Contos do Escritor Anônimo escrita por Queen Vee


Capítulo 15
Feliz aniversário! /15#


Notas iniciais do capítulo

Entãaaaao...vocês ainda me acompanham? Sei que estou sendo um pouquiiinho desleixada com isso aqui e tudo mais, porém não me espanquem!
Estou trabalhando em um projetinho especial, acompanhando fanfics maravilhosas, batendo um papinho com minha querida Shianny ( Oi, Nina!), então...
Não sejam malvados com a Queen! /u
Espero que gostem desse capítulo...vão descobrir/conhecer/se divertir (com) bastante coisas!
Até as notas finais! ~



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Esfreguei os olhos fracamente enquanto ouvia uma música potencialmente irritante de despertador em meus ouvidos. Me espreguicei, tentando criar um raciocínio lógico... Estava deitado em algo estranho. Tateei o que deveria ser a minha cama, incomodado com as características que definitivamente não eram do meu colchão pouco espaçoso.

Lençóis macios. Quentes. Aconchegantes. Com certeza muito caros.

Se estivesse realmente usando o cérebro no momento, não teria levantado. Mas... O fiz. Abri os olhos preguiçosamente, e me sentei. Olhei ao redor... Papel de parede aristocrático, cama exageradamente grande, edredom vermelho de fios dourados, tapetes turcos... Alguma coisa naquele lugar estava muito errada.

Franzi o cenho e bocejei mais uma vez. Não tinha muita certeza que já havia estado naquele lugar, mas não dei muita atenção. Pulei para o chão... Pisei em algo. Uma camisa. Me abaixei e a peguei... Era minha.

Olhei para mim mesmo. Uma peça, apenas. Meias. E eu odeio dormir de meias. Acanhado, amarrei a camisa na cintura e sai do quarto com um lençol sobre os ombros. Aquele era um lugar estranho.

Encarei a janela… Um enorme flamboyant. Automaticamente, não estávamos na cidade, já que árvores como esta têm raízes incrivelmente destrutivas, que acabam facilmente com calçadas e ruas. Tentei ver por cima dela... Mais áreas verdes. O céu estava rosado.

Suspirei e fui explorar aquele lugar.

Aos poucos, notei a consistência estranha do piso. Se andasse normalmente, era normal, porém, ao encolher os dedos dos pés pelo frio, senti amolecer. Algo como andar em gelatina. Franzi o cenho e dei um pulo... A imagem tremeluziu.

Pisquei, confuso. Poderia ter ficado horas pulando feito bobo até descobrir do que se tratava, mas algumas vozes me tiraram do ar. Pareciam… Meus pais. Tentavam falar baixo, provavelmente no meio de uma discussão. Gritos sussurrados enchiam o lugar.

Noah, preste atenção...o Chris é um garoto muito diferente dos outros! Não podemos simplesmente fazer uma festinha normal e achar que ele vai gostar!”, minha mãe chiou, batendo o pé no carpete.

O moreno, meu genitor, balançou os braços para os céus, como se pedisse alguma ajuda. Revirou os olhos e fitou a mulher, que evitava ralhar com ele. Balançou os cabelos longos — soltos, desta vez —, se recusando à aceitar sua afirmação.

Do que está falando, Charllote? Nosso filho é um adolescente. Todo adolescente que uma festa assim. O Chris é especial apenas para nós, entendeu? Não para o resto do mundo!”, constatou, sentando-se à poltrona, como sempre fazia.

Só estava vendo a hora de minha mãe voar na cara de Noah, aos arranhos e berros, feito um gato irritado. Nunca vi ela o fazer, mas mentalizei todas as vezes que via “O olhar”. Todo filho conhece “O olhar”. De esguelha, irritado, feroz, mortal…

O olhar.

Preste mais atenção no seu filho, Noah. Você acha mesmo que o Christopher, o nosso Chris, é normal?! Ele é...é...totalmente fora dos padrões! Não que eu considere isso ruim, nunca! Já o ouviu reclamar de alguma coisa?! Ele não pede para sair, ir à festas...só fica em casa e rabisca milhões de cadernos com histórias que VOCÊ nunca se interessou em ler!”, e devo dizer que não parava por ai.

