Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 17
Forças do Destino - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Ontem eu estava inspirada e escrevi o cap 16 (postado ontem)o 17 de hoje, e o 18, que pretendo postar ainda hoje caso receba pelo menos seis comentários no cap! OBS: A partir de agora a fic entre num clima mais romântico e mais dramático! Beijos



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Dimitri e Rose se dirigiram até a casa de Yeva, onde a mesma já estava à espera de ambos assim como a sua companhia que preparava todos os arranjos para a cessão de regressão que deveria começar algumas horas mais tarde. Assim que Dimitri bateu a porta foi recebido pela avó que ficou surpresa ao vê-lo tão cedo.

- Dimitri! –ela exclamou ao vê-lo.

- Oi Yeva. –respondeu o rapaz em tom tranquilo.

- Não esperava vê-lo tão cedo querido, o que houve? –perguntou curiosa enquanto Dimitri adentrava a residência.

- Eu consegui uma dispensa mais cedo do que o previsto. –explicou.

- Bem, Rhonda está preparando a biblioteca para sua consulta querido. –avisou a mulher ao fechar a porta e logo andando até o neto. – Se sente bem Dimka? –ela tocou-lhe a face. – Parece abatido, não está dormindo a noite?

- Eu estou bem Yeva. –respondeu segurando as mãos da mulher e baixando-as. – Não se preocupe. –disse beijando as mãos da mulher.

- Rose está com você?

- Está... –disse olhando para a mesma que estava perto da porta.

- Ótimo, eu vou ver Rhonda e como estão os preparativos. Ela precisa se preparar psicologicamente para a cessão para poder dar total atenção a sua regressão.

- Tudo bem, eu espero.

Yeva se afastou do neto e se dirigiu rumo ao corredor que a levaria até a biblioteca da residência. Dimitri voltou seus olhos para Rose, enquanto esta descia os degraus da entrada da casa e se aproximava dele que andava até a estante da sala onde se prostrou a olhar algumas fotos da família. Rose parou as costas de Dimitri, a alguns passos entre ele e a mesinha do centro e ficou com os braços cruzados o observando.

- O que acha que vai acontecer? –perguntou ela depois de um tempo em silencio.

- Gostaria de saber. –respondeu ele olhando-a depois dando alguns passos parelhos a estante.

- Nenhum palpite?

- É uma regressão, provavelmente Rhonda vai tentar descobrir o que aconteceu na minha infância que possa ter permitido que você... –ele a olhou. – Entrasse dessa forma na minha vida.

- Isso não soa estranho pra você? –ela sorriu erguendo as sobrancelhas. – Quer dizer, todo esse papo de voltar no tempo...

- Eu tenho andado com o espírito de uma pessoa viva no meu encalço. –ele deu um sorriso fraco enquanto andava até Rose. – Duvido que mais alguma coisa me assuste de hoje em diante! –disse diante dela enquanto olhava em seus olhos.

- Eu senti você Dimitri. –disse ela mudando sua expressão e ficando séria. – Senti quando você me tocou, no hospital quando segurou minha mão. –Dimitri lhe deu toda atenção naquele momento. – Achei que devia saber.

Dimitri franziu ligeiramente a testa cerrando os olhos, logo voltando à expressão anterior enquanto seus olhos se mantinham fixados nos olhos de Rose, que estava naquele momento a menos de vinte centímetros de distancia dele. Aquelas palavras praticamente pularam do âmago de Rose de uma forma quase impulsiva, como se ela não aguentasse simplesmente guardar o segredo para si mesma. Por alguma razão ouvir Rose confessar-lhe tal coisa, fez com que algo disparasse no peito de Dimitri, deixando-o com uma ansiedade quase incontrolável de tocá-la naquele momento. Ele fechou o punho da mão direita que se mantinha a altura de seu quadril como se buscasse alguma espécie de contato que ele não podia ter com a moça naquele instante embora desejasse muito. Ele sabia exatamente o que precisava naquele momento, mesmo que sua consciência questionasse a razão, ele sabia que se pudesse tocá-la, quebraria aquela distancia entre eles sem pensar no que viria depois, mas a situação atual impedia que ele o fizesse e isso o deixou frustrado pela segunda vez. Ela estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe, e tão intocável que chegar a tal conclusão era insuportável para o médico. Rose permanecia imóvel diante dele, como se desejasse exatamente a mesma coisa que Dimitri, embora ela sequer desconfiasse qual era o pensamento dele naquele instante. O pequeno momento entre eles apenas foi quebrado pela presença de Yeva que havia se aproximado em silencio da sala, e teria observado os olhos compenetrados do neto perdidos no vácuo.

- Dimka querido. –ela se manifestou. – Rhonda deseja vê-lo.

