Rosa Adormecida escrita por Kuroi Namida


Capítulo 16
Ligados pelo Pensamento


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que prometi a regressão pra ontem, mas... Era necessário esse capítulo! Espero que gostem, ele está mais melancólico!



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Aquela sexta-feira se tornou mais longa para Rosemarie do que ela imaginava que seria. Dimitri estava encarregado de uma cirurgia de um paciente de risco, e embora se tratasse de uma operação simples o médico precisava estar centrado e com a mente limpa. Isso foi uma das razões que levou Rose a deixá-lo cuidar de seu trabalho naquele dia sem que ela lhe tomasse tempo. Ao invés disso, Rose foi para seu apartamento onde esperava encontrar Lissa, e acabou presenciando uma conversa da mesma com o namorado Christian. Ambos estavam sentados no sofá, e Christian que geralmente costumava ser um chato com Rose, parecia consolar a melhor amiga da moça que se encontrava em uma crise de choro.

– Ela vai ficar bem Liss. –dizia Christian acariciando os cabelos da loira. – Você não disse que Janine estava garantindo que os médicos dessem total dedicação ao caso de Rose?

– Eu sei, mas sinto falta dela. –dizia a loira abraçada ao namorado. – Me sinto mal aqui sem ela. Rose dá mais vida a este lugar, com seu humor e até com o seu mau humor! –ela sorriu entre as lágrimas enquanto Rose sentava-se no braço do sofá ao lado do casal.

– Oh Lissa... –se manifestou Rose. – Não queria te ver assim amiga.

– Eu sequer pude ir vê-la. –reclamou Liss. – Com a ausência dela na loja, o meu trabalho foi redobrado e mal tenho tempo pra passar com ela.

– Rose não ia querer você enfiada naquele hospital amor. –respondia Christian tocando o rosto de Lissa e erguendo-o para si.

– Mas eu deveria ficar com ela, Rose é minha melhor amiga, quase uma irmã pra mim, sinto que deveria fazer alguma coisa.

– Que droga Lissa. –disse Rose sentindo vontade de chorar.

– Nós vamos vê-la tudo bem? A gente dá um jeito... –sorriu Chris. – Se você não puder voltar lá eu irei. Levarei flores, e direi a ela que você está com saudades.

– Faria isso por mim? –Lissa sorriu com os olhos brilhando.

– Eu faria qualquer coisa pra não te ver chorar desse jeito de novo. –ele sorriu e depositou um beijo na testa de Lissa que sorriu e se aconchegou no peito do rapaz em seguida.

– Obrigado Christian! –disse Rose.

Depois da conversa entre o casal, Rose sentiu-se um pouco melancólica e foi até seu quarto onde se deitou sobre a cama com o peito voltado para o teto e com as mãos sobre a barriga enquanto pensava em como era sua vida. Ao ver todo o carinho que provia de Christian e era destinado a Lissa naquela sala, Rose se perguntou por que Adrian teria feito o que fez com ela. Por mais que Rose parecesse não ter se importando, ou apenas ficado com raiva, seu sentimento na verdade era de desconforto, e desapontamento. Mesmo tentando bancar a durona o tempo todo, Rose era mais sensível do que demonstrava e parte disso vinha da ausência de sua mãe, assim como a de um pai. Por um momento Rosemarie desejou ser como Lissa, uma garota que estava sempre rodeada pela família, sendo paparicada pelos pais, mimada pela mãe, e adorada pelo namorado. Rose quis sentir o abraço confortável de uma mãe, algo de que ela se recordava fracamente de ter sentido há algum tempo. Desejou conhecer o pai que ela sequer havia ouvido falar todos aqueles anos, e que nunca até aquele momento havia se importado, mas que pareceu importante naquela ocasião. E quando pensou em abraçar alguém, como Lissa havia se aconchegado docemente sobre o peito de Christian naquela sala, Rose não conseguiu imaginar Adrian, mas ao fechar os olhos por um momento, Rose viu apenas os olhos escuros de seu médico Dimitri Belikov, e sentiu que precisava dele.

