Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 31
Rompimento


Notas iniciais do capítulo

Edward finalmente conseguiu o tao desejado cargo.
Porém,~parece que ele não ficou tão feliz como pensava ficar quando atingisse finalmente a ascenção profissional.
Como Bella lidará com isso?



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Bella

Não dava para passar por cima deste fato. Precisava ser objetiva nesse momento, deveria agir com coerência. Naquele momento deveria me espelhar nele, apenas levando em consideração os fatos, nada de emoções. Tudo estava claro e eu deveria fazer o certo. Chegara o momento mais difícil, eu dizia para mim mesma mais tarde ao me aproximar do escritório de Edward. Teria de deixá-lo. A mesa da secretária estava vazia. Eu bati à porta.

- Entre. - Ouvi Edward convidar. - Bella! - Ele exclamou parecendo espantado quando me viu entrando.

- Olá. - Fechei a porta e parei hesitando ao lado da mesa dele. Parecia-me adequado terminar o relacionamento no mesmo lugar onde ele começara.

- Como foi com a sessão marcada? Tudo bem? - Ele perguntou levantando-se e me beijando de leve nos lábios.

- Sim. - Respondi de repente sem jeito, lembrando-me dos momentos apaixonados que tínhamos acabado de viver.

A notícia da promoção caíra como uma bomba, mas com um cliente prestes a chegar, não tive alternativa senão adiar a conversa desagradável.

- Edward precisamos conversar. - Eu pedi procurando controlar o tremor na voz.

- Claro. Sente-se. - Ele convidou intrigado talvez pelo meu tom sério de voz.

Dei a volta para sentar e captei o olhar de Edward observando as minhas roupas, uma calça jeans surrada e uma camiseta sem mangas branca, simples e confortável. Eu me vesti dessa maneira para deixar bem clara a diferença entre quem eu era e quem ele me obrigara a ser. Não havia mais papel a representar.

Sem dúvida eu não me encaixava nesse mundo. Na verdade, Edward me via como um a ameaça a sua vida segura. Ele só confiava em mim com seu corpo, não com as suas emoções ou seu coração. Sentia que ele me considerava uma pessoa indigna de sua confiança.

Ele me procurara pelo sexo, nada mais. Desde que ele me deixou na hora do almoço tentei aceitar esse fato. Queria ficar com ele e afastar a dor de nunca vê-lo outra vez, mas sabia que o preço era alto demais.

- Aconteceu algo? - Ele perguntou cauteloso.

- Agora que você conseguiu a sua promoção não precisamos mais fingir.

- Fingir? - Ele repetiu após me fitar longamente.

- Essa história de noivado. - Eu expliquei um pouco impaciente, proferindo as palavras com dificuldade. Eu estava determinada a não mais enganar a mim mesma, pois havia limites para o sofrimento que meu coração podia suportar.

- Tudo bem. - Ele murmurou após uma pausa. Podemos fazer isso se é realmente o que quer. Será até melhor para você já que não precisará mais se aborrecer com meus assuntos profissionais. - Eu o observei com tristeza e percebi o alívio no seu olhar.

- Ótimo. Falei com um amargo na boca. Meu coração pesava e estava prestes a sufocar. - Começarei a fazer os pagamentos do empréstimo no mês que vem. Talvez a gente se veja por aí.

- O nosso falso noivado acabou, mas isso não quer dizer que a gente não possa se encontrar.

- Por quê? Não há futuro para nós. Não sou a esposa ideal para um executivo e aborreço o seu chefe.

- Isso não tem nada a ver com ele. - Edward disparou irritado. - Podemos namorar. Fora daqui ninguém tem nada com quem eu saio.

Estava espantada com o que acabara de ouvir. O tom irônico de suas palavras me feria. No começo Edward saía comigo apenas por causa do trabalho. Agora, queria relacionar-se comigo às escondidas. Ele me veria, faria amor comigo, mas acharia outra acompanhante para os eventos profissionais constatei com raiva.

- Acho que não. - Conclui. - Que motivo teria para fazer isso?

- Se essa tarde significou alguma coisa, nós temos razões de sobra para nos vermos. Nas minhas contas, você tinha três razões. - Senti meu sangue subir à cabeça. Que canalha! Deveria saber que ele iria usar o sexo contra mim.

- Não. - Falei decidida levantando-me e o encarando. - Não vou ter um relacionamento secreto com você.

- Não fale como se estivéssemos traindo alguém, Somos adultos. Não interessa a ninguém se dormimos juntos. Até mesmo o Black é carta fora do baralho.

