Os quatro caçadores estavam na estrada, em algum lugar do Novo México, quando o carro quebrou. Dean havia feito uma vistoria no impala algumas horas antes e por incrível que pareça, esqueceu de colocar água e o motor soltou fumaça. Como se não bastasse, uma chuva grossa começou a cair e eles se viram presos naquele lugar.

– Conserta. – falou Abela completamente encharcada. O loiro estava olhando o motor e da mesma forma estava completamente molhado.

– Se você é a sabichona, pode tomar o meu lugar. – falou ele visivelmente chateado e passando uma chave de fenda para a mulher. – O motor bateu. Isso vai precisar de uma retifica.

– Traduz, Dean Winchester.

– Vamos ter que caminhar. – falou o loiro e abaixou o capô do carro. Pegou duas bolsas e esvaziou o porta malas. Passou uma delas para o irmão e os dois empurraram o carro para um lugar mais escondido. Eles então começaram a andar, mas não antes de Dean prometer voltar para buscar seu baby. Sempre lembrando que cumpria as suas promessas.

Cerca de três horas depois, eles chegaram a um motel de beira de estrada e dois quartos foram alugados. O 102 ficou com Sam e Annie e o 107 com Dean e Abela. A médica/caçadora, escolheu assim. Desde quando ela colocou Sam contra a parede e descobriu sobre os sentimentos de Dean para com a irmã, ela tem tentado deixá-los o máximo de tempo juntos, sem interferência. E para que forma melhor de deixá-los sozinhos se não em um quarto de motel? Com esse pensamento a loira arrastou o namorado pelo corredor e entrou em seu quarto.

Abela ainda tentou alugar um quarto só para ela, mas foi informada pelo dono que não havia lugar disponível. Culpa de Dean, que subornou o homem para que lhe dissesse isso.

A morena abriu a porta do quarto e imediatamente escolheu a cama próxima da porta. Dean, ser ter para onde ir, ficou com a cama próxima do banheiro.

P.O.V. Dean Winchester:

Sabe aquele momento que você sonha com ele por um longo tempo e quando ele finalmente chega... não é nada daquilo que você imaginou? Pois bem, foi como começou a minha noite e a de Abela.

Sinceramente, eu sempre imaginei que quando estivéssemos juntos, no mesmo quarto de motel, alguma coisa aconteceria. E você me entende quando eu digo “alguma coisa”.

Mas não, não parecia ser eu ali, porque a única reação que tive foi de, quando Abela foi se secar e vestir algo confortável para dormir, me enxugar, colocar um short e uma camisa e acredite, cair dormindo na cama.

Claro que eu não perdi a chance de vê-la, vestindo aquela camisola azul turquesa, com estampa de onça. Será que ela vestia aquilo todas as noites ou resolveu, realmente, provocar?

Se foi provocação, eu não sei, mas que conseguiu esse efeito em mim, isso eu posso garantir. Ela sentou na cama e me olhou séria. Quando percebeu que eu já estava quase dormindo, se deitou e se enrolou na coberta.

...

Eram quase três horas da manhã quando a chuva voltou a cair e dessa vez, veio ainda mais forte. Os relâmpagos e trovões, enfeitavam o céu e no nosso quarto eu dormia tranqüilo, mas Abela não. Até aquele momento, eu não sabia, mas ela morria de medo de trovões. Juro que tentei perturbá-la depois daquilo, mas ela sempre jogava na minha cara que eu tinha medo de avião. Então eu considerava empate.

Mas a coisa mais louca que aconteceu naquela noite, ainda estava por vir. Eu tive a Abela em meus braços pela primeira vez. Não da forma que eu queria, mas já valeu.

Durante um trovão forte, ela se levantou da cama e caminhou até a minha.

– Dean, acorda. – falou ela me sacudindo.

– Qual é o problema, Bel? – respondi ainda sonolento. O medo estava estampado na face da minha menina e eu não podia deixá-la daquela forma.

– Chega para lá. – falou ela e se sentou na beirada da minha cama.

– Chegar para lá, por quê?

– Eu estou com medo. – Ela colocou o travesseiro do lado do meu e se deitou. Somente nós dois em uma cama de solteiro.

– Medo? De que?

– Eu tenho medo de tempestades, Dean. – falou ela e me olhou nos olhos. – Sam me protegia quando tinha uma forte como essa. – Aqueles olhos verdes me tiravam o fôlego mesmo sem um agravante como esse, imagina naquela hora? Era como se ela fosse uma gatinha com cara de pidona.

– Tudo bem. – respondi e deitei novamente, fazendo o esforço possível para não encostar.

– Dean.

– Sim.

– Me dá a sua mão esquerda? – Abela esticou a mão e eu, sem pensar duas vezes, concordei. Tamanha foi a surpresa quando ela me puxou para perto, se aconchegou encostando as costas dela em meu peito e fez com que eu a abraçasse. – Boa noite, Dean.

– Boa noite, Bela. – respondi ainda sem acreditar naquilo. Realmente estava acontecendo ou era coisa da minha mente pervertida? Demorou um momento para eu finalmente perceber que ela estava ali, que dormia protegida em meus braços. E quer saber? Por um momento eu também me senti protegido.