A vida de Carlisle se seguiu ao lado de Bella. Ele podia dizer que realmente havia encontrado um apoio nela e que se recuperou. O que não era mentira, afinal Bella se mostrava companheira.

Do outro lado do mundo, Esme era o inverso. O Charles irritado começou a se tornar frequente. Mas piorou. Passou a ser violento. Até perder o controle quando a agressão deixou de ser indiretamente verbal e passou a ser diretamente real. Todas as noites, quando ele saia, ela chorava. Chorava porque temia quando voltasse. Ela sabia bem o que esperar. Todas as vezes, os abusos, Esme se lembrava do tempo em que se deitava para Carlisle. Ela era feliz. E isso era pior. Pior que a dor de peder, é a dor de amar e deixar para trás.

Nisso, três anos se passaram. Três anos que a vida de Esme foi um inferno. E três anos que a vida de Carlisle... Ele não tinha certeza em chamar de “vida”. Namorava Bella, gostava dela, claro, mas três anos não foram suficientes para que ele soubesse se amava ela. Ou tentava fingir que sabia. E todas as noites, quando voltava do plantão, não sentia por ter Bella em casa igual ao que sentia por ter Esme. Sem contar que Bella não ficava acordada o esperando. Mas, pelo menos ela estava lá. E por três anos Esme não esteve.

Carlisle não era exatamente noivo de Bella, mas com certeza a coisa estava ficando mais séria conforme o tempo passava. Às vezes era à noite na casa dele, às vezes no apartamento dela. E depois de tudo isso, ele ainda se pegava pensando em como a ex-mulher podia estar lá na Europa, com seu “amor”. Pena que ele nem imaginava que a situação chegasse ao ponto de, certa noite, chuvosa, Esme esperar Charles correr para os braços das prostitutas francesas e ela sair sorrateiramente na noite. Fugida, sozinha, com medo e fracassada.

PDV Edward

Estava sentado em uma das cadeiras do aeroporto, esperando. Meu coração quase pulava do peito, ela ia voltar a qualquer momento. Nem acreditei quando me ligou. Minha irmã ia voltar. Eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, nunca confiei mesmo em Charles.

Mas ainda sim, eu não podia acreditar no que ela sofreu. Esme, tão dedicada, tão doce, tão companheira, o que seria capaz de fazer para que o homem agisse daquela forma? Nada. Com certeza nada.

Carlisle passou cinco anos ao lado dela e nunca sequer pensou em humilha-la verbalmente quando mais. Ele sempre dizia que não sabia como conseguiu tanta sorte para estar casado com ela.

Mas minha irmã vacilou, é admito. Mas pagou caro. E ela é boa pessoa, merece perdão. Só não sei como ela agirá quando souber de Carlisle e Bella. Pode ser que ela volte pensando em nunca mais tocar nele. Mas eu conheço-a. Aposto que assim que o vir, vai sentir.

Pena que por Carlisle não posso garantir nada. Ele poderia até pensar, mas agora tem namorada. Muda tudo. Namorada muito legal, por assim dizer. É realmente boa gente. Somos tão bons amigos quanto eu e Carlisle, conversamos bastante. As vezes eu até imagino, se ela não namorasse meu ex-cunhado-melhor-amigo, o que poderia rolar entre nós. Será que eu teria chance?

Mas não, não. O Carlisle é um cara e um amigo o qual eu não poderia decepcionar. Fico até feliz pela separação não ter afetado nossa amizade também.

A garota avisou no microfone que um dos voos acabara de desembarcar. Me levantei, não tinha certeza que era o de Esme, mas não importava, eu iria ficar ali para receber minha irmã.

Os passageiros saíram e entravam no aeroporto sendo recebidos pelos amigos, parentes. No meio deles, eu vi as mechas caramelos balançando de um lado para outro, procurando algo, como uma criança. Ela me viu e no seu rosto, vi que havia chorado. Ela veio correndo para mim. Estava de calça preta, uma blusa florida tão delicada quanto, e uma jaqueta jeans. Abri os braços e a recebi com um abraço de urso.

