Amor E Caos... escrita por Bel Russeal


Capítulo 6
Inimigos ainda ?




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Caminhávamos juntos pela praça, ninguém ameaçava a dizer nada, eu escondia meu rosto em meus cabelos, como sempre, e o observava, andava com as mãos no bolso de um jeito tranquilo, mas seus olhos estavam tão concentrados no horizonte.

_Desculpa pelo o que eu disse no cemitério, eu não tenho o direito de dizer pra você o que tem ou não de superar. – Ele disse parando em frente às flores em que Jorge plantava na pracinha e as observava.

Eu não consegui respondê-lo eu estava surpresa, até o momento em que Antenor me chamou para caminhar eu esperava alguma piada, zoação ou uma pegadinha.

_Não vai falar nada? – Ele perguntou pousando seus olhos azuis agora em mim.

_Eu estou surpresa, com suas desculpas, sua fala serena e com o seu convite para caminhar pela praça.

_Eu queria te pedir pra não contar pra ninguém sobre a briga que houve lá em casa. – Ele revelou e dessa vez não fiquei surpresa, é claro que tinha um motivo pra ele ser gentil, ele só tinha um interesse mutuo de que eu não espalhasse que a vida familiar do garoto legal da escola era uma droga.

_ Eu não ia contar nada.

_ Isso só ajudaria mais o plano de Ana para me ferrar. – ele disse dessa vez com os olhos nas flores novamente.

_ Não se preocupe, Antenor. Eu já disse que não contarei nada!

_ Obrigado! – ele disse sereno.

_Então, é.. Acho que já vou...

_Tulipas, eram as flores preferidas de minha mãe. – ele disse cortando meu anuncio de partida e continuei a ouvi-lo.

_Ela dizia que a tulipa era a rainhas das flores, a mais luxuosa. Ela é difícil de ser plantada aqui no Brasil, Jorge e ela tinha um cuidado muito especial com as tulipas do jardim de minha casa. – Ele se ajoelhou perto das poucas tulipas que tinham ali.

_Jorge vem aqui todo dia cuidar destas. – comentei, ele devia estar curioso de como aquelas estavam ali.

_Tulipa vermelha significa amor eterno. – ele disse passando a mão pelas flores vermelhas.

_Tulipa amarela amor impossível. – ele disse pousando seus olhos em mim.

_ Tulipas brancas significa perdão. – ele disse arrancando uma flor e levantou.

_ Perdão por ter mentindo pra você, perder uma pessoa não é uma coisa natural , na verdade é uma droga. – ele disse estendo a tulipa branca pra mim.

Eu queria aceitar a flor de Antenor, de repente todas as nossas diferenças foram deixadas de lado e eu queria tanto pegar aquela flor, mas eu não podia se não teria um ataque alérgico e sabe lá o que poderia acontecer. Ele abaixou a mão com a flor ao perceber a minha demora para recebê-la e meu olhar confuso.

_ Não gosta de flores ?

_ Eu adoro. – eu finalmente consegui dizer algo a ele.

_ Então ? – ele disse olhando confuso para mim – Essa flor não significa que você tem que deixar de me detestar e nem queeu tenha que parar de zoar a marrentinha do sul, se essa for sua preocupação. – ele disse e logo soltou uma risada.

_ Eu adoro flores. Rosas são as minhas preferidas, mas essa não conta quase todo mundo não resiste a elas; - disse me aproximando da ala de rosas plantadas logo depois das tulipas e Antenor me observava.

_ Amor-perfeito então, depois das rosas, é a minha preferida. – lembranças invadiram minha mente:

“ _Eu não posso esquecer meu CDs. – Nick disse pegando imediatamente seus mimos e colocando na caixa da sua mudança.

_ Não acredito que falta ainda 5 dias para ir pra sua faculdade e já ta arrumando a bagagem, quanta ansiedade para me deixar. – disse sentando na sua cama que tinha várias caixas por cima.

_Não é ansiedade de deixar você, é ansiedade pela faculdade, pela minha liberdade, pela minha independência. Eu, finalmente, vou poder morar sozinho. – ele disse sentando ao meu lado.

