Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 18
Forças do Destino - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está mais um capítulo e agora sim a regressão de Dimitri! Espero que não tenha ficado muito forçado! beijus



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Enquanto seus olhos seguiam o balanço do pêndulo, e seus ouvidos permitiam que as palavras proferidas por Rhonda fossem absorvidas, Dimitri sentiu uma sensação confortável como se seu corpo fosse embalado por um balanço e a voz daquela mulher fosse uma cantiga de ninar. Aos poucos seus olhos foram se fechando, e tudo ao redor foi desaparecendo...


Rhonda encorajou Dimitri há regressar alguns anos no seu passado, em sua adolescência quando ele ainda estava na escola, e o ouviu falar sobre seu dia-a-dia, sobre as coisas mais engraçadas, sobre os antigos colegas, e sobre os momentos mais complicados. Depois Rhonda estimulou o regresso à pré-adolescência onde Dimitri teve de falar sobre seus problemas com o pai, as discussões entre a mãe e o mesmo, e sobre como ele tentava proteger a irmã mais nova de tais brigas. Dimitri falou sobre como se sentia quanto à irmã, ao pai, e a mãe, coisas bastante intimas o que levou Rose a questionar se realmente deveria estar naquela sala ouvindo. Por um momento ela pensou em sair, e deixá-lo falar sobre seus sentimentos pessoais de maneira que ela não intervisse. Rose sentiu como se fosse uma invasora naquele momento, desfrutando de tais confissões sem o consentimento do rapaz, e ela não desejava ser curiosa a ponto de invadir daquele jeito a vida dele, mas acabou não conseguindo se afastar por medo que ele também dissesse algo importante sobre a situação dos dois, então ela ficou.

Várias vezes durante os diálogos estabelecidos entre Rhonda e o inconsciente de Belikov, a mulher notou algo peculiar nos movimentos do rapaz. Ela levantou-se e começou a andar ao redor de Dimitri enquanto o observava notando que em certos momentos da conversa ele tocava um pingente que carregava no pescoço. Ela ficou em silencio enquanto ouvia as palavras de Dimitri e se aproximou de Yeva falando em tom muito baixo, tão baixo que Rose não era capaz de ouvir.

– Pertencia a família. –respondeu Yeva em um tom mais audível.

– Há quanto tempo? –dessa vez Rose pode ouvir a voz de Rhonda também.

– Isso está na família a gerações. –esclareceu. – Pertenceu a meu tataravô e creio que antes dele pertenceu a outro antepassado dos Belikov.

Rhonda fez uma pausa, e se aproximou novamente de Dimitri, sentando-se em seguida na poltrona e mudou um pouco o tom assim como o rumo da conversa:

– O que está segurando Dimitri?

– Um pingente. –ele respondeu em seu estado de transe.

– Por que está segurando esse objeto?

– Ele é importante...

– Por quê?

– Eu não sei.

– Já tocou este objeto antes, em alguma época da sua vida?

– Minha avó me deu ele. –disse estando em um estado infantil.

Rhonda analisou por instantes enquanto Dimitri apertava o objeto entre os dedos, e então resolveu dar um passo mais ousado na regressão.

– Quero que regresse alguns anos atrás Dimitri. Quero que volte até a época em que tocou este objeto pela primeira vez...

Yeva franziu a testa encarando Rhonda que apenas fez um aceno de cabeça mostrando que estava tudo sob controle, e continuou. Dimitri permaneceu em silencio por um longo tempo, o que causou estranheza em Rose, assim como em Yeva que se levantou e se aproximou do neto dizendo:

– Ele está bem? –disse em um tom preocupado.

– Dimitri você está aí? –perguntou Rhonda sem obter resposta. – Dimitri? Fale comigo Dimitri.

Não houve retorno para sua resposta, o que motivou Yeva a se aproximar da mulher e pedir que ela fizesse com que o neto despertasse, antes que ficasse preso em seu inconsciente o que era um risco em casos de regressões mais ousadas. Mas antes que Rhonda pudesse tomar uma decisão Dimitri se manifestou:

– Lucius...

– Dimitri pode repetir? –disse Rhonda se afastando de Yeva e andando até o rapaz.

– Meu nome... É Lucius.

O silencio dessa vez partiu de Yeva e da própria Rhonda que se entreolharam de imediato enquanto Rose se levantava de onde estava sentada e se aproximava de Dimitri tocando o encosto do divã onde ele permanecia em transe profundo.

– Lucius... –Rhonda se manifestou percebendo que Dimitri havia regressado mais anos do que ela esperava. – Onde você está agora Lucius?

