X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 22
Epílogo: Ilimitado


Notas iniciais do capítulo

O capítulo é grande, eu sei. Mas achei que, caso dividisse, quebraria o clima da história. É, gente... O (quase) último capítulo... Que estranho. Acho que essa fic foi uma das que mais gostei de escrever. O Magneto é tipo, meu personagem favorito. Achei muito válido explorar essas características dele e ainda lhe presentear com um amor :D O objetivo da fic foi mostrar que as pessoas têm problemas internos, conflitos consigo mesmas e com o mundo, mas que com união e sabedoria, e até um pouco de altruísmo, elas conseguem superar os mais diversos obstáculos. Além disso, queria mostrar que essas pessoas tidas como "malvadas", muitas vezes sofreram muitas injustiças, e mesmo assim podem - ainda que lá no fundo - ter coisas boas dentro de si. E é isso... Ainda falta um bônus que preparei pra vocês. Semana que vem, vou postar o seguinte: "Fase II: Ruína", com pequenos acontecimentos que podem originar uma segunda temporada. Até breve e obrigada por estarem junto comigo nessa caminhada. Beijão ♥



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Os mesmos sonhos. Melhor dizendo, os mesmos pesadelos. Todas as noites. Horas de sono sombrias e taciturnas. Imagens de momentos da vida de Alice mesclavam-se numa vertigem tortuosa. Num determinado momento, ela se via ainda adolescente, descobrindo seus poderes e chorando por estar sozinha, sem ter em quem confiar ou recorrer. No outro, via seu rosto no telejornal, tentando fugir para fora do país e encontrando a figura de um simpático professor chamado Charles Xavier. Em seguida, via a figura de um homem alto, movendo-se com destreza, chamado Erik Magnus Lehnsherr, e seu rosto nunca a abandonava em nenhum momento de seu sonho a partir daí.

Depois disso, uma batalha. Fogo contra fogo. O vermelho abrasador contra o azul sedento. O poder incontrolável. Após isso, a prisão. A dor de se ver grades sendo construídas e limitando seu ser, sua vontade, oprimindo sua liberdade e lhe tirando tudo o que é vital. A imagem de um futuro, de uma paisagem que Alice desconhecia, um horizonte incomensurável. E assim, tais imagens surgiam, desapareciam ou retornavam, acompanhadas de frases como: “Você não está sozinha”, “Liberdade”, “Estamos apenas começando”... Essas frases ecoavam na mente de Alice, e ela sentia-se sobrecarregada, invadida...

Com um grito entrecortado, ela levantou-se, sentando na cama em que estivera dormindo. Alice arfava sofregamente. Com um sobressalto, ela percebeu que o pesadelo e o grito lhe renderam uma lâmpada estourada. Era um efeito colateral que a evolução dos poderes de Alice trouxera. Os pesadelos desencadeavam ondas de poder e, muitas vezes, objetos quebrados.

Erik acordou prontamente, olhando para Alice com compreensão. Ele passou um braço ao redor dela, dizendo pacientemente:

– Os pesadelos de sempre?

– Já estou me acostumando. – Alice contou, com pesar.

Na verdade, ela sabia que nunca se acostumaria com isso e com essas noites turbulentas de sono.

– Bom, já está amanhecendo. Vou pagar a conta do hotel e seguiremos com nossa viagem. – Erik comentou, beijando-lhe a testa rapidamente. Alice fechou os olhos, e percebeu que somente as palavras inspiradoras e o toque gentil de Erik lhe permitiram fazer isso sem que os pesadelos a dominassem outra vez.

Ora, ela e Erik estavam em Viena, Áustria, fazia duas semanas. Desde a fuga de Alice da ESPADA, eles viveram foragidos. Cada época em uma cidade. Já passaram por quase toda Europa, pois já fazia um ano que viviam assim. O jato ainda estava com eles, e funcionava perfeitamente bem. Erik e Alice tinham dinheiro em suas respectivas contas bancárias, capazes até mesmo de fornecer alguns luxos de hospedagem. Erik procurava por velhos conhecidos a fim de perguntar sobre os poderes de Alice. Assim, a convivência entre ele e ela ficava cada vez mais intensa e intrínseca.

