O tempo estava cinza e chuvoso, refletindo o temperamento de Hermione. Seu coração estava apertado e sua tristeza aumentava proporcionalmente a alegria que Lilá e Rony demonstravam como casal. No momento a garota estava se sentindo deplorável.

— Está tudo bem? - perguntou Dumbledore se aproximando da jovem apoiada na árvore.

— Na verdade não - disse ela com a voz chorosa.

— Ah! As dores do amor adolescente. Cada um deles nos destrói ao mesmo tempo que nos constrói. Hermione, lembre-se que quando você encontrar a pessoa não haverá um dia cinza se esse for passado em sua companhia.

—Você acha mesmo?

— Acho. Não é melhor entrarmos? Hogwarts é linda na chuva, mas você vai pegar um resfriado se ficar por aqui.
A menina deu um sorriso triste e concordou com a cabeça.

—Hermione. Você você acredita que somos capazes de fazer loucuras em nome do amor?

— Em filmes talvez – a menina tentou brincar, mas percebeu a seriedade do diretor - O senhor teme que eu faça algo?

— Não. O fato a que me refiro já aconteceu e ele foi feito por sua causa.

— Perdão?

— Hermione, você precisa entender que fizeram isso para sua própria proteção.

— Quem fez o que? Para me proteger do que? O que fizeram? - perguntou a garota preocupada.

— Ah, como essas paredes têm ouvidos. Volte aqui depois do café da manhã e terminarei de lhe explicar.

Hermione ainda atordoada foi até o salão comunal onde encontrou Harry e Ronald. A menina se alegrou, mas a conversa deles a fez ficar apreensiva e escutar de longe.

— Harry eu não consigo mais! A Hermione já está me dando nos nervos.

— Eu sei, Ron. Ela não é a pessoa mais fácil de conviver, mas precisamos dela para passarmos nos exames e também para derrotar Voldemort, você sabe que não conseguiremos sem ela.

— Não sei se consigo fazer isso por mais tempo Harry. Sei que já fomos todos amigos um dia, mas Lilá não gosta dela e eu não sei se consigo mais aguentar os olhares apaixonados que Hermione me lança.

Desatordoada Hermione sai sem querer ouvir o resto da história. Como eles puderam fazer isso? Ela sempre fora uma boa amiga, sempre os ajudara. Seu estomago se apertou no mesmo momento que lágrimas começaram a se acumular nos seus olhos. O que ela faria agora? Seus melhores amigos no mundo a odiavam. Ela não tinha mais nada.

— Olha se não é a rata de biblioteca – disse Lilá no fim da escada impedindo a passagem da morena.

— Agora não, Lilá.

— O que foi Mionezinha? Você está bem? A ratinha perdeu seu queijo? – Hermione a olhou com os olhos cheios de lágrimas e Lilá entendeu – Rony. Você finalmente percebeu que vocês dos nunca vão ficar juntos? Você realmente acreditou que em algum momento meu Uon Uon iria preferir você a mim?

— Lilá só me deixa passar.

— O que? Para você seguir com sua vida triste e continuar dando em cima do meu namorado?

— Já chega Lilá – esbravejou a menina.

— Ou o que? Você vai...

A pobre garota não pode terminar a frase. Com uma agilidade inédita, Hermione sacou sua varinha e a estuporou, na frente do salão comunal inteiro, assustando a todos ali presentes. Após retomar coincidência do que fez, Hermione saiu correndo até seu dormitório. Deitou em sua cama e repassou cada detalhe do que acontecera. Ela esperava que as lágrimas caíssem grossas e quentes em seu rosto, mas nenhuma saiu. Ao em vez, apenas um sorriso debochado brotou em seus lábios. Sua mente estava confusa. Como pudera ela atacar alguém? Pior ainda, ela estava feliz por causa disso. Hermione fechou os olhos torcendo para adormecer logo.

No dia seguinte, querendo evitar a presença de certos grifinórios, Hermione comera na mesa da Corvinal, sob o olhar carinhoso de Luna e seus comentários. Após terminar o café e conseguir, depois de muito tempo e com muito esforço, convencer Luna de que não havia nenhum nargolei em sua cabeça, Hermione fora para a sala do diretor.

— Professor? – a menina perguntara batendo na porta.

— Entre, entre – dissera Dumbledore claramente animado.

Havia outra na sala além do diretor de Hogwarts. Uma mulher loira por volta de seus 35 anos, mas que aparentava menos, usando vestes pratas. Seus cabelos estavam perfeitamente arrumados em um coque com um prendedor de esmeralda.

— Hermione, você já deve conhecer a senhora Narcisa Malfoy.

— O que ela pode me explicar? – disse a menina cautelosa.

— Mais do que você consegue imaginar - diz o diretor, repreendedo-a, fazendo Hermione corar e Narcisa soltar um risinho.

— Então senhor, já vai me contar o que houve?

— A senhorita irá para um lugar seguro com a senhora Malfoy - diante da possível intromissão da jovem, o diretor adiantou - As paredes de Hogwarts tem ouvidos, senhorita Granger.

Hermione mesmo hesitando se posicionou do lado da senhora Malfoy. A mulher mais velha, sorrindo, encostou a mão do ombro da menina.

— As coisas nem sempre são o que parecem – disse Dumbledore, com um tom de voz de quem acabara de ver uma borboleta.

 Esta foi a última coisa que Hermione ouviu antes de ser sugada pelo próprio umbigo.