Hold On escrita por Meredith Kik


Capítulo 10
Conte comigo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a minha leitora Counting Stars!



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- Bem, é complicado. - Ela disse. Thomas a olhou, atentamente. - Eu os comprei por causa da Katy. Por causa dela eu quis fazer medicina. Quando ela morreu foi como se meu mundo caísse, eu parei por um momento. Eu sabia que muitas pessoas sofriam o mesmo que ela, sabia que tinham pessoas que acham isso até bom, que essa doença é positiva. Eu queria evitar que as pessoas morressem por causa disso, eu queria ajudar as pessoas, queria saber mais sobre a doença, queria salvar vidas de acabarem pelo mesmo motivo que a da minha irmã acabou. Eu estava decidida que faria medicina. Comprei os livros pra saber mais da doença que minha irmã teve, eu queria saber. Eu comprei aqueles todos porque pesquisei os melhores, e achava que poderiam ter informações diferentes em cada um deles. E eu estava querendo estudar tudo. Sem contar que eu sabia que faria medicina, então em algum momento aqueles livros me seriam úteis. - Ela parou. - Mas quando li direitinho sobre isso eu descobri que o tratamento não consiste apenas em medicamentos, descobri que o melhor tratamento pra isso é o psicológico. É claro que tem medicamentos, pra controlar a ansiedade, a depressão. Sei também que são os médicos que fazem o diagnóstico do problema... mas o acompanhamento psicológico é fundamental, e foi com isso que eu mais me identifiquei, sabe? Eu quero que a pessoa se sinta bem com ela mesma, que ela se sinta satisfeita com o que ela é, com o que ela faz, quero ser alguém que a pessoa possa desabafar... isso faz muita falta para as pessoas. - Sophie explicou, com um brilho nos olhos. Ao que parecia, ela estava na faculdade certa. Fazia o que amava. - Eu te dei os livros porque a medicina ainda me deixa um pouco sensível. A medicina faz milagres, sabe? E de repente se minha irmã fosse diagnosticada antes ela não tivesse chegado ao ponto que chegou. Eu sei que no momento que ela chegou no hospital já estava grave, que ela não tinha ido no hospital antes... mas são os médicos que abrem os olhos das pessoas, antes que aconteça o pior. E quando está no pior, são eles que salvam. É uma profissão brilhante. E nada pode impedir um médico com talento de brilhar. - Ela olhou pra ele. - Nada. Muito menos o dinheiro. Eu te dei porque sabia que você faria o melhor com eles. Sabia que eles te ajudariam a salvar vidas, como a da minha irmã poderia ser salva. Perder uma pessoa tão influente na sua vida, tão perto de você e que você ama tanto é uma das coisas mais complicadas na vida. 

Era uma história bonita. Ela tinha um motivo para fazer o que fazia, e um motivo bonito. 

- Mas é sério, você não pode parar sua vida por causa do que houve. Sei que é clichê dizer, mas ela não queria isso pra você. Com certeza não queria. Eu disse brincando, mas pode ter certeza que se precisar poderá contar comigo. - Thom disse, a olhando nos olhos. - E quer saber de uma coisa? - Sophie balançou a cabeça, positivamente. - Eu nunca tinha visto olhos tão bonitos quanto os seus. - Ele confessou, mas se arrependeu no instante seguinte, quando começou a ficar vermelho. A menina sorriu, de novo com aquele sorriso lindo, bem, do sorriso lindo ele não diria, não ainda, ela poderia se assustar com tantos elogios. Ah, ela não tinha ouvido nada, não eram só os olhos, ou o sorriso, ela era inteiramente perfeita. 

- Obrigada. - Ela agradeceu, dando uma singela risada depois. - Já me disseram isso. 

Thomas olhou para o céu, estava bastante escuro, meu Deus. A hora, ele nem ao menos tinha avisado a mãe que ia passar na mansão, pensou que fosse levar 5 minutos apenas entregando a carta. Ah, se ele soubesse como aquele assunto renderia teria avisado.

- Eu preciso ir, minha mãe deve estar muito preocupada. Não avisei que viria aqui. - Ele falou, levantando do banco e a olhando ainda sentada. 

 Sophie levantou também e foi andando com ele até a parte da frente da mansão. 

