Harry, Rony e Hermione esperavam o expresso de Hogwarts, na plataforma nove e meia. Harry e Hermione riam-se discretamente entre si, observando Sra. Weasley dar vários beijos em Rony.

– Não se esqueça de seus sanduíches, Rony, querido. - Rony já estava da cor de seus cabelos.

– Sim mamãe - Dizia Rony carrancudo. Fred e Jorge quase rolavam de rir. Rony lhes lança um olhar mortal.

– È, não esqueça seus sanduíches, Roniquinho. Fred tentava dizer entre os risos. Rony odiava esse apelido.

– Não esqueça também de seu casaquinho, Rony, querido.- Jorge imitava a voz da mãe, enquanto atirava o casaco que Rony tinha esquecido no carro do Sr. Weasley.

– Eu não entendo por que mamãe ainda me trata assim. - Rony falava de cara amarrada, enquanto colocava sua bagagem no bagageiro acima da cabeça de Harry. - Já estou indo para o sexto ano, e ela ainda me trata como criança!

Harry riu.

– Quando você para de agir como uma talvez ela te trate diferente, ué!- Rony dá uma mochilada no amigo, fazendo Hermione revirar os olhos, se concentrando no livro de Aritmancia que estava pousado em seu colo.

– Mione, as aulas nem começaram direito e você já está com a cara enfiada nos livros! -Harry disse.

– Só estou tentando me distrair, afinal, livros não servem apenas para estudar, este aqui, por exemplo, é muito interessante.

Harry e Rony se entreolharam. Duvidavam que um livro de Aritmancia se encaixe no termo de "interessante." Hermione suspira impaciente para continuar sua leitura, mas a porta da cabine se escacara de repente, revelando ninguém mais que Draco Malfoy.

"Será que não é possível ter um pouco de paz, e ler um pouco?". pensou a garota.

O garoto estava apoiado na porta, com expressões arrogantes, olhando de modo estranho para Hermione. Ele apontava seus olhos cinzentos na direção da castanha, de modo tão íntimo, que a garota tivera de desviar os olhos para o carpete vermelho da cabine, que agora tinham o mesmo tom das bochechas dela.

– Oque quer aqui, Malfoy?- Harry dizia rispidamente para Draco, que nem se dera ao trabalho de encará-lo.

– Não vim aqui por você, Cicatriz. Vim por ela.- Draco aponta para Hermione com a cabeça. A cabine parecia ligeiramente mais fria naquele momento. O que Draco Malfoy estaria querendo com Hermione Granger?

– Não me olhe desse jeito, Granger. Só me dei ao trabalho de vir até aqui, pois McGonagall ordenou que os monitores-chefes estivessem na cabine principal.

– Tudo bem, já estou indo.- Draco se vira dando um último olhar venenoso á Harry e Rony, e some.

– Mione, você reparou que o Malfoy estava usando o mesmo broche de monitor-chefe que você está usando?- Hermione congela. Havia esquecido de que não fora avisada de quem dividiria o cargo com ela. Não estava acreditando que teria de conviver com Malfoy até o final do ano. Aos olhos da garota isso parecia um pesadelo.

–Ah não, droga! Eu não acredito que vou ter que conviver com aquela doninha irritante, o ano inteiro.- Hermione choramingava enquanto retirava sua bagagem de cima do bagageiro.

– Veja pelo lado bom, Mione. -Rony dizia divertido, e Hermione o olhava incrédula tentando imaginar algo bom nessa história. - Você ter a chance de matar o doninha durante o sono.

– Muito engraçado, Rony. Realmente muito engraçado. Vejo vocês depois. - dizendo isso Hermione sai, e encontra Malfoy parado no meio do corredor á sua espera.

– Mais que demora Granger. - Malfoy a conduz á uma cabine maoir e mais confortável do que as do resto do trem.

Lá estava a Professora McGonagall, sentada na poltrona á espera dos dois.

– Srta.Granger, Sr.Malfoy, sentem-se, por favor. - Os dois se sentam á frente da professora.

