Chegamos ao Caldeirão Furado usando Pó de Flu. Senti meus olhos se encherem de lágrimas ao ver que meu pai tinha mandado fazer um pequeno bolo para a gente e uma pequena decoração de aniversário em um canto do bar. O bolo era de chocolate com recheio e cobertura de brigadeiro. Era muito doce, então só pude comer um pedaço. Em seguida, fomos para o já conhecido fundo do bar, onde ficava a entrada para o Beco Diagonal.

Sempre adorei esse lugar. Corri até minha loja favorita, o Empório de Corujas. Como não podia ter uma, ao menos podia admirá-las na loja. Havia uma branca pequenina que estava bastante agitada. Aproximei-me devagar. A dona da loja não estava por perto, então tirei-a da gaiola. Aninhei-a em minhas mãos e no mesmo instante ela se acalmou. Fechou os olhos parecendo satisfeita. Coloquei-a de volta na gaiola e fui ver as outras, com uma sensação esquisita dentro de mim.

Estava quase saindo quando ouvi um grito. Virei-me e vi a mulher parada na frente de uma pequena gaiola, com uma expressão de choque no rosto. Receosa, cheguei perto. Meu coração se apertou ao ver a corujinha branca morta no chão da gaiola. Não sabia o que havia acontecido, minutos antes ela estava bem. Só se… Não, não podia ser. Mas era a única opção. Eu havia matado a coruja.

– O que aconteceu? Você que estava aqui, viu o que aconteceu? Ela está sempre bem, sempre animada, nunca foi comprada por ser muito pequena e barulhenta…

– Eu… - não me controlei e senti lágrimas escorrendo pelo meus olhos. Eu não conseguia tirar os olhos do animal, que ainda estava do mesmo jeito que eu o deixara. Não podia dizer o que tinha acontecido, então me virei e saí correndo da loja.

– Sophie? Está tudo bem? - meu pai me esperava do lado de fora. Corri até ele e o abracei, deixando as lágrimas escorrerem. Era para o dia ser perfeito, e logo no começo eu viro uma assassina do meu animal preferido. - Filha, o que aconteceu?

– Eu… Não sei o que aconteceu, eu não tenho culpa!

– Por favor, me explique melhor. Acho melhor eu entrar lá e perguntar o que aconteceu…

– Não! Ela vai achar que fui eu… - fechei os olhos e respirei fundo, me acalmando. Dei um passo para trás e soltei, encarando o chão. - Eu estava lá dentro, olhando as corujas, e tinha uma pequenina que estava muito agitada. Não tinha ninguém olhando, então peguei ela para tentar acalmá-la. Depois eu coloquei de volta na gaiola e fui ver as outras. E quando estava saindo… - não aguentei e recomecei a chorar. Meu pai se aproximou de mim e me abraçou delicadamente. - Eu matei ela, pai. Não sei como, mas foi…

– Não, minha pequena. Você não teve culpa. Ela já devia estar doente. Você a acalmou, pense assim, e ela morreu em paz nas mãos de uma linda garota. Vamos, tenho uma surpresa.

Fomos para a Sorveteria Florean Fortescue. Pedi um sundey de baunilha, que dividi com meu pai. Com um sorriso no rosto, ele tirou uma carta do bolso e me entregou. Meu coração disparou. Era ela. Minha carta de Hogwarts.

“Prezada Srta Burton,

Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.

o ano letivo começa em 1º de setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho no mais tardar.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall

Diretora”

Não me contive e recomecei a chorar. Saí correndo com a carta na mão. Estava muito feliz. Meu pai apenas ficou me olhando enquanto eu extravasava minha euforia. Depois de aproximadamente cinco minutos, sentei-me em nossa mesa, um pouco mais calma. Não terminei de chupar meu sorvete, era energia demais pra mim.

Fomos então comprar meu material. A lista viera anexada na carta. Fomos na Floreio e Borrões, enquanto eu imaginava como faria para ler todos aqueles livros com a minha dislexia. Meu pai disse que tentaria lê-los para mim até o início das aulas. Teria seis meses para isto. Podia parecer bastante tempo, considerando que eu aprendo muito fácil. porém eu sou hiperativa e tenho déficit de atenção, então talvez demorasse um pouco mais. Mas não importava. Eu ia para Hogwarts.