Pov Bella.

Ter visto hoje Alice tinha sido maravilhoso. As saudades que tinha daquela pequenina rapariga cheia de graça, sempre feliz com um enorme sorriso contagiante na cara.

Era impossível não gostar dela. Impossível para todos, menos para Mike, mas apenas porque Alice não tinha medo de lhe fazer frente, pelo menos enquanto não sabia do que ele era capaz, bom, agora assim como Edward, tinha uma ideia do que se passava depois do que vira à hora do almoço.

**

“Assim que Alice saiu, fui chamar Mike á sala. Ele estava sentado a ver televisão, e com um copo vazio na mão.

Mike, o almoço está pronto.- Disse.

Ele olhou para mim e assentiu. Levantou-se, pousou o copo e sem mais demoras, agarrou-me o braço com uma força brutal. Ia deixar marca.

Que raio faz uma Cullen cá em casa?!- Disse furioso.

Já sabia que ia haver discussão por Alice estar ali. Não por causa de Alice, mas por ela ser uma Cullen.

Não sei! Ela apareceu de manhã, a dizer que me queria ver, por favor, larga-me…-Pedi.

Este fim-de-semana, sem mais demoras, vamos voltar para Forks. Não vais dizer nada a ninguém, não vais falar com ninguém, e vais fazer apenas aquilo que eu…

Está tudo bem?- Perguntou, olhando-nos confusa e chocada.

Ele largou-me muito depressa e eu recompus-me. Agora era mais uma que sabia.”

**

Para além de Alice saber também, ía voltar para Forks. Onde estava Jacob com o abrigo seguro para Jane.

Ia deixar Rosalie, Jasper, Seth, Edward, Alice…ia deixá-los a todos, ainda por cima agora que estava prestes a resolver tudo com eles. Ía voltar a desaparecer. A fugir com Mike…Como é que iam reagir a isso?!

Como é que eu ia viver assim de novo, sem saber nada de ninguém, vivendo noutra mentira, saber que Edward, Alice e todos eles pensavam que tinha ido porque amava Mike, porque queria ser feliz e essas mentiras todas…

Isto não podia estar a acontecer! Porque raio é que o mundo se estava a revoltar contra mim?! Porque teria eu de ser tão infeliz?!

Verdade que se fosse para estar junto de Jane, sofreria o que fosse preciso para isso, para a ver feliz, saber que ela está bem, mas ela não é feliz assim. Que criança era feliz a ver o pai a bater na mãe? Que criança era feliz sem poder ir ao parque com as outras crianças, sem poder ir como gelados nem anda disso? Que criança era feliz sem estar junto dos pais verdadeiros?

Jane era minha filha, disso não havia dúvida. Eu amava-a incondicionalmente, mas por muito que quisesse, ela nunca me iria pertencer verdadeiramente. Haveria sempre o pequeno, grande, pormenor de que ela não era minha filha biológica. Não gostava de pensar em assim, mas era a pura da verdade.

Claro que já tinha tentado encontrar os pais dela, assim que ma puseram nos braços, mas não deu em nada, pois tivemos de nos mudar para Nova Iorque, e nunca mais tive contacto com Forks, a não ser com Jacob e Renesmee, mas não os ia meter nesta procura.

Para ser sincera, eu não queria que ele encontrasse mesmo os pais dela. Quatro anos da minha vida com ela. Quatro anos a educá-la, a mimá-la, a amá-la…Não queria abrir mão disso.

Sabia que havia por aí uns pais tristes, deprimidos… Assim como eu ficaria se ma tirassem agora, do nada!

Sabia que o melhor a fazer era, agora que íamos voltar para Forks, voltar á procurá-los. Eles iam perceber o porquê, a culpa não tinha sido minha, longe de mim andar a raptar crianças! E se soubessem a história, me perdoassem, talvez me deixassem vê-la, podia ser que me deixassem tê-la na minha vida. Eu não teria de abrir mão dela, não completamente.

Este pensamento bastava para me deixar feliz. Muito feliz.

Jane estaria com os pais, eu não teria de me separar dela e podia dizer adeus a Mike para sempre!

Era a única coisa que queria desde á quatro anos atrás, e agora estava bastante próxima de se realizar, só tinha de achar os pais de Jane e sabia perfeitamente quem me podia ajudar. Aí teria de contar a história toda, aí ele veria o quão errado estivera, que ele não devia desejar tornar-me a minha vida num inferno, pois era lá que vivia.

Peguei no telemóvel e liguei para ele, nervosa.

Edward Cullen.- Disse assim que atendeu.

Olá Edward, é a Bella.- Informei.

Bella?- Perguntou confuso.- Está tudo bem?

Ah, acho que sim. Ouve, eu preciso de falar contigo…Não sei se aceitas, mas preciso da tua ajuda…!

Para quê?- Perguntou simplesmente.

Quando é que podes vir aqui a casa?

Não achas que era eu que devia estar a fazer essa pergunta?

Acho. – Disse, mas desviei logo o assunto da conversa, não queria entrar por ali…-Amanhã às dez da manhã dá para ti?

Está perfeito. Até amanhã Bella.

Até Amanhã.- Disse desligando o telemóvel.

Acho que poderia contar com a ajuda de Edward, o difícil seria contar a verdade toda.