_ Promete que não vai me esquecer? – perguntei e ele puxou algo de uma das caixas.

_Aqui, uma das suas flores preferidas! – ele disse me entregando um vaso com amor-perfeito.

_significam amor duradouro e garantia que este não caia no esquecimento.

_ O nosso amor, nunca vai cair no esquecimento, irmãzinha. – ele disse me abraçando.”

Enxuguei a lágrima que ameaçava cair no meu rosto antes que Antenor percebesse e continuei.

_ E as Tulipas, são uma das mais lindas em minha opinião, mas elas não gostam de mim.

_Como assim? – ele perguntou imediatamente.

_ Ela tem uma substancia que me da alergia.

_Ah, então é melhor deixar essa bem longe de você. – ele disse olhando para Tulipa e aproveitou que uma senhora passava pela praça e entregou para ela.

_Obrigada, querido. Que gentil! – A senhora respondeu.

_ Sem perigos agora, de uma marrentinha tendo um ataque. – ele disse soltando uma risada.

_Eu preciso ir, meu pai já deve esta em casa. – anunciei.

_ Inimigos ainda? – ele disse estendendo a mão.

_Inimigos ainda. – apertei sua mão e nós dois rimos.

_Tenha uma boa noite, sulista estranha.

_ Boa noite, seu otário.

...

Me joguei no sofá e aproveitei o silêncio da casa, aparentava que ainda Cezar não estava em casa. O dia tinha sido estranho, a paz que rolou entre mim e Antenor não era normal desde o dia tinha pisado nesta cidade.

_ Onde se meteu o dia todo, filha? – Cezar descia as escadas enxugando seus cabelos molhados com uma toalha.

_ Por ai. – disse sentando no sofá.

_ Que tal jantarmos fora? Não tem nada mais que macarrão instantâneo na dispensa. – ele disse pegando as chaves do carro animado.

_ Eu vou ficar com o macarrão instantâneo. – disse me levantando e subindo as escadas até Cezar me interromper no meio dela.

_ Qual é, Samantha? Desde quando você chegou à cidade, só nos encontramos algumas vezes pela manhã quando vai pra escola e o resto do dia passa naquele quarto.

_Devia se animar com isso, sinal de que estou gostando do pequeno quarto que tanto reclamei.

_Vou dar 10 minutos para subir e se trocar para irmos jantar.

_Vai me obrigar agora a sair com você?

_ Se isso for necessário, eu irei.

_ Eu não acredito nisso. – suspirei indignada.

_Estou esperando você no carro, dez minutos, não se atrase. – Ele disse batendo a porta da frente.

_ Eu te odeio, Cezar. – disse gritando ao subir as escadas.

...

Cezar me levou a um restaurante bem diferente de todos do que me lembrava já ter ido, era bem simples, havia várias pessoas no balcão virando bebida e riam tão alto que dava eco por todo o local.

_ Nossa, espero pelo menos que a comida seja boa! – comentei ao sentar a mesa de madeira com toalha quadriculada.

_Não seja mimada, Sam. Sua mãe devia te levar aos melhores restaurante na outra cidade, mas quando era casada comigo adorava esse lugar, a comida caseira daqui é fabulosa.

_Lúcia Lorenzzi sempre surpreendendo.

_ Duvido que ela apresente esse lugar agora no seu programa de TV . – Cezar disse soltando boas risadas minha, quando se tratava de falar das bizarrices de minha mãe até que eu e ele tínhamos uma lado cúmplice.

_Boa noite, Cezar, há quanto tempo. Esta preferindo arriscar a queimar suas panelas invés da minha bela comida caseira. – uma mulher com um sorriso simpático nos abordou na mesa.

_Tinha que trazer ela pra conhecer seu espetacular cardápio. – Ele disse apontando para mim.

_Ah meu Deus, essa é Samantha? Como está linda. – soltei um sorriso leve a ela, não sabia de onde ela me conhecia.

_Parecida com Lucy, realmente não puxou nada mais que os olhos de você, Cezar. –ela disse rindo com meu pai.