– Lhes chamei aqui para passar o cronograma de tarefas. Quando chegarmos ao castelo, irei explicar detalhadamente as outras tarefas. Por enquanto, quero que passem todas as senhas da semana para os monitores das casas. E... ah! quero que levem os alunos do primeiro ano, de barco até os portões de Hogwarts.

–Barco? Levar os primeiranistas de barco?! Mas porque? Esta tarefa é de Hagrid! - Hermione pulou na poltrona ao lado, e Draco observou a reação da garota confuso. Porque a sabe-tudo não queria realizar a tarefa?

–Hagrid está com problemas pessoais, e não pôde levá-los está noite. Algum problema com isso Srta. Granger?- McGonagall perguntou á garota que baixou os olhos vendo que não havia escolha.

–Não, professora. - Hermione falava baixinho.

– Òtimo. Agora se me dão licença. A professora deixa a cabine, e Hermione ainda tinha o pavor estampado em seu rosto. Draco a olhava divertido.

– Porque está me olhando dessa forma, Malfoy? - Hermione encara Malfoy franzindo as sobrancelhas.

– Não estou lhe olhando de maneira nenhuma alguma, Granger. - Malfoy franzia a testa também.

–Que seja.- Hermione disse, apoiando sua cabeça em seu antebraço, e observando as montanhas irregulares do lado de fora da janela.

A garota adormeceu rapidamente, e Draco a olhava de hipnotizado.

Nunca havia visto Hermione Granger tão linda, Tinha feições angelicais enquanto dormia. Draco sorriu sem perceber.

Pigarreou fortemente tentando afastar o pensamento que o dominava.

" O que está acontecendo com você, Draco? Granger, a sabe-tudo, amiga do Potter e do Weasley, a sangue-ruim mais irritante que já conheceu. Mas até que ela era bonitinha..."

Malfoy pensava estar ficando louco. Havia dias que não parava de pensar na garota, desde seu encontro com ela na Travessa do Tranco, o garoto não conseguia para de pensar na maneira como a jogara contra a parede, e de como havia gostado de dominá-la daquela forma. Senti-la ofegante, seu perfume o deixando embriagado, seu olhar, sua pele macia, seus lábios...

Tudo isso deixava Draco maluco. Tentava afastar Hermione de seus pensamentos mas simplesmente não conseguia. A garota se prendia á sua cabeça como visgo-do-diabo. Hermione se sentia da mesma forma.

Não podia deixar de pensar no que vira naquele dia, e como se sentia tendo Draco tão próximo á ela. Seu corpo parecia ter congelado, e sua respiração estava quente, uma sensação forte tomava conta dela.

Já estavam quase chegando á estação de Hogwarts, e Hermione continuava a dormir.

" Ah, droga, não acredito que vou ter que acordar essa sangue-ruim dorminhoca... está tão linda dormindo seria uma pena acordá-la..."

–Acorda, Granger.- Draco chacoalha a garota tão bruscamente que a mesma acorda assustada.

–O que voce pensa que está fazendo sua doninha arrogante?! - a garota esbraveja.

– Me desculpe por fazer um favor á voce sangue-ruim!- Draco gritava fazendo com que a garota se encolhesse. - Se não fosse por mim,você estaria voltando para Londres nesse exato momento. Como sou burro, devia ter te deixado aí assim não teria que aguentar a sabe-tudo até o final do ano!

A garota o atropela saindo da cabine rapidamente. Por mais que adorasse irritar Hermione, se sentiu estranhamente perturbado por tê-la tratado mal.

Hermione estava revoltada. Atropelava qualquer um que se atrevesse a atrapalhar seu caminho.

Odiava Malfoy, isso ela tinha certeza. Mas não podia negar que gostou da maneira que ele a dominou, de como ele a prensava contra a parede, de como seus lábios estavam a centímetros dos dela, seus músculos fortes comprimindo-a, e seus longos braços segurando seus pulsos contra a parede, imobilizando-a. Hermione estava parada no meio da estação, várias pessoas passavam por ela, e através dela, Nick-Quase-Sem Cabeça atravessara a garota lhe deixando com a incômoda sensação de terem lhe jogado um balde de água fria.

