Hanna II - The Dreams Can Be True . escrita por Chars


Capítulo 24
A caminho do passado.




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Capítulo 24 - A caminho do passado.

– Vamos cantar duas novas. – Andy falou e eu sorri em resposta. Como se lhe agradecesse por acabar com a guerra, antes mesmo de ter começado.

– Quais ? – Chris perguntou, enquanto afinava as cordas de seu baixo.

– Podemos começar com Put your hearts up ? – perguntei e eles assentiram.

Começamos a tocar e a música soava linda, eu cantava muito melhor em inglês do que em português e eu estava longe o suficiente do Tyler pra conseguir respirar, o que era de grande ajuda. Quando estávamos perto de acabar a musica o celular do Andy tocou, mas ele não atendeu, assim que a musica acabou, ele pediu licença e saiu do Studio, todos ficaram em silencio, como se alguém tivesse morrido ou sei lá. Fui falar com os garotos, ver o que eles estavam achando, e se estava tudo bem com eles.

– E então ? O que acharam ? – perguntei e os três sorriram.

– Vocês são incríveis. – comentou Josh. – Só que o garanhão ali não é muito bom cantor.

– Só tá falando isso porque tem inveja dele, porque ele namorava com a Hanna e você não. – zombou Math.

– Pode até ser, não suporto ele.

– Nós sabemos. – dissemos os três juntos e Josh ficou emburrado.

– E você ? – perguntei ao Drake.

– Quero falar com você. Podemos conversar quando acabarem essa musica ? – ele perguntou e eu fiz que sim.

– Não pode ser agora ? – perguntei e ele fez que não.

– Gente, preciso estar em casa as 18:00, os pais da Maya estão indo jantar lá e ela tá surtando.- Andy comentou e todos rimos.

– Ah, eu queria tanto ir ver meu afilhado. – falei e ele riu.

– Pode ir até lá amanhã se quiser, saiam, façam alguma coisa e me deixem sozinho. Preciso dormir, nem que seja por uma hora. – ele falou e todos rimos novamente. – Qual é a graça ? Tô falando sério.

– Ai ai, bom, vamos tocar o que agora ? – Liam perguntou.

– Honeymoon Avenue. – Tyler respondeu e eu o encarei perplexa. Fiquei irada e me segurei pra não voar em cima dele.

– Se é o que quer. – falei e ele me encarou certo do que estava falando. – Ótimo.

Andy se sentou e começou a música. A cada palavra que eu cantava, Tyler me encarava mais, era como se ele estivesse tentando me derreter, ou pior, me congelar. Como se tudo o que eu tivesse feito até hoje tivesse sido errado, como se eu fosse a errada aqui, e não ele.

– Já chega disso! – gritei e todos me encararam como se eu fosse louca.

– Concordo. – Andy falou e todos o encararam como se ele fosse louco.

– O que tá rolando aqui ? Só eu que não estou entendendo nada ? – Chris perguntou e Liam fez que não.

– Saiam todos daqui. – Andy falou e os garotos se levantaram do sofá sem entender nada. Fomos todos saindo da Studio quando ele me parou e notei que Tyler ainda estava dentro da sala. – Vocês ficam. – Cruzei os braços e fiquei fazendo cara de emburrada, todos saíram da sala e Andy fechou a porta. – Se acham que eu não percebi o que estão fazendo, estão muito enganados. Sei que é difícil pra vocês dois estarem aqui, e que alguns de vocês acabam tornando isso mais difícil ainda. – ele falou isso olhando pra mim. O que foi que eu fiz agora ? – Mas tem que aprender a lhe dar com isso, não são mais crianças, não tem mais idade para agirem como tal. Eu respeito muito vocês dois e o esforço que estão fazendo para conviverem juntos, mesmo que por pouco tempo, mas se não querem perder isso, se resolvam. Não estou dizendo que vocês precisam voltar a ficar juntos, porque isso é uma escolha que pertence somente a vocês dois, mais a Hanna do que a você. – falou ao Tyler e eu o encarei, por algum tipo de milagre, ele não sorria. – Mas precisam se entender, sei que não vão ser amigos, não tão cedo, mas precisam enfiar nessas suas cabeças que tudo o que viveram juntos até hoje teve um motivo, e se eu coloquei vocês pra serem padrinhos do meu filho, foi porque achei que vocês seriam maduros o suficiente pra se entender independentemente do que acontecesse entre vocês. Agora, eu não consigo mais olhar pra vocês, um provocando o outro do jeito que pode. Só sairão daqui quando se resolverem. – ele falou e nem sequer nos deixou dizer nada, saiu da sala e fechou a porta.

