Foi entrando naquele brinquedo e observando os olhos do Edward eu percebi que queria estar ali. Pela primeira vez em muito tempo me senti completa, enquanto a roda gigante girava, eu não podia deixar de observar a linda vista. A forma como a luz incidia em direção ao rosto do Edward, o modo como ele sorria e me observava... Tudo aquilo só fazia com que eu me sentisse preenchida por uma sensação indescritível.

– Jamais pensei que fosse possível esse lugar ficar ainda mais incrível, mas foi só ter você aqui ao meu lado para tudo melhorar. - Diz o Edward, demonstrando familiaridade com o local. Eu podia facilmente sentir seus olhos brilhando, e um sorriso se formando em seu rosto.

– Você vem muito aqui, Edward?

– Sim, B. É o meu local favorito em toda Chicago. Quero dizer ir para o Empire State é o clichê nova-iorquino, observar a cidade de lá, junto com todos aqueles turistas. Mas esse píer é algo mais, e tem uma vista incrível. – Sinto meu coração palpitar com o B, era tão carinhoso e ao mesmo tempo tão intimo. Fazia tempo desde a ultima vez que alguém me chamou de B.

A roda gigante finalmente tinha parado de rodar, tínhamos ficado lá em cima. O escuro da noite contrastava com as luzes dos prédios mais distantes, alguns postes na rua refletiam a luz na água sobre o píer. E toda agitação da Big Apple agora parecia ser apenas um murmurinho. Era lindo, observando a paisagem despreocupada e ouvindo cada palavra dita por Edward, fui arrastada para outro momento, na verdade para uma de minhas conversas com o Ed. Eu sabia que os dois tinham o mesmo nome, e que –obviamente- estudavam na mesma escola. Mas jamais tive tanta certeza como agora que os dois realmente poderiam ser a mesma pessoa. No começo as personalidades contrastavam fortemente entre si, mas olhando mais profundamente, eu até podia enxergar certas semelhanças. Poderia o destino ser tão irônico a ponto de nos unir dessa maneira?

Flash Back on

Coloquei minha bolsa em cima da mesa e observei o ambiente, apesar de ser uma cidade pequena Forks tinha algum charme. Estava em uma cafeteria, o lugar era calmo, e eu adorava o fato de quase ninguém conhecido frequentar o estabelecimento. Poderia ler, fazer meus deveres, escrever, ninguém jamais perturbava. Era um ambiente agradável para aqueles que fogem da agitação normal da vida. O Dono, John, sempre fazia questão de mandar uns cookies para acompanhar meu chá, já era um senhor, uma ou duas décadas mais velho que o Charlie. Mas não era rabugento, sempre o via sorrir para os clientes. E estava sempre por perto para ver como andava o funcionamento do local. Peguei meu celular enquanto esperava o chá chegar, com o frio que fazia hoje beber algo quente era a única coisa em que eu podia pensar. Okay, talvez não a única. Conversar com um certo garoto também poderia fazer com que eu me sentisse tão aquecida quanto o chá e certamente mais alegre. Abri o celular e não me surpreendi em encontrar mensagens dele.

“Briguei com meu pai de novo. Parece que eu sempre estou errado aos olhos dele.”

“ Ele quer que minhas notas subam em um passe de mágica. Como se meu D fosse se transformar em um A em apenas uma semana.”

“B? Eu deveria parar de te irritar com minhas besteiras.”

“Mas ainda quero ajuda com as matérias.”

“Nada me faria mais feliz do que ajudar.”

“Você vai passar, e depois ter um divida eterna comigo.”

“E o que eu terei que fazer para pagar essa divida?”

“ Alguns cupcakes e sua incrível companhia bastam.”

“Você quer meu lindo corpo? Pensei que não fosse dessas,B.”

“Edward.”

“Tá, não precisa ficar tímida. Aposto que você está corando nesse instante.”

“E o pior é que você acertou.”

“Aposto que vão achar que você está vendo algo inapropriado no celular nesse instante, Bella.”

“Ah meu Deus, Edward. Tem uma senhora do meu lado, ela está me olhando de forma muito acusadora.”

“kkkkkkkkkkkkkkkkkkk”

“Não ria. Isso é sério. Vou desligar o celular Edward.”

“Por favor, não faz isso. Já parei. Então você está em um lugar com muita gente?”

“Estou no café do Jonh.”

“Fugindo do mundo,B?”

“Às vezes é necessário.”

“De vez em quando eu também gosto de fugir um pouco. Tem um lugar aqui que é simplesmente incrível. Queria que você conhecesse.”

“ Então o senhor popular gostosão também gosta de desaparecer para pensar as vezes?”

“ Eu NUNCA falei que era popular gostosão, talvez só a ultima parte.”

“ Ficou subentendido o popular. Mas me diga, para onde você foge?”

“ É um lugar chamado Navy Pier, é um dos meus lugares favoritos, acho que todo nova-iorquino deveria ver essa vista pelo menos uma vez.”

“Pensei que fosse para isso que o Empire State estava aí, quero dizer, a vista.”

“ Sim, ele e mais os duzentos turistas.”

Flash Back off

Dizem que se você não complicar as coisas, elas –geralmente- se resolvem sozinhas. Mas com minha cabeça a mil, e os infinitos detalhes vindo à tona. Era difícil focar em algo especifico. Se o Ed que eu conheci e adorei e o Edward por quem eu me apaixonei fossem a mesma pessoa, o que isso significaria?

– Ed?- Perguntei.

– Oi.- Ele respondeu sem desconfiar de nada. Quero dizer, sei que é o apelido dele e isso não prova nada. Mas não poderia me convencer que estava tudo certo. Será que ele sabia que eu era aquela Bella com quem ele falava? Será que ele era ele?

Não aguentando mais de curiosidade tirei o meu celular do bolso, e digitei os números que eu conhecia tão bem. Esperei um, dois, três segundos e logo depois o iphone do Edward começou a tocar. Se eu tinha alguma duvida dos fatos, elas sumiram ao observar o rosto do Edward ao pegar o celular e visualizar o nome na tela. Eu podia ver surpresa em seu rosto, antes dele se virar e me encarar, com seus olhos presos nos meus, eu sabia. Tínhamos muito que conversar.