Além disso, muitas vezes eles precisaram invadir lugares, como laboratórios, tendo que fugir de policiais ou de pessoas que desconfiavam deles. Alice nunca se imaginara numa situação daquelas, mas a vida que levava a obrigava a fazer isso. Ela ainda tinha receio em admitir ou pensar nisso, mas cometera pequenos crimes ao lado de Erik. A circunstância os obrigara a fazer isso, mas ela tinha consciência de que teria feito isso de qualquer forma. Afinal, ela mudara. Por dentro e por fora. As cicatrizes em seu braço ainda estavam lá para lhe lembrar disso.

Naquela manhã, em Viena, fazia cinco graus. Alice usava um sobretudo preto e botas no mesmo tom. Ela também usava um cachecol que, além de servir para atenuar o frio, era excelente para ocultar a face. Frequentemente, a imagem dela e de Erik aparecia em pronunciamentos geopolíticos na mídia, e eles precisavam refazer sua rota de viagem.

Alice descia com Erik até o saguão do hotel. Eles andaram até a recepção, e Erik conversou com o atendente em alemão. Alice entendeu parte da conversa, porque depois de algumas semanas pela Alemanha e Áustria, Erik lhe ensinara um pouco do complicado idioma.

– Senhor Johann Wagner? – Perguntou o atendente, prestativo. Erik já estava encerrando a conta no hotel. Ele adotara um nome fictício e documentos falsos em cada lugar em que estiveram, até mesmo para Alice. Lá, ela se chamava Madlen Lutwine.

No entanto, Alice sentiu uma ligeira tontura. Normalmente, ela se preocuparia, mas aquilo tinha se tornado algo recorrente em sua vida. Ela simplesmente queria espairecer e tomar um pouco de ar fresco.

– Ah... Johann? Se não se importa, vou esperar lá fora... – Alice disse a Erik, apontando para a saída.

Erik olhou para ela significativamente. A preocupação reluzindo em seus olhos vítreos, quando indagou:

– Tem certeza, Madlen?

– Claro. Eu... Eu vou ficar bem. – Alice afirmou, e saiu andando até a rua. As mãos estavam cuidadosamente cobertas nos bolsos do sobretudo, e o cachecol envolvendo todo o seu pescoço. Alice sentiu o frio cortante dominá-la quando saiu do hotel, caminhando pela calçada até uma loja que ficava a vinte metros dali.

Ela virou-se de modo a encarar a vitrine. Não havia nada interessante lá, além de livros e objetos antigos. A mente de Alice vagava, na verdade, em outras coisas. Em tudo o que ela se tornara, no que a vida fez com ela, no que o mundo a obrigara a se tornar. Alice poderia estar arrependida, lamentando todas as vezes em que brigou contra a dita “ordem e a justiça dos humanos”. Mas não. Ela julgava estar como deveria estar, no lugar certo e com a pessoa certa. Ainda que vivesse ao lado de Erik comentendo pequenos delitos, fugindo do Governo, ela sabia que teria se tornado isso mais cedo ou mais tarde. Ela não iria fugir de quem era, nem de quem se tornara. Muita coisa tinha mudado. E ela não fugiria disso.

Alice ouvia, distante, algumas crianças correndo. Uma quantidade relativamente baixa de carros passava pelo local, já que nevava um pouco. Ela sentiu outra pontada relativa à dor de cabeça, a mesma dor aguda de sempre. Reprimindo um grito, ela levou uma mão à cabeça, e algumas luzes dos postes explodiram ao longe, afastando as crianças que ali brincavam.

E ela continou a pensar. Era, ao mesmo tempo, tão estranha e diferente sua situação... Ela nunca imaginara levar uma vida daquelas. Mas as batalhas da vida a obrigaram a mudar. E, junto com as mudanças, viera Erik. Alice encararia qualquer coisa, desde que estivesse com ele. Sua liberdade estava entrelaçada a dele... O horizonte era infinito para ambos.

– Isso não parou, não é mesmo?

Alice entrecortou a respiração, sentindo o coração subitamente parar com um baque estrondoso. Em seguida, vieram as suas batidas irregulares. Através do reflexo da vitrine, ela observava – estupefata– quem lhe falara.