Ela começou a corar. Estava tendo pensamentos indecentes sobre a pessoa que mais odiava no mundo. Ou pelo menos pensava que odiava...

– E aí, Granger, tá pronta? - Hermione se sobressalta. Mafloy estava ao seu lado, e ela imaginava se ele podia ouvir seus pensamentos.

A garota parecia ter criado raízes no chão. Malfoy rira.

–Venha, medrosa. - disse Draco conduzindo Hermione, com a mão empurrando-lhe pelas costas, pois a garota tentava contornar e dar meia-volta a todo momento.

Os dois chegaram perto de um pequeno grupo de alunos baixinhos. Pareciam anciosos para embarcar logo nos barcos, enquanto soltavam os nós que os prendiam na margem do lago negro. Hermione olhava apreensiva para o outro lado da margem do rio. Parecia um percurso infinito.

– Quero que formem duplas e entrem nos barcos. - disse Draco em seu habitual tom autoritário.

– Duplas de dois?- perguntara um aluno que lembrava um pouco Neville no primeiro ano.

–Não me venha com perguntas idiotas, seu asno. Todos já estão presentes?- Draco rapidamente contara as vinte cabeças. - Òtimo, Granger só falta você. - Draco a olhava. Parecia uma criança recusando-se a comer legumes.- Entra logo!- Draco esticava a mão para que a garota subisse no barco.- Ah cansei, não quer ir por bem, vai por mal.

Hermione não entendera. Mas arregalou os olhos quando Draco a carregou nos ombros forçando a garota a entrar no barco. Vários alunos riam observando a cena.

–Malfoy, me solta! Eu estou falando sério! Vai se arrepender disso, sua doninha quicante! - A garota parecia prestes a chorar, por esse motivo, Draco ignorou a ofensa.

–Pronto. - Disse um Malfoy cansado de lutar com uma Granger que agora chorava. - Ah, fala sério. Não foi tão ruim assim foi? - depois de ver o olhar mortal que a castanha lhe lançou, Draco riu. Hermione franziu o cenho.

–Está rindo do que?- disse de braços cruzados.

–Porque tem tanto medo de ficar a sós em minha companhia, Granger?- Malfoy perguntou realmente interessado em saber.

– Não é você, é... a água.

–A água? Você tem medo de água? - Draco perguntava.

– Quando eu era mais nova, eu caí dentro de um lago congelado. E... foi horrível. Parecia mil facas perfurando meu corpo. Desde então, não entro em lagos, cachoeiras rios, o que quer que seja. - Hermione dizia mantendo uma distância segura da água.

Draco sorriu para ela, e revirou os olhos. Não acreditava no que iria dizer naquele momento,

– Se quiser pode segurar minha mão. - O louro pensou que Hermione não iria aceitar, mas sem pensar duas vezes agarrou a mão do garoto que percebeu que Hermione estava tremendo. Os dois se olharam diretamente nos olhos. Depois baixaram seus olhos para o lago, observando o reflexo da lua na água.

Depois de alguns minutos, Hermione havia desistido de esmagar a mão de Draco. Observava agora mais calma, os barcos se aproximarem da margem.

–Viu, você sobreviveu.- Draco brincava com a garota. Os outros barcos já estavam na margem a espera dos monitores.

– È, pode ser.- Hermione diz levantando enquanto o barco ainda estava em movimento. Mas sua saia se prende e a garota cai para trás. - Ahhhh!

– Hermione! - Draco nem percebeu que havia chamado a garota pelo primeiro nome, só estava desesperado em pular na água- que a propósito estava congelando.- e salvar a garota que afundara rapidamente.

Mergulhava e submergia, não conseguia ver pois a escuridão era imensa.

–Lumus!- Draco gritara e voltava novamente para baixo da água. Então a vira. Estava caindo lentamente, chegando cada vez mais perto da escuridão imensa...

Hermione já não via mais nada.