– Azazel?

– O que custa me chamar de papai, somente uma vez, para variar?

– Já tivemos essa conversa antes. – respondi olhando nos olhos amarelos dele. – Porque me trouxe aqui?

– Eu vou ser direto, já que você tratou de quebrar esse clima tão familiar.

– Eu sinto muito. – respondi ironicamente.

– Eu vim cobrar aquela divida que eu tenho com você.

– O que? Que divida?

– Aquela que acertamos quando eu te curei. – Ele sorriu. – Eu tenho alguns planos para duas pessoas que você conhece bem: Annie e Sam. – Ele caminhou ao meu redor. – Mas o Dean, esse é uma verdadeira pedra em meu sapato. Começo a me arrepender do dia em que aceitei a proposta de John.

– Eu ainda não entendi.

– É simples, querida. Você vai matar o Dean. - falou bem rente ao meu ouvido

– E você ficou louco. – respondi me virando de frente para ele. – O que te faz pensar que eu faria uma coisa dessas? Amizade?

– Eu sei que você vai fazer, porque nesse momento, eu estou mantendo a sua mente presa neste lugar e você está propensa a possessão. A sua mente vai lhe dominar.

– Eu não posso ser possuída, eu tenho o colar que o Bobby me deu. Ele não deixa nenhum demônio se aproximar de mim.

– E quando foi que eu falei que você vai ser possuída por outro demônio? Esqueceu que dentro de você tem 50% do mal? Você será dominada pela sua própria essência demoníaca.

–Não, eu não vou deixar.

– E além do mais, você sabe onde está o seu corpo nesse exato momento? – balancei a cabeça negando. – Está em um hospital, usando apenas aquela camisola linda com a abertura traseira. Outro dia, eu vi um idoso usando aquela coisa e estava sem os calções. Acredite, é uma visão do inferno e de inferno eu entendo. – concluiu ele tremendo de asco quando se lembrou daquilo.

– Você não pode me obrigar.

– Eu vou te mostrar que posso. – Imediatamente eu consegui ver através de meus olhos. Estava no quarto de hospital, na frente de Dean, Sam e Annie. Eles me olhavam com cara de espanto e foi ai que eu fiquei completamente paralisada de medo. Medo do que eu via e principalmente, medo do que eu acabara de dizer.

Fim do P.O.V.

...

Os três caçadores conversavam com os policiais que trouxeram a jovem. Ela havia acordado e já havia prestado depoimento à policia local.

– Então, ela foi atacada em frente ao novo museu? – Perguntou Sam.

– Exatamente.

– E ela descreveu o agressor? – concluiu Dean com um papel nas mãos, fingindo que anotava alguma coisa.

– Ela disse que não conseguiu ver muita coisa, mas se lembra perfeitamente, de ver a cabeça dele sair do pescoço e se abrir em banda, quando caiu no chão.

– O que? – falou Annie surpresa.

– Os médicos disseram que ela está com o estresse pós traumático. Não está falando coisa com coisa.

– É, realmente parece que não está. – concluiu Sam tentando não demonstrar assombro. – Obrigado por tudo, policial.

– Qualquer novidade, por favor, nos avise. – concluiu Annie passando um cartão de visitas para ele. O homem seguiu em direção a saída e os caçadores se olharam.

– Foi só eu que achei esse caso bizarro demais, até mesmo para nós? – falou Dean.

– Com certeza não, meu irmão. – respondeu Sam.

– Quando eu e Abela estivemos conversando com o Christian Cappri, ele nos contou que também teve a impressão de ter visto a cabeça, do homem, sair do lugar.

– Okay, então estamos lidando com um gasparzinho que morreu decapitado? E que ainda consegue abrir a cabeça em banda? – perguntou o loiro.

– É bem por ai. – falou Annie.

– O problema todo é: Onde o encontraremos? – Perguntou Dean segundo antes de um grito alto e tremendamente apavorante, sair do quarto que Abela estava internada. Os três correram para lá e assim que entraram, deram de cara com a jovem de pé, próximo de uma enfermeira que estava possuído. O grito veio dela quando o demônio entrou em seu corpo.

