As festas passaram e um novo ano começou, Ginny tinha grandes expectativas para esse ano que iniciava, em quatro meses se tornaria oficialmente mãe. A ansiedade era compartilhada por toda a família, todos estavam ansiosos para a chegada dos meninos. Mas nos últimos dias, não era a chegada dos bebês que tirava o sono de Ginny, mas sim a questão sobre morar ou não no apartamento que pertenceu ao Bill. Ginny sabia que não poderia morar em cima da floricultura com dois bebês, seria impossível, suas duas opções eram; voltar a morar com seus pais ou se mudar para o apartamento de Bill.

Precisava conversar com alguém sobre isso ou iria enlouquecer, Ron era a única pessoa que entenderia e poderia lhe dar algum conselho.

–Estou em casa! Ron anunciou a sua chegada a esposa, feliz por entrar em sua casa aquecida.

–Estou aqui em cima! Respondeu Hermione, sua voz vinha do segundo andar, mais precisamente do quarto do casal.

Ron tirou o casaco junto com o terno e seus sapatos cobertos pela neve, antes de subir a escada correndo. A porta do seu quarto estava entreaberta, escutava a voz de Hermione conversando com alguém, provavelmente ela estava no telefone com alguém, ele pensou antes de entrar e ver que estava enganado. Tinham visitas.

–Olá, irmãozinho! Ginny o cumprimentou, rindo da cara de decepção dele ao ver que não estavam sozinhos.

–Oi. Ele murmurou decepcionado, seus planos haviam sido adiados. –O devo a honra da sua visita a minha casa em uma sexta-feira à noite? Uma sexta-feira gelada, perfeita para passar horas na banheira com a minha esposa.

–Ron! Hermione o repreendeu envergonhada. –Ginny precisa da sua ajuda.

–De novo? Ron se jogou na cama, apoiando a cabeça no colo da esposa. –Ajudar Harry a pintar as paredes do quarto dos bebês não foi o suficiente?

–Alias, devo dizer que você e Harry fizeram um trabalho incrível, a pintura ficou perfeita. Ginny sorriu ignorando o comentário do irmão. –Quando você e Hermione tiverem filhos, você já estará treinado!

–Para nós termos filhos, é necessário que eu chegue em casa e não encontre você na minha cama com a minha esposa! Ron levou um forte tapa na cabeça de Hermione por dizer isso. –Ai! Por que essa violência, Hermione?

–Para você parar de ser idiota e ver que a sua irmã precisa da sua ajuda! Hermione se levantou e caminhou saindo do quarto para que os dois conversassem. –Vou preparar algo para jantarmos.

Hermione saiu e fechou a porta do quarto. Era a hora de Ginny finalmente expor suas duvidas, inseguranças e medos.

–Então, você e Hermione estão tentando ter um bebê? Ela perguntou aleatoriamente, brincando com o fio solto do cobertor.

–Você não veio interromper a minha vida amorosa, apenas para perguntar se eu e Hermione estamos planejando ter filhos. Ele ajeitou os travesseiros na cabeceira da cama e encostou. –Anda, Ginny! Sem enrolação!

–Você é impossível!

–Eu apenas te conheço, irmãzinha. E sei o quanto você consegue enrolar antes de dizer o que precisa, como daquela vez que você tinha que contar ao papai que estava namorando. Passou o jantar inteiro falando sobre rúgbi, só porque o seu namoradinho jogava rúgbi, antes de dizer que estava namorando.

–Já fui melhor em enrolar as pessoas. Ginny sorriu ao lembrar-se daquela noite, seu pai ficou tão cansado com a longa história que nem ficou bravo. –Eu preciso que me ajude a tomar uma decisão.

–Certo, espero que não seja sobre namorar ou não o Harry. Seu comentário lhe custou um travesseiro voando na sua cara. –Por mim, aquele aproveitador quatro olhos estaria casado com você!

–Melissa me procurou. Ela foi direto ao assunto. –Disse que iria viajar e me entregou o apartamento. O apartamento que ela e Bill moravam.

Ron não disse nada, não era sobre isso que esperava conversar e pelo assunto, não tinha ideia de como iria ajuda-la.

