Abela estava deitada na sua cama, enrolada nas cobertas e ainda desconfiada de Dean. O loiro estava sentado ao lado do irmão na mesa e Annie estava em pé próxima da porta do quarto.

- O que sabemos sobre o caso? – perguntou a médica.

- Quatro mulheres, estupradas e estranguladas, nas duas últimas semanas. – respondeu Sam lendo um artigo no jornal. – Sem sobreviventes, crime aparentemente perfeito, sem rastros e sem suspeitos.

- A única testemunha é o namorado da última vitima, Christian Cappri. – falou o loiro.

- Sammy, poderia encontrar o endereço dele para gente? – Pediu Abela. – Eu e Annie vamos falar com ele e você e o Dean, vão ver os corpos. Ver se encontra alguma coisa.

- Okay. – respondeu o moreno e pegou um telefone, ligando para a policia local.

- Bela, você realmente está bem para fazer isso? – perguntou o loiro.

- Estou, não se preocupe. – respondeu apressadamente. – É melhor eu ir me trocar, não vou fazer um interrogatório vestida desse jeito. – Abela puxou o lençol e se levantou da cama. Pegou algumas roupas na mala e seguiu para o banheiro.

- Se fosse, arrancaria tudo dele, rapidinho. – falou Dean e sorriu. Até que um rolo de papel higiênico voou da porta do banheiro e o acertou na cabeça.

- Eu ouvi isso, Winchester! – falou a caçadora.

...

As duas garotas alugaram um carro e seguiram para a casa da testemunha. Abriram o portão do jardim e se aproximaram. Todas as duas, devidamente fardadas, com as carteiras de identificação do FBI no bolso e com os cabelos presos em um coque bem feito.

Bateram na porta e esperaram. Cerca de dois minutos depois, um homem abriu a porta e encarou as meninas intrigado.

- Christian Cappri? – Perguntou Abela seriamente.

- Sim! E vocês quem são?

- Eu sou a agente Megan Carter e essa é a minha parceira e irmã, Lucia Carter... – as duas mostraram a carteira de identificação. –... E queremos falar sobre a morte da sua namorada.

- O que o FBI tem a ver com isso? – perguntou o homem.

- Quantas mulheres terão que morrer para que possamos investigar? – Abela encarou o homem com dureza.

- Tudo bem. – Ele abriu a porta e as duas mulheres entraram. – Em que posso ajudar o FBI? – Christian apontou o sofá.

- Queremos saber exatamente o que aconteceu naquela noite. – Falou Annie.

- Você é a única testemunha. – concluiu a morena.

- Eu já disse tudo a policia e eles acham que eu sou louco.

- Por favor, repita o que contou a eles. – falou a loira.

- Eu e Julia estávamos no parque, sentados no banco da praça. Em frente ao museu novo, uma filial daquele de Wisconsin, “Ripley Believe it Or Not”.

- Sei, aquele museu de coisas bizarras. – falou Abela.

- Exatamente. – falou o homem. – Estávamos nos beijando quando essa figura, esse homem apareceu atrás dela e então a segurou pelo pescoço. Eu tentei libertá-la, mas ele me empurrou sem nem ao menos tocar em mim. Eu bati contra uma arvore e desmaiei imediatamente. Quando acordei, sai procurando por Julia e a encontrei mais para dentro do parque, com marcas de estrangulamento e sem a parte de baixo da roupa. Chamei a policia imediatamente e eles me prenderam, disseram que eu havia feito aquilo com ela, mas depois que eles investigaram e não encontraram nada, eles me libertaram.

- E você acha que esse sujeito não era humano? – Foi a vez de Annie perguntar.

- Ele não era. – respondeu o homem. – Ele simplesmente apareceu do nada. Não correu, não pulou, não caminhou. Apareceu.

- Sei! E não há nenhuma chance de vocês não terem visto ele se aproximar por estarem, bem, de amasso. – falou Abela.