Abela estava de cabeça baixa e quando ergueu as vistas para encarar o grupo, seus olhos se tornaram negros e ela deixou um sorriso sombrio lhe escapar por entre os lábios.

– Abela? – falou o moreno.

– Ora, ora se não é o Sam Winchester e a minha adorada irmã Anita.

– E não se esqueça do bonitão aqui.

– Claro, claro! Dean Winchester. – ela mordeu os lábios e então voltou a sorrir.

– O que pensa que está fazendo no corpo dela? – falou o loiro.

– Eu estou em meu corpo, gracinha. E a propósito, estou doida para arrancar as suas tripas e dar aos cães para comer. Eles vão adorar um pedaço de Dean. – Ela continuava com o sorriso macabro no rosto e sentiu prazer em cada palavra que disse. – Mas agora não é hora e nem lugar para isso, mas pode ter certeza, nos encontraremos o mais breve possível. – concluiu ela e pulou a janela, sendo seguida pela enfermeira. Eles estavam no décimo andar do prédio, porém caíram em pé, como se apenas tivessem saltado um degrau. Elas olharam para cima e sorriram para os outros, um pouco antes de seguirem para fora dos limites do hospital.

...

– E agora? – falou Dean assim que o grupo cruzou a porta do motel. O loiro sentou-se na cama. – Ela estava possuída, não estava?

– Acredito que não. – respondeu Annie e olhou para os dois rapazes.

– Como assim?

– Essa não é a primeira vez que isso acontece. Quando éramos crianças, ela ficou assim também.

– E você achou que isso era irrelevante? – reclamou Dean.

– Não, só achei que não era a mesma coisa, mas quando ela sorriu, eu pude ver de quem se tratava. Da primeira vez que isso ocorreu, era o nosso pai que a controlava.

– Como?

– Ele tem uma ligação maior com ela do que com qualquer outra de nós.

– Isso é uma coisa que se diz na apresentação: Oi, meu nome é Abela, sou de Aquário e tenho um demônio que pode me controlar a qualquer momento. – falou o loiro com um pouco de raiva.

– Ela não sabia.

– Como assim, ela não sabia? – perguntou o caçula.

– Ele fez com que ela se esquecesse de tudo, para que ela não tentasse controlar a situação. Ela é bem mais forte do que aparenta ser. – respondeu a jovem.

– E como podemos livrá-la desse... seja lá o que for? – continuou Dean.

– A única que conseguiu controlar a Abela e aprisionar o demônio dentro dela, foi Abigail. Acho que é assim que funciona, nós controlamos uma as outras. Abbie deve conseguir controlar Abela porque ela é a mais pura entre nós.

– Pura em que sentido? – Perguntou Dean.

– De nunca haver estado com um homem antes. – respondeu Annie e Dean deu um sorriso tímido. – mas de qualquer forma, não conseguiremos encontrar Abbie a tempo.

– A tempo de que?

– Ela te jurou de morte, idiota. Não percebeu?

– Ela falou alguma coisa sobre tripas e algo mais. Ele passou a mão na barriga. – mas eu achei que fosse com todos nós.

– Não meu irmão, ela olhou diretamente para você. – respondeu Sam sem nem olhar para Dean. Estava fixo no computador.

– Ah, muito obrigado. Agora estou realmente assustado. – falou ele erguendo as mãos. – E porque você está tão fissurado nesse computador?

– Estou pesquisando sobre o caso.

– Eu aqui, prestes a ser estripado pela mulher que amo e você pesquisando sobre o caso? Esquece isso, eu sou mais importante. Abela é mais importante.

– Eu sei que vocês são importantíssimos, Dean. – ele continuou pesquisando. – mas eu queria só ter a certeza de quem realmente se tratava esse fantasma e olha só isso aqui. – Sam se levantou da cadeira e deu o lugar para seu irmão. Annie se aproximou e olhou o artigo ao lado do loiro.

– Isso é definitivamente, nojento. – falou o mais velho assim que a foto de uma cabeça decepada e aberta em duas metades, apareceu na tela do computador.