Ele apenas voltou seus olhos para a mulher e concordou com um aceno de cabeça, enquanto Rose se afastava como se lhe desse espaço para passagem. Dimitri fitou-lhe a face e então seguiu até a avó, que logo levou sua mão carinhosa até o centro das costas do neto que por sua vez parou por um instante e encarou-a:

- Rose pode vir? –perguntou.

- Se ela quiser. –respondeu Yeva.

Dimitri dirigiu seus olhares novamente para Rose, como se perguntasse a ela sem que as palavras fossem ditas, e então a mesma deu alguns passos em direção a ele que logo se virou e seguiu com Yeva até a biblioteca. Quando lá chegaram, Dimitri se deparou com um cômodo parcialmente escuro com as janelas cobertas por cortinas de tecido leve e com os moveis parcialmente afastados com uma única poltrona em um ponto central, e um tipo de divã ao lado da mesma. Entre os dois móveis apenas uma pequena mesa com uma vela acesa e uma caixinha pequena de camurça de cor verde escuro.

- Dimitri! –exclamou a mulher que esperava perto da janela. – Como é bom vê-lo. –ela sorriu.

Dimitri encarou sua avó que sorriu para o mesmo mostrando confiança e lhe estendendo a mão para que ele adentrasse ao centro da sala. Dimitri deu alguns passos enquanto Rose permanecia atrás de Yeva apenas observando tudo. Rhonda se aproximou do rapaz e lhe segurou ambas as mãos, mantendo um sorriso tranquilo na face o que Dimitri achou ligeiramente estranho, mas não se manifestou.

- Hum! Quase posso senti-la através de você! –disse a mulher fechando os olhos. – Ela está nesta sala não está? –disse Rhonda deixando Dimitri parcialmente arrepiado com aquele tom um tanto quanto sinistro.

- Está... –disse franzindo a testa.

- Acha que ela se incomodaria em se aproximar? –ela permaneceu com os olhos fechados e segurando firmes as mãos de Dimitri.

Dimitri desviou o olhar procurando Rose que deu alguns passos em direção à mulher, mesmo meio contrariada por conta de toda a estranheza daquela situação.

- Rose deve permanecer nesta sala. –disse Rhonda ao abrir os olhos e se afastar de Dimitri. – Talvez algumas perguntas possam ser respondidas por ela e por você. –disse sentando-se na poltrona e estendendo a mão para que Dimitri sentasse no divã.

Dimitri piscou os olhos algumas vezes tentando se acostumar com aquela situação e então se sentou sobre o móvel mantendo os olhos fixos em Rhonda enquanto ela o analisava como um médico examina um paciente. Rose assim como Yeva, observava.

- Sabe o que faremos aqui hoje Dimitri? –perguntou a mulher.

- Mais ou menos.

- Eu quero que veja uma coisa. –disse apanhando a caixa de sobre a mesinha e abrindo a mesma retirando dela um pingente pendurado em uma corrente de prata. – Sabe o que é isso?

- Um pêndulo? –Dimitri cerrou os olhos dando a resposta que parecia obvia.

- Um cristal de Ramandu. Pertenceu ao mesmo povo que deu origem a pedra que cedi a sua avó. Ambas possuem poderes distintos, mas as duas estão ligadas. O povo de Ramandu acreditava que estas joias eram capazes de guardar a alma de cada ser vivo e contar estórias sobre elas. Acredita nisso?

- Sem ofensas, mas... Eu sou médico! –ele deu um sorriso de canto de boca.

- Mas acredita em algum poder maior suponho.

- Acredito que o mundo não tenha simplesmente surgido do nada. Mas eu preciso acreditar pra que isso funcione?

- Não exatamente. Mas precisa abrir sua mente, e deixar que eu o conduza pelos caminhos que é preciso. Está disposto a fazer isso?

- Não se trata só do que eu quero, tem outra pessoa envolvida nisso, e... Ela precisa de mim. –disse ele mantendo o olhar fixo em Rhonda.

Rose sorriu intimamente de uma maneira quase emocionada ao ouvir aquela declaração vinda dos lábios de Dimitri. Rhonda teve exatamente a mesma reação, assim como Yeva que sentiu ainda mais orgulho do neto diante de tais palavras.

- Se sente pronto pra voltar no tempo? –questionou Rhonda.

- Isso pode alterar alguma coisa na minha percepção das coisas? –disse ligeiramente preocupado com sua sanidade.

- Você não vai se lembrar de nada quando acordar, por isso eu trouxe isso comigo. –disse mostrando um gravador de bolso e deixando-o sobre a mesa. – Caso você não acredite no que for dito por mim! –ela sorriu.

- Eu devo sair? –perguntou Yeva.

