–Granger?-Hermione ouvira uma voz rouca e arrastada chamar por seu nome. Mas estava fraca demais para abrir os olhos, ou emitir qualquer palavra. Era como se um peso forçasse seu corpo para baixo impedindo a garota de se mover. - Granger, fala comigo! - a voz parecia mais estridente e presente agora, de modo que Hermione não conseguia não se se sentir atraída por ela. A garota então se sentiu sugada, como se não conseguisse respirar, e começou a sentir uma forte pressão em seu tórax, que a forçava a reagir.

Seu nome era chamado com mais ferocidade, e então como se algo a induzisse, Hermione se obrigou com todas suas forças a abrir os olhos.

A pressão em seu tórax diminuiu e então a garota regurgitou litros de água, reagindo finalmente. O oxigênio invadiu seus pulmões finalmente, os fazendo arder como se invés de ar, chamas ardentes adentrassem a garota.

–Calma, respira devagar, Hermione!-A garota ouviu a mesma voz rouca e arrastada dizer, ao mesmo que sentia ser envolvida por braços fortes, sentindo-se momentaneamente mais segura. Com o tempo, sua respiração voltou ao normal, mas Hermione ainda tremia da cabeça aos pés, pois estava ensopada, e estava sentada no chão frio da margem do lago negro. Então olhara para cima, com o intuito de finalmente olhar nos olhos da pessoa que a envolvia tão protetoramente. Embora Hermione já soubesse muito bem, precisava ter certeza que não estava delirando.

Ao encontrar seus olhos cinzentos, seus palpites se confirmaram. Draco Malfoy a olhava de forma... preocupada?

–Você está melhor?-Malfoy dissera afagando o braço esquerdo de Hermione,fazendo ondas elétricas subirem pelo corpo da garota, a deixando ligeiramente mais aquecida

Não conseguiu pronunciar nada, então apenas assentiu positivamente.

–Òtimo. Venha, vamos para o castelo, você precisa se aquecer. - Draco a puxara para cima, sem tirar seus braços uma única vez, dos ombros de Hermione. A garota, no entanto, franziu a testa e parou em um solavanco.

–Onde estão as crianças?- A garota perguntou preocupada olhando em volta, buscando-as freneticamente com os olhos. Malfoy revirou os olhos. " Granger e seus momentos de recaída altruísta. Fala sério, acabou de cair em um lago e quase morreu afogada, e ainda fica preocupada com aqueles anões irritantes? Granger, Granger... Sempre se preocupando primeiramente com as pessoas para depois se preocupar com ela mesma. Nunca aprende.." Malfoy sorriu, enquanto pensava. Imobilizou o rosto de Hermione com as mãos, fazendo-a olhá-la em seus olhos. A garota não sabia o porque, mas todas as vezes que olhava naqueles olhos, suas pernas ficava ligeiramente bambas.

–Relaxa. -Malfoy disse calmamente, o que fez Hermione franzir a testa. - Já estão seguras e aquecidas lá dentro do castelo, na cerimônia de seleção das casas. O esquisitão da cabana da floresta veio buscá-los á alguns minutos. E foi chamar Madame Pomfrey para vir lhe buscar.

Hermione encarava o lago enquanto tinha os olhos de Draco esquadrinhando seu rosto meticulosamente. Queria poder invadir a cabeça da garota para saber o que se passava em seus pensamentos naquele momento.

–Já passou Granger. - Malfoy disse puxando-a para mais perto enquanto ela enterrava seu rosto no arco do pescoço de Draco, fazendo o garoto se arrepiar. - Feche seus olhos.

Hermione obedeceu e se permitiu relaxar sentindo o perfume de Draco invadir suas narinas. Mas depois de alguns minutos, sentiu o braço de Draco deixar seu corpo, fazendo-a se sentir ligeiramente fraca.

–Ela está aqui. - Ouviu Draco dizer a alguém. Madame Pomfrey se aproximava de Hermione acompanhada de Hagrid.

–Srta. Granger! Olhe para você, está toda encharcada! Venha comigo, precisa se secar imediatamente se não quiser pegar um resfriado!

Hermione caminhou em sua direção um pouco cambaleante e trê- mula, então sentiu a onda de calor voltar ao seu corpo, o que se significava, sabia a garota, que Draco havia voltado a envolvê-la. Estava encharcado também, mas quando Hermione sentia Malfoy colar seu corpo no dela, por algum motivo, seu corpo recebia eletrizantes ondas, que a garota não podia negar, estava gostando.

