Maré De Sentimentos escrita por R_Che


Capítulo 6
"Se tivesses amor próprio, é claro que o fazias!"


Notas iniciais do capítulo

Hey! Muito OBRIGADA pelos comentários.One more:



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R: Comeste as bolachas de chocolate todas?

Q: Comi. Querias?

R: Não, deixa estar.

Q: Mas se quiseres vou comprar.

R: Está a chover Quinn, e um frio de rachar.

Q: E então? Dentro do carro não me molho.

Rachel sorriu com aquela ocorrência.

R: Não é preciso, obrigada. Eu como de baunilha.

Q: Também as comi.

R: Ah.

Q: Estou a brincar. Estão na pratelaira.

R: Vou buscar.

Faltava apenas um dia para começar a rotina toda de novo. Quinn estava sentada no sofá e Rachel veio da cozinha com as bolachas na mão e sentou-se ao seu lado.

R: Queres?

Q: Não obrigado. De baunilha não me sabem tão bem.

R: Não sabes o que é bom.

Q: Queres discutir isso?

R: Não obrigada. – Quinn sorriu.

Q: Bom proveito.

R: Obrigada.

Q: Vai dar “O Diário da Nossa Paixão”. – Rachel franziu o sobrolho e Quinn atrapalhou-se – o filme! Adaptação do livro do Nicolas Sparks. – ela continuou com o sobrolho franzido a olhar para Quinn. - O que foi?

R: Não sabia que gostavas de filmes melodramáticos.

Q: E não gosto.

R: Uma pessoa orgulhosa não vê desses filmes, não é?

Q: Não. Ninguém é menos orgulhoso por ver dramas ou filmes românticos.

R: Estava a brincar. Já vi esse.

Q: Eu também. Ela não se lembra dele, não é?

R: É capaz. Já não me lembro bem. Mas fico feliz por saberes. Significa que o viste e com atenção.

Q: Não sejas assim.

R: Se queres que seja sincera, este fim-de-semana é de desconfiar. Isto tudo está a correr bem demais. O que é que tu me queres pedir? – ela paralisou. E depois reagiu. – Quinn? Tu não queres aquilo que eu estou a pensar, pois não?

Q: Eu não quero nada, olha agora. Eu o que queria já tive. – o ar de desconfiado de Rachel não passou ao lado a Quinn. – Mas afinal o que é que achas que eu quero para estares com essa cara?

R: Isto não tem nada a ver com a visita dos nossos pais à empresa e com aquela proposta descabida, pois não?

Q: Não Rachel. Como tu dizes, é uma proposta descabida. Mas por falar em pais e em empresa. Já pensaste num nome?

R: Não. Mas devia ser uma coisa refrescante. Assim engraçada e actual.

Q: Sim. Mantemos o Holding?

R: Eu retirava. Mudava para um Plaza qualquer coisa, ou qualquer coisa Plaza. É mais soft.

Q: Isso é boa ideia. E o estilo? Elegante, rústico, convencional, citadino?

R: Glamurouso?

Q: Glamour Plaza?

R: Não. Qualquer coisa que tenha a ver com glamour e elegancia. Sei lá. Joias?

Q: Diamantes.

R: Gosto! Diamonds Plaza. Fazemos um piso em cada hotel só para salões de festas, e auditórios. – disse Rachel como se estivesse a falar sozinha.

Q: Por mim está feito. – e a morena reagiu.

R: Sim? Boa.

Q: Está escolhido. Projecto Diamonds Plaza.

Passadas duas horas, Rachel desceu as escadas com as malas na mão.

Q: Onde vais?

R: Para casa.

Q: Porquê?

R: Porque sim. Já se percebeu que eu aquí não vou conseguir trabalhar, e agora estou entusiasmada com o novo nome e desceu em mim a inspiração. Preciso de produzir.

Q: Vais-me deixar aqui sozinha? Não podes fazer isso quando chegarmos?

R: Não. Agora é que tenho ideias, tenho de aproveitá-las.

Q: Mas podes aproveitá-las aqui. Eu não te chateio.

R: Vou para o escritório da empresa que é onde tenho tudo.

Q: Que bela maneira que arranjaste para te ires embora. – disse uma loira a começar a chatear-se.

