– Fala sério Scott, não é como se a Jess nunca tivesse ficado com alguém na vida- Respiro aliviada enquanto tento interceder a favor da minha amiga. Por um momento achei que o Scott realmente fosse bater no garoto que a Jéssica estava beijando.

–É verdade, lembro da vez em que meus pais pegaram ela e o Mark Yang quase sem roupas no quarto. Eu nunca vi meu pai tão abismado. - O Scott fala sério enquanto caminhávamos em direção à área externa da casa. Não conhecia bem o lugar, mas era bem reservado, parecia que toda a multidão estava concentrada na festa, nas bebidas, e em todo o barulho que tinham –para minha sorte- esquecido esse lugar.

– Ela jamais se arrependeu daquela noite, Scott. Nem perder a fama de garotinha perfeita foi capaz de fazer isso. “Ele me deixou em um estado em que eu jamais acharia possível ficar” Se me lembro bem, e eu me lembro, essas foram as palavras dela. – Digo sem conseguir conter o riso. Foram meses ouvindo sobre o beijo e o toque do Yang, e acredite, isso pode ser traumatizante quando saído da boca da Jess.

–É apenas a Jéssica sendo a Jessica. – Comenta ele mexendo a cabeça em reprovação, mas desta vez sem deixar de esboçar um sorriso. Se houvessem leis sobre o quão sexy um cara pode ser repreendendo uma garota, o Scott já estaria na lista de procurados por ter ultrapassado os limites.

– Sabe, eu sempre preferi as mais calmas. - Continua ele.

–Sério? Como aquela loira peituda que você namorou no ensino médio? Lembra dela? Costumava ter um chilique a cada meia hora.- Não consigo me conter e comento irônica. Por uns segundos penso se isso deve ter soado como uma garota encimada, mas imediatamente afasto essa ideia da cabeça, eu não estava com ciúme. Talvez eu realmente estivesse há alguns anos atrás, mas desde que conheci Edward, parece que algumas coisas mudaram de conceito em minha vida. Eu não era outra garota, mas eu me sentia diferente.

–Sim, a Kate. Boa garota, era incrível em outros sentidos. - Fala ele com um sorriso safado no rosto enquanto eu o encarava, franzindo as sobrancelhas, incrédula.

– Mas Bells, sabe o que realmente me chamava atenção? – Indagou ele.

– Hm, não consigo imaginar nada que possa chamar a atenção em uma loira de farmácia- Jogo para cima dele, sem nem ao menos pensar no assunto. De todas as reações que eu esperava do Scott, essa com certeza foi a ultima que eu imaginaria, ele olhou para mim e riu, sua gargalhada era tão intensa que me fez gargalhar junto.

– O que me chamava atenção mesmo era uma morena, baixinha, de cabelos logos e encaracolados, e olhos de uma cor que se assemelhava a chocolate e que brilham como uma dessas estrelas aqui do céu.

– Olha, acho que não consigo ver nenhuma estrela aqui não, a poluição e com todo esse ar de cidade grande fica difícil. – Respondo antes de conseguir me conter, e tendo noção que isso já estava indo longe de mais. Era hora de admitir algo para Scott, e para mim mesma. Aquilo ali? Aquilo não era nada, nós jamais teriam nada, e a imagem do porque disso vinha fortemente na minha cabeça: Um certo garoto com os olhos verdes, cabelos cor de cobre, e um sorriso capaz de tirar o folego de qualquer garota em um raio de um quilometro , e só de pensar nele, de imaginar aquele garoto em minha cabeça, eu perdia o ar por uns instantes, e meu coração batia mais rápido.

– Eu adoro seu senso de humor, você é diferente das outras garotas Bella. – Fala o Scott se aproximando devagar, e quando eu percebo o que estava prestes a acontecer eu o afasto, não tinha a menor chance de aquilo acontecer, não quando cada célula do meu corpo me dizia que eu estava apaixonada por outro.

–Eer, Desculpa Bella. Eu não deveria ter tentado nada assim tão rápido.- Se desculpa o Scott me olhando desajeitado. Ele com certeza não estava acostumado com garotas negando seus beijos.

–Não tem problema Scott, é só que...

– Não precisa dizer nada Bella, tudo bem. Ainda podemos ser amigos. – Fala ele sorrindo verdadeiramente para mim.

– Estaria tudo bem para você? Quero dizer, não é nada pessoal, é que eu meio estou gostando de outra pessoa. – Tento explicar.

– Então você encontrou alguém aqui?

– Sim, no começo o cara era um idiota. Mas depois as coisas evoluíram. – Falo sem conseguir impedir o impulso de suspirar.

– Cara de sorte. Posso saber por que seu namorado não veio com você hoje? É idiotice deixar uma garota como você sozinha em uma festa assim.

