Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que ainda estamos muito longe do fim (8
Mentira!!! Estamos no finalzinho :'(
Boa Leitura, paçocas *----*



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O rosto dela está marcado com algumas pequenas cicatrizes na altura da testa, mas já estão desaparecendo. Os cabelos castanhos caem numa cascata sobre os ombros, a pele está pálida e os olhos estão daquela cor âmbar, como sempre, e neles existe a certeza de que nunca voltarão a ficar arroxeados.

Encaro o reflexo no espelho sentindo um calafrio. Vejo minhas coisas em volta, estão do jeito que as deixei. Tenho certeza de que aquele quarto não foi visitado por mais ninguém além de meus pais, e minha mãe deve tê-lo limpado algumas vezes, ou simplesmente o observado para matar a saudade.

Ela entra no quarto discretamente. Chorou bastante quando me visitou no hospital. Meu pai ainda estava viajando, mas quando soube da notícia disse que viria logo para casa. Eu não o via há muito tempo. Senti um aperto no peito ao lembrar disso.

– Oi, querida - ela diz baixo e caminha em minha direção.

Ela me dá um beijo na testa e afasta meus cabelos do rosto deixando-os caindo em minhas costas. Eu a vejo atrás de mim no reflexo no espelho. Seus olhos brilham e percebo que os meus também.

– Você está bem? - ela pergunta.

Eu balanço a cabeçaa em afirmação.

Eles fizeram questão de me dizer tudo o que havia acontecido. Jimmy Duncun morreu após sofrer queimaduras extremamente sérias causadas por Charlie (cujo nome na verdade era Charlott Grase - não me acostumei muito rápido com essa informação), que recebeu ajuda para um tratamento contra a Substância que havia sido mal injetada. Os Voluntários foram honrados e indenizados pelo governo após a pressão da população, as famílias dos Voluntários mortos foram igualmente recompensadas pelas mortes dos filhos, mas sabíamos que não seria o bastante. O Capitão, juntamente com os outros colaboradores que cuidaram da escolta dos jovens, foram julgados e condenados à morte - um processo bem rápido, já que haviam milhares de testemunhas e provas concretas de suas participações. Alguns dos médicos e outras pessoas foram inocentadas já que foram consideradas vítimas da opressão do governo, como Noah e, infelizmente, Carly Kramer, mas eu me acertaria com ela mais cedo ou mais tarde. Daqui a duas semanas começariam as eleições para um novo presidente, e após alguns meses talvez todo o corpo do governo fosse substituído por novos administradores. Democracia era algo que não tínhamos há bastante tempo, e eu esperava que isso melhorasse as coisas, que os novos governantes fossem mais justos e não resolvessem criar Armas Genéticas através de crianças e jovens.

Os dias que haviam se passado foram os melhores desde que tudo terminara. Eu voltara a ser uma pessoa normal. É claro que continuaria sendo conhecida como a garota que foi cobaia de experiências científicas, liquidou o exército russo, libertou os Voluntários e o país das garras da ditadura e quase morreu caindo da altura de algumas milhares de milhas do chão. No entanto, algo parecia estar fora do lugar ainda.

Seth entra no quarto um pouco sem jeito.

– Vamos? O almoço está pronto e seu pai está lá em baixo - ele avisa.

Minha mãe respira fundo e começa a andar em direção a porta.

– Sue deve ter feito algo maravilhoso. Como diria a minha mãe: ela tem mãos de fada quando se trata de cozinha. Eu vou indo, não demorem, estão todos esperando.

Ela saiu do quarto e seguiu descendo as escadas.

Continuo vendo a garota no espelho, então alguém se aproxima dela. O jovem alto, de cabelos e olhos claros sorri e ela sorri fraco para ele. Ela se vira para ele e eu perco contato com ela. Agora a única coisa que vejo são os olhos claros do garoto.

Seth olha para mim deslumbrado, e eu o encaro como se ele fosse um sonho. Na verdade parecia um sonho realmente. Fecho os olhos por alguns longos segundos e abro vendo que é a mais pura realidade.

Sinto as mãos de Seth envolverem minha cintura com toda calma do mundo. Ele está há poucos centímetros do meu rosto. E os poucos centímetros são preenchidos quando seus lábios tocam os meus. No início foi algo terno e tímido de certa forma. Uma de suas mãos desliza até minha nuca e seu beijo se torna mais intenso.

Até que eu me afasto. Me arrependo de certa forma por ter me afastado, mas percebo que ele ficou intrigado.

– O que foi? - ele pergunta.

– Nada - eu respondo e tento sorrir. Em seguida toco seus lábios de leve rapidamente.