–O apartamento seria perfeito para eu e os meninos, é maior e melhor do que morar em cima da floricultura.

–Você está pensando em se mudar?

–Definitivamente. Desde o começo da gravidez, mamãe tem insistido para que eu volte a morar com ela e o papai, mas não acho que seria certo fazer isso com Harry. Ele teria que dirigir um longo caminho toda vez que quisesse ver os filhos. E eu também, todo dia para vir trabalhar.

–Tem razão. Talvez se estivesse grávida de um idiota que a abandonou, fugindo de suas responsabilidades, voltar a morar com os pais seria a sua melhor escolha.

–É, mas agora que surgiu a oportunidade do apartamento do Bill... Eu não sei o que fazer! Preciso da sua ajuda!

–Bem, não sei se sou a melhor pessoa para te aconselhar. Talvez você deva falar com Hermione, ela sempre tem bons conselhos.

–Hermione é melhor amiga do Harry, ela irá me convencer a convidar Harry para morar comigo e...

–Você não quer morar com ele? Ron a interrompeu confuso. –Quer dizer, vocês namoram e terão filhos juntos. Você disse que o ama.

–Eu amo Harry, não é essa a questão. Eu sinto que preciso de um lugar, onde eu e meus filhos possamos chamar de casa. É egoísta da minha parte pensar assim?

–De modo algum. O irmão chegou mais perto dela e segurou a sua mão. –Ginny, você sempre colocou a felicidade dos outros a frente da sua, chegou a sua hora de ser feliz! E se morar no apartamento de Bill te fará feliz, você tem todo o meu apoio.

–Obrigada. Ginny abraçou o irmão com lágrimas nos olhos. –Huum... Só mais um favor, será que você poderia ir comigo no apartamento semana que vem? Só para ver como está, nada de reformas.

–Será um prazer. Ele sorriu sinceramente, só queria que a sua irmãzinha fosse feliz. –Mas já que pediu meu conselho, posso dizer que você deve conversar com Harry sobre isso. Sabe, acho que é o certo a se fazer.

–Eu sei, só não comente com ninguém sobre meus planos de mudança. Ela pediu, tinha receio do que eles iriam dizer.

–Sem problemas. Ron passou o braço pelo ombro dela, Ginny se aconchegou no abraço do irmão. –Mais alguma coisa que eu possa fazer para ajudar minha irmãzinha favorita?

–Talvez me explicar essa história de você e Hermione pensarem em terem filhos.

–O que? Você acha que ter bebês é exclusividade sua?

–Não, eu ficaria muito feliz em ser tia. Só quero saber para onde foi todo aquele pensamento de que ainda era cedo ter filhos? Nós estamos juntos há três anos e ainda achamos cedo ter filhos! Blá... Blá...

–Sabia que iria falar isso, idiota! Ele riu a empurrando do seu abraço. –Eu não sei explicar, não é como se estivéssemos tentando engravidar... Hermione parou de tomar o anticoncepcional e é isso.

–Resumindo, Hermione pode ficar grávida a qualquer momento. Ron concordou com um sorriso bobo. –E você está louco para que isso aconteça, por isso ficou decepcionado em me ver aqui!

–Desde que nos casamos, eu estou tentando convence-la a fazer isso! Finalmente, consegui e agora tenho que aproveitar a chance!

–Muito bem, eu e os meninos estamos torcendo por vocês. Acho melhor irmos jantar, assim eu vou embora logo e você pode colocar seu plano em prática.

–Obrigada, irmãzinha.

Os irmãos encerraram a conversa com um longo e apertado abraço, a barriga de Ginny não tornava o abraço muito confortável depois de um tempo e a fome de Ron, os fez descer e ver o que Hermione havia preparado para o jantar.

Durante o jantar, Ginny recebeu uma mensagem de Harry avisando que seu voo havia sido cancelado pela forte neve e se não conseguisse outro voo até domingo, tentaria voltar de trem.

Hermione não a deixou ir embora após o jantar, a neve havia aumentado consideravelmente e em todos os noticiários, as autoridades pediam para as pessoas ficarem em suas casas e evitassem sair, pois era perigoso.