_Lucy ? – estranhei o apelido que ela dera a minha mãe. – Conhece a minha mãe?

_ Claro que sim, estudamos juntos e ela adorava vim ao meu restaurante antes de virar aquela ditadora da moda.

_Como eu disse, sua mãe adorava esse lugar. – Cezar riu.

_ Quando eles começaram a namorar vinham se encontrar todas as sextas aqui, ai quando se casaram começaram a vim quase todos os dias, já que eles dois eram péssimos na cozinha.

_ Isso não é segredo a ninguém. – disse rindo.

_Eu ainda faço uma boa macarronada. – meu pai protestou.

_Aquela que gruda na panela, que horror. – A senhora soltou uma risada.

_ Lúcia adorava. – ele protestou novamente.

_Depois do divorcio, esse restaurante definitivamente virou a cozinha do seu pai. Ele vinha aqui todo santo dia, menos essas duas semanas eu já estava indo atrás de você, Cezar, me preocupou. – A mulher disse batendo o guardanapo nas costas dele.

_ Desculpe Sandra, estava sobrevivendo de congelados com a Sam, pelo menos ate ela se estabilizar com a mudança.

_ Isso significa que preciso do seu melhor prato. – disse faminta e ele dois riram.

...

_ Sandra é legal! – disse quebrando o silencio no carro na volta para casa.

_Ela é sim.

_Sobre o que ela disse, sobre você e mamãe, é a única coisa que sei sobre o casamento de vocês, quero dizer de como namoravam e se encontravam.

_ Creio eu que Lúcia não gostava de falar sobre isso, não é?

_ Não, me lembro de ter perguntando uma vez e ela mudou de assunto. Eu não me lembro muito da época de quando ainda eram casados e formávamos uma família “feliz”. – disse irônica.

_ Normal, você tinha apenas nove anos quando nos separamos e 11 quando ela mudou de cidade e levou vocês.

_Durante esses 6 anos em que ela foi embora nunca pensou em..

_ Casar? Como ela se casou duas ou três vezes. –ele disse me fazendo rir.

_Na verdade, Billy é o quarto. Mas sim, quero dizer casar e ter filhos, já que esqueceu por seis anos os que tiveram com ela.

_ Eu não esqueci vocês, Sam. Eu só precisava de um tempo.

_ Seis anos, Cezar? Não foi tempo demais?

_ O divorcio foi complicado, eu estava em uma fase difícil, não tinha como cuidar de vocês, não me mereciam naquele estado. Eu precisava de um tempo

_Nós merecíamos um pai, ou uma satisfação dele. Nick se foi sem uma e agora você me diz que estava em uma fase difícil ?

_Samtanha, eu...

_ Seis anos ? Que fase duradoura não?

_Eu sei que eu errei, mas eu quero consertar agora. – ele disse parando carro na frente da nossa casa.

_ Talvez, quem precise de um tempo agora, sou eu.

Sai do carro e corri o mais rápido que pude par me trancar no quarto e me joguei na cama e abafei o máximo o meu choro.

...

A manhã veio rápida pra quem não dormira a noite toda, então levantei surpreendentemente cedo, antes que me encontrasse com Cezar no café da manhã. Me arrumei, peguei uma maça, minha bolsa e fui ao colégio.

_Bom dia, Caio. – disse a ele que estava antes distraído sentando escorado na grande árvore que tinha na frente da escola.

_Bom dia, Sam. – ele disse com um tom desanimado.

_ O que houve? – disse sentando ao seu lado na árvore e mordi minha maça.

_Nada. – ele forçou um sorriso.

_Gabe ainda não chegou?

_Sim, ela está bem ali. – ele sinalizou com a cabeça na direção – com o aluno novo.

_Nossa, depois eu que estava de charminho pra ele, que safada. – disse rindo e nem percebi que incomodava a Caio.

_Nossa, me desculpe, Caio.

_ Eu estou bem.

_ Eu já percebi que sente algo por ela.

_ Percebeu é?

_ Sim

_ Eu estou superando, Sam. Acredite daqui uns dias eu já esqueci totalmente. – ele disse rindo e realmente me convenceu disso.