– Não - ele diz se afastando - Você está estranha. No que está pensando?

Engulo em seco. O que eu deveria dizer? Não me ocorre mais nada. Fico de costas para ele e encaro as coisas sobre minha penteadeira.

– Em nada. Aconteceu muita coisa, é normal eu ficar abalada.

Através do espelho vejo ele balançar a cabeça de leve. Em seguida ele baixa a cabeça e olha para o chão, expressão endurecida.

– Eu...sei o que aconteceu - ele diz e eu viro novamente para encara-lo confusa. O que ele estava falando? - Ele me contou.

Continuo sem entender. Ele não me dá pista.

– Ele quem?

Ele engole em seco.

– Noah Holtern.

Sinto o ar gelar. De certa forma me sinto um pouco envergonhada, então abaixo a cabeça.

– Não precisa ficar constrangida. Ficamos muito tempo longe um do outro, é normal que você tenha tido uma...queda por outra pessoa.

Eu o olho surpresa.

– Queda? - eu fecho os olhos e balanço a cabeça em negativa - Não, eu não tive uma...queda por Noah.

Ele morde o lábio inferior.

– Você...o ama? - ele parece um pouco decepcionado.

Eu continuo encarando-o sem resposta.

– Não - respondo finalmente e me aproximo abraçando-o - Eu não amo Noah, amo você. Fiz tudo isso por você, Seth, lembra? Passei os últimos dias pensando em você, não posso...não pensei em mais ninguém - as palavras saem implicitamente desesperadas.

– Alex - ele me interrompe - Não precisa...não minta.

Fecho os olhos sentindo a garganta queimar. Por que aquilo estava acontecendo? Eu havia feito tudo por Seth, seria possível ter me perdido no caminho?

– Não quero que continue do meu lado amando outraa pessoa. Não seria justo. Para nenhum de nós.

– Por que está dizendo isso? - pergunto.

Ele respira fundo, afasta o rosto e me olha nos olhos. Seus dedo acariciam meu rosto.

– Porque você o ama. Porque eu gosto muito de você. Porque ele continuou do seu lado mesmo comigo lá. E porque... - ele engoliu em seco - Eu estou na mesma situação que você.

Aquilo me pegou de surpresa. Seth amava outra pessoa também? Ou simplesmente não me amava mais?

Um nó se formou em minha garganta. Se você já esteve na mira de alguém, de uma arma ou de uma flecha, ou até de uma bolinha de papel, já deve saber que quando se fecha os olhos nesses momentos, você sente o corpo formigar, como se o tiro, flecha ou qualquer uma dessas coisas, passeasse pelo seu corpo antes de lançar-se.

Eu sentia como se meu coração estivesse sob a mira de uma flecha. Apenas demoraram alguns minutos até que eu percebesse que o tiro já havia sido dado.

Estaria ele se sentindo desse mesmo jeito?

Seth me deu um beijo na testa e foi como se meu coração se apertasse. Aquele seria nosso último beijo.

– Não minta para si mesma, Alex. Vá atrás do que você precisa. Não se prenda a mim por obrigação - suas palavras eram duras ao mesmo tempo que delicadas.

– Você é muito importante para mim, Seth.

Ficamos alguns minutos em silêncio até que ele começou a se dirigir para a porta.

– Você também é muito importante para mim - ele abriu a porta - Fica bem, Alexandra.

Meu olhar cai sobre os meus próprios pés e eu ouço a porta bater.

Fico alguns minutos assimilando o que acabara de acontecer. Era isso, havíamos passado por tudo aquilo para que descobríssemos então que não nos amávamos o suficiente. Era frustrante de certa forma, mas se era assim que tinha que ser, então que fosse.

Ouço o som como de um carro estacionando, em seguida o som de portas batendo. Caminho até a janela vendo duas pessoas em frente a casa. A primeira era um homem alto de cabelos negros e barba, deveria ter mais ou menos quarenta anos, mas estava com uma aparência muito bem conservada, de certo modo jovem. O outro era um rapaz, os cabelos negros eram curtos e ele era forte, não usava óculos como de costume e seus olhos azuis se destacavam. Estava muito atraente e vestido com uma camiseta verde, o que era diferente pois ele costumava usar roupas mais sociais. Mesmo assim estava muito bonito.

Noah fez uma varredura pela casa com a testa franzida. Seus olhos por fim pousaram sobre a minha janela e ao me ver ele sorriu. Senti o rosto queimar mas devolvi o sorriso.

De repente percebi que toda aquela coragem dos dias de guerra sumira num instante. Precisaria renova-la para poder ficar frente a frente com Noah Holtern.


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Notas finais do capítulo

Comentem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! >< Bjuuuuusss



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