–Desculpa por estragar a sua noite. Ginny disse ao irmão antes de dormir.

–Haverá outras oportunidades, posso lhe garantir. Como a de hoje de manhã no banho.

–Poupe-me dos detalhes. Ela deitou confortavelmente na cama do quarto de hospedes. –Ou talvez, Hermione já esteja grávida.

–Talvez. Ele sorriu, ajudando a irmã a se cobrir.

–Aqui. Hermione entrou com um copo de água na mão e um travesseiro na outra. –Água caso fique com sede durante a noite e um travesseiro para deixar nas pernas, sei que ajuda a aliviar a dor nas costas.

–Como sabe sobre o travesseiro nas pernas? Ginny perguntou curiosa pela resposta que a cunhada daria. –Também está usando um?

–Por que usaria um? Eu não estou grávida, Ginny! A cunhada soltou uma risada nervosa e olhou para o marido o calando, antes que ele falasse algo que não devia. –Apenas li em algum lugar e Harry comentou que você tem um enorme travesseiro como novo companheiro.

–Certo, obrigada, Hermione. Ela fingiu acreditar e piscou para o irmão, talvez estivesse certa sobre o que disse antes dela entrar. –Boa noite.

–Boa noite. O casal respondeu saindo do quarto.

Ginny ficou pensando na conversa que teve com o irmão antes de dormir, Ron estava certo, ela deveria falar com Harry, sua decisão também afetaria a vida dele.

Na manhã seguinte a neve havia parado, mas o problema era a quantidade de neve acumulada nas ruas e calçadas. Ron achou melhor esperar até de tarde para levar Ginny para casa, o que foi bom, pois os pais de Hermione e Lily apareceram para uma visita.

–Que bom que está aqui, Ginny. Lily ficou feliz em vê-la. –Fiquei preocupada por pensar que você estava sozinha enquanto caia essa neve, não é bom nesse estagio da gravidez ficar sozinha.

–Ron e Hermione me fizeram ficar.

–Fez bem em ficar. Olivia Granger concordou. –Grávida e andando nessa neve não é uma boa ideia.

–Então, por que vocês vieram aqui em casa? Hermione perguntou os repreendendo. –Não é aconselhável saírem na neve.

–Você está nos chamando de velhos, filha? Questionou Steven. –Moramos há três quadras daqui, não é nada demais!

–É sim, pai. Vocês podem se machucar.

–Nos moramos a vida inteira aqui, sabemos cada buraco ou perigo dessas calçadas. Lily a tranquilizou. –Nos sentimos falta dos nossos filhos, querida.

–Poderiam ter avisado, teria ido busca-los. Disse Ron preocupado, seus sogros eram tão teimosos como seus pais.

–Obrigada pela preocupação, só queríamos fazer uma visita. Olivia agradeceu o genro.

Durante toda a conversa, James não parava um minuto de se mexer dentro da barriga de Ginny, os chutes e movimentos ficavam mais intensos sempre que Hermione ou Ron falavam.

–Hermione. Ginny a interrompeu. –Será que você poderia parar de falar? E você também, Ron.

–Como? Ela não entendeu.

–Sempre que vocês falam, James fica animado demais e acaba descontando nas minhas já acabadas costas.

–Sério? Ron ficou feliz em saber disso, chegou mais perto da barriga da irmã e começou a falar com o sobrinho. –Olá, James!

–Você quer participar da conversa também? Hermione perguntou passando a mão na barriga de Ginny e sentindo o sobrinho chutar. –Nossa, ele é forte.

–É, não me diga. Ginny exclamou irônica com uma cara de dor. –James sempre se mexeu mais quando você ou Ron estavam por perto, mas ultimamente está demais.

–Acho que alguém já escolheu os padrinhos. Lily comentou.

–Sério? O casal perguntou sem acreditar.

–Por que o tom de surpresa? Foi James que escolheu, se um dia ele vier reclamar, irei lembra-lo desse dia. Ginny brincou, feliz por ter uma coisa a menos para decidir.