– Charles! Charles Xavier! – Ela espantou-se, sentindo a cor fugir-lhe do rosto.

Charles arrastava sua cadeira de rodas calmamente, deslizando até ficar lado a lado com Alice. Ele estava exatamente como sempre. Vestia um terno de linho cinza e um chapéu elegante. Seu semblante estava sereno e brando como sempre, com os lábios curvados num sorriso comedido.

– Alice Field. – Ele proferira o nome de Alice, como quem profere o nome de um amigo há muito tempo perdido.

– O que você quer? – Alice indagou rispidamente, envolvendo seus braços ao redor de si mesma, acuada. Durante um segundo apenas, ela refletiu e percebeu que sua agressividade era uma atitude sem fundamento. Mas, depois do que passara, aprendera a desconfiar de tudo e de todos. Erik lhe ensirara isso.

O sorriso de Charles vacilou, como se ele tivesse confirmado alguma suspeita íntima. De fato, ele comprovara o quão agressiva Alice se tornara. Era o que ele temia.

– Não se preocupe. Eu não estou aqui por causa da ESPADA e nem pelo Governo Federal. – Charles explicou, tentando manter o sorriso.

Ao ouvir o nome daquelas instituições, Alice franziu a testa. Seus olhos castanhos fuzilaram e refletiram a mais sincera raiva.

– Ah, é? Mudou de opinião, então? – Alice respondeu, tentando reprimir a raiva. Uma parte de si ainda estava consciente e lhe dizia para não menosprezar o Professor que estava ao seu lado.

Charles soltou um longo suspiro, ligeiramente resignado. Em seguida, falou calmamente:

– Eu nunca mudei de opinião, Alice... Sempre acreditei na justiça e na igualdade. Você ficou sete meses presa, passando por um sofrimento que nem sequer imagino. Não é nessa justiça que acredito. Sei que você não deve voltar para... Aquele lugar.

Alice fitou o chão. Charles prosseguiu:

– Acredito que quem deve fazer a própria justiça é você. Alice, você cometeu um ato errôneo, e acho que deve provar que está arrependida e disposta a consertar seus erros de outra forma. Por exemplo, sendo uma pessoa melhor... Ajudando os outros... Pequenas atitudes dentro de si mesma.

Alice soltou um riso sarcástico. Charles estava dizendo a ela para se redimir de seus erros realizando pequenas mudanças no dia a dia, dentro dela mesma? Parecia algo tolo.

– E se... Eu não estiver arrependida? – Ela perguntou, um tanto desafiadora.

A expressão de Charles acentuou-se de preocupação.

– Vejo que Erik tem feito bem seu trabalho... Desde que fugiram. – O Professor comentou, pela primeira vez parecendo cansado e mais velho.

– Isso não importa... Mas me diga como me encontrou. – Alice pediu, lamentando ter sido irônica demais. Mas aquilo lhe fugia do alcance, sobretudo quando a raiva a dominava.

– Nunca perdi vocês de vista. – Explicou Charles, pacientemente. – Cérebro é uma máquina que me ajuda a encontrar mutantes. E é fácil encontrar alguém quando esta pessoa tem surtos de poder. Eu apenas vi onde se encontravam as mais altas e instáveis leituras energéticas. Rastreei o padrão e cá estamos nós. Depois de um ano.

Alice fitou Charles com intensidade, como se pudesse buscar no fundo dos olhos do Professor o real motivo de tudo aquilo. Um verdadeiro propósito.

– Inclusive, afastei pessoas que estavam interessadas em você e em Erik. Depois da fuga, coisas... Sinistras têm ocorrido. – Charles continuou, posto que Alice continuava quieta, analisando-o sombriamente.

– Nós sabemos nos esconder muito bem. E lidar com pessoas que querem nos matar sempre foi nossa especialidade. – Alice continuou, dando de ombros. – Agora me diga, Charles... O que você realmente quer?

Charles fitou Alice de maneira profunda, desmedida. Sua expressão tornou-se grave, como se ele considerasse aquela conversa algo extremamente ruim, porém necessário.