_Eu estou aqui sempre pra você, se precisar de um ombro amigo. – disse o abraçando.

_Obrigado, Sam. Você é incrível.

_ Ei, garotão! – Peter disse afastando o meu abraço de Caio e sentando no meio de nós dois.

_ Ótimo, o idiota segundo chegou! – disse me afastando e Peter riu com Caio.

_ O idiota primeiro, por acaso sou eu? – Antenor apareceu com um sorriso reluzente e olhava para mim.

_Acertou em cheio. –disse sorrindo.

_To sentindo um clima por aqui? – Peter se pronunciou.

_não tem clima nenhum, tinha antes, um clima de amizade entre mim e Caio e você estragou. – Disse levantando de um jeito desajeitado tirando os braços de Peter do meu ombro que havia colocado como um folgado que era.

_Nossa me desculpe, senhorita Estranha Lorenzzi, o gene errado da família. – Peter disse soltando a risada de alguns companheiros de time que vieram com os dois otários.

_Vem Caio, vamos o mais longe desse projeto errado de cérebro. –disse puxando Caio pela mão.

_Ei não senhora, Caio tem que ficar com o time, tem reunião com o treinador. – Antenor disse puxando Caio de mim.

_Mas.. – tentava protestar.

_Esquece, gauchinha estranha. – Peter se pronunciou.

_ Eu juro, que quando acabar a reunião vou me encontrar com você. – Caio prometeu.

_Me empresta o celular, Toni, esqueci o meu, preciso ligar pra Melanie. – Peter pediu.

_ Não vai dar cara, to sem celular e carro por duas semanas. – Toni disse e lembrei da confusão na sua casa, certamente Ana, a madrasta, tinha feito a caveira dele ao pai.

_O que aprontou dessa vez? – Peter perguntou.

_Nada demais.

_ Nada demais? Duas semanas sem carro, deve ter aprontando uma boa.

_É .. Bati o carro dele preferido enquanto dirigia bêbado. – Antenor disse com os olhos sem graça a mim.

_ Caraca, ele devia ta uma fera com você. – Peter disse animado e parecia ate orgulhoso da suposta rebeldia cometida por Antenor.

_O orgulho da família. - Comentei e Antenor olhou temeroso para mim.

_ O que faz aqui ainda em? Marrentinha estraga prazer. – Peter o defendeu.

_ Idiotas. – disse saindo.

Na sala de aula, encontrei Gabe que logo se sentou ao meu lado e depois disso o professor entrou na sala, começando assim a aula de Física.

_Cadê o Caio? – Gabe me perguntou enquanto o professor escrevia no quadro.

_Está em uma reunião com o treinador.

_Ele foi frio comigo na hora da entrada, acho que ele não gosta do aluno novo assim como a maioria do pessoal do time de futebol.

_ Dinho ta superando a atenção dos idiotas do time, mas não é o caso do Caio, ele só devia esta distraído. – inventei uma desculpa, Caio me mataria se falasse algo pra ela.

_Espero que seja só isso. – ela respondeu.

_Falando no Dinho, o que ta rolando? – perguntei animada.

_Nada, a gente só se apresentou, nada demais.

_ será mesmo? – disse rindo.

_Por enquanto sim e não venha com esse papo, ele jogou charme pra você ontem. – ela disse tentando jogar a deixa pra mim e nós rimos.

Gabe e eu conversarmos coisas diversas, enquanto o professo estava distraído e aproveitei para comentar o estranho comportamento de Antenor.

_ Quem diria que Toni teria algum problema na família, quem ver de fora pensa que é uma família perfeita. – ela comentou.

_ Fala baixo, prometi a ele que não contaria a ninguém.

_Relaxa, se depender de mim, ninguém vai saber.

_ Obrigada! – suspirei.

_Nossa, vocês se odeiam, mas tem segredos e tudo mais.

_Não “temos” segredos, esse é um segredo só dele e que soube por acaso, além do mais continuamos nos odiando.

_Mas ele te pediu perdão e tudo mais?

