Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Gente, obrigado pelos comentários, e estou tristinha que estamos nos últimos capítulos. Tenho 1 recomendação, e os melhores leitores do mundo o/ ~puxando o saco...mentira é vdd rs...Boa Leitura!



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É incrível como o seu jeito de ver o mundo muda radicalmente no momento em que você se transforma. No meu caso, a transformação foi bem instensa. Eu continuava a mesma, porém...com super-mutação genética.

Depois de algumas horas na sala fazendo testes, os médicos conseguiram constatar tudo o que previam: eu conseguia mover objetos, tinha uma força fora do normal, minhas retinas mudavam de cor quando eu ficava com raiva, e conseguia produzir energia eletromagnética (os raios que saíam das minhas mãos como energia elétrica).

– Talvez ela consiga voar! - disse um dos médicos com os olhos brilhando.

– Isso já é loucura - murmurei.

Embora eu achasse que voar pudesse ser uma experiência particularmente interessante, eu achava no mínimo surreal.

Eles continuaram a discutir sobre outras ideias como, se eu conseguia respirar no espaço, ou, aguentar a temperatura do Sol.

– Eu acho que é melhor levar a srta. Wilder para o lugar onde vai passar a noite, assim vai acordar bem disposta para seu primeiro e talvez único dia de guerra - disse o Capitão confiante.

Os médicos concordaram e então me levaram pelos corredores até o elevador.

– Ainda estamos no Campo? - perguntei ao médico mais novo, que reconheci como sendo o rapaz que estava na hora em que foi injetada a Substância em mim.

Ele balançou a cabeça.

– Os Voluntários que são classificados como compatíveis, são retirados e trazidos para o Centro de Pesquisas Genéticas. Que é onde estamos agora - ele respondeu.

Foi então que pensando nisso eu lembrei de um detalhe.

– Seth era compatível? - perguntei surpresa.

Ele apenas assentiu.

– Seu amigo era compatível, mas começou a representar uma ameaça por ser desobediente e impulsivo, ele poderia criar sérios problemas se fosse o Soldado - disse o garoto.

Desobediente e impulsivo. Eram características próprias de Seth. De certo modo eram minhas também, mas o que me fazia diferente dele? Seth tinha mais a perder do que eu, de certo modo, eu não tinha quase nada além dele.

– Por que me escolheram? - perguntei receiosa com a resposta.

Finalmente chegamos ao último andar: o centésimo décimo.

Seguimos através do corredor extenso de paredes e piso brancos.

– Bom, fizemos vários exames, sua compatibilidade era completa. E não havia arranjado problemas até então, como seu amigo ou a soldado Kramer. E mais um motivo foi que... - ele abriu a porta cujo número era 341 e eu entrei - Você morreu.

As palavras me pegaram como se eu levasse uma pedrada na cabeça.

– Eu morri?! - perguntei incrédula.

Ele assentiu.

– Quando você chegou ao Centro, que seria o único lugar onde poderíamos realizar qualquer atividade de medicina, você estava inconciênte e seus batimentos eram menores do que vinte. Nós realizamos a cirurgia para regenerar os ferimentos feitos pela faca, e tivemos sucesso. Porém, durante a cirurgia você teve uma parada cardíaca. Felizmente conseguimos traze-la de volta - ele disse com uma rapidez que conseguiu confundir ainda mais o meu cérebro - Consideramos que você era forte e conseguiria sobreviver à injeção da Substância, e acertamos.

Aquilo foi a coisa mais...nem sei a palavra para descrever a sensação de descobrir que você um dia deixou de respirar. Morreu. Era sinistro, surreal, inacreditável.

– Por alguns dias você ficou em coma. Depois do quarto dia, as atividades cerebrais voltaram ao normal, e seu quadro passou de "coma instável" para "sono profundo".

– Eu fiquei quatro dias em coma? - perguntei sem conseguir acreditar ainda.

Ele assentiu.

– Mas fique relaxada, Alex. O procedimento foi um sucesso e agora você é o ser-humano mais poderoso que existe. Não precisa mais se preocupar com isso - ele disse se dirigindo até a porta novamente - Mas não faça nada precipitadamente. Eles podem explodir você.

Então o médico se foi.

Eu estava sozinha. Quando finalmente percebi, estava em uma espécie de suíte. As paredes eram azul-celeste, as divisórias do apartamento eram de vidro, e com água borbulhando, como no escritório do Capitão. Eu estava no que parecia ser a sala, havia um sofá enorme e branco, o tapete era de listras coloridas e a mesa de centro era de aço. Andei pelo apartamento conhecendo os demais cômodos; tinham dois banheiros, sendo que um deles ficava no quarto, e havia uma banheira. Também havia uma cozinha, com suprimentos e tudo o que uma cozinha precisa ter. O quarto tinha uma cama grande com lençóis azuis e uma enorme TV - mas como eu havia dito antes, nunca fui de assistir TV.