– Em um casarão, maior do que posso calcular.

– E o que você faz nesse casarão? –disse andando ao redor do rapaz e fazendo sinal para Yeva se sentar em seu lugar.

– É a minha casa.

– Ótimo e você pode me dizer em que ano está?

– Mil oitocentos e oitenta e seis...

– Quem exatamente é você?

– Um Belikov...

– Pode falar sobre o objeto que tem em mãos? –ele ficou novamente em silencio depois respirou profundamente apertando o objeto ao redor de seu pescoço e dizendo.

– Ela deu isso a mim.

– Ela quem?

– Christine...

– Quem é Christine? –mais uma vez Yeva e Rhonda se entreolharam.

– Eu a amava...

Rose não conseguia conciliar o que saia da boca de Dimitri com alguma coisa que poderia esclarecer a ligação entre eles, e tudo aquilo se tornava cada vez mais confuso para ela, que manteve sua total atenção na cena narrada por ele.

– Mas ela foi tirada de mim... –seguiu ele.

– Como? –questionou Rhonda totalmente focada no rapaz.

– Foi minha culpa.

– O que aconteceu com Christine?

– Eu a vi morrer... Diante dos meus olhos, nos meus braços, naquele corredor. Antes de partir ela me deu o pingente... Ele ainda tem as marcas do sangue dela...

Rose se afastou de Dimitri e começou a andar pelo cômodo ficando completamente perdida, sem conseguir acreditar que aquilo era real. Era confuso e assustador demais ouvir Dimitri falando como se fosse outra pessoa, como se pertencesse à outra época, e “quem diabos é Christine?” Ela se perguntava. Rose estava incrédula, e não via nada de concreto naquela estória, mesmo acreditando em muitas coisas, hipnose, regressão e vidas passadas não era uma delas.

– Como era a sua Christine? –disse Rhonda dando voz ao pensamento de Rose.

– Linda.

– Fale sobre ela...

– Christine era adorável, gentil, agradável e bondosa. Conseguiu me tocar com sua doçura e delicadeza. Seus olhos amendoados eram tão radiantes. O tom de sua voz era como uma sinfonia. E seus cabelos macios, e perfumados... Eu adorava senti-los entre meus dedos... Sinto falta dela.

– Por que a morte dela foi culpa sua Lucius?

– Ela se tornou noiva de outro homem... E eu não pude impedir...

– Você a feriu?

– Nunca... Jamais machucaria Christine. –respondeu com a voz um pouco tensa apertando os punhos contra o peito.

– Quem a matou?

– Aquele miserável... Deveria ter sido eu. O tiro que e a atingiu naquela noite, foi direcionado a mim, mas... Christine... Por que ela fez aquilo? Por que tinha que se colocar no caminho?

– Ela foi baleada no seu lugar?

– Ela morreu por minha causa... E eu tenho que conviver com isso pelo resto da minha maldita vida.

Rhonda já estava satisfeita com o que tinha, e vendo a expressão de espanto e agonia na face de Yeva, ela decidiu dar por encerrada aquela cessão trazendo Dimitri de volta:

– Eu quero que me ouça Dimitri... –disse ela se curvando em pé diante de Dimitri e dizendo em tom baixo ao seu ouvido. – Siga a minha voz, e desperte... Bem devagar você vai voltar à casa de sua avó Yeva, na biblioteca, onde você está deitado sobre um divã confortável. Quando eu contar até três, você vai acordar... Um, dois, três... –ela fez uma pausa e ficou ereta. – Dimitri? Abra os olhos...

E assim Dimitri finalmente retornou ao seu estado consciente e abriu os olhos, imediatamente vendo Rhonda em pé ao seu lado.

– Sente-se... –disse ela. –Yeva pode buscar um copo com água para seu neto?

– Claro. –respondeu Yeva um pouco tensa se retirando logo do cômodo enquanto Rhonda abria as cortinas deixando a claridade do fim de tarde invadir o cômodo.

– Como se sente Dimitri?

– Bem. Deveria sentir algo diferente? –disse ele ao se sentar.

– Você fez uma regressão bastante difícil. Só quero ter certeza que está totalmente aqui.

– Bom, eu me sinto normal. –disse apertando os olhos por conta da luz repentina que invadia o cômodo.

– Ótimo, por que o que eu tenho pra te dizer... –disse ela desligando o gravador. – Não vai ser muito fácil pra você ouvir.

– Alguma coisa deu errado? –seus olhos buscaram por Rose na sala, mas ela não estava lá.