- Não Yeva! Apenas pedirei que fique em silencio enquanto Dimitri estiver sob o efeito da hipnose regressiva. –Rhonda encarou Dimitri e seguiu. – Eu quero que retire seus sapatos, e se deite querido. Precisa ficar relaxado o máximo que puder. Enquanto isso, conversaremos sobre Rose. –disse ela se levantando. – Comece me dizendo o que sabe sobre ela.

- Eu não sei muita coisa na verdade. –disse ele afrouxando os sapatos.

- Pergunte a ela! –Rhonda sorriu ao andar pela sala.

- O que eu devo perguntar? –ele disse olhando a garota.

- Pergunte onde ela nasceu o que gosta de fazer, coisas simples, apenas para estabelecer contato com a moça.

- Sei que ela nasceu na América... –ele respondeu olhando para Rose que concordava. – Não conhece o pai, e gosta de filmes de ação... –ele riu e ela também enquanto olhava pra ele.

- Ótimo, já é uma boa coisa! –sorriu Rhonda encarando Yeva. – Continue... Como ela é?

- Morena. –ele desviou o olhar para descrevê-la sem ficar sem jeito. – Olhos castanhos, pequena. –e ele sorriu mais uma vez.

- Como é o seu temperamento? –disse Rhonda às costas de Dimitri tocando seus ombros e fazendo com que ele se deitasse.

- Teimosa. –disse torcendo a boca.

- E?

- Tem um ótimo senso de humor...

- Como se sente quando está com ela? –disse ao se sentar na poltrona.

- Como assim? –ele ficou parcialmente nervoso e já deitado sobre o divã encarou a mulher.

- Relaxe! –avisou Rhonda sorrindo. – Feche os olhos e responda a pergunta.

Dimitri se sentiu incomodado com a pergunta. Meio contrariado, ele fez o que a mulher lhe pedia, mas descontente em ter que abrir seus sentimentos pessoais com uma desconhecida, principalmente sabendo que Rose estava na mesma sala. Mesmo assim, ele respondeu logo fechando os olhos.

- No começo foi como se tivesse alguém me vigiando era incômodo, irritante às vezes, eu diria. –isso não foi fácil para Rose ouvir.

- E depois... –Rhonda apanhou o pêndulo de sob a mesa.

- Agradável... –ele respondeu meio sem graça em um tom mais baixo.

- Sobre o que costumam conversar?

- Sobre tudo...

- Como acha que ela se sente com você?

Dimitri abriu novamente os olhos e fitou o teto, depois girou a cabeça e encarou a mulher, depois Rose, depois voltou a olhar Rhonda.

- Eu não sei isso é relevante?

- Confortável. –respondeu Rose. – Se for relevante...

Dimitri a encarou por alguns segundos enquanto ela desviava o olhar e procurava um lugar para sentar um pouco mais distante e fora do campo de visão do médico.

- Sou a única companhia que ela tem, não acho que ela tenha muita opção.

Rhonda levantou-se segurando o pêndulo em mãos e se dirigiu até o divã onde o deixou pendurado sobre o rosto de Dimitri dando as seguintes ordens:

- Quero que olhe pra isso, até sentir seus olhos pesarem. –ela moveu o objeto de maneira sutil. – Apenas ouça a minha voz, e faça o que eu disser. Não conteste, apenas faça.

- Tudo bem. –disse ele se ajeitando sobre o estofado e fixando os olhos na pedra.

- Liberte sua mente de pensamentos preocupantes, pense apenas na sua infância, ou em qualquer outra época que tenha sido feliz pra você. –a voz de Rhonda se manteve tranquila e suave o que fazia parte do processo.

Dimitri respirou profundamente e tentou se desfazer de pensamentos sobre o hospital, ou sobre qualquer dever, e focou suas lembranças felizes em uma época em que vivia naquela mesma casa com sua avó e sua mãe, assim como com sua irmã Viktória que ele não via há tempos. Enquanto seus olhos seguiam o balanço do pêndulo, e seus ouvidos permitiam que as palavras proferidas por Rhonda fossem absorvidas, ele sentiu uma sensação confortável como se seu corpo fosse embalado por um balanço e a voz daquela mulher fosse uma cantiga de ninar. Aos poucos seus olhos foram se fechando, e tudo ao redor foi desaparecendo...

[continua...]


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Notas finais do capítulo

Deveria ter acontecido um beijo ali, vocês viram? Dimitri apenas não beijou Rose nesta conversa que ocorreu na sala por que ela está intocável no momento (droga de coma)! No próximo descreverei a regressão completa de Dimitri, ficou longa por isso precisei dividir em duas partes! Beijos nos vemos assim que o cap fechar pelo menos seis coments! =)



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