Pov Leo

GREVE!?

Ele só pode estar brincando!

– Como assim “greve”? – Perguntei.

– De greve! – Ele disse ficando de pé na minha frente. – Sem beijo, abraço, carinho, nadica de nada!

– Ai é golpe baixo! – Falei me levantando.

– Ninguém mandou você vir xeretar no meu quarto!

Bufei indignado e perguntei. – Até quando?

– Tempo indeterminado!

– Mas... – Ela me cortou.

– Para de falar “mas”. Estou de greve e ponto. – Ela disse pegando minha blusa. – Agora vamos! – Disse jogando a blusa em meu colo. – Eu estou com fome.

Bufei. Vesti a blusa e segui Reyna até o Refeitório. – Posso pelo menos pegar sua mão? – Perguntei. Ela fez uma cara de pensativa e assentiu.

Fazer o que, né? Se eu não podia ter ela, pelo menos tenho a mão dela!

Que coisa horrível, Valdez! – Disse uma vozinha na minha cabeça. – Já te vi em situações piores!

Quem tá aí?

Eu o Chapolin Colorado!

Jura?

Claro que não, babaca! Sou sua consciência.

Preferia o Chapolin!

Nossa, quanta consideração!

O que você queria? Uma apresentação formal?

Quem sabe! Entrada triunfal, tapete vermelho, flashes das câmeras dos paparazzi, uma supermodelo gostosa do meu lado... Não seria nada ruim!

Você é, sem dúvidas, minha consciência!

Não disse! Agora preste atenção na dulzura. Ela vai ser uma parte importante do seu futuro.

Como é?

– Você não acha? – Perguntou Reyna, me tirando dos pensamentos.

– Ah... eu... o que? – Perguntei tentando me lembrar do que ela tinha falado.

– Não acha que a praça central seria um ótimo lugar para fazer o baile?

– Ah, sim, claro! – Falei, tentando parecer focado. – Um ótimo lugar!

– Leo, você prestou atenção em alguma coisa do que eu disse? – Ela perguntou.

– Claro! – Tentei parecer verdadeiro, mas é difícil mentir pra Reyna.

– O que foi que eu disse? – Ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

– O que... você disse? – Vamos, Leo, pense, pense. – Você estava falando sobre o baile? É sobre o baile! Em como seria ótimo se ele fosse na praça central.

Ela me analisou atentamente. Era difícil pensar em algo convincente, quando se tem alguém como Reyna te encarando. Ela estava de braços cruzados, abaixo dos seios, e isso só fazia com que eles se destacassem mais. A blusa do acampamento era justa, ela definia perfeitamente as curvas de Reyna. A calça jeans justa fazia o desenho perfeito de suas pernas. Eu não sei se já disse isso, mas “que pernas!”.

– E antes disso?

Babou de vez! Certo, vamos pensar. O que ela estava falando? Sobre roupas? Não, não parece coisa da Reyna. Sobre fofoca? Não, também não parece coisa dela. Ai, deuses! É nesses momentos que eu adoraria ser uma máquina!

– Eu... – Tentei pensar em algo, mas ela me tirava á concentração.

– Viu? Você nem liga pro que eu falei! – Ela disse virando as costas pra mim e começando a se afastar.

– Não, não, não. – Falei segurando seus braços. – Não é isso! É que eu estava preocupado com umas coisas que estão acontecendo. Mas eu ligo para o que você fala, eu ligo pra tudo que vem de você! Por que eu...

– Ok, já entendi! – Ela disse me cortando. – Por que você me ama!

– Exato! – Falei.

Aproximei-me pra dar-lhe um beijo, mas ela virou o rosto.

– Esqueceu? Ainda estou em greve!

– Fala sério!

Ela ri e me puxa pro Refeitório.

– CHEGARAM! – Grita Dakota.

– CHEGAMOS! – Grito de volta dando um tabefe em sua cabeça.

– Só estou relatando os fatos! – Ele fala.

– Não relate o óbvio! – Retruco.

– Ih! Está bravo hoje, Valdez? – Pergunta Hazel.

– Tô! – Grito com ela. – Problem?

Ela olha pra mim meio assustada e depois olha pra Reyna. Reyna apenas abaixa a cabeça e ri.

– Você não vai contar? – Pergunto.

– Não. – Responde Reyna. – Eles não precisam saber dessas coisas, Leo.

É, ela está certa. Isso não tem a ver com eles.

Bufei e sentei em um dos sofazinhos. Reyna vai falar alguma coisa com Jason. Deve ser coisa de pretor! Penso.