Eu sabia que ninguém que estava do lado de fora tinha escutado uma palavra sequer, por mais alto que ele tivesse falado, a sala era totalmente a prova de som. Ficamos nos encarando por minutos, minutos esses que pareceram séculos pra mim.

– Porque é que tinha que trazer eles com você ? – ele perguntou e eu o encarei sem entender.

– Não queria ficar sozinha com você e eles queriam me ver cantar, eles fazem parte da minha vida agora. – respondi e ele revirou os olhos e fez cara de nojo. – Deixa de ser infantil. – bufei e ele revirou os olhos novamente e me mostrou a língua.

– Sabe muito bem que não ia ficar sozinha comigo, a banda tem mais três pessoas. – ele falou como se fosse óbvio.

– Não nesse sentido, estou dizendo que não queria ser a única pessoa por aqui que sabe pelo que eu estou passando, você acha que enfrentar você é fácil pra mim ? Acha mesmo que tudo isso é simples ? Que ficar aqui trancada com você é legal ? Que eu estou me divertindo com isso ? – comecei a gritar e ele arregalou os olhos como se não acreditasse em nada do que eu estava dizendo, era como se eu finalmente pudesse tirar um peso das costas.

– Não, não acho. Porque também não é nada fácil pra mim ver você com eles, saber que agora mais três caras fazem parte da sua vida, e que provavelmente um deles vai tomar o meu lugar, sabe como é difícil ver o futuro namorado da sua ex entrar pela porta da casa que você preparou pra ela ? Sabe como dói ? – eu nunca tinha o visto gritar, muito menos chorar, acho que ele sempre escondeu esse lado sentimental de mim.

– Você fala como se eu fosse a errada na historia como se eu tivesse causado o fim do nosso namoro, como se eu fosse a piranha que tivesse te traído com seu melhor amigo, como se eu não tivesse confiado em você. Como se você fosse perfeito e eu uma garota suja que nunca te apoiou em nada. Você é ridículo. Você é um saco! – gritei o mais alto que pude e ele me encarou sem dizer nada.

– Com quantos garotos você já ficou na vida ? – ele me perguntou, com o tom de voz bem mais baixo.

– Porque tá me perguntando isso ?

– Só responde.

– Pra que quer saber.

– RESPONDE! – ele berrou e eu o encarei perplexa, como se não entendesse qual era o motivo daquela pergunta idiota.

– Contando com você ? sete.

– Em menos de um ano. Isso porque uma boa parte você passou comigo.

– E o que tem isso ?

– Antes de eu esquecer tudo isso, posso te perguntar mais uma coisa ? – o tom de voz dele era tão calmo, como eu nunca tinha visto antes, era estranho, ele estava louco a uns cinco minutos.

– Acho que sim.

– Quem foram os sete ?

– Ah, Tyler... fala sério... você quer mesmo saber ...

– Fala Hanna, eu preciso saber. Depois disso, eu prometo que paro de irritar você.

– Mas Tyler... – ele revirou os olhos e eu resolvi ceder, o que ele podia fazer ? Estávamos trancados ali. – Meu primeiro beijo foi com o Liam. – soltei logo de cara e ele respirou fundo, de punhos cerrados e aparentemente irritado.

– Não precisava lembrar disso. Mas... continua.

– Bom... tem certeza que quer que eu continue ?

– Sim.

– Quer dizer... se não quiser.

– HANNA!