Cada segundo que se passava era um decibel que subia na sala. E eu? Continuava sorrateiro, me escondendo atrás da porta do quarto, no fim do corredor. Aquele lugar tinha tomado uma forma mais familiar...agora me lembrava minha primeira casa. Uhn.

Ele não é sociável, entendo! Mas tenho certeza que não vai negar uma festa dessas, Charllote. E já preparei tudo! Inclusive, marquei tudo na casa de festas e…”, foi abruptamente interrompido por Charllote.

Problema seu! À propósito, o aniversário do Chris vai ser na minha semana, então eu decido como vai ser!”, vi o moreno franzir o cenho. De gritos, o sons presentes no cômodo foram substituídos pela respiração irregular dos dois e o pesado e desagradável silêncio.

Não movi um músculo. Tenho certeza que não movi um músculo, mas ainda sim, um som desagradável de patinho de borracha sendo pisado foi ouvido bem do meu lado, e minha presença foi notada. Assim que os olhares me atingiram, a cena se desfez completamente.

Assim, do nada, estava sentado debaixo de um ipê, segurando uma merendeira azul-céu e vestindo o uniforme do meu colégio. Pisquei, olhando ao redor com evidente horror na expressão, sem entender nada.

Rapidamente encontrei uma face ainda mais confusa me fitando.

...Chris…? Por que está com essa cara? F-foi algo que eu disse?”, o tom de voz arrastado e tímido invadiu-me. Doce, um pouco assustado…

Céus. Era Kyle.

Abri a boca com hesitação. Da fenda, só ar. Balancei a cabeça negativamente, sem saber o que dizer ou como agir. Era tão real! Sentia até que poderia estender a mão e tocar seu rosto. A textura delicada na ponta de meus dedos outra vez…

Mas evitei.

N-não me respondeu…”, murmurou levemente, colocando um dos cookies de chocolate na boca. O olhar desviado para o chão e as bochechas levemente tingidas de uma cor rosada me impressionavam.

A imagem era nítida. Era perfeita.

Eu...d-desculpa. Estava distraído.”, balbuciei, coçando a nuca com umas pontadas de vergonha. Estava mais que perdido na situação, afinal. “O que me perguntou?”.

Seus orbes de um profundo azul ergueram-se até minha face, esquentando-a ainda mais. Kyle. Meu Deus, eram os adoráveis olhos de Kyle. A cena mais real de toda a minha vida. Aqueles olhos lindos eram totalmente expressivos.

Me lembro bem deles. Foram o tema de longas prosas de um escritor anônimo...e de um Chris. Um tímido Chris, no seu quarto, que deveria estar dormindo mas não conseguia parar de vislumbrar os orbes até mesmo nas estrelas que enfeitavam o lado de fora da janela.

O cerúleo que admiro, no céu, no mar, no penetrante e doce oceano que lhe enfeita a face, meu anjo.

As ondas azuladas que reconheço à milhas de distância que preferia que não existissem, meu doce.

O brilho claro, que mesmo em longitudes cromáticas, lembram-me os raio de sol que, toda manhã, afagam-me o rosto como se dedos teus fossem, meu amor.

— E é apenas isso de que me recordo.

— Christopher V.

Perguntei se seu aniversário está mesmo próximo…”, tocou minha bochecha com o indicador, esboçando um sorriso cândido. “Seu amigo me disse que estava”.

Inclinei levemente a cabeça para o lado. Meu aniversário…? Ah. É claro. Esse era o motivo daquilo tudo. A briga, Kyle...meu aniversário. Retribuí seu sorriso e me inclinei para beijar seu rosto carinhosamente.

Não importa.

Mais uma vez, a cena perdia o formato e o brilho. Aos poucos, as feições delicadas e expressão ingênua do garoto — awn… — me deixava, causando nada mais que um longo suspiro, por compreender em partes que aquilo nunca seria a realidade.