_ Perdão pelo o que ele disse no cemitério, mas ele ainda continua sendo o mesmo idiota aqui na escola, hoje, por exemplo, disse que estava de castigo por que dirigiu bêbado o carro do pai, ele inventou isso, só para passar a impressão de perfeição e superioridade que ele adora.

_É verdade, ele é tão idiota aqui na escola e que não fosse você contando essa versão dele entregando uma flor e tudo, eu não acreditaria.

_ Somos muitos diferentes, nunca nos daríamos bem.

_ Eu concordo que ele é um otário de primeira às vezes, mas olha lá, nunca diga nunca, afinal os opostos se atraem.

_ Os opostos se atraem? – repeti rindo – Só se tratar da força eletromagnética do átomo, amiga, porque quando se trata de mim e Antenor , eles se repelem. – Disse apontando pro quadro e voltando para a Eletricidade que o professor de Física tentava explicar, encerrando de vez aquele papo.

...

Intervalo tocou e logo pudemos ir ao refeitório, nós compartilhávamos uma mesa e discutíamos o que tinha no cérebro de Melanie

_ Como ela chegou ao terceiro ano sem saber o que é um átomo? – Gabe perguntou rindo ao lembrar da pergunta que Melanie fez na aula de física.

_Sabotagem, na certa. E sobre a aula de física, acho que o único neurônio dela dormiu. – Disse soltando boas risadas de Gabe.

_ Do que estão rindo? – Caio indagou ao sentar do meu lado e roubar uma maçã do meu lanche.

_Da Barbie sem cérebro.. – respondi.

_ Melanie? – Caio adivinhou e riu, parecia mais animado ao contrário de como o achei pela manhã.

_Quem mais seria? – Gabe disse rindo e senti certo alívio da parte dela ao confirmar que Caio estava de bem com ela.

Eu participaria muito mais daquele diálogo cujo tema era a piranha de Melanie, mas meu celular tocou e, surpreendentemente, era minha mãe.

_ Oi, quem fala? – perguntei sarcástica e levantei da mesa me afastando do refeitório procurando um lugar mais silencioso.

_ Sou eu, Sam, sua mãe. Não tem mais meu número?

_ O que aconteceu? – fingia esta assustada agora no celular, mas na verdade me divertia com a reação dela na outra linha.

_ Nada, estou ligando pra saber como você está.

_ Sério? Quem fala? – Perguntei novamente.

_ Ta de brincadeira, Sam? – minha mãe dizia com aquela voz louca de sempre.

_ Me fala quem é você? E o que fez com Lúcia Lorenzzi? Porque esta não ligaria para filha, cujo esqueceu completamente, estando apenas uma semana longe dela.

_Eu sei querida, devia ter ligado quando chegou e no primeiro dia de aula, mas é que ando mega ocupada, são tantas roupas para apresentar no programa e os jogos do Billy.

_ Mãe ? – disse reprovadora.

_ Mas eu sabia que lhe daria bem com a mudança, você já viajou por quase todo o mundo sozinha, então, esta viajem não seria o problema, não é? – ela dizia rápida e histérica como sempre.

_ Mas é diferen.. – eu tentava dizer, mas ela me cortava.

_Tenho tantas novidades, estou em Veneza agora, Billy não tem jogo hoje e está me ajudando no trabalho, acredita? Ele é um amor. - ela falava bastante feliz. – Não, querido, esse casaco está muito apagado pro programa de hoje, estamos em Veneza, quero algo deslumbrante. – ela dividia sua atenção comigo e Billy.

_ Mãe, não seria eu a contar as novidades.

_ Eu sei, mas é que essa cidadezinha em que está eu já conheço e você adora Veneza, quero compartilhar com você. Está acompanhando meus programas?

_ Deixei de acompanhar a muito tempo, mamãe. – a minha paciência com ela já estava se esgotando.

_ Não seja má, Samantha. É o único jeito de matarmos saudade uma da outra, um jeito de ficarmos mais juntas agora.

_Eu estou sendo má, mãe? Olha o que ta dizendo, esse não é o único jeito de matarmos saudades uma da outra, tem telefone, internet, conversa a vídeo sabe? – tentava conter o choro ao falar com ela.

