A Verdadeira Hermione escrita por Giulia Lopes


Capítulo 2
Mother


Notas iniciais do capítulo

mother - John Lennon



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Elas aparataram em um quarto escuro e mofado. O papel de parede verde começava a se soltar nos cantos e o carpete outrora preto estava cinza de tanta poeira. Narcisa guiou Hermione até um corredor, retirou uma chave do bolso e abriu a terceira porta.  O quarto estava impecável, mas o cheiro de guardado preenchia o cômodo. As paredes do quarto eram de madeira, escura o suficiente para dar um ar sombrio nele, mesmo com a luz do sol entrando pela janela.

— Hermione – disse Narcisa – pode colocar sua bolsa na cama. Tem uma pessoa na sala que quer te ver.

Hermione seguiu as instruções da bruxa e as duas rapidamente se dirigem a sala. Durante todo o percurso a morena se perguntava o que fazendo. Por que seguia essa mulher tão cegamente e por que confiava nela? Ao chegar perto da grande porta de madeira aberta, a morena notou um vulto sentado de costas no cômodo mal iluminado. Após alguns passos o vulto passou a tomar forma. Primeiro o desenho de uma mulher, depois seus cabelos pretos e crespos e por fim seu rosto. 

— O que ela está fazendo aqui- pergunta Hermione sentindo o medo atingir seu corpo fazendo seu coração disparar.

Narcisa pede calma, mas Hermione se enfurece.

— Essa mulher é uma criminosa. Ela tentou me matar e todos meus amigos. Ela quase matou Sirius. Você deveria estar em Azkaban, Bellatriz Lestrange!

— Bellatrix Black – corrigiu a mulher – Lestrange morreu mês passado – disse ela fazendo pouco caso.

— Bellatrix, vá direto ao ponto – disse  Narcisa impaciente.

— Hermione, quando Voldemort chegou ao poder várias pessoas se sentiram maravilhadas com seus ideais. Ele converteu milhares de bruxos no mundo todo. Muitos os seguiam cegamente e eu era uma dessas pessoas. O problema foi que me apaixonei por alguém que tinha ideais diferentes dos meus e o Lord não gostou nem um pouco disso. Apaixonados e com cabeças ingênuas, apesar do sangue que manchavam minhas mãos tentamos viver nosso amor. Um dia porém, o Lord me deu um ultimato. Não me importava com as consequências quando elas afetavam apenas a mim, mas não pude deixar que elas causassem mal algum ao meu amado. No mesmo dia me despedi dele e nos amamos por uma última noite. Um tempo depois comecei a ficar enjoada e descobri a melhor e a pior coisa do mundo. Estava gravida. Eu amava esse bebê com todas as minhas forças, mas eu não poderia ficar com ele.  Não suportaria que algo lhe acontecesse por minha causa. Arriscando-me, encontrei o homem que amara e lhe contei tudo. Acabamos decidindo que quando o bebê nascesse lhe daríamos uma poção e lhe entregaríamos a uma família trouxa. Entreguei meu bem mais precioso na esperança de salvá-lo, mas a poção não faria efeito para sempre. Ela duraria até por volta de seus dezesseis anos, e esconderia sua aparência e parte da sua personalidade – Bellatrix disse com um sorriso nostálgico e triste – Entreguei minha bebê,  com seu sorrido doce e seus olhos cor de mel para um casal de dentistas. Hermione, acho que você entendeu o que estou querendo dizer.

— Você é minha mãe - sussurra a menina.

##############

— Bellatrix.

— O que foi, querida?

— Você alguma vez pensou em voltar atrás? Em me procurar?

— Todos os dias – ela abaixou o rosto – por mais que eu te amasse eu não a colocaria em perigo por um capricho de te ver.

— Posso te fazer uma pergunta?

— O que quiser.

— Por que você fez todas essas coisas?

— Minha filha. O Lorde é bem persuasivo, mas não vou inventar desculpas falsas para você. Eu acreditava nele, talvez ainda acredite um pouco, mas antes eu realmente acreditava.

Hermione continuou quieta.

— Eu matei muita gente minha filha, eu tinha gosto para sangue. No início foi difícil, mas eram meus ideais, e eu mataria por eles. Contudo depois que engravidei, depois que você foi para a sua família, não conseguia me controlar. Matar se tornou divertido, emocionante. Era o que me fazia acordar e o que me fazia dormir. Eu ansiava por matar. Era minha droga. Eu sentia sua falta, e ver todos aqueles, ahn, trouxas com suas famílias me dava ódio. Eu passei a mata-los para descontar a raiva, depois não sabia mais porque matava, mas vivia para matar. 

— Se você me deixou porque era muito perigoso por que voltou agora? Você poderia ter refeito o feitiço. Os tempos estão ainda mais perigosos e você me vem com essa desculpa? Por que agora? Por que?

— Talvez porque saber que você estava tão perto e eu não aguentava mais. Não te via há tantos anos. Sei que as coisas que fiz não foram certas. Sei que até mesmo tentando acertar cometei muitos erros contigo, mas as coisas que somos capazes de fazer por um amor como esse não são belas, são cruas e reais, cheias de dor e arrependimento. É um amor animal, que nos consome e nós torna animais. Então, não reclame de sua mãe, querida, que não aguentou de saudade.

As duas se abraçaram.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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