- Edward... Pequeno... – ela falava emocionada.

- Senti falta da sua voz. – falei e a apertei. – senti sua falta, lerdinha.

- Ah como eu queria te ouvir me chamar assim. – e as lágrimas explodiram.

- Continua chorona. – falei, embora meus olhos também transbordassem.

PDV Bella

Eu estava na casa do Carlisle. Ele desceu e veio se sentar ao meu lado no sofá.

- É hoje que ela volta? – perguntei.

- É. – ele respondeu, preocupado.

- Quando a vir, acha que sei lá, talvez ela possa despertar algum velho sentimento em você? – ele riu e pegou minhas pernas para colocar em seu colo.

- Não... Esme me magoou muito. Não sei se consigo mais pensar nela dessa forma.

- Era isso que pensava na primeira vez que nos reencontramos.

- Mas você não me traiu e não foi embora com seu amante.

- E nunca vou trair. – sorri e tirei as pernas do seu colo, o puxei e deitei a cabeça dele no meu colo. – te amo.

- Eu também. Eu não queria revê-la.

- Logo isso vai acontecer, mas é só ser o mesmo Carlisle que sempre foi, e tudo se sairá bem.

- Espero que sim.

PDV Esme

Chegamos a casa de Edward agora minha casa também. O apartamento era bem arrumado, cabia confortavelmente nós dois. Me joguei na poltrona, nem podia acreditar que estava livre daquela vida. Eu estava segura.

- O Carlisle está vindo. – Edward falou se sentando no sofá a minha frente.

- O que?!

- Você vai ter que vê-lo. E por que está tão preocupada? Foi ele o traído, não você.   

- É justamente por isso, Ed. Como vou encara-lo?

- Com esse rosto lindo, como sempre. Seja a antiga Esme.

- A antiga Esme?

- É melhor subir, tomar um banho, relaxar que quando ele chegar te chamo. – assenti.

Subi para o quarto. Era muito arrumado e com certeza feito para mim. Uma das paredes, justamente a da cabeceira, era rosa salmão. A cama era muito gostosa e tinha madeira branca. Havia uma escrivania colocada na parede, era feita de madeira marrom um pouco avermelhado. Uma cadeira reclinável de couro branca estava encaixa a ela.

Desfiz a mala. Liguei o chuveiro no quente e tomei meu primeiro banho relaxante. Coloquei um short jeans e uma blusa quadricula vermelha e preta de botão aberta, com uma blusa preta por dentro. Prendi o cabelo num rabo de cavalo. Me deitei na cama e acabei por cochilar, sem nem lembrar que Carlisle chegaria a qualquer hora.

(...)

- Esme, Esme. – Ed me balançava.

- Edward, por favor.

- Carlisle chegou.

- Não pode pedir para ele subir?

- Não. Ele já está aqui. – me sentei num pulo e ele realmente estava ali.

Parado, um pouco perdido. Ainda sim, era tão bonito quanto da ultima vez que o vi. Por que o tempo passa mais devagar com os homens?

- O que é isso? São robôs? Não tem sentimentos? – reclamou Edward. – quero ver um abraço. E nem falem nada.

Me levantei envergonhada parei na frente dele e ficamos um pouco constrangidos até que finalmente os braços dele estavam a minha volta. De leve, mas ainda sim, eram os braços dele. Quando nos afastamos meu irmão falou:

- Precisam conversar. – e saiu.

Não consigo descrever o que me deu, mas quando a porta fechou, eu desabei em lágrimas.

- Esme? Tudo bem? – Carlisle perguntou. Me sentei na cama e ele arrastou a cadeira para frente da cama.

- Tudo. Eu só não sei... Ed lhe contou?

- Contou. Deve ter sido difícil.

- Muito. E você ainda me odeia?

- Não. Acho até que podemos virar amigos.

- Claro! – admito que fiquei mais animada em termos paz. – mas e você?

- Estou bem. Estou namorando. – ele disse rápido, mas disse.

- Ah... Que bom... – foi tudo o que minha voz conseguiu reproduzir.