“Depois da tempestade, vem a bonança”, eles dizem. Neste instante, ouso inverter essa frase. Após aproveitar da fictícia e ilusória presença de Kyle comigo, a imagem que se criara à minha frente foi um dos momentos mais ridículos de toda a minha vida.

De toda a minha vida.

Toda ela.

Se você, leitor, acha que foi constrangedor estar nos ombros de certo loirinho enquanto ele foge na beira de uma piscina com todos os seus amigos atrás berrando coisas sobre a sua traseira — é, a sua traseira — e você está de sunga…

Vai tirando seu potrinho da cela, amigo.

As luzes piscando me deixavam desconfortável, mas já havia me acostumado pelo tempo. Era meu aniversário de 17 anos, quando consegui reunir todos os meus amigos novamente para comemorar a data.

Mentira.

Eles marcaram tudo sozinhos e me deram um endereço estranho por telefone, então o pobre e inocente Chris não fazia ideia do que o esperava.

Estávamos em uma boate. Não sei como me deixaram entrar sendo menor de idade — devo achar estranho o Sr. Segurança estar olhando para minha bunda? Droga. —, mas estava lá. Na maior cara de pau do mundo e sem vontade nenhuma, mas estava.

Logo quando entro, dou de cara com uma Mary enfeitando o resto da turma com plumas, chapéus engraçados, máscaras e colares de flores bem vagabundos. Sem comentários. O primeiro á me notar foi Marion, que me abraçou ao ajeitar o chapéu vermelho cheio de glitter desnecessário.

Chris! Feliz aniversário!”, e, à partir disto, todos vêm me soterrar com frases de parabéns, felicidades e etc. Recusei o óculos amarelo brilhante, mas não consegui fugir da máscara de onça e das plumas de cor negra. Eba.

Sinta a fervorosidade e animação no meu “eba”.

Eba.

E-ba.

E-b-a.

E as coisas foram acontecendo sem minha permissão. Me recusava à dançar qualquer coisa que não fosse do James Brown, acenava para pessoas que nunca tinha visto, mas que pareciam me conhecer…

Então, me vem Ísis com sua 'saltitância' saltitante e me oferece um copo de suco de uva. Meus motivos para não desconfiar dela? Bom, era minha melhor amiga, a imaculada e amável Ísis. E também, era suco de uva. Nem aquela droga de refrigerante era.

Aceitei. Bebi. Fiquei quieto no meu canto.

Por pouco tempo, claro.

Alguém já ouviu falar em afrodisíaco em pó? É uma criação de Satã, tenho certeza. Mas, depois daquela noite, Satã se manteria ainda mais longe de mim do que o normal. O anticristo teme se aproximar de quem vos fala para evitar azar, garanto.

Afrodisíaco em pó. Eu mataria o inventor.

Meu corpo começava à esquentar aos poucos. A visão embaçava, meus sentidos se embolavam um pouco...porque, claro, não bastava a presença da droga…

Tinha tequila naquela merda. Tequila. A maldita bebida, a tequila.

Lá se foi Christopher, meio grogue e totalmente enlouquecido, se jogar na pista de dança com os “amigos” que o drogaram sem que percebesse. Ah, é. Eu dancei. Não sei como dancei, mas dancei muito.

Fiz uma performance vergonhosa de “If I had you”. Para quem não sabe, é do Adam Lambert e é uma música bem legal, quando não se está praticamente bêbado. Bêbado sim, porque ainda mandei três copos daquele “suco” para dentro.

Não sei o que me aconteceu depois de três horas apenas dançando, mas foi Oliver, o salvador, que mandou a gente parar com a brincadeira e ir para casa antes que acontecesse algo muito grave. Eu, nada lúcido, não estava nem um pouco afim de ir para casa.

Com meus amigos, não se precisa de inimigos. Com meus amigos embriagados? Haha. Baseados na minha insistência para ficar e voz manhosa de rapaz quase dopado, nos mandaram para os fundos da boate.

Chris...estou falando sério! A ideia foi do Alec, foi engraçado e tudo mais...só que precisamos ir para casa agora. Mary, por favor!”, ele tentava.