Ele estava ressentido e não podia censurá-lo. Nem a ele nem a Alice, nem a ninguém, mas eles podiam censurar-me sim, pelo menos enquanto não soubessem de toda a verdade.

**

Eram 9h30 e Mike tinha acabado de sair com Jane. Hoje ele ia tratar dos papéis de transferência da escola dela para Forks. E ia fazer o mesmo na empresa dele, por isso saíra mais cedo.

Sozinha em casa, comecei a arrumar umas coisas, não muito importantes, mas coisas que também não queria deixar para trás. Sabia que Mike ia ficar com a casa, por isso apesar de levar quase tudo, ainda cá ficavam umas coisinhas.

No momento em que estava a descer as escadas, tocam á porta. Sorri sabendo quem era, mas depois lembrei-me do porquê de ele estar a ali. Entre nós os dois iria sempre haver um “mas”.

Abri a porta ele deu-me um sorriso doce, fazendo-me derreter toda, fazendo com o meu desejo por ele aumenta-se demais entre as minhas virilhas. Eu queria, que mais poderia dizer? Edward percebeu como eu fiquei e até corou um pouquinho, mas fingi não perceber.

Ao fim de um pouco de nos estarmos a olhar nos olhos, felizes, dei-lhe passagem para entrar. Ele sentou-se no sofá, um pouco mais á vontade e seitei-me na poltrona ao lado, encolhendo-me. Meti os pés para cima, e encostei os joelhos á peito, enrolando-os com os meus braços.

Edward olhou para mim, arregalando os olhos logo a seguir. segui o seu olhar, e vi que ele estava a reparar na nódoa negra que tinha no braço. Puxei um pouco a manga mais para baixo, tapando-o. Depois ele inspirou bruscamente. Perguntou olhando-me nos olhos, realmente confuso. Eu apenas assenti. Não ia entrar em jogos com ele, pois ele já sabia o que se passava cá em casa. Ele também assentiu e desviou o olhar, para fitar o chão, pensativo.- Porquê?

Não foi por isso que pedi para vires…

Preciso de saber porque é que me deixas-te á quatro anos atrás. Pensei mesmo que me amasses Bella, que me querias. Agora apareces de novo, casada com um homem que te maltrata e com uma filha? Que se passou?!

Aconteceu tudo muito depressa.- Disse, já com lágrimas nos olhos.- Achas mesmo que quis ir embora? Deixar tudo e todos?

Não sei! Eu já não sei nada!

Achas mesmo que foste o único a sofrer com tudo isto?

Não fui eu que me fui embora, sem dar explicações nem nada!

Não foste tu que foste obrigado a ir…- Sussurrei. Ele ia dizer algo, mas calou-se, e ficou a olhar para mim, de sobrolho franzido.

Obrigada? O Mike obrigou-te?

Porque achas que vim?

Sempre pensei que fosse porque quiseste. Ao princípio não quis acreditar, queria acreditar que me amavas, mas…se isso fosse verdade, porque terias ido embora com ele?! Não fazia sentido.

Edward ajoelhou-se á minha frente, agarrando as minhas mãos e descendo as minhas pernas, para nos podermos olhar melhor.

Que te disse ele? Que te fez?- Perguntou apertando-as e olhando-me bem nos olhos, que depressa fechei.

Eu tinha medo do que ele podia fazer-vos. Acredita que ele conhece muitas pessoas que são capazes de tudo. Eu nem tive tempo para pensar! Ele veio ter comigo e na mesma noite fomos embora!

Podias ter avisado de alguma maneira…!

Não podia. Acontece que ele usou a Jane em seu favor.

Como assim, usou a Jane?- Perguntou, olhando-me de olhos arregalados, sem saber bem o que dizer ou fazer. Levantei-me.

Não é o que estás a pensar…- Comecei.

Então nunca dormiste com ele?

Já.- Confirmei. Vi mágoa passar pelos seus olhos.- Mas apenas porque fui obrigada.- Esclareci logo.- Ele sabia, e sabe, exatamente o que fazer, para me obrigar a fazer seja o que for!

Ele ameaça-te? Ele bate-te…ainda mais?

Não tem nada a ver comigo. Já me habituei ás ameaças e tudo o mais.

E achas que isso é bom? Ou normal?

Claro que não, mas que queres que faça?- Perguntei suspirando.- Se fujo, ele bate-me, se lhe respondo, ele bate-me…- Depois escondi a cara entre as mãos, deixei-me cair no sofá e desatei a chorar.

Senti Edward a sentar-se logo a meu lado e abraçar-me. Ele encostou-se, e eu fiz o mesmo, com a cabeça no sei peito. Este passava a sua mão pelas minhas costas e dava-me beijos no cabelo, afogando-me as mágoas.

As coisas estavam muito más para o meu lado. Agora é que percebia o quão más estavam. Eu não podia fazer nada de nada. Já não se chamava a isto viver…isto não era nada.

Custava ainda mais saber que tudo isto poderia ter sido diferente. Custava demais pensar assim.

Estar assim com ele, era a melhor coisa do mundo. Ele era o meu amor. O meu verdadeiro e único amor.

Porque seria isto tão impossível? Porque teria de ser a minha vida junto dele e de toda a minha família, apenas um sonho?