Pov Reyna

– Você tem um Acampamento pra me mostrar. – Disse Derek segurando minha cintura.

Sinceramente? Eu não sei o que fazer!

Desde que sai de Seattle com Dakota, não pensei no que diria se encontrasse ou Derek ou Melanie de novo. Eu só pensava em mantê-los longe do Acampamento, longe de quem eu amo.

Virei lentamente pra ele e olhei no fundo de seus olhos. Desde de pequena eu era muito boa em decifrar as pessoas só pela expressão, ou pelo olhar. Isso foi muito útil, no SPA de Circe, quando cheguei ao Acampamento e quando os gregos chegaram. Mas agora, eu não consigo decifrar Derek, antes eu até conseguia, em Seattle, mas agora ele parece mais esperto.

– O que você quer? – Perguntei tentando esconder o medo.

– Que me mostre meu novo Lar! – Ele disso com aquele sorriso animado, que a algum tempo eu teria caído em seus braços.

– Aqui não é seu Lar! – Falei ríspida. – Seu lugar é mofando no Tártaro!

– Doce e inocente, Reyna. – Ele disse tirando o copo de cerveja da minha mão, e segurando-a. – Eu já sai de lá uma vez, posso sair de novo!

– Você só conseguiu sair de lá por causa de mim e da Melanie! – Falei me contendo pra não voar em seu pescoço.

– Antes eu não sabia o segredo, agora eu sei!

– Impossível! Á única que sabia era a Melanie, como...

– Ela me disse em seu último suspiro.

– VOCÊ A MATOU? – Gritei. Senti meus olhos arderem e minha visão ficar embaçada.

– Foi preciso! – Ele disse se afastando um pouco. – Ela não queria cooperar!

– ELA ERA SUA IRMÃ! – Falei socando seu peito.

Ele segurou meus pulsos e me afastou com dificuldade. Eu estava com ódio dele, muito ódio. Quem mata a própria irmã? Melanie era uma ótima pessoa, mesmo sendo mortal.

– Não pense que você não tem culpa, romana. – Ele disse segurando meus braços com força e ficando frente a frente comigo. – Ela chamou por você. Ela gritou seu nome! Mas você estava lá? Não, você ficou preocupada demais com seu namoradinho, não é?

– NÃO! – gritei sentindo lágrimas escorrerem por meu rosto. – Você não me deu escolha!

Apesar do luau estar cheio de semideuses, ninguém parecia prestar atenção em nós. Todos estavam ocupados demais bebendo, dançando e se comendo.

– Eu te dei sim! – Derek disse largando meus braços. – Você poderia ter ficado, poderia ter impedido a morte dela. Poderia ter ficado ao meu lado.

– Eu prefiro morrer! – Falei com amargura.

– Que assim seja, Reyna. – Ele disse me segurando nos ombros. – Que assim seja!

– Larga ela! – Reconheci a voz de Dakota.

– Isso não é da sua conta! – Derek respondeu de um jeito cínico.

– Não interessa! Larga ela!

Derek me soltou e eu cai sentada no chão, atônita de mais pra prestar atenção na briga.

Melanie havia morrido por minha causa! Se eu não tivesse fugido, ela estaria salva. Massageei os pulsos que estavam vermelhos e doloridos, meus braços latejavam e minha cabeça parecia estar em um gira-gira.

Senti alguém tocar meu ombro e me encolhi com medo de que fosse Derek de novo. Mas não era, era Percy. Ele me ajudou a levantar e me abraçou. Eu tremia violentamente por causa do choque e chorava como uma criancinha.

– Deixa ela em paz! – Reconheci a voz de Dakota. – Já não está bom todos os estragos que você causou em Seattle?

– Não, não está! – Derek respondeu me olhando com ódio. – Isso é tudo culpa sua, sabia? Se não tivesse fugido, Melanie não estaria morta!

– Não fui eu que a matei! – Gritei de volta. Percy me segurava pra que eu não matasse Derek.

– Pode não ter sido, mas se você estivesse lá como prometeu, ela poderia estar aqui! COMIGO! - Ele disse me lançando um olhar ameaçador.

Comecei a chorar mais ainda. Percy começou a me puxar pra fora dali, já que todos tinham notado nossa presença e olhavam o show com a maior curiosidade.