Olho para todos os legionários e uma coisa me chama á atenção. Eu não encontro nem Derek, nem Jessie. Estranho.

– Reyna! – Grita o idiota, bastardo, vulgo Noah Calhoun.

– O que foi? – Pergunta Reyna.

Ela estava parada atrás de mim, com Jason ao seu lado. Levantei-me e fiquei ao seu lado, passei meu braço por seus ombros. Percebi que Noah não gostou muito do meu gesto, mas o que posso fazer? Não se pode agradar todos, e nesse momento, eu prefiro agradar a mim mesmo.

– Leo... – Diz Reyna.

Ela olha pra mim de um jeito reprovador, mas triste ao mesmo tempo. Espera um minuto! Ela está com pena do Calhoun? Ela está com pena dele? Do idiota bastardo?

Olho pra ela sem entender. Reyna simplesmente tira meu braço de seu ombro e vai até Noah.

– O que aconteceu? – Ela pergunta.

– O Derek. – Diz Noah. – Ele fugiu do acampamento.

Reyna empalidece de novo. Ela fita o chão com uma cara não muito boa. Suas mãos tateiam alguma coisa pra segurar. Apresso-me e seguro sua cintura pra que ela não caia.

– Tudo bem? – Pergunto.

– Tudo... só... acho que é a fome. – Ela tenta dizer.

– Sei. – Falo.

Ajudo-a á se levantar. Ela rapidamente volta à pose de pretora destemida e durona.

– Como? – Ela pergunta á Noah. – Ele não conhece o acampamento. Não tem como ele fugir.

– Ele não foi sozinho! – Diz o idiota bastardo.

– Quem...? – Ela pergunta.

– Jessie. – Diz Noah.

A expressão de Reyna deixa de ser de medo e vira puro ódio.

– Aquela... Aquela... – Ela procura palavras pra dizer. – Aquela vaca desgraçada. Traiu o próprio acampamento! Aquela vadia filha da puta!

– Reyna, mantenha a classe! – Diz Jason.

– Foda-se a classe, Grace. – O olhar que ela lhe lançou me deu até arrepio. Jason se encolheu e se sentou de novo.

– Mande uma equipe atrás deles. – Ela diz pra Noah. – Avise os legionários que estão lá fora. Eles não podem ter ido muito longe.

– Pode deixar! – Diz Noah com um sorriso aberto.

Por mais pê da vida que Reyna está, vocês não sabem como ela fica sexy. É indescritível!

– Ei, relaxa! – Diz Dakota pousando a mão no ombro de Reyna. – Vamos acha-los.

– Não é por isso. – Ela diz passando a mão nos cabelos. Mais uma maneira de ela parecer mais sexy ainda. – E se ele voltar pra Seattle? E se ele levou a Emma pra lá? Ele vai fazer a mesma coisa que fez com a Melanie! Eu não quero que isso aconteça!

– Não vai! – Prometeu Dakota. – Nós vamos acha-la! Vamos trazê-la de volta. Aquele desgraçado não vai fazer nada com ela. – Ele disse. Reyna assentiu triste e Dakota a puxou pra um abraço.

Pigarreei chamando á atenção deles. – Reyna?

Ela se separou de Dakota e olhou pra mim. – Que diabos está acontecendo? – Pergunto.

– Eu já vou indo. – Diz Dakota se levantando. – Vocês tem muito que conversar!

– Não... – Reyna começa, mas Dakota nem da ouvidos. – Que belo amigo você, hein? – Ela grita pra ele, que de novo, ignora.

– Então? – Falo. – Vai me contar o que está acontecendo?

Ela solta um suspiro e me encara.

– Eu não quero que se envolva com isso! – Ela diz. – Não quero que ele também venha atrás de você!

– Reyna, eu vou ficar bem! Ninguém vai vir atrás de mim! – Falo me sentando ao seu lado. – E se eles estão te ameaçando ou coisa assim, eu preciso saber. Me dói ver você assim, sofrendo. Eu quero ajudar!

Ela solta um longo suspiro e me encara.

– Só não me odeie depois do que eu te contar. – Ela diz segurando minha mão.

Olho meio ressentido pra ela. Reyna se levanta e me puxa.

– Aonde vamos? – Pergunto confuso.

– Andar. – Ela diz sorrindo triste. – E vai ser uma longa caminhada.

– Por quê?

– Por que é uma longa história! – Ela diz com o mesmo sorriso triste.