A Prisioneira escrita por L L Anjos


Capítulo 3
A menina e seu segredo - Cap. 3




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Sai da pousada o mais depressa que pude, na esperança de descobrir o que me atraia tanto naquela casa do lago. Tentei chegar antes que anoitecesse, mas tudo estava contra mim.

Passei pelo caminho das rosas sem nenhum problema. As flores pareciam cobertas por uma nevoa fina e transparente, que as protegiam do frio que piorava cada dia mais. Fiquei tão distraído com o cheiro bom do lugar que imaginei estar deitado num sofá grande e macio, lá estava Emily ao meu lado, (linda como sempre fora) mas com uma olhar maligno. Minha mãe também estava lá, com um sorriso delicado, disse-me:

– Jonathan, esta na hora de acordar. Repentinamente ela ficou seria e repetiu. – Agora, acorde!

Estava sentado em um banco velho, que nem lembrava ter visto ali antes de adormecer. Aquele sonho havia me deixado assustado, mas já estava me acostumando a dormir tanto desde que cheguei.

Logo a minha frente estava uma floresta de aparência sóbria, como nos filmes de assassinos, que nunca tive coragem de assistir ate o final. Então criei coragem e segui por uma pequena estrada de barro, entre as arvores.

Quando avistei a casa de Tiara o sol já estava se pondo e a tempestade deixava o ar cada vez mais frio. Aquele lugar me lembrava tanto o Brasil que não pude resistir e parei. A casa era coberta de amuletos indígenas, idênticos aos que encontrei nas tribos da Amazônia, mas a porta estava aberta, deixando visível o sal que rodeava toda a entrada, da mesma forma que nas cabanas do centro da cidade. Logo adiante, atrás de algumas arvores estava à casa do lago. Era uma das paisagens mais linda que já vi, mesmo já tendo passado por vários países nunca vi um lago com aguas tão cristalinas. As arvores ao redor da casa estavam todas marcadas com arranhões aparentemente de lobos selvagens. Nesse momento coincidentemente ouvi uivos bem próximos a mim. Olhei pelas janelas, mas pareciam que não eram abertas por ninguém há muitos anos, no entanto havia uma lareira no meio da sala acesa, que tive a impressão de ouvir uma mulher cantar entre as chamas. Não tive muito tempo para olhar, pois fui surpreendido por uma índia que me observava, acompanhada de uma menina sorridente que puxava meu casaco tentando chamar minha atenção.

–O que faz aqui? –Perguntou a Índia mais bonita que já tinha visto.

– Ele chegou mãe! -A menina sorria como se já tivesse me visto antes.

–Só estava observando a região, procurando historias, sou escritor de contos. –Responde, sem dar muita atenção a menininha (foi o meu maior erro).

–Essa floresta é muito perigosa pra andar sozinho a essa hora da noite, é melhor ir pra casa. –Ela parecia bem assustada e preocupada com menina, mas só então me dei conta que já era noite.

–Você sabe quem mora nessa casa? – Gaguejei. - Não parece habitada, mas a lareira esta acesa. Perguntei quase sem voz. Esperava que ela também tivesse visto, do contrario estaria ficando louco.

Então ela me olhou e sorriu.

–Venha a minha Cabana Jonathan.

Ela convidou-me a entrar, só depois percebi que não tinha lhe dito meu nome, era tarde, pois a porta fechou-se sozinha.

– Aceita um chá, com toda certeza será o melhor que já tomou?

– Aceito, sim! – Tive medo que ela realmente fosse uma bruxa como o Sr. Heloisio havia dito.

Por dentro a casa era repleta de quadros, cada um mais estranho que o outro, em todos eles haviam imagens de jovens em senários diferentes. Em um dos quadros uma linda camponesa colhia maçãs ou lado de sua casa, no outro uma gueixa apanhava agua no lago com olhar triste e solitário. Um terceiro quadro me intrigou ainda mais, pois numa floresta pontilhada, uma ninfa sorria para mim de cima de uma arvore e mesmo que me mexesse ela continuava olhando em minha direção.

Der repente senti meu casaco ser puxado, quando olhei para baixo era a menininha me chamando.

– Moço, moço! – Ela me sacudia já que eu não tirava os olhos dos quadros.

– Olá pequena, como tem passado? –Não sabia muito bem como lidar com crianças já que não tive filhos nem sobrinhos.

A menina me disse que se chamava Julia, e não sei por que me dava uma cessação boa ficar perto dela. Ela pegou em minha mãe e me arrastou pra longe dos quadros.

– O senhor demorou tanto pra chegar. – ela segurava um cata-lendas. – Lucy esperava por vc!

De repente ouvimos um uivo bem próximo a cabana no momento em que Tiara vinha com uma xicara de chá, começando a me explicar o que ouve na casa. Julia correu para o quarto como se já soubesse o que estava lá fora.

Tentei perguntar novamente sobre a Lucy, mas de repente ouvimos um uivo bem próximo da cabana. Assustada Tiara deixou cair a xicara de chá, e começou a me explicar o que tinha acontecido na casa do lago, mas o uivo ficou tão próximo que o animal parecia estar no quintal. Foi o único momento que vi Julia parar de sorrir, ela correu para o quarto como se já soubesse o que estava lá fora.

– Você precisa ir Jonathan, não é seguro e esta tarde. – Ela me empurrava para a porta. – Mas leve este Cata-Sonho com você, vai protegê-lo durante a noite, mais você precisar ir agora e não pare por nada.

Sai correndo pela floresta sem saber bem o motivo, mas estava tão assustado que deixei cair o presente que Tiara havia me dado, quando olhei para traz não estava mais lá. Senti uma dor forte no peito como se algo ruim fosse acontecer e mais uma vez estava certo. Entre as arvores um bicho de olhos vermelhos se aproximada lentamente como um leão perseguido sua presa.

Achei que estava tendo alucinações por causa do chá, mas uma voz dentro da minha cabeça me dizia pra correr o mais depressa possível, então obedeci. Senti o animal cada vez mais perto e quando me virei tudo que vi foram arvores balançando pouco antes de tropeçar e cair sentado no chão. E lá estava ele, o maior lobo que já tinha visto em toda minha vida, com o pelo preto e olhos mais vermelhos que o sangue. Me olhando entre as arvores ele uivou.

Definitivamente não era bonzinho, mas por algum motivo não me atacou. Tive uma sensação de alivio e só então percebi que estava no caminho das rosas e alguma coisa naquele lugar não o deixava passar. Por um instante achei ter o ouvido falar, com uma voz semelhante ao som do trovão: “ Vamos nos encontrar de novo, e da próxima vez você não me escapa!” Então ele desapareceu entre as arvores. Fiquei sentado ali por uns cinco minutos sem entender o que tinha acontecido ate que começou a chover.

Quando cheguei no quarto passei metade da noite imaginando o que tinha as assustado daquela forma. Imaginei que tivessem medo dos lobos ou que conhecessem as lendas sobre lobisomem. Tinha certeza de que no dia seguinte descobriria.

Já se passarem mais dois dias desde o incidente com o lobo. Acho que a historia dessa região será a Índia, a menina e o Lobo.


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