E nos tracaram em um quarto.

Na minha mente, só tive flashes desse dia. Por toda a vida. Mas, unido aos relatos de Oliver — todos feitos para me deixar constrangido —, a coisa ali era bem mais real.

“Não precisamos ir para casa agora, Oli...está sendo chato.”, balançei os ombros levemente, apoiando as mãos em seu peito e sorrindo de um jeito bem bêbado mesmo. “Eu quero ficar aqui com você…”.

Poderia vomitar. Pela situação, pela bebida e pela cara de vadia que estava fazendo. “SOCORRO, ALGUÉM ME TIRE DAQUI!”, pensava apenas para mim. Eca.

Chris, você não está legal…”, interrompi-o com um “shh”, encostando o indicador aos lábios.

E, sabe-se lá Deus como, Christopher Valentini empurrou Oliver no sofá do quarto. Ambos os rostos tinham um tom avermelhado...a diferença era a expressão mais que ousada em minha face.

Não estou, mas vou ficar”.

Tem ceninha mais clichê? Tem frase mais vergonhosa? Tem pior presente de aniversário que esse? Não. Não mesmo.

O loiro fez o maior esforço que pôde, eu sei. Mas, não foi o suficiente para um adolescente bêbado e drogado com afrodisíaco em pó que passou três horas requebrando a bunda na pista de dança para disfarçar uma ereção.

Que tristeza. Tsc.

Por sorte, não fomos longe demais. Claro, roubei pelo menos uns cinco beijos quentes do loiro, consegui umas três marcas arroxeadas no pescoço e duas nos quadris e umas apalpadas em um lugar que, à partir daquele dia, foi nomeado de Candy Bomb.

Candy Bomb é ela. A devastadora. A enorme e impactante. “Candy”, sou eu. “Bomb”, é ela. Candy Bomb, o nome que receberam…

Minhas nádegas, após serem afofadas indevidamente por Oliver.

Fiquei uns dois meses sem conseguir o olhar na cara. Agradeço imensamente pelo casal que apareceu de repente no quarto e fez o loiro recobrar a consciência antes que as peças de roupa fossem ao chão.

Estava morto de vergonha e encolhido em um banco de praça. O constrangimento se mostrava em meu rosto, quando aquela figura apareceu com um sorriso também constrangido e um picolé de amendoim como pedido de...desculpas?

Feliz aniversário atrasado, Chris”, sorriu enquanto me assistia criar laços românticos com o picolé, que também servia para não ter que o olhar muito. Meus olhos desviaram-se à ele e meu coração falhou algumas batidas.

Naquele momento...Deus, naquele momento eu poderia ter me apaixonado por ele. Poderia ter me jogado em seus braços e feito um discurso de novela. Poderia tê-lo agarrado pelo colarinho e dado um 6° beijo. Poderia...

Espero que as marcas do nosso presente já tenham ido embora. Ah, e você dança imensamente bem, se quer saber. Manda um beijo para a Candy Bomb, hm?”, mas, não. Só o atingi com uma saraivada de palavrões e uns tapas nas costas, voltando à amar o picolé.

Ele riu mais uma vez.

Parabéns mesmo, Chris”.

E com essas palavras, acordei desnorteado, esfregando os olhos e olhando ao redor com uma taquicardia inexplicável. Respirei fundo ao notar a claridade invadindo meu quarto e cocei a nuca, bocejando.

Desviei o olhar ao calendário na cabeceira e o peguei, encarando as datas.

Ah. Tudo explicado.

— Um mês pro meu aniversário…? Já? — Suspirei. Olá, 29 aninhos.

Uhn. Jurava que já tinha 29 antes.


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Notas finais do capítulo

;u; Me desculpem qualquer erro, sim? Wan.
>3< Espero que tenham gostado da Candy Bomb, hm? Amo essa diva!
Uh, e a criação de afrodisíaco em pó (cujo eu amei) veio da incrível Torta, a "daddysaidno" do Nyah!. Acompanhem a fanfic dela *3* É muito legal!
E ela não me pagou para falar isso. 'u' BEIJÃO!



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