no Expresso de Hogwarts. Era a terceira vez que eu acordava. Na primeira, acordara meu pai junto. Ele tentara disfarçar, mas eu percebi que havia ficado chateado, então não voltei mais no quarto dele.

Voltei para cama e tentei dormir. Não estava conseguindo, então peguei um calmante do meu pai e tomei. Ele não gostava quando eu bebia, mas ainda assim, eu precisava dormir. Demorei mais alguns minutos, mas finalmente consegui. Devido ao calmante, não tive sonho algum, o que foi bom.

Acordei no dia seguinte com o meu pai me chamando. Ele estava tenso também, talvez até mais do que eu. Não comi nada, estava me sentindo enjoada. Mas não falei nada, devia ser efeito do calmante e eu não queria contar que tinha tomado.

Sophie, está tudo bem?

Está sim, por que a pergunta?

Você parece distraída. E está quieta demais

É o nervosismo - meu pai tinha razão. Minha cabeça estava um pouco confusa e quando eu tentei pegar uma revista para ler as letras se embaralharam todas e eu não entendi nada. Um arrepio percorreu meu corpo ao lembrar que eu devia estar totalmente bem para ir para Hogwarts. Tarde demais

Ás 10h30, peguei todo o meu material e fomos para a estação de KingCross. Estava cheia de gente, como sempre. Meu pai não soltava da minha mão, não sei porque. Ele parecia mais nervoso que eu.

Pai, está tudo bem?

Está sim, minha anjinha. É só que estou preocupado com você, é a primeira vez que te deixo sozinha

Pai, eu não sou tão indefesa assim! Desse jeito eu fico chateada. Não sou tão criança, ok? Esperei tanto por isso

Desculpe, filha. É que você sempre foi minha filhinha. Ainda me lembro de quando sua mãe entregou-lhe a mim. Te peguei no colo com tanto medo de te machucar Eu prometi a ela que te protegeria durante todos os dias da minha vida. Se algo te acontecer lá, qualquer coisa de estranho, vá imediatamente falar com a diretora e em seguida mande uma carta para mim. Entendeu?

Nossa, pai, desse jeito eu vou achar que a escola é um lugar aterrorizante Pode ficar calmo, nada de ruim vai acontecer.

Então promete que vai fazer o que eu lhe disse e que não vai atrás de confusão, aconteça o que acontecer.

Pai, eu não sou encrenqueira!

Então promete.

Tá, eu prometo. Posso ir agora? Faltam só dez minutos

Venha, eu te ajudo.

Ele foi comigo até o trem e me ajudou a colocar meu malão em um vagão que ainda estava vazio. Meu pai me disse mais algumas recomendações e, exatamente às 11 horas o trem partiu. Apesar de estar muito ansiosa, o calmante ainda fazia efeito em mim. Porém eu não iria dormir na minha primeira viagem para a escola

Já havia se passado vários minutos quando alguém entrou no meu vagão. Era um pequeno grupo de garotos mais velhos. Achei que eles iam me tirar do meu lugar, mas eles pareceram não se importar com a minha presença. Falavam sobre quadribol. Me ignoraram completamente.

Na hora do almoço, uma senhora passou com um carrinho de doces. Não posso comer doces, mas como estava sonolenta, comprei um pastelão, um sapo de chocolate e uma tortinha de abóbora. Quando voltei para o vagão e comecei a comer, os garotos olharam para mim, falaram algo que eu não consegui ouvir, deram uma risada e saíram de lá.

Não falei com ninguém a viagem toda. Mais alguns veteranos entraram e saíram do meu vagão, mas todos me ignoraram. Fiquei um pouco mal com isso, mas fazer o que, ninguém era obrigado a falar comigo. Quando começou a escurecer, troquei minhas roupas de trouxa pelas vestes da escola. O resto do trajeto passou sem nenhuma coisa interessante. Só esperava que não fosse assim na escola.