Confiança escrita por Camila J Pereira


Capítulo 21
Nunca Mais!


Notas iniciais do capítulo

Edward não parece disposto a mudar e nem a enxergar que Bella já não é a adolescente inconsequente de antes.
Corações podem sair machucados...



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Bella

Começava a ficar estressada. Simplesmente depois do desentendimento que Edward e eu tivemos muitos questionamentos e pensamentos nada agradáveis rondavam a minha cabeça. Não tínhamos mais nos falado depois do epsódio da manhã após a noite de amor. Não me sentia disposta a falar com ele e parece que ele entendeu e me deixou em paz. Edward Cullen e sua arrogancia poderiam me deixar em paz para sempre! Argh! A quem estou enganando? Na verdade não é isso que eu quero, mas para ser bem franca comigo mesma eu tinha que admitir que não daria certo nunca. Edward estava perdido no mundo, não enxerga nada que não seja o seu divino trabalho. Ele não era o que eu pensava, talvez ele não tivesse mesmo salvação, uma alma perdida. Jacob estava certo ao dizer que não tínhamos nada a ver um com o outro.

De repente me senti só. Uma sensação que às vezes me acompanhava desde a morte do meu avô. Eu não tinha mais nenhum parente próximo, só alguns tios e primos que moravam longe. Até Rosalie estava muito distante, saiu fugida com seu amante. Não consegui mais aguentar e tive que discar novamente o número dela. Estava com vontade de falar com a minha irmã desde ontem. Talvez hoje eu consiga falar com ela, estava querendo conversar, falar sobre o que aconteceu. Não sabia como eu iria falar isso, mas achei que precisava.

- Rose! - Eu exclamei recostada à mesa da recepção, o fone grudado em meu ouvido, o fio nervosamente enrolado na minha mão. - Que bom que encontrei você.

- Oi, irmãzinha. O que está havendo? - Rose quis saber com voz sonolenta.

- Bem, eu te liguei por causa do estúdio. - A mentira me escapou mesmo antes que eu percebesse.  Como poderia dizer:”Escute, dormi com o seu ex-noivo. Ele é um idiota, mas não consigo parar de pensar nele?”

- O estúdio? - Rose repetiu.

- O estúdio fotográfico. Lembra de que lhe falei que Edward queria executar a hipoteca?

- Ah, sim. Que pena, mas acho que ele se cansou de esperar o pagamento. Esqueci completamente... - Não gostava de admitir, mas nesse ponto o Edward tinha razão, a minha irmã é uma pessoa que não se podia confiar muito. Ela não fazia por mal, só não conseguia enxergar mais nada além de seus próprios interesses.

- Pois é. Mas eu o convenci a me dar um prazo maior. Seis meses para pôr o estúdio em funcionamento para então recomeçar a pagar.

- Verdade? - Ela se espantou. - O que você teve que fazer, dormir com ele? - A pergunta de Rose foi proferida de modo casual, mas me deixou em silêncio por alguns minutos.

- Você dormiu! - Rose concluiu divertida e despreocupada. - Ora, bom para você e para ele.

- Não dormi com ele para reabrir o estúdio. Fizemos outro tipo de acordo.

- Que acordo? - Um som abafado do outro lado da linha me mostrou que ela não estava sozinha. - Sabe, não tem nenhum problema você dormir com ele. Me sinto em dívida com Edward. Ele tentou me ajudar quando eu estava grávida. - Quer dizer que eu era um prêmio de consolação? Pensei em gritar com ela, mas não valeria a pena.

- É, ele tentou. - Concordei desanimada.

- Mamãe lhe contou sobre a banda? - Rose indagou surpresa.

- Ah, sim.

Eu segurei o fone de encontro ao ouvido e ouvi a história de sucesso da irmã em uma série de clubes no nordeste. Mesmo com o coração machucado e a mágoa provocada por Edward eu devia um pouco de atenção a Rose.

- Estou feliz que as coisas estejam indo bem para você. - Eu lhe disse finalmente, livre da culpa que me invadia. Fui tola em me envolver com o Edward, mas pelo menos não traí minha irmã.

- E pelo que ouvi o estúdio está indo bem.

- Sim, estou conseguindo vários novos trabalhos.

- Que bom. Ei, tenho que desligar. - Rose avisou, os murmúrios se fazendo ouvir novamente. - Escute, se você dormiu com Edward e quiser repetir a dose, vá em frente. Ele merece se divertir.

- Está certo. - Assenti vencida. Dormir com Edward outra vez era a última coisa de que precisava. Poderia até dizer que nunca mais!