– Tá bem, tá bem... depois teve o Cameron... – ele fez cara de irritado, mas não se mexeu. – E depois teve você, e depois o Kyle. – quando disse isso, seus punhos se fecharam novamente, não entendia direito suas reações, mas achei melhor continuar. – E então o Chris. – e lá estava a cara de raiva de novo. - E bom... o Connor. – quando falei isso, seus olhos se fecharam e sua expressão era de pura raiva, como se ele quisesse morrer com aquilo tudo.

– E quem foi o ultimo Hanna ? – ele perguntou e eu fiz que não.

– Acabou.

– Você disse que eram sete.

– Devo ter errado na conta.

– Não minta pra mim.

– O Drake tá bem ? Nós nos beijamos. Que merda. – quando falei isso, sua única reação foi socar a o vidro que tinha ali, que separava a parte técnica.

Os cacos espalhados pelo chão, sua mão sangrava, mas sua raiva parecida não ter passado. Ele estava possesso, provavelmente não esperava por aquilo.

– Sinceramente, achei que seria o Josh. – ele falou e logo saiu da sala, ninguém o impediu, pois depois que ele quebrou o vidro, todos conseguiram ouvir o que falamos lá dentro.

Mesmo eu estando brava com ele, irada com ele, eu não podia deixá-lo sozinho, sabe-se lá Merlin o que ele iria fazer. Fui atrás dele, mas ele fechou a porta do quarto na minha cara, voltei até o resto do pessoal, enquanto todos nos olhavam sem entender nada.

– Bom, eu vou indo. Alguém quer carona ? – Andy perguntou e Chris assentiu.

– Acho que ficar aqui, não vai fazer muita diferença, melhor irmos também. – Josh falou e Math concordou. – Você vem Drake ? - ele me olhou e eu fiz que sim com a cabeça, se ele ficasse ali, as coisas só ficariam pior.

– Conversamos quando eu chegar.

– Tem certeza ? – ele perguntou.

– Tenho sim. Obrigada por tudo. – ele assentiu, me deu um beijo na testa e foi embora.

– Acho melhor eu ir também. Ele precisa mais de você do que de qualquer coisa no mundo. – Liam falou e eu “sorri”.

– Eu sei.

Todos foram indo embora, tirei o sapato e coloquei a bolsa em cima do sofá. Andei a passos lentos até o quarto dele e dei duas batidas na porta.

– Todos já foram, podemos conversar ? – perguntei e não obtive resposta alguma.

Esperei por mais trinta minutos e nada, me sentei no chão, encostada na porta, e bati de novo.

– Não precisa ser assim, estou magoada, tanto quanto você deve estar agora, mas eu quero conversar. Mesmo quando nos odiávamos, nós conversávamos. – ainda sem resposta, eu continuei sentada no chão.

Respirei fundo e me levantei, estava cheia de fome e não era por causa dele que eu iria ficar sem comer nada, e tenho certeza de que ele também devia estar com fome. Sei que parece estranho, me preocupar tanto, mas por mais que eu não queira admitir, ele faz parte de mim. Mesmo que seja a parte ruim.

Fui até a cozinha, abri a geladeira e estava quase vazia. Potes de comida chinesa, duas fatias de pizza, refrigerante, cerveja, água, batata frita congelada, pão de queijo, sorvete, hambúrguer, restos de cachorro quente e queijo. Abri o armário e só o que tinha era achocolatado e pão de forma.

Não tinha nem como inventar o que comer e eu não podia sair pra comprar alguma coisa porque não podia deixar ele sozinho no estado em que ele estava. Mas não podia enfiar mais comida pronta nele. Voltei até a porta do quarto dele e bati de novo.

– Está com fome ? – perguntei e ouvi ele grunhir. – Parece que sim. Posso fazer algo pra gente comer. Mas só se você sair daí e conversar comigo. – falei e pude ouvir ele rindo.

A porta do quarto se abriu, e a primeira coisa que fiz foi olhar a mão dele. Estava sangrando e se eu não fizesse algo aquilo ia infeccionar.

– Vem aqui. – o puxei até o banheiro e lavei sua mão, ele gritou, mas eu não parei.

– Merda, Hanna!