R: Hã? Não inventes sim?! Não é agora que me vou embora que vou discutir contigo.

Q: Não entendo essa decisão repentina de te ires embora.

R: Mas eu estou a falar para o boneco? Já te expliquei.

Q: É impressionante como tu não consegues… - mas Quinn não quis concluir o raciocinio.

R: Eu não consigo o quê?

Q: Nada.

R: Diz lá?

Q: Nada Rachel, esta é uma conversa sem fundamento. Queres ir embora? Vai! – virou-lhe as costas e subiu até ao quarto.

Rachel foi para casa sem olhar para trás. Podia estar a tomar uma decisão sem fundamento em ir embora assim, mas o certo é que aquela “nova” relação com Quinn a deixava confusa e apavorada. Era bom que pelo menos voltassem aquilo de que ela sempre se queixava, mas que no fundo, já estava habituada e conseguia controlar.

–-

R: Bom dia Carla.

C: Bom dia Dra.

R: A Quinn?

C: Ligou a dizer que não vinha, Dra.

R: Como não vem?

C: Pois não sei.

R: Mas hoje há a reunião com os directores de contas.

C: Sim, eu disse-lhe isso, mas ela disse que hoje não vinha e que era indiscutível.

R: Liga para ela e passa para o meu gabinete.

C: Com certeza Dra. Rachel.

Rachel concluiu que Quinn estava chateada. Sentou-se na sua cadeira e o telafone não lhe deu tempo de respirar, Carla tinha a chamada de Quinn em linha.

R: Onde é que estás? – o facto de nem sequer a ter cumprimentado e ter utilizado um tom de voz autoritário, típico da morena, fez Quinn perceber que voltava tudo ao normal.

Q: Bom dia para ti também.

R: Olá! A que horas vens?

Q: Não vou.

R: Onde é que estás?

Q: A pescar. Hoje o tempo está melhor, não está tanto frio e não chove. Está bom para a pesca.

R: Estás a gozar comigo? Temos a reunião das contas hoje, Quinn. Lamentavelmente, ou não, o fim-de-semana já acabou.

Q: Para mim não.

R: Deixa-te de disparates e anda trabalhar se fazes favor.

Q: Então Rach? Estás nervosa? Não sabes fazer umas contitas? Podes ir à primeira gaveta da minha secretária, está lá uma calculadora, se te ajudar.

R: Esse não é o meu papel, é o teu. E como eu não sou como tu, nem sequer me vou meter nisso. Não queres vir trabalhar, não venhas.

Q: Estás com saudades minhas, não é? É compreensível, são muitas horas longe de mim.

R: Olha que boa ideia que acabei de ter… porque é que não te mudas para aí? - e desligou o telefone.

Sentia uma mescla de raiva e alívio. Estava com raiva, porque ela conseguia sempre irritá-la e aliviada, por voltar a ouvir a antiga Quinn, aquela que por muita raiva que lhe trouxesse, ela conseguia controlar. A Quinn que ela conheceu na casa de campo, tinha-a deixado confusa e baralhada, e ela não sabia como lidar com isso.

Pegou nos projectos que tinha adiantado, e foi continuar a sua árdua tarefa de criar uma imagem diferente naquela empresa. Depois ligou para Kurt, para ver se ela tinha uma vaga ao almoço, já que ele era tão concorrido. Teve sorte. Kurt aceitou ir almoçar com ela.

K: Tu és estranha, sabias?

R: Sim, já sei.

K: A ninguém lhe passa pela cabeça, preferir um gajo insuportável a uma mulher simpática e culta.

R: Só a mim, não é?

K: E gira, e sensível, e perfeitinha, e …

R: E mais nada. Eu prefiro não saber a tua opinião.

K: Oh Rachel, mas vamos lá ver… não querendo de maneira nenhuma invadir a tua privacidade… ai, o que é que eu estou a dizer? Já me conheces não é? Então muito bem, sinceramente, querendo invadir a tua privacidade diz-me lá, ela é boa na cama?

R: Que horror Kurt! Achas que eu fui para a cama com ela?! Por amor de deus. Eu tenho amor próprio.

K: NÃO, NÃO TENS! – disse o rapaz escandalisado.

R: Fala baixo.