– Não quer esperar sua avó voltar para conversarmos?

– Eu gostaria de saber logo do que se trata...

– Está certo.

Antes que Yeva regressasse ao cômodo, Rhonda esclareceu todos os pontos da regressão a Dimitri, que ouviu tudo como quem escutava uma estória retirada de um livro de romance, mas Rhonda fez questão de mostrar as partes da gravação em que ele dizia tais afirmações, para que não houvesse duvidas de que ele realmente teria proferido tais estórias. Obviamente que a sua reação não foi das mais tranquilas. Dimitri andava de um lado a outro da sala mantendo a cabeça baixa, e as mãos intercaladas entre a cintura e o rosto, assim como os cabelos que eram frequentemente penteados pelos dedos enquanto ele ouvia suas próprias palavras gravadas naquela fita.

– Isso é loucura. –disse ele apontando para o gravador com a palma da mão aberta.

– Foram as suas palavras Dimitri. –respondeu Rhonda calmamente.

– Você poderia ter me induzido a dizer isso não poderia? –ele cerrou os olhos encarando a mulher.

– Você ouviu em algum momento da gravação eu lhe dar alguma ordem? Yeva esteve aqui o tempo todo, e imagino que Rose também, elas poderão confirmar que eu não me aproximei de você para tais ordens Dimitri.

– Rose... –ele olhou ao redor.

– É compreensível que fique confuso Dimitri, mas a verdade está nessa fita.

– O que isso quer dizer? –disse ele bastante transtornado.

– De acordo com a minha interpretação Dimitri, você pode ser a reencarnação de seu ancestral Lucius Belikov. E há uma boa chance dessa Christine que você citou, ser Rose.

– O que? –ele sacudiu a cabeça negativamente.

– Existe algum elo entre você e essa jovem, e é possível que seja este o motivo por apenas você ter contato com o espírito dela. É evidente que Lucius jamais se perdoou por ter perdido sua amada Christine daquela forma, e às vezes o espírito fica preso entre o mundo carnal e o espiritual quando acredita ter algum assunto inacabado. Outras ele simplesmente espera por uma segunda chance para corrigir o erro que cometeu no passado. É possível que esta seja a chance que ele esperava para salvar sua Christine.

– Tá dizendo que Rose está em coma por que eu preciso encontrar um jeito de despertá-la? –ele riu de nervoso achando aquela estória bizarra demais. – Isso parece meio obvio pra mim já que ela é minha paciente, e é meu trabalho descobrir o que a impede de levantar daquele leito.

Yeva regressou a sala e encontrou um Dimitri zangado e em plena discussão com sua velha amiga. Ela caminhou até o neto e se manifestou:

– Querido acalme-se, Rhonda está tentando ajudar...

– Desculpa, mas eu não acho que esteja conseguindo. –disse ele encarando a avó.

– É seu direito não acreditar Dimitri, mas ouça... –disse Rhonda ao se aproximar. – Nem todos ganham uma segunda chance, mas você tem a oportunidade de mudar o que aconteceu no passado de Lucius. Descubra o que se passa dentro de você e vai encontrar um jeito de trazer Rose de volta. A vida dessa moça depende do que você acredita.

Dimitri ouviu com atenção àquela mulher mesmo sem conseguir conciliar todas aquelas informações em sua cabeça, com o que ele sentia por Rose, e assim a sua única reação foi sair daquela sala sem querer ouvir mais nada. Porém antes que ele cruzasse a porta, Rhonda deu um ultimo conselho:

– Às vezes precisamos aceitar nosso destino Dimitri.

Ele fitou a face da mulher por alguns segundos mantendo silencio, e em seguida se retirou batendo a porta e seguindo rumo à sala. Ele chamou por Rosemarie, mas ela não apareceu em lugar algum, e assim ele voltou para seu carro e seguiu para casa onde esperava reencontrar Rose, porém por mais que ele a chamasse, Rose simplesmente não o atendia. Naquela noite, Dimitri esperou por ela, mas Rose não apareceu.

..

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Notas finais do capítulo

Eu acho que essa música do Enrique Iglesias combina com esse momento e combina com o casal! Então? Gostaram? Ficou bacana? Quero saber a opinião detalhada de vocês sobre este capítulo! Espero que não tenha forçado muito com a estória de vidas passadas mas achei que isso daria o toque mais romântico a fic, eles serem ligados pelo destino e tal! Enfim, vou deixar vcs falarem!
OBS: Sobre a foto, deveria ser Lucius e Christine ok



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