- Ei, obrigada por tudo. Por ter me ouvido, pelas coisas que disse... Sério, é muito bom desabafar, ter alguém pra conversar. - Ela falava baixo, quando os dois já estavam perto da entrada. 

- Ah, não foi nada. Sempre que precisar estarei passando pela frente da sua casa, você sabe. - Thom brincou. Sophie sorriu. Era um record, quantas vezes mesmo ela tinha sorrido somente naquele dia? 

A menina segurou os ombros dele com as mãos e fez pontinha do pé, para poder alcançar seu rosto. Quando conseguiu, deu um rápido beijo em sua bochecha, fazendo com que ele ficasse vermelho novamente. Balançou a cabeça negativamente e sorriu, ficou o olhando sair. 

- Ei, só mais uma coisa. - Ela gritou. Thomas parou de andar e virou pra ela novamente, esperando o que ela diria. - Não use essa blusa outra vez, por favor. - Sophie sorriu. Thom revirou os olhos e acenou pra ela, saiu da mansão e foi rumo a sua vila, com o skate.

Thomas chegou na vila exatamente às nove horas da noite, seu pai ainda não devia ter chegado, e sua mãe, se não tivesse ido na casa de alguma cliente, na certa estaria a sua espera preocupadíssima. 

Às vezes ele andava de skate logo depois da aula, sozinho, geralmente ficava lá por horas, sem ao menos se dar conta do tempo, mas sempre pegava o celular de um amigo da faculdade e avisava a sua mãe.

Destrancou a porta de casa e quando entrou a avistou, vendo televisão e rindo. Ao contrário do que pensava, dona Anna não parecia nada preocupada.

Ela olhou pra porta ao ouvir o menino entrando e sorriu pra ele. 

- Oh Thom, você demorou, não acha? - Ela disse, num tom despreocupado. Voltou a olhar para TV. 

Thomas franziu a testa, será que aquela era mesmo a sua mãe? - Você precisa de um celular logo, sabe? - Falou, depois começou a rir do programa que assistia. 

- O que você fez com a minha mãe, senhora? - Thom brincou. A mulher fez um gesto com as mãos, para que ele parasse de falar. 

- Silêncio, Thomas! Essa série é muito engraçada!

O garoto a olhou, estranhado com o comportamento da mãe. 

- Não está preocupada? Não vai perguntar onde eu estava nem nada? - Ele perguntou, indo até a frente da mulher. Anna revirou os olhos e olhou para o filho em seguida. 

- Ai meu bem, você está bem crescidinho, não acha? Sei que nessa idade os hormônios estão bem aflorados, os desejos crescem, o fogo aumenta... É normal. Você chegou, está aqui agora. Não tenho porquê me preocupar, sei que é responsável e que não faria nada que eu não faria. Confio em você. Só quero que se for dormir fora avise. - Ela disse, pensativa. - Ah, e é claro, que use camisinha! 

Thomas ergueu as sobrancelhas. Resolveu ignorar as loucuras de dona Anna. Às vezes ela surtava assim mesmo. O menino sentou ao lado da mãe e começou a assistir ao programa com ela. Era uma série bastante boba, o que ela conseguia ver de engraçado naquilo? 

Ficou um tempo ali, assistindo TV com a mãe, não gostava muito dos programas que ela via, mas ficar com ela era bastante agradável. Ficou ali apenas olhando pra Tv, com os pensamentos fora dela. Que dia! Tinha que admitir, tudo que Sophie havia falado tinha o deixado um pouco assustado. Não somente pelo que ela falou em si, mas pelo fato dela se abrir com ele daquela maneira. Era engraçado, no dia anterior uma menina antipática, arrogante e fútil, no dia seguinte gentil, sorridente e sensível. Não que ela fosse bipolar, mas o "assunto Katy Montini" a fazia mudar de humor completamente. Aquele era com certeza pelo menos um dos seus pontos fracos, se não fosse o maior deles. Thom sabia de uma coisa apenas: Não deixaria a garota em paz tão cedo. Ele a incomodaria todos os dias, exatamente, todos os dias. Não tinha tempo pra isso, e nem sabia os horários dela na faculdade. Mas aquilo era o de menos, arranjaria o jeito que fosse! E no dia seguinte seria apenas a primeira vez. 


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Notas finais do capítulo

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