Dean segurou Abela pelo punho e por mais que ela tentasse se soltar, estava bem presa. Ele arrancou-lhe o casaco de couro e a colocou no Box.

– Me larga seu filho da mãe, não tem esse direito. – gritou ela quando a água gelada caiu por sobre os ombros. Ela ficou imóvel por um segundo, mas depois tentou sair correndo. Dean a agarrou com força pelas costas, imobilizando-a. – Eu odeio você, Winchester.

– Pode odiar o quanto quiser, mas você vai tomar esse banho. – falou ele colocando a mulher diretamente embaixo do chuveiro e se molhando também.

Quando a água fria caiu em sua cabeça e o efeito do álcool amenizou, cerca de cinco minutos depois, Abela começou a chorar. Dean a virou de frente para ele e a abraçou.

– Desculpa, Dean.

– Está tudo bem.

– Não, não está nada bem. – falou ela chorosa. Quis contar naquele momento a razão de ter ido embora, mas não conseguiu.

A razão era que ela tinha que ficar longe do loiro porque não aguentava mais vê-lo e não dizer o que sentia. Ela, por inúmeras vezes quis contar, mas quando pensava que ele poderia não amá-la e ela ser vista, a partir daquele momento, como uma mulher volúvel, toda aquela vontade se esvaia. A única coisa que ajudava era uma quantidade absurda de álcool que ela começou a ingerir de um tempo para cá.

As coisas ainda pioraram quando ela percebeu que teria que além de ficar um bom tempo com ele no impala, teria também que dividir o quarto com ele a noite. Já que Annie e Sam não abriam mão de dormirem juntos. Eles eram namorados, isso é fato. Queriam privacidade de vez em quando, isso também era fato, mas porque raios sempre alugavam apenas dois quartos? Dean disse que era para proteção. Que não podia deixá-la sozinha, mas Abela havia provado que estava bem crescidinha para ter seu próprio quarto.

A água do chuveiro caia no casal e por mais que ela dissesse para si mesma que era para sair fugida dali, ela simplesmente apertou Dean com ainda mais força. Os cabelos loiros dele já estavam completamente molhados e grudados no rosto. Assim como a blusa branca de Abela estava grudada em seu corpo.

– Aqui está o café. – falou Sam trazendo um copo em mãos. Não conseguiu deixar de sorrir com a cena dos dois cabeças duras do grupo, agarrados e completamente molhados, dentro do Box. Imaginou como não havia percebido antes que Abela era a cópia de Dean porque ela era a alma gêmea dele. Mesmo tendo sido o primeiro amor da vida dela, ele sabia que no intimo, ela não era dele e nunca havia sido.

Foi Dean que cuidou dela desde o principio, foi o loiro que ensinou tudo o que ela sabe sobre caçadas e foi ele também que cuidou dela quando Sam a magoou. Ele esteve presente em todos os momentos da vida dela. Quando ela ganhou o Porsche e quando ela tomou a primeira cerveja, OFICIALMENTE, ao completar vinte e um anos.

Quando ela se formou no colégio, foi Dean que foi entregar o diploma a ela, já que John não estava e as broncas pelas mancadas era também ele quem dava. Enfim, ele havia sido um amigo, um pai, um marido e um irmão para ela desde o principio. Pensando dessa forma, ele se sentiu um egoísta de ter entrado na vida dela e ter feito o irmão sofrer pelos quatro anos que ele e Abela estiveram juntos. Teria que pedir perdão, qualquer dia desses.

– Pode colocar ai na pia, Sam. – respondeu Dean e se virou para olhar para a mulher em seus braços. – Vamos sair, lhe enxugar e colocar você na cama.

– Tá bom. – concordou ela e Dean lhe enrolou em uma toalha. Saiu do Box e lhe entregou uma roupa seca. Abela se vestiu e seguiu para o quarto. Tomou o café enquanto Dean se secava no banheiro. Ele saiu, vestindo um short preto e uma camisa branca.

– Me dá isso. – falou ele pegando o copo de café e colocando na cabeceira. Deitou Abela na cama e a cobriu com o lençol. – Está confortável?

– Estou. – respondeu ela.

– Então vá dormir para livrar o seu organismo de todo esse álcool.

– Dean, desculpa por você ter ido me buscar no bar e desculpa por ter sumido também.

– Deixa de conversa. – Ele respirou fundo. Estava “fulo” com ela por ter desaparecido, mas quando ela o olhava daquele jeito, com os olhos cheios de lagrimas, toda a raiva desaparecia como em um passe de mágica. – Amanhã quando você estiver 100% sóbria, a gente conversa.

Ele se abaixou e beijou a sua testa. Sorriu e se levantou. Andou até o interruptor e desligou a luz, deitando em sua cama em seguida. Ele não estava com sono e por isso, resolveu vigiar. Ter certeza que ela não se levantaria durante a noite e sairia novamente. Ele não aguentaria sentir aquela angustia novamente.

[...]

P.O.V. Abela Allen:

Acordei quando o relógio da cabeceira marcou três horas da manhã. Minha cabeça girava e meus ouvidos estavam tão sensíveis aos sons, que um rato andando pelo canto da parede, parecia um elefante dançando samba.

Meu estomago parecia que estava virado do avesso e eu prendia uma vontade de vomitar. Olhei para o lado, pelo canto do olho, e lá estava Dean me olhando. Escondido nas sombras, apenas me vigiando. De certo, achava que eu ia sair fugida durante a noite, mas eu não ia. Não queria preocupá-los novamente.

Ele se levantou e ascendeu a luz e minhas vistas arderam.

– Está tudo bem? – Perguntou ele.

– Eu estou enjoada. – respondi com voz de choro. Por mais que eu estivesse consumindo mais álcool do que o habitual, eu nunca me acostumaria. A pior ressaca que eu já tinha tido na vida era de Whisky e naquela noite, eu devo ter bebido uma garrafa sozinha.

– Sabe o que é bom para isso? – perguntou ele e eu balancei a cabeça negando. Fiquei tonta ao fazer isso. Ele sorriu. – Um sanduíche de porco gorduroso servido em um cinzeiro sujo.

Ao ouvir ele falar, uma ânsia maior ainda me tomou e eu sai correndo para o banheiro, me ajoelhando ao lado da privada e vomitando em seguida.

– Eu odeio você, Dean. – gritei do banheiro.

– É, eu sei que odeia. – respondeu ele sorrindo.