_Sam, seja mais compreensiva estou atolada com meu trabalho, tudo isso para garantir que sua alta mesada caia na sua conta todo mês.

_Não é isso que quero dizer, eu quero dizer que queria que tivesse me ligado quando cheguei aqui e me perguntado como estava sendo e..

_ Ah querida, mas seu pai mandou uma mensagem dizendo que tinha chegado bem, então não achei necessário, pensei que queria uma folga de mim, para reconhecer melhor a cidade.

_Mãe, PARA! Você não achou necessário? Achou que seria fácil eu voltar pra uma cidade da qual eu já não me lembrava de ninguém e reencontrar o meu pai do que eu não a via há seis anos!! – Gritei com ela e o outro lado da linha ficou em silêncio.

_Que ótima mãe eu tenho, em?

_ Me desculpe, Sam, eu.. – ela tentava falar, mas dessa vez eu a interrompi.

_ ME esquece e volta a se concentrar em seus casacos e em Veneza.. – Disse jogando meu celular na parede e ele se desmontou, caindo bateria pra um lado e celular pro outro, e minhas lágrimas no rosto.

_ Vai com Calma aí. – Antenor disse ao passar pelo corredor e ver o meu estado.

_ Ah que droga! – disse juntando meu celular e demonstrando minha enorme “satisfação” de encontrá-lo.

_ Aconteceu alguma coisa?

_Aconteceu, você! Será que não posso sequer um dia nessa droga de cidade não encontrar você? – Gritei e sai irritada pelo corredor, deixando para trás um Antenor boquiaberto e paralisado.

...

Os restantes das aulas passaram rápido, mas não minha raiva, antes que a campainha da ultima aula soasse eu já estava na porta da sala e indo para casa. Caminhei tão depressa para casa que ao passar pela pracinha nem cumprimentei a Jorge que cuidava das flores. Bati a porta da frente, ao entrar em casa, tão forte que os porta-retratos da parede caíram e Cezar me olhou assustado.

_ O que houve? – ele perguntou levantando do sofá, o ignorei.

_ Espera, mocinha. Volta aqui! – ele disse enquanto subia dois ou três degraus da escada e virei ficando de frente a ele. Eu estava fervendo de raiva, era um misto de sentimentos que sentia, não conseguia decifrar, mágoa, raiva, abandono ou sei lá.

_ Quer me explicar o que aconteceu? – ele cruzou os braços esperando a resposta em minha frente.

Então ouvi uma música familiar na televisão ligada, era o som da abertura do programa de minha mãe, ela estava apresentando, caminhei até a frente da TV e fiquei posicionada ouvindo Lúcia Lorenzzi falar.

_ Olá, Brasil!! – Ela dizia animada – No programa de hoje, teremos simplesmente Veneza, uma cidade tão linda e romântica, Billy e eu estamos adorando! – Cruzei os meu braços e tentava controlar minha raiva.

_Veneza é uma das cidades preferida da minha filha, liguei pra ela hoje contando e ela ficou tão animada com o programa de hoje.

_ O quê? – exclamei alto. - Ta de brincadeira, sua louca, fútil e desequilibrada. – dizia para Lucia na TV.

_ Samantha, se acalme. – Cezar se aproximou.

_ Vou levar esse pra você, filha. – Minha mãe dizia na TV ao mostrar um vestido na vitrine de uma loja.

_Pega esse vestido e enfia...

_ Opaa!! – Meu pai me interrompeu.

_Cala a boca!! Mentirosa, você é uma PÉSSIMA mãe; quero que você engula todos esses casacos!! MALUCA. – Dizia a Lucia na TV como se ela tivesse presente, mas ela continuava a falar e esbanjar sua alegria em seu programa.

_ Sam, não quer conversar? – Cezar perguntava em meios aos meus gritos, ele estava apavorado.

_ Eu estou bem! – disse ofegante ao desligar a TV.

_Me sinto, bem melhor! – disse subindo para o meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do cap de hoje :)



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