– Charles Xavier? – Uma voz interrompeu-os.

Erik chegara. Deixara as malas à espera num carro que roubara. Agora, dirigia-se prontamente para Alice, postando-se na frente dela de modo protetor. Erik fitava Charles com curiosidade e cautela, simultaneamente.

– Erik. – Charles disse, inclinando o chapéu educadamente numa forma de cumprimento.

– Vamos embora, Alice... – Erik chamou, segurando Alice pelo pulso.

– Esperem! – Chamou Charles, enérgico. – Eu vim até aqui por um bom motivo. Sabem que não vou prejudicar vocês!

Erik sorriu ironicamente, sem soltar o pulso de Alice. Sinceramente, ela só queria ir embora com Erik e esquecer daquilo. O encontro com Charles a fazia lembrar-se de tempos remotos, onde fuga e violência não eram opção.

– Sério mesmo, Charles?

– Eu estava conversando com a Alice. Acredito, e temo sempre acreditar, na justiça e na igualdade. Mas ninguém aqui será preso e torturado por minha causa novamente. – Charles comentou, e dava para perceber o quanto ele se culpava pelo que acontecera à Alice.

Ela não podia ver as cicatrizes por baixo do denso casaco que usava, mas os três pontos lineares de agulhas e a marca do chip pareciam arder sob a sua blusa.

– Olhem essas fotos... – Pediu Charles, parecendo desesperado.

Ele entregou um envelope pardo nas mãos de Alice. Ela abriu-o, hesitante, e encontrou fotos de uma paisagem. Ela demorou seus olhos nas figuras, reconhecendo lugares como Machu Pichu e outros da América Central e do Sul. Com apreensão, percebeu que todas as fotos tinham um ponto em comum.

Uma figura que assemelhava-se à uma pessoa, envolvida por chamas azuis.

Ela olhou para o foto, completamente tomada pela surpresa. Erik também o fazia, e sua expressão era de pura curiosidade e desentendimento.

Charles pigarreou e pronunciou, ligeiramente cauteloso:

– Tem havido atividades recentes em muitos lugares da América do Sul. Bolívia, Peru, Chile... Alguém anda manipulando e usando os poderes da Chama Azul...

Alice apertou as fotos em sua mão de maneira exageradamente agressiva, falando para Charles em tom de acusação:

– Está insinuando que eu ando agindo por esses lugares? Porque está enganado, Charles! Eu e Erik não saímos da Europa desde... Desde que... – Alice interrompeu-se, sentindo uma leve dor de cabeça incomodá-la. A última coisa que ela queria era um surto de poder ali diante de Charles. Tentou conter-se, mas observou que suas mãos tremiam fracamente, e que seu tom de voz subia duas oitavas.

Charles a fitou com compreensão, e falou serenamente:

– Não estou insinuando nada. Estou aqui justamente porque sei que não foi você. Sei que diz a verdade...

Erik adiantou-se, falando seriamente:

– Espera... Se sabe que não é a Alice, então quem está fazendo isso?

Um sorriso triste perpassou o semblante do professor, e ele uniu suas mãos num gesto que sempre executava quando estava nervoso. Demorou um tempo antes que Charles dissesse, com uma leve preocupação em sua voz:

– Para explicar isso, precisamos voltar um pouco. Naquele dia da Batalha, acontecera uma coisa que até então eu não tinha percebido. Uma coisa que está prestes a alterar o rumo de muita coisa.

– Seja direto, Charles. – Erik insistiu rudemente, cruzando os braços. Alice permanecia estática, sentindo sua cabeça inquietar-se à medida que a situação parecia complicar-se ainda mais.

Charles tinha a expressão vaga, como se vivenciasse novamente cada palavra que proferia, dizendo com gravidade:

– Naquele dia, Alice ultrapassou os limites de seu próprio controle. Ela deixou seu poder ganhar vida própria. Foi um preço alto a se pagar para derrotar a Fênix... No entanto, a dita “Águia”... Dividiu-se em duas partes, por um motivo que ainda precisamos descobrir. Uma parte era a pura instabilidade, descontrole e desequilíbrio. Essa parte é você, Alice. A outra parte é o oposto. Racionalidade, estratégia e domínio.