- Não fale do Jacob! - Minha raiva aumentou. - Olha, você não entende nada. Para mim não é só uma questão de sexo. Eu gosto de você. - Confessei tentando controlar o tremor que me percorria. - Mas você não pode me dar seu coração. Ele já pertence ao seu trabalho. Você se vendeu...

- Você esta me dando o fora? - Ele levantou visivelmente irado. - Me deixando na mão de novo? Isso não tem nada a ver com meu trabalho. Você acha que eu sou idiota? Para que quer meu coração? Isso não passa de uma aventura para você, não é mesmo? Não é o Black que você ama? Não é ele o perfeito? Então peça a ele o coração. - Edward estava completamente vermelho de raiva.

Eu não entendia o ataque de histeria dele e as palavras que me feriam. Ele não tinha escutado eu dizer que gostava dele?

- Aposto que sem mesmo pedir ele me daria. Mas isso tudo não tem a ver com ele, não entende? - Eu estava desesperada. - É o seu trabalho sim! Você esta obcecado. Aterrorizado com a possibilidade de não escalar os degraus do sucesso profissional. Isso o esta consumindo. Você teve uma infância difícil...

- Isso é ridículo! - Edward trovejou batendo com o punho cerrado na mesa me sobressaltando. - Minha infância não tem nada a ver com a sua recusa em me ver.

- Certo. Acredite no que quiser. - Tentei voltar à compostura, virei e comecei a andar até a porta.

- Então é assim? Você está indo embora?

Eu já estava a meio caminho da porta quando as palavras exigentes dele me fizeram parar. Tentei evitar as lágrimas caírem, mas foi em vão.

- O que mais posso fazer? - Perguntei.

- Que eu saiba os seis meses ainda não passaram! - Ele gritou. Pelo que vejo você está tirando o time de campo. Fugindo! Como sempre. - O que ele pensava que era? Gritando blasfêmias contra mim. Virei-me para olhar nos seus olhos e por um momento achei ter visto um brilho de lágrimas, talvez ele estivesse com tanta raiva de mim a ponto de lacrimejar.

- Nada disso. Eu vou trabalhar no estúdio e pagar minhas contas.

- Então é só de mim que está fugindo! - Ele acusou furioso.

- Não! Eu fiz minha parte. Você conseguiu sua promoção. O jogo acabou.

- É verdade. E você saiu com muitas vantagens dele, não é mesmo? Além das evidentes recompensas físicas.

- Do que você esta falando? - Vociferei com o coração apertado.

- Você usou a minha influência e as minhas conexões em benefício do seu estúdio. Quem lhe apresentou Sarah Williams? Eu! Quem conseguiu o contrato do clube feminino? Sarah.

- Não seja estúpido! - Reagi furiosa contendo-me para não estapeá-lo. - Trabalhei duro para isso. Posso ter conhecido Sarah através de você, mas foi a minha capacidade e o meu portfólio que me conseguiram o trabalho.

- É o que você pensa. Sarah e o marido me conheciam. Você acha que eles iriam procurar o seu mísero negócio se não fosse assim? É assim que funciona o mundo dos negócios.

- É triste se você acredita nisso. Você se vendeu para o emprego. Vendeu a sua integridade por esse cargo, pela segurança que precisa tão desesperadamente. E se continuar aqui, vai acabar perdendo a alma também.

- Que bobagem é essa? - Ele me olhou com os olhos hostis.

- Veja o que o emprego esta fazendo com você. Você é uma pessoa honesta e confiável. E veja como esta vivendo. Você fez coisas para conseguir essa promoção que vão contra o seu caráter.

- Isso é absurdo.

- Ah, então você sempre mente para os amigos e diz que está noivo de uma mulher que mal conhece? Você sempre bajula pessoas que não respeita?

- Cale a boca! Mereci esse cargo, me matei de trabalhar por ele.

- Mas não foi por isso que o conseguiu. Foi minha vez de falar um pouco mais alto. Foi por que joga golfe. Por que esconde seus verdadeiros sentimentos. Por que sabe jogar o jogo.

- Tudo o que vale a pena conseguir exige sacrifícios. - Ele justificou com raiva.

- Não, não esse tipo de sacrifício. Não quando se tem de trair a própria natureza todos os dias.

Ele me encarou do outro lado da mesa , o rosto endurecido como uma máscara de gelo. Era como se pudesse me matar. Zangada por tudo o que ele dissera e por tudo o que ele julgava que eu era, enxuguei as lágrimas que desciam pelo meu rosto. Estava decidida a não me deixar abater por tudo isso.

- Talvez você queira viver assim, vendendo-se em troca de segurança, mas eu não vou ficar aqui para assistir. - Dei meia volta e sai quase correndo pela sala.


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