Passei a manhã tentando me concentrar em meu trabalho e até que deu certo por um bom tempo, mas logo depois voltei a pensar na maneira como ele me tratou e na tonta que eu sou. Dei graças quando Ângela me ligou dizendo que traria almoço para mim.

- Talvez eu devesse mudar de estado ou de país. - Brinquei tentando afastar o desânimo.

Do outro lado da mesa, Ângela dava uma mordida num sanduíche. O almoço estava disposto na nossa frente, uma série de embalagens de plástico adquiridas em alguma lanchonete perto do hospital em que ela trabalhava.

O sol do final de primavera aquecia as minas costas, mas mesmo assim eu sentia um frio estranho me invadir. Eu ainda estava zangada e perdida e aceitei o almoço com Ângela para escapar dos meus próprios pensamentos.

- Você quer se mudar por causa de Edward?

Eu demorei a responder e fingi estar ocupada desembrulhando o meu lanche. Mentalmente eu lutava para me libertar do desapontamento e da raiva que me cercava desde o dia em que saí do apartamento de Edward. Ele nunca acreditou em mim, nunca achou que eu fosse capaz de ser mais do que uma companheira de cama casual.

- Ele é um idiota e nosso acordo não está funcionando. - Disse finalmente com firmeza.

- Humm, deixe ver se eu entendo. Você me disse que tinha quatro sessões de fotografia hoje de manhã e mais três à tarde. O que não está dando certo?

- Dinheiro não é tudo.

- Não, mas ajuda. - Ela retrucou prática. - E, além disso, é algo que não esta sobrando para nenhuma de nós.

- Talvez você tenha razão, mas estamos muito felizes com nossas vidas. - Eu argumentei, a mentira deixando um gosto amargo na minha boca. Ângela me lançou um olhar irônico. - Você ainda vai ser uma médica de prestígio e eu uma fotógrafa famosa.

- Certo. - Ela concordou e limpou os dedos no guardanapo.

- Eu poderia me mudar para o Colorado. - Comentei após alguns segundos. - Ou Seattle. Ouvi dizer que são lugares ótimos para se morar.

- É verdade. - Ângela concordou ainda com um olhar sarcástico.

- Eu poderia viajar. - Prossegui teimosa, listando as minhas opções. - Conhecer o mundo. Posso trabalhar para uma revista e tirar fotos da natureza.

- Pensei que você gostasse de fotografar pessoas... - É verdade eu gostava de tirar fotos de gente.

- Posse querer me aventurar em outros campos, não é mesmo?

- Claro, mas acho que você está assim por causa de Edward. - Eu a encarei tentando ignorar a estranha sensação que me invadia. Eu não o amava. Não mesmo.

Mesmo que não conseguisse deixar de pensar nele, no quanto incendiara meu coração, mesmo que eu quisesse lhe mostrar que não conseguir a promoção não significava o fim do mundo, sei que não o amo. Era pena o que eu sentia por Edward. Pena, desgosto e fúria. Ele é arrogante e ingrato e merecia ser abandonado.

- Não. - Eu disse brusca. - Não é por causa dele. Acho que eu só estou sendo sentimental em relação ao estúdio, por causa do meu avô. Mas acho que devo ampliar os meus horizontes e viajar bastante.

- Viajar pode ser uma boa ideia. - Ângela retrucou.

- Vai ser ótimo conhecer coisas novas. Tirar fotos e levar as belezas do mundo para quem não tem condições de viajar.

- Tem razão, há lugares maravilhosos para conhecer. Por que não vai a Nova York? Acho que você consegue emprego fácil numa daquelas revistas de viagens. Mostre seu portfólio a eles.

- Mas eu não conheço ninguém lá.

- Tenho um amigo que mora lá.

- Verdade? - Animei-me e forcei um sorriso.

- Sam é publicitário e conhece muita gente importante.

- Mas eu não tenho experiência. - Disse triste me lembrando do que Edward me disse uma vez.

- Não tem importância. Apenas mostre seus trabalhos e você vai arrasar. Pode ser que você comece com um cargo menos importante, como assistente, por exemplo.

- Isso não é problema... - Eu hesitei. - Se não me importância em trabalhar como uma escrava para fazer do estúdio um sucesso, por que não fazer o mesmo em Nova York?

- Quer que eu ligue para o Sam hoje à noite? Você pode tomar  um avião amanhã.

Lembrei de Edward e da vulnerabilidade que percebi em seu olhar. Ele é um homem que lutava sozinho havia muito tempo e não admitia que precisava de ajuda. Talvez por esse motivo ele tenha agido como um idiota depois da festa, incapaz de reconhecer o quanto eu contribuí para o seu sucesso.

