Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura :')



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Desci as escadas pulando os degraus. Ao chegar ao chão dei de cara com meu pai. Os cabelos estavam levemente grisalhos, a barba estava feita impecavelmente e os olhos cor de âmbar me olhavam com deslumbre.

– Alexandra - ele murmurou e em seguida me abraçou.

Aquilo me pegou de surpresa. Há quanto tempo eu não o via? Há semanas, acredito. Ele parecia estar em boa forma, de qualquer modo estava melhor do que eu, que estava esguia e me recuperando de uma série de eventos.

– Pai.

Não consigo evitar sentir a estranheza do fato. Embora seja meu pai, ele não costumava me dar abraços com frequência. Acho que nenhum dos meus pais costumava. Senti-lo ali bem perto foi uma sensação diferente, mas apenas fechei os olhos e aproveitei o quanto pude.

– Fiquei tão preocupado. Pensei que tinha perdido você. Ah, minha filha, me desculpe não ter te dado a atenção que você precisava - ele despejava as palavras tão rapidamente como se tivesse em contagem regressiva para dize-las.

Fico surpresa com as palavras dele. É como se eu o estivesse vendo pela primeira vez.

– Tudo bem, pai. Está tudo bem agora - eu digo com a mente vaga enquanto ele se afasta do abraço lentamente.

Ele me observa como se eu fosse uma espécie de fada ou duende. Então sua expressão se alivia e ele beija a minha testa.

– Eu...tenho que ir agora - digo não conseguindo evitar rir fraco - Nos vemos daqui a pouco, ok?

Ele assente com um sorriso.

– Pode ir, querida.

Me aproximo e dou um beijo em sua bochecha. A cada minuto eu sentia que as coisas estavam em paz.

Corri até a porta no instante em que se ouvia a campainha soar. Ao abri-la fiquei frente a frente com Noah. Ele estava ótimo e seus olhos claros me hipnotizaram por alguns segundos.

Eu o abracei antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, o que o deixou confuso.

– Uou! Que bom ver você também - ele ria, e sua risada era tímida e cheia de bom-humor.

O homem bem vestido que vi da janela estava ao lado de Noah. Me afasto tímida por não tê-lo cumprimentado.

– Olá, senhorita Wilder - ele se aproxima e beija minha mão (um gesto bastante arcaico) - Dean Holtern.

Fico bastante surpresa. Nunca me ocorrera perguntar sobre os pais de Noah, e agora, de uma hora para outra eu estava conhecendo seu pai.

– Muito prazer - digo tentando ser o máximo simpática - Por favor, entre, estão todos nos fundos da casa, por ali.

Ele assente, agradece com educação e se dirige para a direção apontada.

Noah põe as mãos nos bolsos dos jeans e me olha com um certo humor no rosto.

– Parece que o dia está sendo bom para você.

Ele me olha da cabeça aos pés rápido e timidamente. Eu estava usando um vestido simples e meus cabelos estavam soltos. Eu deveria me sentir constrangida?

– O dia está sendo ótimo mesmo - eu digo encarando-o.

Ele sorri. Nunca tinha notado como seu sorriso era bonito.

– Eu posso saber o motivo? - ele pergunta.

Eu me aproximo e seu sorriso fica fraco, mas não como se tivesse perdido o humor, e sim como se estivesse pensando em algo. Ele estava diferente: mais jovem e bem-humorado.

– Sabe, eu acho que cada pessoa faz diferença na vida de outra, mas depende dela saber se vai fazer uma diferença boa ou ruim - eu digo e ele parece tentar entender minhas palavras - Ou se essa diferença vai ser grande ou pequena.

Eu rio do que eu mesma estou dizendo.

– Tudo bem. E o que te fez chegar a essa conclusão? - ele pergunta.

Mordo o lábio inferior.

– Ouvi o que você disse para mim quando eu estava no hospital.

Ele parece ficar um pouco tímido.

– Bom, Alex, eu sei que você ama Seth...

Eu faço um "shiu" e ele se interrompe.

– Você fez uma grande diferença na minha vida, Noah - eu começo, então dou mamis um passo e ficamos a alguns centímetros de distância - Quero fazer a mesma diferença na sua também.

Em seguida, assim que a coragem aparece, fecho os olhos e me impulsiono sentindo meus lábios pressionarem os dele. Sinto-me como se estivesse voando, mas desta vez não literalmente.

As mãos de Noah deslizam por minha cintura e meus braços se envolvem em torno de seu pescoço num abraço, me fazendo ficar na ponta dos pés.

Então sua boca se afasta da minha e meus olhos encontram os dele novamente. Seus lábios desenham um sorriso com charme implícito.

– Pensei que eu fosse a última pessoa que você se apaixonaria - ele diz com uma demonstração de timidez.

– Na verdade, você é a primeira da lista.

Ele ri.

– Você tem uma lista? - ele diz um pouco enciumado.

– Uma lista na qual você é atualmente o único integrante - eu digo sorrindo.


O resto do dia passou tão depressa quanto um carro em velocidade máxima passa por árvores numa auto-estrada. Seth ficou num canto, pensativo, durante toda a reunião em família, até o momento em que ele se foi mais cedo para casa dizendo que precisava fazer uma coisa importante. Não sabia o que era, mas esperava que ele ficasse bem, e que encontrasse alguém que o fizesse feliz como eu não pude fazer. O pai de Noah aparenta ter se dado muito bem com o meu, ambos ficaram conversando a maior parte da festa.

Eu estava feliz. Noah estava ao meu lado, meus pais estavam juntos e a família de Seth estava confraternizando conosco como costumava fazer há muitos anos atrás. Sue, a mãe de Seth, era viúva, mas trouxe os irmãos de Seth. Essa confraternização foi o que eu precisava para me sentir novamente em casa, como não sentia havia um bom tempo.

Todos poderíamos esperar dias melhores daquele dia em diante. Éramos livres e estávamos em paz. Eu esperava que ninguém voltasse a precisar fazer experiências em campos de concentração e nem restaurar a ditadura, e que eu pudesse viver minha vida e recuperar os dias perdidos durante o sofrimento.

Mais tarde, todos já haviam ido embora e meus pais se despediam do sr. Holtern.

– Espero você no carro, filho - ele diz indo em direção ao carro prata estacionado.

Noah encara o céu escuro como se esperasse que algo caísse de lá.

– Então nos vemos amanhã - eu digo sorrindo.

– É...amanhã. Tente não se jogar de prédios de cem andares e nem nada parecido - ele diz rindo.

A sua tentativa de aliviar as tensões dos últimos dias é adimirável.

– Não tenho motivos para fazer nada disso. De qualquer modo, sou uma pessoa normal agora - eu digo fingindo estar orgulhosa.

Ele assente.

– Você fez história, Alexandra Wilder - ele diz - A Voluntária que se tornou, mesmo que por um breve período, o ser-humano mais poderoso da Terra.

Eu penso nessas palavras por alguns segundos.

– E como é namorar essa garota? - pergunto colocando as mãos em volta de seu pescoço.

Ele coloca as mãos na minha cintura.

– Bom...é interessante.

Eu balanço a cabeça.

– Hum, interessante.

Ele sorri novamente e eu correspondo.

– Boa noite, Garota Radioativa.

E então seus lábios tocam os meus pela última vez naquela noite.


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