Alice encarou Charles durante um tempo, buscando confirmar se o que ele dizia era real. Novamente, ela parecia ter entrado num daqueles pesadelos ideológicos que a faziam lembrar-se de todo sofrimento e de toda incerteza de uma batalha perdida. Então Charles lhe dizia que a Águia dividira-se em duas partes? Como aquilo era possível?

Erik estava como ela. O semblante fechado e misterioso. Seus olhos ávidos buscavam respostas antes mesmo de terminar de ouvir as perguntas. Ele recuou alguns passos, envolvendo um braço ao redor de Alice. Provavelmente, ao perceber o olhar sofrido dela, entendera sua aflição. Desejou protegê-la.

– Duas partes? – Alice indagou, sentindo a voz entrecortar.

– Exatamente. E a parte racional, controlada, é isso que vocês estão vendo na foto. Uma parte da entidade cósmica chamada Águia. Um ser feito de poder, energia, autoridade e comando. – Charles reiterou, lamentando discretamente.

Alice e Erik se entreolharam, a preocupação nascia nos olhos de ambos.

Professor continuou, mais pesaroso do que nunca:

– E... O problema maior não é esse. O problema é que essa parte estável tem ânsia de poder. Ânsia por mais controle, por mais dominação e por mais autoridade para fazer o que bem entender. Porque, de fato, essa parte possui consciência de que tem poder suficiente para dominar tudo. Absolutamente tudo. No entanto... Também tem consciência de que precisa buscar sua parte perdida. Basicamente, a Águia Dominada é centrada, letal e voraz como uma máquina de guerra, só que com um pedaço faltando.

O súbito e certeiro baque da compreensão atingiu Alice. Um flashback de torturas e de guerras a assomou, e por um segundo ela desejou ter o poder de alterar a realidade. Nunca teria um fim. Não para pessoas como ela, dotadas de um gene, um único gene capaz de gerar tantas catrástrofes e dádivas simultaneamente. Que lhe restava se não agir, se não encarar o que a vida lhe impunha em seu caminho? Ora, o caminho de sua vida era tortuoso, tênue como uma frágil linha de destino... Mas era o único que ela tinha. E Erik estaria com ela, como afirmara estar. Suas promessas ganhariam valor, e ela encontraria a força que precisava nos olhos dele. Como havia de ser.

– Precisamos agir. Precisamos pensar em como proceder daqui pra frente. Por isso vim atrás de vocês... Nunca foi tão urgente. – Charles afirmou, e havia uma súplica delineada em seus olhos profundos. Um desespero urgente em seu tom de voz, um clamor...

Alice permitiu-se sentir durante mais algum tempo os braços de Erik ao seu redor, protetores. Em seguida, gentilmente desvencilhou-se deles, e um frio incomum tomou conta de sua alma. Era como sentir-se novamente largada às margens de uma vida de infinitas batalhas.

– Então... É isso. Uma parte da força cósmica da Águia está à solta. Ela é puro controle, desejo de poder e dominação. É como uma máquina de guerra com um pedaço faltando...

Alice repetia isso mais vezes do que o usual, mais vezes do que podia perceber que o fazia. Charles assentia, e um vinco de preocupação formava-se em sua testa, à medida que o Professor via-se novamente atordoado pela verdade dos fatos que anunciava.

– É como uma máquina de guerra com um pedaço faltando... – Repetiu Alice, andando levemente em círculos.

Ela pousou seus olhos em Erik. Encontrou neles a determinação, a energia, e a certeza de que precisava. Ora, que eram eles se não amantes lutadores? Mutantes que sobreviviam juntos, lutando por uma causa em que acreditavam veementemente? Aquilo que descobriam agora era só mais uma coisa para acreditar. Era só mais uma coisa para buscar. Era só mais uma coisa para se lutar.

Alice anunciou, absolutamente tomada pela verdade dos fatos. Tomada pela certeza de outra luta em seu caminho:

– É uma máquina de guerra com um pedaço faltando... Eu sou a parte instável, o descontrole. E eu sou esse pedaço... A Águia Real virá atrás de mim.


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