Quando Rose finalmente tomou coragem de abrir os olhos, ela se viu sobre um leito de um dos quartos do hospital, e ao se sentar sobre o mesmo e olhar ao redor, percebeu o que havia acontecido. Rose desceu da cama, e correu rumo ao corredor assim percorrendo cada milímetro daquele hospital a procura de Dimitri. Rosemarie invadiu cada sala, cada quarto, vagou por cada andar sem encontrar Belikov, e isso a deixou de certa forma desesperada. Então ela finalmente se lembrou das escadas dos funcionários que ficava na ala sul do St. Vladimir e se dirigiu até lá, onde encontrou Dimitri sentado de cabeça baixa, com os cotovelos escorados sobre os joelhos, em um dos degraus da segunda escada que conduzia ao quarto andar do prédio. Rose desceu até onde ele estava e parou em pé a sua frente, em seguida dobrando os joelhos e se prostrando diante dele que estava com os cabelos caindo sobre o rosto.

– Como foi a operação? –disse ela preocupada ao ver o moreno cabisbaixo.

– O senhor Glover está se recuperando. –respondeu ele sem erguer o rosto em um tom fraco.

– Você tá bem?

– Houve complicações. –ele respondeu erguendo os olhos que pareciam mais um lago escuro por conta do brilho molhado. – Eu não estava concentrado o suficiente, poderia tê-lo perdido.

– Mas ele está bem não está? Você fez um bom trabalho. –Rose tentou confortá-lo.

– Eu estava pensando em você Rose. –ele cuspiu as palavras e ela ficou sem saber o que dizer. –Durante a operação eu hesitei... –disse baixando a cabeça novamente e passando os dedos entre os cabelos.

– Eu sinto muito Dimitri, não queria ser um peso pra você.

– Por que eu me importo mais com você do que com os outros pacientes? –disse ele encarando-a.

Rose o interrogou com os olhos mantendo o silencio entre eles por alguns instantes sem saber o que dizer naquele momento, então a única coisa que veio a sua cabeça foram as palavras que ela cuspiu em seguida:

– Eu estava no meu apartamento, no meu quarto, deitada sobre minha cama. –ela baixou o rosto buscando um meio de dizer. – Eu fechei os meus olhos, e por um momento, eu... –ela o encarou novamente sentindo o peso dos olhos dele sobre ela. – Pensei em você e quando eu os abri estava no quarto no senhor Glover.

Dessa vez foi a vez de Dimitri ficar sem fala, e ele apenas manteve os olhos fixos na face da garota que o olhava com expressão profundamente abalada. O rosto do doutor parecia pesado, tenso com algumas rugas de preocupação e de confusão, mas se desfizeram depois daquelas palavras. Mesmo assim, ele não conseguiu quebrar o silencio entre o que ele desejava dizer e a sua garganta fechada por onde as palavras deveriam passar. Porém, Rose foi quem deu sequencia a conversa:

– Existem mais dois hospitais nessa cidade, mas foi pra cá que me trouxeram, e foi sob a sua responsabilidade que eu fiquei. –ela pausou e prosseguiu. – Talvez só você possa me ajudar Dimitri. Eu não sei por que, nem como, mas eu sei que eu preciso de você.

Dimitri continuou fitando os olhos de Rose sendo que tanto o rosto dele quanto o dela estavam de certa forma próximos, mesmo que não existisse uma presença física ali diante dele, Dimitri quase podia sentir da mesma forma.

– Dimitri? –Rose desviou o olhar para o topo da escada onde surgiu um dos enfermeiros.

Dimitri fez o mesmo girando a caixa do corpo na mesma direção e retirando os cabelos que estavam em sua face colocando-os atrás da orelha.

– Sydney está esperando você na sala dele. Ele quer falar com você. –disse o rapaz de uniforme branco.

– Tá, eu já vou... –respondeu o médico.

– Você tá legal? –perguntou o sujeito.

– Tá, tudo bem...

– Certo...