- Amanhã? - Repeti um pouco depois. - Tenho uma sessão de fotos com Sarah amanhã.

- Se vai desistir do estúdio, que importância isso tem?

- É importante para mim. O marido dela quer umas fotos sensuais e ela está muito nervosa. Acho que ela vai se sentir melhor comigo do que com um estranho. - Um leve sorriso cruzou a expressão de Ângela e desapareceu rapidamente.

- Está combinado. Você pode partir depois. - Apanhei a embalagem vazia do sanduíche e amassei com as mãos nervosamente. - Posso dizer a Sam que você vai daqui a uma semana.

- Não sei. - Demorei a responder. - Talvez eu deva pensar melhor. Edward pode ser um idiota, mas prometi ajudá-lo até a promoção sair.

- É verdade, você prometeu.

- Não quero fazer o mesmo que a minha irmã e abandoná-lo quando ele não espera.

Eu precisava ir até o fim, essa era a razão para ficar e sacrificar uma ótima oportunidade de fazer carreira em fotojornalismo. Por mim. Não tinha nada a ver com Edward.

- Você não quer agir como sua irmã...

Não soube dizer por que era tão importante fazer com que ele mudasse de ideia sobre a minha família. Eu não podia e nem queria que ele mudasse de opinião sobre Rosalie, pois afinal, ela agira muito mal.

Contudo, eu estava determinada a fazer com que ele mudasse de opinião a meu respeito. Não importa o quanto fujir para Nova York parecesse tentador, não podia esquecer o acordo, mesmo que isso um grande risco para mim.

- Vou ficar aqui até ele conseguir a bendita promoção. - Eu decidi finalmente. - Mas não vou para a cama com ele.

- Isso fazia parte do acordo!

- Claro que não!

- Está certo então. - Ângela concordou, olhando-me do outro lado da mesa.

Lutei para ordenar as emoções confusas que me percorriam. Ele fizera amor comigo como ninguém antes, e depois me abraçara com carinho enquanto riamos de tolices. Queria viver assim todos os dias da minha vida. E na manhã seguinte tudo se transformou em pesadelo.

- Me avise se quiser que eu ligue para o meu amigo. - Ângela repetiu.

- Aviso sim.

Eu decidi ficar. Edward me considerava tola e irresponsável, mas não lhe daria a satisfação de fujir para Nova York. Eu ficaria e o faria engolir suas palavras.

- Sabe do que eu preciso? - Disse olhando-a divertida.

- Não. - Ela me olhou atenta e sorridente.

- Sair para esparecer. Talvez...

- Podemos ir para uma boate muito legal que o Benn descobriu. - Âng. Completou animadíssima.

- Pode ser uma boa ideia. Marcaremos para amanhã, hoje terei muito trabalho e amanhã é sexta posso ousar um pouquinho, mesmo tendo que vir trabalhar no sábado. - Considerei a ideia.

- Esta combinado, amanhã sairemos.

- Eu tinha mesmo que sair e dançar muito para liberar toda essa energia negativa que estava acumulada em mim. Isso me faria esquecer de todos esses problemas que me consumiam. Depois que Ângela foi embora eu tive mais uma sessão e enquanto eu espera a próxima cliente o telefone tocou. Depois que atendi identifiquei quem era do outro lado.

- O que deseja? - Falei ríspida. Não queria me enganar novamente com ele.

- Bella eu gostaria de conversar com  você. - Ele começou com a voz doce.

- Sobre algum encontro de negócios?

- Não...sim. Não e sim. - Ele disse com dificuldade.

- Olha só, eu tenho algumas sessões agora à tarde não posso ficar conversando. Limite-se a falar sobre o encontro. É algum jantar? - Queria deixar claro que só falaríamos sobre as minhas obrigações no pacto.

- Na verdade não. Dave me convidou para jogar golfe com ele no próximo sábado pela tarde. Precisarei que você me acompanhe.

- Eu tenho uma sessão no sábado pela tarde.

- Você não poderia mudar o horário? - Eu respirei fundo.

- Vou tentar. Ligarei para a minha cliente e verei a possibilidade.

- Obrigado. Espero que consiga, preciso de você lá. - Ele disse ternamente. Ele era mesmo um dissimulado.

- Verei o que posso fazer. - Falei lacônica.

- Amanhã ligarei para você para confirmar.

- Tudo bem.

- Bella eu queria falar também sobre...

- Edward tenho que desligar, nos falamos depois. - Desliguei sem dar tempo para ele falar qualquer coisa. Não queria ouvir nada que ele tenha que dizer.


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