Carlisle

Precisei subir com Esme, apenas para ter certeza de que ela estaria bem. Chegamos ao seu apartamento calados.

— Quer uma água? — perguntou ela, fechando a porta. Eu deveria ter pedido para ir embora, mas apenas respondi:

— Não. — ela assentiu.

Não sabíamos bem como agir, então ela me chamou no sofá, me sentei ao seu lado sem jeito. Fiquei observando-a e percebi que Esme ainda tinha um ar gracioso, mesmo em horas tristes. Ela levantou os olhos extremamente verdes para mim e não consegui desviar deles.

— E se ele não resistir?

— Vou cuidar bem dele. — garanti.

— Se dependesse só de você...

— Se você só pensar em coisas ruins, isso nunca pode melhorar, sabia?

— Desculpe... Com essa minha vida não dá para não pensar em coisas ruins. — não pude dizer nada. Não havia nada que eu pudesse dizê-la para confortá-la e se tivesse, eu preferia ficar quieto.

— É melhor eu ir... — falei por fim, me levantando.

— Carlisle... — ela começou e me virei, vendo-a se desequilibrar. Segurei-a involuntariamente. Não falamos mais nada.

Estávamos tão próximos e por um momento tão absortos, que nem respiramos antes de nos beijar. Passei meus braços em volta de seu corpo e ela segurou meu rosto. Eu sentia seu corpo em meus braços e era uma sensação boa, pura.

Ela me puxou de volta ao sofá e quando caímos nele, Esme passou a beijar meu pescoço. Isso me deixou excitado e fez-me sentir desejado. Não pensava em nada quando segurei sua blusa e comecei a subi-la, não a tirei.

Esme e eu separamos nossos lábios, voltando a realidade de uma forma um pouco brusca. Apesar de saber que eu estava agindo errado, eu só conseguia lembrar do quanto foi bom.

— Eu... Desculpe. — ela se levantou e colocou as mãos na cabeça. — eu nunca vou fazer nada certo?

— Você já fez muita coisa certa. — me levantei e fui até ela. — existir foi uma delas. — eu ainda me sentia absorto pelo seu cheiro e seu corpo e nem me dei conta de que estava muito perto dela.

— Ca-Carlisle... — ela gaguejou imóvel. — achei que não queria ficar perto de mim. — sua respiração já batia em meu rosto.

— Eu também não. — falei baixo, estávamos perto de qualquer jeito.

Dessa vez não houve beijo. Ficamos apenas parados, ouvindo a respiração um do outro.

— Precisamos nos resolver, sabe... — sussurrei. — Bella vai terminar comigo e me dá uns tapas depois que eu contar o que aconteceu, Rosalie vai ficar ainda mais irada...

— Não. Não termine com a Bella. — ela deu um passo para trás. — não sacrifique sua vida. Vai doer para mim, mas... Se o melhor para você é distância de mim... Eu o farei. — sua forma de falar deixava ver que estava na verdade, pensando alto. — por quê justamente por te amar, quero o seu melhor. E o melhor para você é que eu me afaste. — ela foi até a porta. Segui-a, surpreso por como ela reagiu.

Isso conseguiu me atingir. Não era só o fato de Esme sacrificar suas vontades por mim. Era também o fato de que, eu não gostei da ideia dela se afastar. Eu sabia que era verdade, Esme era assim.

Ela se afastaria, mesmo que isso a fizesse chorar todas as noites. E tudo isso porque eu não a quero. Mas... E se eu quisesse? E se eu nunca mais conseguisse esquecer aquele beijo?

(…)

— Não vai dar. — Bella falou se levantando do sofá. — você não está no clima.

— Edward está em coma... Assim é difícil estar no clima. — retruquei.

Era sempre difícil minha relação com Bella quando parávamos nesse assunto. Três anos. Eram três anos sem sexo. Não que eu realmente me importava a essa altura, mas era difícil namorar alguém por um bom tempo e nunca tocar nesse assunto.

— E... Bella, precisamos conversar.

— Eu só preciso de tempo... — ela se sentou novamente.

— Não é isso. É algo um pouco mais sério. Somos nós.

— O que aconteceu?

— Está acontecendo Bella. Você sabe. Não está mais dando certo...

— Como assim? Só se não estiver dando certo para você. Porque até agora não vi problemas!

— Isso é o problema. Não temos problema. — ela uniu as sobrancelhas. — nosso namoro é parado. Não dormimos juntos, não conversamos sobre nós dois, nem sequer brigamos! Isso não é um namoro. — Bella apenas fez cara de choro, como uma criança. — não... Não chore... Eu não quero te magoar...

— Mais alguma coisa? — ela olhava para as próprias mãos.

— Sim. — olhei para baixo. — eu e a Esme nos beijamos.

— Não acredito! — ela explodiu. — foram quantas vezes?!

— Duas. — murmurei ainda olhando para baixo.

— Duas?! Você ainda teve coragem de me olhar depois disso... — levantei meu olhar discretamente. Bella estava vermelha de raiva. — você é ingrato! Eu doei três anos da minha vida tentando te fazer feliz, tentando fazer você esquecer a Esme e você resolve beijá-la?! Por quê? Foi a falta de sexo? É porque eu não te larguei também? — meus ouvidos doeram. — e a Esme! Aquela p...

— Chega! — cortei irritado também. — eu errei sim, mas você sabe que nosso namoro só fez se desgastar!

— Claro que se desgastou! Você nunca me amou como eu amava você!

— E você me amava tanto assim? Eu era só uma fantasia, Bella!

Ela assentiu negativamente e se levantou, pegando minha chave na mesa de centro. Deixou a porta aberta e foi para o carro correndo.

Tentei alcançá-la, mas quando cheguei à porta, ela já tinha acelerado com o carro.

Eu realmente queria que tudo tivesse acontecido de uma forma diferente.