– Ninguém mandou você socar o vidro. – peguei a toalha e a segurei em baixo da mão dele, fui com ele até a sala, peguei minha bolsa e a abri, procurei minha pinça e fiz ele se sentar no sofá.

– O que você vai fazer com isso ai ? – ele perguntou e eu ri, batendo as partes da pinça uma na outra e fazendo cara de maníaca.

Tentei puxar os pedaços de vidro da mão dele com calma, mas eles eram muito pequenos, e a cada pedaço que eu conseguia tirar ele gritava mais.

– Deixa de ser mocinha. – zombei e ele mostrou a língua. Puxei outro, só que com um pouco mais de força.

– Vaca! – ele gritou, o que me fez rir.

– Vingança. Muahahaha – assim que fiz minha risada diabólica, ele mexeu o nariz, como ele sempre faz quando quer rir, mas não pode. Eu sorri e continuei a limpeza.

Assim que os pedaços de vidro acabaram, a mão dele sangrava novamente. Fui com ele até o banheiro e ele já gritava antes mesmo de chegarmos na pia. Joguei água e ele grunhiu, tentando ser forte, mas sem sucesso.

– Tem um kit de primeiros socorros por aqui em algum lugar ? – perguntei e ele deu de ombros. Procurei no armário do banheiro e nada, fui procurar no armário do corredor e finalmente encontrei, peguei o frasco de álcool que estava ali e passei um pouco no gaze, passei devagar e ele arfava pra não gritar de dor. – Calma que já vai acabar.

Assim que tudo parecia estar limpo, peguei a faixa que estava ali e tentei ao máximo enfaixar o ferimento e o prendi com esparadrapo. Quando terminei ele sorriu.

– Bom, vamos no mercado porque eu estou cheia de fome. – falei e ele assentiu.

Descemos os dois juntos, ainda sem falar nada. Quando chegamos na garagem, procuramos pelo carro e entramos.

– Obrigada, sabe, por ter ficado e cuidado de mim. Só você faz isso. – ele disse e eu fiquei vermelha.

Eu sabia que ninguém cuidava dele, mas era estranho ouvir isso.

– Não foi nada, eu não ia te deixar sozinho do jeito que você estava. Ainda mais sabendo que a culpa era minha, por mais brava que eu possa estar com você, eu nunca vou te deixar pra morrer se eu puder fazer algo pra ajudar. – brinquei e ele riu.

– Eu sei, digo o mesmo.

No caminho até o mercado, que não era longe, conversamos sobre a banda, a gravação do CD e tudo mais. Quando chegamos, até que fizemos as compras rápido, como sempre. Eu estava dentro do carrinho e ele ia empurrando, enquanto eu falava o que era pra comprar. Terminamos tudo rápido e fomos pagar, a moça do caixa nos olhou como se fossemos dois loucos e nós rimos muito disso no caminho de volta.

Quando voltamos, eu joguei quase tudo o que estava na geladeira dele fora e ele ficou choramingando pelo queijo estragado dele. Enchi a geladeira dele com tudo o que tínhamos comprado e comecei a cozinhar. Ele ficou só olhando, e até me ajudou a cortar algumas coisas, já que ele na cozinha é o maior desastre. Ele arrumou a mesa e eu coloquei a lasanha pra assar, em menos de 30 minutos ela estaria pronta, enquanto isso ficamos vendo a novela, quando a lasanha ficou pronta eu fui buscar e nós comemos.

Aquilo tudo estava estranho demais, calmo demais, era como se tudo estivesse como antes. Jantamos e conversamos sobre a faculdade dele e o Fred, e como as coisas iam com Andy e Maya.

– Sabe... Cameron e Alice estão tendo um rolo. Kyle e Sasha estão quase morando juntos. E bom... Giulia está ficando com uns carinhas ai. – brincou e nós rimos.

Acabamos de comer e logo tiramos as coisas da mesa e fomos lavar a louça.

– Senti saudades. – ele falou e o encarei sem acreditar.

– Tyler, nós estamos bem, mas nós não voltamos. Você sabe disso não é ?

– Tem certeza disso ? – ele perguntou e me puxou pela cintura, me beijando logo em seguida.


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