– Na verdade não estamos namorando. – Confesso constrangida. O modo como Scott falou sobre estarmos namorando com tanta facilidade, me fez perceber que eu queria isso. Eu queria namorar o Edward. E por um segundo me senti desconcertada tentando entender como tanta coisa tinha mudado assim de repente, será que foi algo repentino ou eu venho me apaixonando pelo Edward aos poucos e gradativamente, e apenas agora a ficha caiu de uma só vez. As coisas são assim, acontecem aos poucos, e quando você menos espera é pega de surpresa, por algo que você jamais poderia imaginar. E tudo que a gente pode fazer é torcer para que essas surpresas da vida sejam boas, e não ruins.

– Na verdade o cara é mais ótario que parece. Pronto problema resolvido, termina com ele e namora comigo. – Fala ele brincando e logo completa:

– Isabella Swan quer namorar comigo? – Pergunta antes de começar a rir novamente.

– Estou brincando, sei que você gosta dele. Mas o cara continua sendo um otário por não te pedir em namoro. – Fala o Scott, e antes que eu possa explicar uma voz roca nos interrompe.

– Prazer, o otário da vez- Fala o Edward. E me perco encarando aqueles olhos, meu coração parece ter perdido uma batida, meu corpo gela e eu sinto meu estomago revirar.

–Será que posso sentar?- Pergunte ele para o Scott que ainda está do meu lado.

– Claro, acho melhor deixar vocês.

– E cara. A Bella é uma garota incrível. Você tem muita sorte. – Comenta o Scott enquanto se afasta em direção a festa. Não consigo evitar o sorriso que se forma, ás vezes é bom receber um elogio. Encaro o Edward em silencio por uns segundos, torcendo para que ele não tenha entendido nada errado. E então milhares de perguntas surgem em minha mente. Como ele sabia que eu estava aqui? O que ele estava fazendo na festa? O quanto ele escutou da conversa? Eram várias coisas que precisavam ser respondidas.

– Você está linda, Bells.

– Obrigada.

– Então...

– Então?

–Vem comigo

– Para onde?

– Não sei ainda, vamos apenas andar.

– Apenas andar- Repito, como uma retardada. Eu tenho que parar com isso. Urgentemente. Peço um segundo ao Edward, e aviso a Jess que vou sair, e que voltaria para casa só. Ela ainda estava com o mesmo cara, não saberia dizer exatamente o que, mas tinha algo naquele rapaz que me incomodava. Provavelmente essa séria a ultima vez que ela o veria, ela não é o tipo de garota que se prende com facilidade, e amanhã ele seria apenas mais um, na longa lista dela. Volto ao encontro do Edward, e ele está sorrindo.

– Já sei para onde vamos. – Fala ele.

– E eu posso saber para onde é? – Pergunto curiosa.

– Ainda não. Calma, gafanhoto.

– Gafanhoto? – Questiono indignada.

– Você sabe como em karate kid.

– Eu pareço com um gafanhoto?- Falo brincando.

– Não, você parece com uma diabinha. Uma diabinha muito sexy- Responde ele, enquanto me puxa para um beijo.

– Sabe, eu ainda não consegui definir o que você está vestindo. Ou será que você veio sem fantasia? – Pergunto enquanto nós separávamos para respirar.

– Vou te dá uma dica do que seja. – Diz o Edward, se inclinando bem devagar para o meu pescoço e mordendo ali, o que começou como uma mordida que me tirou o ar, virou vários beijos que duraram até o Edward nós arrastar para o carro.

Demorou algum tempo até chegarmos ao verdadeiro destino, por uns segundos fiquei parada admirando a beleza do local, nunca tinha pensando em ir ali desde que chegara a Chicago, de um lado dava para ver todo o mar que cerca a cidade, e os prédios enormes e deslumbrantes. Estávamos no Navy píer, era lindo, as luzes iluminavam o local, mas por causa da hora a maior parte das coisas já estavam fechadas, subimos uma escada e paramos encarado uma roda gigante, que infelizmente estava parada. Sinto o olhar de Edward mudar de direção e ir para um rapaz que estava saindo da cabine. O Edward sorriu para mim e eu sabia o que ele faria, ele tentaria convencer o rapaz a ligar a roda gigante. Não sei quanto tempo demorou, mas alguns minutos depois, o Edward e o rapaz pareciam ter entrado em um acordo, o Edward passou algumas cédulas para ele, e logo depois veio em minha direção.

– Nunca te disseram que subornar as pessoas é errado, Sr. Cullen?

– Acredite, esse errado vai valer muito a pena. – Ele falou e segurando minha mão me puxou em direção à roda gigante.