Era tudo maravilhoso, porém eu me sentia vazia. Um fantasma.

Tomei um banho e fui até o armário, percebendo que haviam roupas novas e exatamente do meu tamanho - uma coisa que aprendi, é nunca subestimar o modo como aquela gente conseguia descobrir as coisas. Haviam jeans, blusas e vestidos, para todos os tipos de ocasiões.

Coloquei uma camisola branca que havia encontrado e abri as cortinas descobrindo uma sacada de onde se podia ver toda a cidade de Washington.

Quem me visse naquele momento, diria que eu conseguira o que eu queria. Eu queria entrar para a seleção do Soldado, eu era a Arma do governo, eu participaria da guerra, eu tinha o lugar no topo do mundo como "o ser-humano mais poderoso que existe" e estava em um apartamento com todas as riquezas que alguém poderia ter na minha posição social. Mas sentia-me vazia e faltava quem eu mais queria ali perto.

Eu estava sendo usada. Mas logo as coisas seriam diferentes, eu nunca fui do tipo que alguém consegue prender para si, eu sabia o que devia fazer e faria se fosse preciso. Nenhum oficial ou soldado desse país ou de outro faria de mim sua marionete. Eu sabia que conseguiria sair dali em breve, só precisava da oportunidade.

Eu estava prestes a ir para a cama quando parei e resolvi tentar uma coisa. Eu estava em pé, descalça de frente para a cama, fechei os olhos e tentei não pensar em nada, tirei tudo o que podia da minha mente e me concentrei em meu próprio corpo. Logo minha cabeça estava vazia, imaginei uma bolha em volta de mim e tentei ergue-la do chão. Era uma tentativa que chegava a ser idiota. Voar. Quem pensaria nisso?

Depois de alguns segundos senti que estava nas pontas dos dedos, o vento frio abraçava meus pés descobertos, e quando finalmente tomei coragem para abrir os olhos, vi que eu estava a apenas dez centímetros do chão. O que me deixou assustada e maravilhada ao mesmo tempo. Me manter fora do chão foi complicado, eu sentia algo como um puxão na boca do estômago, e de repente caí na cama percebendo que meu susto havia me feito cair.

Deitei na cama me cobrindo com os lençóis e tentei dormir. Mas todos os acontecimentos do dia me deixaram sobrecarregada. E pensar que naquela mesma manhã eu estive com Seth, eu o havia visto, o havia beijado...

Mas eu estava ali. O que ele pensaria de tudo aquilo? O que acharia se me visse? Me acharia uma aberração? Teria pena de mim?

E meus pais? Meu pai, eu não o via há...eu não fazia ideia da última vez que o vira. Tentei lembrar de sua aparência; olhos cor de âmbar, cabelos castanhos, ele aparentava ter trinta anos, mas tinha quase quarenta. Éramos bastante próximos, até sua empresa dar mais lucro e ele resolver trabalhar mais e ficar menos em casa. Não sei se foi exatamente uma escolha dele, sempre há aquela desculpa de "estou fazendo isso pelo bem da família". E minha mãe? A visão de seus olhos cheios de lágrimas me causou tristeza. Eu não devia tê-la deixado, seria uma intuição de mãe ou algo do tipo o que ela tivera? Ou simplesmente queria impor sua vontade sobre mim como fizera a vida inteira? Ela sempre foi de fazer isso, tentar me moldar como uma pessoa mais agradável (me comportar como as outras garotas.) Acho que se eles soubessem o que eu havia me tornado ficariam felizes ou decepcionados.

Depois de uma hora me revirando na cama, levantei e fui até o banheiro. Revirei os armários e finalmente encontrei um remédio para insônia - como e por quê ele estava lá eu não sabia e nem me importava em saber. Engoli o comprimido tomando um gole de água em seguida e voltei para a cama dormindo em alguns minutos.

Depois de dias tendo pesadelos, finalmente tive sonhos bons, com a época em que eu saía com minha família para reuniões que tínhamos na casa da minha avó - que eu não via faziam anos -, quando Seth e eu íamos aos parques de diversões e competíamos entre quem comia mais hamburgers e tomava mais refrigerantes sem passar mal, ele geralmente ganhava, mas eu não ficava para trás.

Mais do que nunca eu sentia falta daqueles momentos, porque agora eu estava sozinha...


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Notas finais do capítulo

Comentem!! ^^