–Olá, Hermione. - Hagrid dissera sorrindo, embora não encarasse Hermione diretamente. Seus olhos estavam voltados para as mãos que envolviam Hermione, e franzia as enormes sobrancelhas um pouco confuso. Draco Malfoy amparando Hermione Granger? Não era algo que se visse todos os dias.

–Olá, Hagrid. - A garota disse trêmula, de forma que a frase saiu algo confuso como "Oá, Agri."

Ao chegarem ao Saguão do castelo, Hermione passou dos braços de Draco Malfoy, para os de Madame Pomfrey.

–Venha, querida. Vamos até a ala hospitalar, você precisa urgentemente de uma boa poção energizante. Obrigada por nos acompanhar até o castelo, Rúbeo. - Madame Pomfrey diz. Draco olhava Hermione franzindo a testa levemente, com a mão nos bolsos ensopados.

–Foi um prazer, Papoula. Até mais, Hermione. Melhoras. - Hagrid disse, e Hermione sorriu e assentiu em forma de agradecimento. À Malfoy, Hagrid deu um breve aceno de cabeça sem encará-lo diretamente nos olhos.

–Sr.Malfoy, acho melhor o senhor nos acompanhar também.

Draco nega á enfermeira com a cabeça.

–Eu estou bem, só preciso me secar e tomar um banho quente. Cuide dela e é o suficiente.

Malfoy dissera a última frase um tanto autoritário como se fosse uma ordem expressa. Dando um olhar significativo á Hermione, Draco sobe as escadas de mármore, pois o banquete do Grande Salão já havia terminado, e nesse momento, todos os estudantes já estavam em suas respectivas salas comunais.

As palavras de Draco ficaram rebatendo incansavelmente nas paredes do cérebro de Hermione, até que chegasse finalmente a ala hospitalar de Hogwarts.

–Só um segundinho, Srta, Granger, já vou lhe trazer a poção. Hermione assentiu sendo deixada sozinha na grande sala circular repleta de macas encostadas nas paredes, iluminadas por candelabros.

Queria muito agradecer á Draco por tê-la tirado daquele lago, mas também lutava com seu orgulho para realizar o mesmo ato. Queria confrontá-lo por agir tão gentilmente com ela, depois de tantos anos de insultos e conflitos.

Era quase como uma regra da natureza. Draco Malfoy deveria odiar Hermione Granger, assim como Hermione Granger, deveria odiar com todas suas forças, Draco Malfoy. E naquele momento, Hermione sentia-se traindo as regras impostas pela natureza.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Madame Pomfrey se aproximou dela com uma bebida em suas mãos. Era fumegante e esverdeada e decididamente, nada atrativa, nem aos olhos, e muito menos ao paladar, pensara Hermione.

Madame Pomfrey vendo a cara de desgosto que Hermione encarava o vidro de poção, tivera que insistir que a garota a tomasse.

–Tome rapidamente, assim termina mais rápido. -ela recomendou.

Hermione suspirou e olhou de novo para dentro do vidro. A poção parecia mais lama misturado com musgo. Prendeu a respiração e fechou os olhos como se fosse mergulhar dentro do vidrinho, e bebeu tudo de uma vez como recomendara Madame Pomfrey.

–Isso mesmo. Agora deite-se, é melhor você passar uma noite na enfermaria, em observação, caso tenha febre.

Com um feitiço, Madame Pomfrey, sugou toda a água das roupas e cabelos da garota, e colocou quatro grossos cobertores sobre a cama dela. - Pela manhã a senhorita já poderá deixar a ala hospitalar, apenas descanse essa noite. Tenha uma boa noite, Srta. Granger.

Madame Pomfrey, apagou todas as velas do lugar com um aceno de varinha. Hermione obedeceu e se deitou sobre a cama, puxando as cobertas até seu pescoço, enquanto a velha enfermeira da escola, se afastava. Adormecera depois de algum tempo observando os campos de Hogwarts pela vidraça longa, seus ossos já não doíam, e Hermione Granger já não tremia mais. Agora sonhava docemente com um lago congelado, em que Hermione afundava rapidamente em direção a densa escuridão.

Mas não se lembrava de ter se assustado, pelo contrário, estava mais do que calma. Pois sabia que havia sempre um garoto louro de olhos cinzentos para salvá-la da escuridão.