- Eu sou um homem muito observador, agente, e além do mais, ele meio que deixou a cabeça sair do lugar.

- Sair do lugar?

- É, como se tivesse morrido decapitado.

- Entendo. – respondeu a loira e olhou para a irmã.

- Obrigada pelas respostas, senhor Cappri. – a morena apertou a mão do homem e se levantou, seguindo até a saída. – Entraremos em contato com o senhor, caso haja alguma evidência nova.

O homem assentiu e então seguiu as mulheres até a porta de saída. As garotas saíram do gramado em direção ao carro, mas antes de chegar, Abela sentiu uma tontura forte e antes mesmo que pudesse estar sentada, desmaiou na rua.

- Abela. – gritou Annie e socorreu a irmã. Quando percebeu que ela não acordaria, ligou apressadamente para os irmãos Winchester que também haviam acabado de sair do necrotério.

...

Annie, Sam e Dean estavam ao redor de Abela que permanecia desacordada na cama de um hospital. Os médicos não entendiam o que estava acontecendo com ela, porque simplesmente ela desmaiou e não acordou mais. Porém de uma coisa eles tinham certeza, não era comatose. Ela apenas estava dormindo.

- Como isso aconteceu? – Perguntou Dean. Ele estava de braços cruzados e com bastante raiva.

- Eu não sei como aconteceu. Nós simplesmente saímos da casa do namorado da vitima e quando estávamos já próximos do carro ela desmaiou. Eu chamei vocês imediatamente e aqui estamos. – Respondeu Annie prendendo um choro. – Vai ficar tudo bem com ela, não vai?

- Vai. – falou Sam e agarrou a mulher.

Eles observavam Abela dormindo até que perceberam uma correria fora do comum do lado de fora.

- O que está acontecendo? – perguntou Annie.

- É melhor a gente descobrir. – falou o loiro e seguiu em direção a porta. A loira e o caçula seguiram logo atrás.

- O que é isso tudo, oficial? – Perguntou Dean mostrando a carteira do FBI para um dos policiais que vieram com a jovem.

- Outra vitima do maníaco que esta rondando por aqui. A sorte é que dessa vez, alguém conseguiu salvá-la a tempo.

- Ela está bem? – perguntou Sam.

- O desgraçado conseguiu concretizar o estupro, mas não conseguimos entender porque parou durante o estrangulamento. – Ele olhou para a mulher. - Estamos esperando ela ser liberada pelos médicos para prestar depoimento.

- Se importa de nos manter informados sobre o andamento do caso? É que estamos investigando ele também. – Falou Sam ainda abraçado a Annie.

- Claro que sim. – respondeu o oficial.

...

P.O.V. Abela Allen:

Extremamente devagar, eu fui recobrando a consciência e sentindo a umidade em minhas costas. O vestido branco que eu trajava era bastante fino e por causa disso, o frio era ainda mais intenso do que deveria ser.

Abri os meus olhos e percebi que estava em uma mata fechada e bastante escura. Não dava para dizer se era noite ou dia, já que a copa das arvores, não permitiam que os raios do sol tocassem o solo.

Apoiei-me em uma pedra e me levantei. Só então percebi que já havia estado ali antes, mais necessariamente quando eu, Annie e Abbie, fugimos do olho amarelo, quando tínhamos quinze anos.

Apavorei-me quando pensei nisso.

A última coisa que eu me lembro foi de estar saindo da casa da testemunha e então tudo ficou escuro.

- Annie. – gritei a todo pulmão. – Dean, Sam. – continuei gritando por todos, eles tinham que estar ali. Era nisso que eu me apoiava para manter a calma. – Onde estão vocês?

- Eles não podem te ouvir, querida. – falou uma voz masculina, extremamente grossa. Virei na direção de onde ela estava vindo e não conseguia ver nada, até que uma luz se acendeu e eu vi o par de olhos amarelos, bem próximo a mim. – Surpresa em ver o papai?