- Só queria esclarecer algumas coisas com você. – digo apontando para o peito de Brandon e falando um pouco alto, mesmo estando com Shannon dormindo em meus braços.

Ele suspira e fecha o caderno com contas matemáticas, com uma caneta e um lápis dentro.

- Não.

- Nem sabe o que vou dizer. – digo irritado, escutando o grunhido de Shannon.

- Você gosta da Shan? Já pensou em dormir com ela? Não. Quer dizer... Para a segunda opção...

- Já entendi. – digo concordando com a cabeça, com vontade de socá-lo por dizer isso. – Lê mentes, agora?

- Na verdade, espero que me pergunte isso desde a festa. – Ele se levanta chegando perto de mim e batendo em meu ombro. – A garota estava na festa, mas não era a Shannon.

- O que quis dizer com isso? – digo observando-o passar por mim e pela portas, fechando-a.

- Eu odeio você. – murmura Shannon socando meu peito, mas sem força por causa do sono.

- Shan – sacudo seu ombro. – Está tendo um pesadelo com quem?

- Não estou dormindo. Estou falando com você. – Ela diz sem abrir os olhos. – Você nunca me deixa dormir. Mesmo que esteja fazendo outra coisa como conversar com outra pessoa, não me deixa dormir. Quando não quer dormir, não me deixa dormir e quando está finalmente dormindo – Ela abre os olhos e pula no chão. – Me acorda com os seus pesadelos. – Ela bate em meu ombro e escorrega a mão sobre meu braço, segurando as pontas de meus dedos e passando por mim e pela porta, me deixando sozinho no quarto com cheiro de bichos mortos porque Brandon deixou a janela aberta, por sua mania de que morrerá asfixiado.

**

Ando pelo corredor e abro a porta do quarto, fazendo Brook suspirar e me encarar, fechando um livro com uma capa verde escura.

- Achei que havia se apaixonado pelo Nathan e pelo pai dele e bem...

- Não.  

- É, foi o que eu imaginei. – Ela sorri. – E então? Você e o Nate...

- Estamos bem. – Encolho os ombros. – Na mesma.

- Ah. – Ela concorda com a cabeça e esfrega as mãos na calça jeans rasgada nas coxas e nos joelhos. – Está pensando em falar com o B. ou...

- Está perguntando se gosto dele?

- É, estou. – Ela encolhe os ombros.

- Porque?

- Não sei.

- Mas é claro que sabe.

- O que quis dizer com isso?

- Que gosta dele. – digo e me arrependo logo depois, sabendo que aquele livro pode parar em minha testa daqui a alguns segundos.

- Não sabe o que ele fez. E por isso não gosto dele. – Ela mantém a calma, mesmo parecendo mesmo estar meio estranha depois do que eu disse.

- Tudo bem, mas eu não gosto dele.

- Gosta do Nathan?

- Você gosta do Nathan?

- Mesmo que tivéssemos somente uma noite- Ela ergue o dedo, encarando meus olhos com os olhos estreitos – Eu imaginaria minha tia embaixo do pai dele, e como muita gente diz que somos parecidas, não seria nada legar imaginar aquela cena enquanto... Bem... Não penso em ficar com o Nathan, está bem?

Uma vontade enorme de dizer ótimo quase sai por minha boca, mas fica engasgada em minha garganta, deixando passar um simples está bem e um encolher de ombros, como se não me importasse com sua declaração sobre imaginar como seria ficar sob Nathan.

- Brandon disse que sentiu falta de vocês dois. – Ela diz encarando o chão empoeirado e ri. – Das brigas e de Nathan tentando conquistar você. Era engraçado e... Ele até dormiu aqui ontem e...

- Brooklyn... – digo olhando estranhamente para seu rosto.

- Tá! – Ela se levanta e anda em minha direção – Eu não sabia como te contar!

- Brook! – grito rindo. – Você gosta dele.

- Eu digo se você admitir que gosta do Nathan. Que quer se casar com ele.

- Não.

- Então não aconteceu nada. – diz ela de braços cruzados, passando por mim e batendo a porta, me deixando rindo sozinha sobre sua relação turbulenta com Brandon.

- Acredita mesmo que ele tinha discalculia? – grita Nathan entrando no quarto e batendo a porta. – Sério. Acha que ele estava falando sério?

- Acho que sim. Não acho que John minta para você.

- Seu sogro. – murmura ele segurando minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro.

- Não somos nem namorando. Muito menos casados.

- Ah, então só estamos dormindo juntos?

- É. – digo encolhendo os ombros.

Ele segura meus ombros me virando para ele.

- Então não se importaria se eu saísse com uma garota que conheci aqui? – Ele me encara com as mãos juntas e uma clara de quem está me implorando alguma coisa.

Pisco algumas vezes, encarando seus olhos azuis e engulo em seco e mesmo que esteja totalmente chateada com ele, tenho que dizer não.

- Não. – Encolho ombros e começo a rir. – Claro que não. Pode ir. – Ótimo. Nathan voltou a ser o Nathan.

Ele começa a rir e aponta para meu nariz.

- Não se lembrou nem por uma segundo da minha frase? – Ele me encara e o encaro de volta, não sabendo de que frase ele se refere. – Sobre não saber se era certo você ficar comigo.

- Ah, - digo e sorrio. – O que tem? Eu disse para parar de falar isso, então pode ir.

- Eu estou brincando. – diz ele me encarando e ri, apontando para meu nariz. – Você pode até ter dito não, mas parecia estar com uma bronca entalada na garganta.

- Mas eu disse que não havia problema. – digo encolhendo os ombros.

- Mas queria dizer que tinha.

- Mas eu disse que não tinha.

- Mas queria dizer que tinha.

- Prove.

Ele me empurra na cama e fica sobre mim, beijando meus lábios puxando minha blusa, mas ele para e me encara rindo.

- Se não houvesse problema, e sabendo como você é certinha, não deixaria eu fazer isso, porque aconteceria com uma garota depois de você e eu seria um canalha se fizesse isso. Ou seja, você não se importa se acontecer com você, porque sabe que vou ficar aqui e me esquecer totalmente da outra garota.

- Cala a boca. – digo puxando sua camisa e passando-a por sua cabeça.

- Viu? – Ele ri jogando-a na direção da janela. – Quer que eu fique aqui e me esqueça daquela garota.

- Falou que estava brincando.

- E eu estava. – Ele encara o lado, como se estivesse mentindo.

- Mas parece não estar.

- Mas eu disse que estava.

- Mas parece não estar.

- Mas eu disse... Ah, que se dane! Você não quer que eu vá mesmo.

- Vá.

- Eu não quero ir.

- Então porque disse que eu não queria que você fosse?

- Porque você irritada fica mais sexy do que qualquer outra garota animadinha. – Ele ri.

- E você é um idiota. – digo empurrando-o para o lado e deixando-o cair no chão.

- Você não deveria ter feito isso. – diz ele rindo e me encarando.

- Se eu falar para se deitar nessa cama de noite, você vai sem reclamar. Então não importa.

- Eu vou reclamar.

- Mas vai fazer. – digo rindo e cobrindo minha barriga com a blusa.

- Tem um bicho do seu lado. – diz ele apontando para a parede e se arrastando na direção de sua blusa.

Solto um grito e encaro a parede vazia, escutando sua risada.

Jogo meu travesseiro em seu rosto, mas ele continua rindo, como sempre fez e como provavelmente sempre fará.