– Se você a queria com você, por que a matou? – Perguntei me aproximando de Derek.

– Eu não queria matá-la! – Ele disse com voz de choro. – Mas ela não me deixou escolha! Ela não quis cooperar!

– Chega Derek! – Disse Dakota.

Ele mantia-se firme e estável, mas eu sabia que também estava abalado. Quando Dakota me achou em Seattle, ele conheceu Melanie e Derek, ele e Melanie ficaram muito amigos, ele se importava com ela.

Dakota olhou pra mim e depois pra Percy. Ele esticou o braço apontando pra fora do Fórum e acenou com a cabeça. Percy assentiu e segurou meu braço. Ele começou a me puxar pra fora. Ainda podia ouvir os gritos de Derek:

– Isso não vai ficar assim, Reyna! Você vai pagar, e muito caro!

Depois de estar longe o bastante pra ouvir os ameaças de Derek eu simplesmente me joguei no gramado.

Ainda estava em choque. Derek tinha razão: Eu matei Melanie! Se eu não tivesse abandonado eles, ela poderia estar viva. Por que eu não aceitei a oferta de Derek? Era tão simples, ele só pediu que eu ficasse com eles em Seattle. Mas ainda sim, lá não é meu lugar, aqui é! Eu precisava voltar, precisava ver como estavam ás coisas.

– Não pense nisso, ok? – Disse Percy agachando-se ao meu lado. – Não foi sua culpa!

– Foi sim! – Falei em meio aos soluços. – Se eu tivesse ficado com ele, Melanie nãoestaria morta!

– Não, não estaria. Mas você sim. – Ele disse segurando minha mão. – Reyna, você fez o certo, Derek é perigoso, ele não pouparia a sua vida se você tivesse ficado lá.

– Eu... – Não consegui terminar a frase. As lágrimas voltaram com mais intensidade e eu tremi mais do que antes.

– Vem, vamos sair daqui. – Percy disse estendendo a mão pra mim.

Ele me conduziu até a casa dos pretores e me deixou no quarto. Saiu pra avisar Annabeth e pegar algumas coisas, mas disse que voltaria logo.

Eu deitei na cama e puxei o cobertor que estava na ponta da cama. Fiquei ali, chorando e tremendo. Imagens de Melanie, de Drek, de seu casarão em Seattle, de tudo. Todas invadiam minha mente ao mesmo tempo, me dando uma dor de cabeça insuportável.

– Leo, ela não tá bem pra receber visitas. – Ouvi a voz de Percy no corredor. – Depois você vem falar com ela.

– Depois nada, Percy. – Leo diz. Pelo visto ele não esta muito longe da porta. – Eu vou vê-la agora.

Ouço o barulho da porta se abrindo e, mesmo sabendo que é o Leo, eu me encolho mais na cama, passando o cobertor por cima da cabeça.

– Ei. – Ele diz passando de leve sua mão por cima do cobertor. – Sou eu, Leo.

Não respondo só me encolho mais ainda.

– Percy, você pode... – Ele diz provavelmente apontando pra porta.

– Ah, claro. Já to indo!

Ouço a porta se fechar e percebo que Leo se sentou na beirada da cama.

– Reyna? – Ele diz acariciando minha cabeça por cima do cobertor. – Por favor, não tenha medo.

Sua voz é tão calma e doce que eu não resisto. Solto a ponta da coberta e ele puxa pra baixo. Não ouso abrir os olhos, mas posso imaginar que Leo me olha com pena. E eu não gosto que sintam pena de mim. Parece que eu sou uma menininha de novo, correndo pelo mundo sozinha, sem saber se defender.

– Dakota me contou o que aconteceu. – Ele diz acariciando meu rosto.

– Leo, se você não se importa, eu não quero conversar sobre isso.

– Tudo bem. Não vou forçar a barra, mas você sabe que pode me contar tudo, não é? – Ele diz deitando-se ao meu lado.

– Eu sei. – Digo abraçando-o.

Ele me abraça forte e, pela primeira vez hoje, eu me sinto segura. Leo puxa o cobertor de volta e nos cobre. Eu tentei ficar acordada, juro que tentei, mas com o carinho que ele fazia em meus cabelos eu acabei dormindo.

E essa é a pior parte de ser um meio-sangue.

Os pesadelos!