Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 30
Luta Interna




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Edward

Tinha sido promovido formalmente já há duas horas. Olhei para o meu relógio de pulso e imaginei o que Bella estaria fazendo no horário de almoço. Se eu saísse nesse momento poderia ir até o estúdio. O estúdio com a enorme cama coberta de cetim. A esse pensamento desliguei o computador e peguei o paletó deixando o escritório. Dez minutos depois me encontrava na frente do estúdio. Estacionei e percebi que apenas o velho carro dela estava lá. Ela estava sozinha.

Caminhei depressa para a porta da casa cor-de-rosa, sentindo o meu pulso acelerado e tentando afastar a ponta de remorso que se insinuava em minha consciência. Nunca a obriguei a estar comigo. Sexo não fazia parte do acordo. O desejo era mútuo. Eu entrei na recepção e deixei os meus olhos se acostumarem à penumbra.

- Ed? - Bella estava sentada atrás da mesa, os cabelos castanhos contrastando com parede sem vida atrás dela.

- Bella... - Minha voz saiu como um sussurro. Era um sussurro de alívio por vê-la finalmente. - Tenho pensado em você. - Disparei parando em seguida abalado com a minha falta de tato.

- É mesmo? - Ela perguntou ligeiramente tímida.

- Sim. - Confirmei rapidamente. As palavras saiam pela minha boca antes mesmo que eu pudesse pensar. - Você está sozinha? Está esperando alguém?

- Estou sozinha. A próxima sessão está marcada para daqui à uma hora. - Ela respondeu levantando-se.

A voz dela estava ofegante, a hesitação e a sua ansiedade estavam estampados no seu rosto corado me encorajando a me aproximar com urgência alimentada pelo instinto. Eu estendi a mão para a porta e a tranquei. Ao me virar para ela notei que seus olhos estavam muito abertos, o rosto inundado pela mesma expectativa trêmula que me invadia. Por um breve momento nos fitamos para logo em seguida nos atirarmos nos braços um do outro, nossos corpos colados.

- Senti sua falta. - Murmurei com a voz rouca, sem me importar com a implicação de minhas palavras. Não queria mais pensar nisso, apenas sentir.

- Ed... - Bella sussurrou em resposta e isso só fez me libertar ainda mais.

Nossos lábios se uniram num beijo ávido. O perfume doce de morango de Bella, a maciez do seu corpo feminino contra o meu me enlouqueciam. Os braços dela me envolveram com ansiedade, e as nossas línguas se encontraram num duelo ardente.

Como eu pude perder tanto tempo? Deveria ter me entregue a ela antes. Bella representava calor, noites de paixão, dias de sol, um feitiço que eu não podia combater e no momento não queria. Eu queria me inundar ainda mais nesse sortilégio. Mas eu não poderia estar apaixonado. Não, não, não. Entregar-me ao desejo podia não ser tão perigoso assim, mas nada, além disso. Talvez se eu pudesse possuir seu corpo mais algumas vezes eu conseguisse me curar desse desejo.

Eu a tomei nos braços e a conduzi ao cômodo contíguo pela passagem em arco. Ela aconchegou-se em meu ombro, os dedos deslizando por meus cabelos.

Eu atravessei o estúdio com Bella no colo e parei ao lado da cama. Relutante em saltá-la eu a beijei devagar, um beijo longo e intenso. Depois pousei-a no chão lentamente, sem deixar de beijá-la. Mesmo quando as mãos ansiosas dela se empenhavam em me livrar das roupas, eu mantive os lábios pousados nos dela, os meus braços envolvendo-lhes as costas. Não havia pressa.

Eu queria penetrá-la queria ouvi-la gemer de prazer. Eu a desejei por uma longa semana e a excitação me dominava, mas queria saborear o encanto dos seios firmes, sentir os mamilos queimando-me a pele. Com semelhante tesouro nas mãos, não podia ter pressa. Tinha que prolongar ao máximo aquele prazer.

Eu a deitei sobre a colcha acetinada e senti que a devorava com os olhos. Os cabelos castanhos espalhados sobre o cetim brilhante pareciam queimar. Impacientes, ambos livramos-nos das roupas e Bella estendeu os braços me chamando para si. Eu ajoelhei entre suas pernas e tomei um mamilo intumescido na boca, enquanto com a mão acariciava o outro.

Os gemidos de Bella me deixaram enlouquecido e eu não consegui mais esperar. Inclinando-me, penetrei-a e comecei a me movimentar dentro dela, sem parar de acariciar seus seios. Ela me segurava pela cintura, a perna me envolvendo e me instando a continuar.

Suave e lentamente eu impus um ritmo crescente aos movimentos, a urgência incendiando-me a pele. A nossa respiração acelerou, e então Bella arqueou o corpo, gritando o meu nome quando o clímax nos atingiu com toda a intensidade.

Lentamente senti que retornava à terra, os meus braços ainda envolvendo-a e uma sensação de desânimo se apoderou de mim. Não queria contar a ela sobre a promoção, não queria abalar o delicado equilíbrio que se criou com aquela gloriosa proximidade. Pela primeira vez, queria mentir para uma mulher e fazer o que fosse preciso para mantê-la a meu lado, dócil e calorosa.

Eu tive poucos momentos de alegria na vida. Será que eu não merecia conservar essa parte de Bella para mim? Ela não precisava participar de meu outro mundo. Será que conseguiria construir um nicho privado em minha vida? Mesmo que encontrasse outra mulher para me acompanhar nos eventos de negócios, não poderia manter essa parte ardente, alegre e amorosa de Bella para mim?

A extrovertida e inadequada Bella. Por que não mantê-la nas sombras tanto quanto possível? Não valeria a pena mentir um pouco para conservá-la a meu lado? Enquanto ela não soubesse do novo cargo, poderia continuar a fazer amor com ela.

- Bella. - Eu falei bruscamente. - Fui promovido hoje.


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