Dean acordou quando o sol invadiu o quarto. O loiro não era de acordar cedo, mas levando em consideração que aquele não era um dia como outro qualquer, abriu-se uma exceção. Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foram as madeixas castanhas da caçadora. Ela havia dito que a cor loira não combinava com ela. Com isso, Annie permaneceu loira e Abela voltou a ter a cor castanha. Ele se aproximou e respirou fundo, o perfume doce dos cabelos de Abela invadiu o nariz de Dean e pela primeira vez, ele quis acordar ao lado de uma única mulher, pelo resto da vida.

A respiração da caçadora era calma, compassada e ela ainda permanecia encolhida, segurando a mão de Dean na altura do coração e encostada em seu peito. O loiro ergueu a cabeça bem devagar e cautelosamente, foi puxando o braço, sem vontade de acordá-la, mas quando quase havia conseguido, Abela se virou e o encarou.

– Bom dia. – falou ela se espreguiçando na cama.

– Bom dia. – respondeu ele. – Dormiu bem?

– Maravilhosamente bem, obrigada. – Abela passou o braço ao redor do tronco de Dean e se encolheu.

– Bela, preciso ir ao banheiro. – falou o loiro e tentou se levantar de novo, mas Abela o agarrou com mais força.

– Não vai não, fica aqui. Você é tão macio e quente. Da vontade de ficar abraçado com você pelo resto da vida.

– Eu preciso mesmo ir. – falou ele e encarou a mulher.

– Promete que volta?

– Prometo. – respondeu o loiro e se levantou, olhou a mulher agarrar o seu travesseiro e então correu para o banheiro. Parou de frente para o espelho e se encarou. – Respire Dean Winchester, você é um homem ou um rato? – ele se esticou um pouco e olhou Abela dormindo em sua cama, abraçada ao travesseiro e com as pernas a mostra. – Ta certo, você é um rato. – Pegou uma quantidade de água nas mãos e jogou no rosto. Novamente se olhou no espelho. – Ah, qual é? Você é Dean Winchester. Vamos logo com isso. – Pegou a toalha, enxugou o rosto e voltou para o quarto. Puxou a coberta um pouco e se deitou ao lado da jovem, passando a mão por sua cintura.

Abela respirou fundo e tocou na mão do caçador. Virou-se para olhá-lo e então deu um grito alto, fazendo Dean cair da cama.

– Se afasta. Você está louco? – ela se levantou correndo da cama e se envolveu em um cobertor ao perceber que estava com aquela minúscula camisola. Segundos depois, Sam e Annie arrombaram a porta e entraram. Já estavam no corredor de acesso ao quarto dos dois quando ouviram os gritos de Abela.

– O que houve? – perguntou Sam preocupado.

– Ele. – Abela apontou para o loiro. – Me agarrou enquanto eu dormia.

– O que? Você ficou louca? – Dean encarava Abela confuso.

– Então você está dizendo que não me abraçou pelas costas enquanto eu estava dormindo.

– Sim, quer dizer, você me mandou voltar.

– Eu não disse nada, Dean. – falou ela assustada.

– Claro que disse.

– Eu confio na minha irmã. – falou Annie e puxou Abela para perto.

– Sam, me ajuda.

– Eu prefiro ficar fora disso, Dean.

– Então, você está me dizendo que não me acordou as três horas da manhã, com medo dos trovões da tempestade, me fez te dar espaço e dormiu na minha cama? – falou o loiro já irritado. – E agora de manhã, me deu bom dia e disse que sou tão macio e quente que dava vontade de ficar abraçado comigo pelo resto da vida? – Sam prendeu um riso e encarou Abela.

– Eu nunca disse isso.

– Faz sentido Bel. – falou o moreno se recompondo. – Você tem mesmo medo de tempestades, se lembra? Como o Dean ia saber disso se nem eu e nem você contou para ele?

– Espera, eu não estou entendendo mais nada. – falou Annie. – Você disse ou não disse, Abela?

– Eu acho que não. – falou ela. – Quer dizer, eu não... – Antes que pudesse continuar, ela sentiu uma dor forte na cabeça e se ajoelhou.

– Bela. – O loiro correu até ela. – olha para mim.

– “Começou, temos que impedi-la”. – falou a voz na cabeça da caçadora e então as vozes foram ficando cada vez mais fracas até que ela não conseguia mais ouvi-las.

– Abela, respira fundo. – O loiro agarrava os dois lados da cabeça da caçadora.

– Dean?

– Está tudo bem, venha! – Ele segurou a mulher pela cintura e a colocou deitada na cama.

– O que eles disseram? – perguntou Sam.

– Começou, temos que impedi-la. – respondeu Abela repetindo a voz feminina que ouvira há pouco.

– O que começou? – perguntou Annie.

– Eu não sei, mas deve ter alguma coisa a ver com o que aconteceu aqui. – ela olhou para Dean que respirou fundo.

– Vamos ligar para o Bobby, ele deve saber o que fazer. – falou Dean e pegou o telefone celular.

...

– Eu sinto muito, garotos, mas eu não faço a mínima idéia do que esteja acontecendo. Quero dizer, não é todo o dia que eu me deparo com amnésia por parte da filha do olho amarelo. – respondeu Bobby.

– Eu sei que o assunto é inusitado, mas precisamos de toda ajuda possível. – falou o loiro preocupadamente.

– Entendo. – respondeu o caçador mais velho. – Eu tenho uma teoria, mas preciso pesquisar mais sobre ela. Até lá, fiquei sabendo que alguma coisa está acontecendo na cidade onde vocês estão.

– Alguma coisa, tipo: “Fantasmas vingadores e metamorfos assassinos” ou então coisa do tipo: “Velhinhas correndo atrás de meninos, por terem destruído o seu gramado”?

– Filho, você precisa de ajuda.

– Por quê? Essas coisas acontecem com mais freqüência do que você imagina.

– Esquece. – falou o caçador e se sentou em uma cadeira. – Três mulheres foram encontradas violentadas e estranguladas.

– Isso não é nosso departamento.

– E quando eu digo que o namorado de uma delas relatou que foi um fantasma que o fez?

– Ai a coisa muda de figura.

– Dêem uma olhada nisso por mim, enquanto eu tento descobrir o que está acontecendo com a Abela, está bem?

– Deixa com a gente, Bobby. – falou o loiro e desligou o celular.

– O que ele disse? – perguntou Abela.

– Que vai tentar descobrir alguma coisa, mas até lá, temos trabalho para fazer. – Ele correu até a mala e pegou algumas roupas. – Mas não antes de buscar o meu baby.