POV´s Annabeth

Bem, na verdade corro para casa, pego meu carro e dirijo até um lugar especial, um lugar que só nos conhecíamos. Uma praia deserta, ele costumava me levar lá antes... de eu ir embora.

Era um lugar realmente lindo. Me sento na areia da praia e fico pensando na vida. Qual a próxima peça que ela iria me pregar. Primeiro meu pai, minha família. Agora Percy em coma. Tudo conspirava contra. Ele só poderia ter voltado da casa de Rachel porque eles haviam voltado. Essa era única explicação. Eles voltaram. Foi só eu terminar com Percy e algumas horas depois ele foi correndo para Rachel, mas eu não o culpava, eu tinha terminado.

Fico pensando em tudo o que aconteceu, desde o dia em que o conheci...

– Mãe, é só me deixar na frente da escola, lá eu me viro.

– Tudo bem, cuide para não se perder, e na saída vou estar aqui te esperando.

Saio do carro e vou em direção a escola, no estacionamento tinha alunos mais velhos, que tinham carros, então não teria ninguém da minha idade ali, fui em direção ao prédio.

Devo ter ficado uns 15 minutos andando feito um barata tonta tentando achar meu armário. Até que distraída dou um esbarrão em alguém. Automaticamente me preparo para xingamentos, mas apenas ouço um risadinha doce.

Olho para cima e encaro aqueles olhos verdes e o sorriso em seus lábios.

– Desculpe. – Murmuro e sigo meu rumo, mas ele puxa meu braço fazendo eu ficar onde estou.

– Você é nova aqui? Parece perdida.

– Na verdade sim.

– Posso te ajudar, qual o seu armário?

– 154 – Respondo olhando o papel em minha mão.

– Que coincidência! O meu é o 153, somos oficialmente vizinhos de armário.

– Que prazer.

– Você é... ? – Pergunta ele enquanto me guiava para os armários.

– Annabeth Chase.

– Perseu Jackson, mas me chame de Percy.

– Como quiser.

– Mudou de escola?

– Mudei de cidade, vim de São Francisco.

– Ah, sua família inteira veio?

– Meus pais são separados, morava com meu pai, minha madrasta e meus meio-irmãos, mas minha mão quis que eu viesse para cá, passar um tempo com ela.

– É, legal, a escola estava precisando de gente legal.

– Como sabe que eu sou legal?

– Não sei como, apenas sei. – Responde ele sorrindo.

Sou tirada de meus devaneios por passos na areia, viro para trás e Nico e Thalia estavam vindo em minha direção.

Thalia estava um pouco melhor, a maquiagem borrada tinha sido removida e agora não usava mais o pijama, mas além de tudo os dois pareciam muito abatidos, eles eram os melhores amigos de Percy, se conheciam desde quando eram crianças.

– Desculpe, não queríamos atrapalhar, mas sabíamos que você viria para cá. – Fala Thalia se sentando ao meu lado, logo Nico senta ao lado dela.

– Vocês nunca atrapalham. – Respondo, e no momento que abro a boca lágrimas quentes escorrem por meu rosto.

– Não chore. – Diz Thalia me abraçando, mas ao mesmo tempo posso sentir lágrimas escorrendo por seu rosto. – Ele é forte, vai superar isso.

– Eu sei, mas está difícil dizer isso a mim mesma, depois de perder praticamente toda a minha família...

– Nós também tivemos que aprender a lidar com a perda. – Fala Nico.

– Sim, eu e Jason perdemos nossa mãe muito cedo, ela estava bêbada... Era uma noite chuvosa... Bateu o carro... Desculpe... – Fala ela quase soluçando.

– Bem, minha história é um pouco diferente. – Fala Nico.

– Não precisa, se você não quiser. – Responde Thalia.

– Não! Não aguento mais isso! Não consigo mais deixar essa maldita história presa dentro de mim! – Lágrimas se acumulam em seus olhos antes mesmo de começar a falar. – Aquela foi sem dúvida a pior noite da minha vida...

POV´s Nico

– Vai ser rápido crianças, eu juro. – Fala Perséfone abaixando para beijar minha testa.

– É, se cuidem. – Fala Hades novamente.

Eles saem eu e Bianca sozinhos. Não era para ser assim, mas eles tinham um jantar importante e Carry, a menina que cuidava de nós quando eles precisavam sair, estava doente.

– Vamos dormir, ora. Ficar ouvindo barulhos estranhos no meio da noite não é nada bom. – Fala Bianca.

– Tudo bem.

Vamos para o andar de cima e ela para em frente a minha porta.

– Olha, Nico, se você quiser eu durmo no seu quarto...

– Não precisa maninha! Tenho 10 anos!

– Não me importa se você tem 10, 30 ou 40 anos, você sempre será meu irmãozinho, mas se prefere assim... – Ela me abraça. – Se precisar é só chamar né homem da casa.

Entro e meu quarto vou direto dormir. Nunca fui uma criança que tive problemas com o escuro, pelo contrário, sempre foi acolhedor para mim, mas naquela noite tudo mudou.

– Acorda! Nico! – Sou tirado do sono profundo por Bianca. – Quieto! Vem!

Ela me puxa pela casa escura, o que estava acontecendo eu não sabia.

Ela me leva até o quarto de Hades e Perséfone.

– Bianca...

– Quieto Nico! Estão assaltando a casa!

Levo alguns segundos para processar aquilo. Estavam assaltando a casa e nós estávamos sozinhos.

Então com um ponta pé a porta é aberta e um sujeito entra.

– Calminha aí crianças! Muito quietinhos!

Num movimento rápido ele pega Bianca pelo braço e aponta uma arma para ela. Eu sabia o que eu tinha de fazer. Sempre fui muito rápido. E Hades sempre nos ensinou como reagir durante essas situações.

O ladrão se distrai por poucos segundos, mas é o suficiente para mim chegar até mesa de cabeceira de Hades, abro a última gaveta e pego a arma que lá ele escondia.

Quando o sujeito se dá conta já estou com a arma na mão.

– Vá! Atire garoto!

Nesse momento o outro assaltante entra no quarto. Eu não tinha nada a perder. Era isso que eu pensava. Como eu estava errado. Faria de tudo para voltar no tempo, naquele dia. A perto o gatilho.

O tempo parece congelar naquele infeliz momento. Tudo a minha volta. Eu sabia que tinha feito algo horrivelmente errado. Eu sabia.

Segundos depois ou minutos depois, não sei ao certo, perdi a noção do tempo. Bianca estava no chão, uma poça de sangue ao seu redor. Me dou conta do que tinha feito. Eu tinha matado minha própria irmã.