K: Se tivesses amor próprio, é claro que o fazias!

R: Já sei o que achas dela, mas eu não concordo, lamento.

K: Como não? Ela é linda, pode ser chata e tudo isso, mas é linda. Rach, eu não gosto de mulheres, mas até eu acho a Quinn assim… perfeita.

R: Olha esta. O que me faltava agora era estar sempre a ouvir-te falar bem dela. Que raiva, a serio, hoje faltou à reunião, não apareceu mesmo.

K: Tu ama-la.

R: Eu amaria a Quinn se ela me desse o divórcio.

K: Umas com tanto, e outros com tão pouco. Adorava ter o teu “azar”.

R: Deixa-te disso. É insuportável.

K: Já gastaste essa palavra, tens de arranjar outras.

R: É incómoda. Não, não, é super, mega, hiper, e tudo e mais alguma coisa, incómoda.

K: Exagerada. Ao menos dormes com ela?

R: Outra vez?

K: Na mesma cama, digo.

R: Sim.

K: COMO É QUE RESISTES? És o meu ídolo!

R: Kurt?! As pessoas não têm de saber que eu resisto seja lá ao que for.

K: Se elas soubessem ao que é, estavam de acordo comigo.

R: Por amor de deus. Que exagerado. Se passasses 1 semana com a Quinn irias entender-me.

K: Se passasse uma semana com a Quinn a dormir na mesma cama com ela, e se eu gostasse de mulheres, juro que não sei.

R: Eu desisto. Tudo o que eu te conto ou tudo o que eu diga que tenha o nome Quinn Fabray é inevitável esperar alguma coisa de racional do teu lado.

K: Não, não Rachel. Tu é que não és racional. Se fosses sabias que estás apaixonada por ela e por isso é que ela te chateia tanto.

R: Isso é pior que irracional, é mesmo parvoíce.

K: Claro. – respondeu Kurt com um sorriso nada convencido do que Rachel dizia.

R: Queres ir jantar lá a casa?

K: Está a Quinn?

R: Acho que não, ou pelo menos espero que não. Porquê? Só vais se ela estiver?

K: Não. Mas convenhamos que era melhor que estivesse, tudo era mais interessante em termos de estética e belaza.

R: Sim, sem dúvida. Ela dava um ótimo bibelô. Caladinha em cima de um móvel qualquer.

K: Ai que maldade. - Os dois riram.

Após almoçar, Rachel regressou ao escritório. Quando chegou voltou a perguntar por Quinn, mas desta vez muito mais disfarçadamente. Carla respondeu-lhe com todas as letras que ela não tinha dito mais nada e a morena entrou no seu gabinete decidida a deixar o assunto “Quinn” de lado o resto do dia.

As horas não custaram muito a passar, o trabalho era muito e a pressa em acabar alguns esboços dentro do prazo era muita. O seu profissionalismo marcava a imagem que todos dentro daquele edifício tinham dela.

Saiu do escritório em direcção à garagem, entrou no carro e conduziu até casa. Quando chegou a casa já estava a escurecer.

R: Maria?!

M: Minha senhora!

R: Boa noite.

M: Boa noite, Dra. Rachel.

R: A meio da tarde pedi à Carla que ligasse para cá a avisar que o Kurt jantava comigo.

M: Está tudo pronto, sra. Dra. Fiz o prato favorito do menino Kurt.

R: Ah, óptimo! Então vou só tomar um duche e já desço.

M: Com certeza, Dra. Rachel. – Rachel encaminhou-se até às escadas mas após subir dois degraus parou.

R: E a Quinn?

M: Não sei de nada da Dra. Quinn.

R: Óptimo. Quanto menos a vir mais feliz sou. – voltou a subir mas desta vez até ao piso de cima. Maria sorriu ao escutar o tom inseguro da voz de Rachel quando falou de Quinn.

O jantar com Kurt foi, como já era normal, descontraído. Conversaram muito e divertiram-se a ver um documentário após o jantar. Kurt adorou o prato e fez questão de dar um sonoro beijo na bochecha de Maria quando saiu. Para Rachel aqueles momentos de descontracção eram inspiradores, e dormia sempre muito mais tranquila.


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Notas finais do capítulo

E que tal? Muita gente já cansada?Beijinho*



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