Anteriormente...

Deito agarrada no ursinho sorrindo, pois até agora não acredito que nos beijamos. Mais meu sorriso some, quando me dou por conta, ele beijou uma garota qualquer, ele não viu me rosto, não fui eu quem ele beijou. Mais estou tão feliz, que mando esses pensamentos ruins para bem longe, não quero pensar nisso agora. Me acomodo novamente na cama, e sei exatamente com quem vou sonhar essa noite.

[...]

Domingo acordo com uma mensagem do Lipe.

Você nos abandonou e estamos todos tristes. Nem deve saber da morte do Drew, então se não aparecer hoje, considere-se fora do grupo.

Senti meus olhos ficarem marejados. Não acredito, o Drew não. Vesti uma calça qualquer, coloquei uma regata, e sapatilha, nem penteei meu cabelo, prendi em uma colinha mesmo, e fui no banheiro. Desci para a cozinha, peguei uma maçã, e fui saindo na porta.

-A onde você está indo mocinha?- pergunta minha mãe. Droga nem sei o que dizer.

-Vou er...-penso –Preciso resolver uma coisas com o Fred- falo tentando parecer casual, pois foi a primeira coisa que me passou pela cabeça.

-Então tá, mais...- ela estava concordando comigo, quando escutamos uma batida na porta.

-Eu abro- me prontifico. Abro e dou de cara com nada menos do que o dito cujo.

-Oi- fala ele. Estou me sentindo muito nervosa, é a primeira vez que vejo ele depois do nosso beijo, fico sem jeito, e ele apenas me observa.

-Oi- falo tentando que a minha voz não me acuse.

-Queria saber se está livre para pintarmos a caminhonete hoje?- pergunta.

-Na verdade hoje não posso- falo, e me lembro que minha mãe está logo atrás da porta, ouvindo tudo- Não acredito que já esqueceu o que tínhamos combinado para hoje!- falo, e lhe lanço um olhar pidão para que me ajudasse.

-Ãh, é tens razão, vamos indo?- fala, e nisso minha mãe resolve dar as caras- Oi tia Marcela.

-Oi Frederico, bom não quero incomodar vocês, só não voltem muito tarde- fala ela.

-Tá bem mãe, voltamos cedo.

Saímos para a rua, estou comendo minha maçã em silêncio, sinto que agora não vou conseguir segurar as lágrimas, então, algumas escorrem livremente pelo meu rosto. Baixo a cabeça na esperança que ele não repare, mais está me olhando com se não entendesse nada.

-O que está acontecendo?-pergunta. Continuo de cabeça baixa.

-Nada- falo, mais ele percebe algo de diferente na minha voz, então para do nada, se vira para mim e levanta meu queixo para poder olhar meu rosto.

-É  só olhar pro seu rosto para saber que alguma coisa está acontecendo! Porque está chorando?- pergunta, e parece preocupado comigo.

-Er...Eu preciso ir- falo me afastando dele. Não posso contar pra onde estou indo, isso tudo era para ser um segredo, desde o começo, nem minha mãe sabe. Mais parece que ele não vai deixar por isso mesmo.

-Aonde vai?-pergunta, já me seguindo.

-Não posso dizer, não é nada de mais...

-Vou com você então!- fala.

-Não- falo e me viro para ele- Você não vai!

-Vou sim- fala com autoridade.

-Não posso te levar lá- falo.

-Porque não pode?- pergunta com curiosidade.

-É que só poucas pessoas sabem- falo.

-Então serei uma dessas poucas pessoas!- fala.

-Aff, você não desiste mesmo!

-Não - fala.

-Tá bem, acho que vou precisar de uma carona para chegar mesmo- falo.

Subimos na caminhonete, ele liga o som do carro, e está tocando casualmente a música que dançamos ontem, quando nos beijamos. Quase tenho um troço, começo a suar, e sinto que fico corada. Olho para ele, que está com o braço apoiado na janela, completamente distraído. Será que ele acha que sou eu? Penso, não pode, é só um acaso, não tem como ele saber né? Ou tem? Me perco em pensamentos.

-Já se sente melhor de ontem?- perguntou. Gelei. O quê???Agora o que eu falo.

-Ãh?- foi a única coisa que saiu da minha boca. Ele rio.

-Encontrei a tia Marcela ontem na festa, e ela me disse que tinha te trazido pra casa- falou.

-Ah é, já estou melhor sim- falei.

-Que bom!- fala.

-É- falo. É, não acredito que disse isso, ai Deus não devo estra no meu juízo perfeito.

Continuamos o resto do caminho em silêncio. Não demora muito e chegamos, em frente a uma casa velha, tá bem, tá mais pra caindo os pedaços, do que velha. Desço do carro, e me viro para agradecer pela carona, mais quase acabo esbarrando nele, que já desceu, e está do meu lado agora.

-Onde pensa que vai?- pergunto, tudo bem, sei que saiu um pouco rude, mais ele é muito enxerido às vezes.

-Ué, vou com você, ou pensa que te largarei aqui sozinha para ir embora? Não mesmo!- fala. E eu bufo.

-Adianta tentar te convencer a ir?- pergunto, no fundo já sabendo a resposta, mais não custa nada tentar.

-Nem se canse- ele fala.

-Era o que eu pensava- falo dando de ombros- Bom então vamos indo.

Com isso, vamos em direção da casa. A caminhonete dele teve que ficar um pouco afastada, pois a vegetação, quase toma conta do lugar, além de bloquear a visão da casa, de quem passa pela estrada, uma ótima característica para o que precisamos, pois queremos que ela fique “escondida”.

Fred me olha assustado com os barulhos que escuta mais a frente. Apenas lhe lanço um olhar de “ não há com o que se preocupar”, então chegamos até a porta. Pego meu celular e escrevo uma mensagem.

Estou aqui, abra a porta!

-O que está fazendo?- ele pergunta.

-Avisando ao Lipe que estou aqui- falo. Ele enruga a testa.

-Ah então vou conhecer o famoso “Lipe”?- ele fala, fazendo aspas com as mãos.

-Sim, vai conhece-lo- falo, e nesse momento escutasse latidos.

-Tem cachorros aí?- ele me pergunta curioso.

-Não só cachorros- falo- Tem também...- sou interrompida pelo barulho da porta abrindo. Sabe aquele barulho que as portas de filmes de terror fazem? Pois é, essa faz igual.

-Achei que não vinha mais- fala para mim, só então olha para o lado e vê o Fred- Quem é esse?- pergunta para mim.

-Ah é o Fred- falo. Nisso Fred chega próximo da porta.

-Então esse é o famoso Lipe?