Após esse pequeno diálogo o enfermeiro se virou e andou até a porta que o levaria novamente para os corredores do hospital assim deixando Dimitri novamente sozinho com Rose, que se levantou naquele momento sendo seguida pelos olhos do médico que fez o mesmo movimento na sequencia ficando de pé diante dela.

– Vai lá, eu vou ficar bem. –disse ela forçando um sorriso amarelo.

Dimitri concordou e então se virou logo subindo os degraus, fazendo apenas uma pequena pausa ao final da escada para olhar para Rose, e depois se dirigiu rumo à porta logo passando por ela. Rose desfez seu sorriso, e sentou-se no lugar onde seu médico antes estava e levou as mãos à cabeça, cobrindo a testa com as mesmas enquanto fechava os olhos e tentava expelir aquele sentimento pesado de dentro dela. Rose se sentiu ainda pior por ver nos olhos de Dimitri aquele mesmo peso e sentiu-se culpada pela preocupação que pairava sobre a cabeça do mesmo.

Algum tempo após a conversa com Sydney, na qual Dimitri recebeu o restante da tarde para descanso, o médico procurou por Rose, dessa vez ficando ele sem encontrá-la em lugar algum, o que o levou até o quarto da mesma e se aproximasse do leito onde esta se encontrava desacordada. Dimitri andou até a cama, por onde deslizou seus dedos devagar por sobre o lençol que cobria o corpo da garota e se dirigiu rumo a cabeceira, parando logo ao lado do leito e fitando a moça ali deitada. O rosto de Rosemarie estava tranquilo, e seus batimentos cardíacos normais, assim como o restante dos pontos que marcavam no monitor. Os olhos de Belikov fizeram uma busca por todo o cômodo, enquanto ele aproximava sua mão direita da mão de Rose que repousava sobre o colchão e segurava-a entre seus dedos.

– Rose? –ele chamou por ela em tom baixo.

Dimitri manteve a face voltada para a cabeceira onde os travesseiros mantinham confortavelmente a cabeça de Rose. Ele apertou firmes os dedos da garota entre os seus, sentindo a pele macia da mesma que estava parcialmente fria por conta do nível do ar condicionado.

– Rose, pode ouvir?

Ao sentir que ele chamava por ela, Rose apareceu no cômodo, mas permaneceu em silencio ao ver Dimitri segurando sua mão. Ela deu um passo à frente, pronta para lhe dizer que estava ouvindo, mas sentiu algo que a fez parar e desviar o olhar para seu braço direito. Era estranho, mas era algo parecido com o calor do toque dele sobre a pele dela. Rose fechou os olhos para apreciar aquela sensação por mais um momento, enquanto Dimitri acariciava as costas de sua mão com seu polegar. Dimitri desejava tocá-la por alguma razão, desde a primeira vez que a viu deitada sobre aquela cama, ele só não entendia o motivo por se sentir tão ligado a alguém que ele sequer conhecia ou havia ouvido falar antes. Mas sabia que tal sentimento existia e ficava cada vez mais forte...

– Eu estou aqui. –disse ela depois de ter seu momento confortável.

– Podemos ir. –disse ele em tom tranquilo encarando-a, enquanto afastava suas mãos e andava até os pés da cama onde Rose se encontrava.

– Tem certeza que quer fazer isso hoje? –ela questionou.

– Eu quero entender Rose. –respondeu ao lado dela enquanto seus olhos fitavam os de Rose.

– Tudo bem.

Eles continuaram presos naquele olhar por alguns segundos antes de Dimitri voltar a olhar para ela mesma sobre aquela cama, e depois seguisse até a porta enquanto Rose fazia o mesmo, e depois se virava deixando-se para trás e seguindo o médico. Naquela tarde, eles encontrariam as respostas que procuravam e encontrariam as razões que os ligavam.

...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: EU PROMETO, que teremos a regressão do Dimitri, e aí descobriremos o que liga nosso casal! O nome do capítulo seguinte será: FORÇAS DO DESTINO! ♥ bEIJOS e até a próxima



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