A Prisioneira escrita por L L Anjos


Capítulo 2
Só rosas - Cap. 2


Notas iniciais do capítulo

Toda rosa tem espinho!



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Quando cheguei a POUSADA avistei um letreiro bem antigo, com algumas letras apagadas e outras bem coloridas. Estava escrito “Só Rosas”, mas o nome parecia ter sido modificado. Tentei ler o que estava por trás da pintura, mas não consegui decifrar as formas distorcidas.

Assim que entrei por uma porta velha de vidro, encontrei um Senhor gordo, sentado em uma cadeira de balanço feita por um ótimo carpinteiro, pela riqueza de detalhes na madeira. Ele assistia numa televisão bem velha, o que parecia ser novelas antigas, tomando chocolate quente em sua xicara decorada com a frase “Deus ajuda quem cedo madruga”, no entanto parecia que ele não saíra dali a décadas.

As paredes da recepção eram todas de madeira o que diminuía o frio, e revelavam um lugar rustico, com ar de mistério, o que me deixou animado por estar ali. Pensei que minha estadia seria mais curta, já que em lugares assim as historias são mais fáceis de desvendar. Logo descobri que estava errado.

– Olá, Boa tarde! – Toquei a sineta tentando chamar atenção.

– As chaves estão ali, meu filho, é só subir as escadas e virar a direita! - Foi tudo que falou antes de voltar a ver novelas na sua televisão pequena.

Subi as escadas analisando tudo que podia ao meu redor, procurando algo que me parecesse assustador, mas tudo que encontrei foi um degrau quebrado e vários desenhos de rosas nas paredes por todo corredor. Perto do quarto 23, onde decidi ficar, encontrei um formato estranho como uma marca d’agua. Quando me afastei em direção a outra porta pude ver por trás das rosas uma frase que dizia:

Ainda que falasse a Língua dos homens

E a dos anjos,

Sem o amor, nada adiantaria.

Não achei que aquela marca fosse tão importante a principio, mas fiquei imaginando se era mesmo a chave de um enigma.

O quarto por dentro foi feito de forma bem aconchegante com toda certeza por uma mulher, embora lá fora fizesse muito frio a temperatura continuava quente como as noites no Brasil, um país que fui ano passado pesquisar historias folclórica, onde fiz meu ultimo livro, ficou tão famoso que ganhei um cargo na faculdade de Yale como pesquisador e encarregado de fazer diários de campo para a biblioteca.

Acabei pegando no sono pensando naquela frase que vira lá fora.

Já acordei com o barulho de alguém batendo a porta. Era uma Senhora com um prato nas mãos, ela foi entrando e dizendo:

– Olá meu filho, sou a Sra. Anastácia e aquele velho preguiçoso lá embaixo, é meu marido o Sr. Heloisio. -parecia querer se desculpar pelo marido nunca sair da frente daquela televisão. – Trouxe uma sopa pra te aquecer e saber se posso ajuda-lo?

Ela tinha cabelos brancos e olhos verdes, a jugar pela sua aparência deveria ter sido bem bonita quando jovem. Acho que ela sentia falta de alguém, pois me tratava como um bebe, muito embora eu já tivesse 30 anos. Sentia-me bem cuidado por ela, mas aquela POUSADA me deixava arrepiado.

– Não, estou ótimo. – Respondi satisfeito. –O quarto é muito bonito e quente!

– A eu redecorei tudo a mais de dez anos e a temperatura é por conta do meu filho o Robert, ele é lenhador e muito bonito! – Ela sorriu. – Se tiver sorte ira vê-lo, quando chegar da floresta, ele nunca para em casa!

Mas não podia deixa-la ir sem perguntar sobre o que tinha visto que me deixara tão curioso.

– Quem escreveu essa frase na parede? – Mostrei atrás da porta. –Interessante à forma como foi escrita!

Ela me respondeu assustada:

– Nunca vi ou escrevi nada nessas paredes, meu filho, e quando cobri, também não havia nenhuma frase aqui! – Ela tremeu. – Deve ser o cansaço da viajem, é melhor se deitar e vai ver como amanha estará bem melhor.

Terminei a sopa e fui dormir sem imaginar qual seria a historia daquele lugar, mas precisava descobrir.

Pela manha acordei com o badalar de um relógio, então olhei pela janela. Pude ver um céu cinzento, pois se aproximava uma tempestade. Vi também a casa grande onde o relógio estava fazendo barulho, ele marcava seis horas da manha. Tentei dormir de novo, mas minha única opção foi descer para tomar café.

A mesa estava posta, era um verdadeiro banquete dos deuses. Todos estavam lá menos Robert, o lenhador. Depois de Agradecermos pelo alimento, comi bastante, ate não poder mais. Todos me olhavam assustados, mas não me importava, pois não comia tão bem assim desde a despedida de solteiro do meu melhor amigo Eduard, no começo do ano.

Aproveitei a reunião para perguntar sobre as lendas da região, mas tudo que me disseram foi:

– Sempre ouvimos uivos de lobos, e marcas nas arvores, mas nunca vimos o que as fazia. – Disse o Srº Heloisio sem muita importância. Ele estava sentado à mesa, com os olhos na televisão.

– Uma vez pude ver. – Ele estremeceu. Era um dos hospedes da POUSADA que chegara há algum tempo na cidade e resolvera ficar, seu nome era Icelos. – Vi uma pessoa usando capa preta próxima à casa do lago, mas quando notou que observava, desapareceu atrás de uma arvore.

– O que a nessa casa? – Perguntei ansioso para investigar.

– Não sabemos meu querido. – A senhora Anastácia respirou fundo. – A casa esta sempre fechada e vazia, morava um casal e uma menina, mas nunca vinham para o centro da cidade e nem saiam da floresta. Acho que faleceram num acidente há quatro anos, pelo menos é o que dizem, mas desde então a casa esta vazia!

– Como chego nessa casa? - Me animei.

– Nos fundos da POUSADA tem um roseiral, depois do caminho das rosas, ira passar pela floresta das cinzas, tem a casa da Tiara no caminho. – Ela Suspirou de tristeza. – É uma amiga curandeira, que ninguém gosta por ser descendente de índios e ter costumes estranhos. Mas é uma boa pessoa. A casa estar depois da floresta, na margem do lago.

– Aconselho a não ir lá. Disse Icelos com um olhar sombrio.

– Dizem que Tiara é uma bruxa. – Interrompeu o Sr. Heloisio aflito.

– Deixe de mentiras, marido! – Ela insistiu. – Eu a conheço e seus remédios são ótimos.

Aquela conversa me deixou intrigado, mas algo me dizia que a historia escondida dentro da casa seria diferente de tudo que já vi em toda minha vida


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