–Será uma honra ser madrinha do James. Disse Hermione e Ron concordou com a esposa, ambos muito felizes.

–E os nomes? Olivia perguntou. –A lista está grande?

–Todo dia colocamos ou tiramos alguns nomes, mas os meus preferidos até agora são Noah e Theo. Theo William Potter e Noah James Potter.

–São lindos nomes. Disse Hermione e todos concordaram.

–Eu sei, mas Harry ainda está resistente em aceitar Noah. Ginny falou um tanto que desanimada.

–Quando Harry não gosta de algo é difícil faze-lo mudar de ideia. Lily aconselhou. –Esse nome não traz boas lembranças a ele.

–Harry não quis me explicar o porquê.

–Quando tínhamos dezessete anos, um garoto no colégio, chamado Noah, ficava implicando com Harry. Ele nunca mais esqueceu isso. Hermione revelou o motivo.

–É uma história da qual nós também nunca conseguiremos esquecer. Steven comentou não muito confortável por esse assunto estar sendo mencionado.

–Agora entendi. Ginny compreendeu, Noah acabara de ser retirado da lista. –Achei que Harry fosse como aqueles garotos populares do colégio, igual vemos nos filmes. Com todas as garotas mais lindas correndo atrás e sendo o capitão do time do colégio, coisas assim!

–Longe disso! Lily riu lembrando o quanto o filho era tímido. –Harry sempre foi mais quieto e tímido, se não fosse Hermione, acho que ele teria passado toda a fase do colégio sem amigos. Harry precisa conhecer muito a pessoa, antes de mostrar o seu lado divertido e amoroso.

–Magro do jeito que o Harry é, ele só poderia ser capitão do time de xadrez do colégio! Ron brincou.

–Como se você fosse muito atleta, Ron! Ginny riu do irmão. –Quem te vê hoje, nunca irá acreditar que um dia você já praticou algum esporte! Você está uma bola!

–Eu posso estar um pouco fora de forma, mas não perdi minhas habilidades esportivas!

–Um pouco fora de forma? Sério, Ron? Só um pouco? Hermione não perdeu a oportunidade de fazer piada com o marido. –Mas eu te amo assim mesmo, gordinho!

Olivia sugeriu que Ginny fizesse um Chá de Bebê, Hermione e Lily apoiaram a ideia. Ginny não tinha certeza, mas logo foi convencida de que o Chá de Bebê era uma ótima ideia, principalmente pelos presentes que os convidados trariam. Hermione se ofereceu a organizar a festa em sua casa, Ginny não teria trabalho algum, apenas aparecer no horário e ser o centro das atenções.

Como prometido, Ron acompanhou a irmã em todas as vezes que Ginny ia ao apartamento de Bill. O apartamento estava pronto para os novos moradores, Ginny só se desfez de algumas coisas de Bill e Melissa para trazer suas coisas e dos bebês. Ron foi o responsável por carregar as caixas e montar os novos moveis.

–Você já conversou com Harry sobre a mudança? Ron tocou no assunto enquanto pendurava um quadro na parede.

–Ainda não. Ginny respondeu envergonhada, pois sabia que o irmão iria começar uma palestra por ela estar escondendo isso do Harry.

–Ginny! Você está praticamente se mudando e ainda não contou a ele? Isso é inacreditável!

–Eu sei, mas Harry estava preocupado com o trabalho e eu fui adiando a conversa.

–Se você não falar, eu falo! Você é minha irmã e Harry é meu melhor amigo, não quero que nenhum de vocês fique chateado comigo.

–Você está certo, não posso ficar escondendo isso dele. Estou apenas me mudando para um lugar maior e mais confortável para os bebês, não tem nada demais nisso! Harry vai entender.

–Eu espero que sim, pois todo o meu esforço carregando caixas e caixas de mudança não poderá ter sido inútil. Ou pior, Harry não gostar e acabar ficando bravo comigo!

Em poucos dias Ginny planejava se mudar, quase todas suas coisas estavam no apartamento. Ela sempre adiou a parte que deveria contar ao Harry, mas agora não podia mais. Hoje a noite teria que conversar com Harry.