Amor E Caos... escrita por Bel Russeal


Capítulo 13
Pesadelos.




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_ Chegou em casa cedo. – Cezar comentou a me ver, ele estava deitado no sofá e assistia ao programa de Lucia Lorenzzi na TV isso mesmo?

_ Você ta assistindo o programa da minha mãe ? – Disse rindo.

_ Estou, qual é o problema?

_ Ta ai o problema de você nunca arranjar uma namorada.

_ Eu estou bem com meu estado civil, ok ?

_ Ok! – Disse sentando na poltrona ao lado.

Dona Lucia estava na Inglaterra e eu achava chato o seu programa e não entendia como aquilo dava audiência.

_ Pra que a cara de tédio?

_ Esse programa é chato.

_ Você se veste como uma patricinha, pensava que aprendia assistindo isso.

_ Não, vestir bem esta no meu sangue. Minha mãe não me ensinou nada sobre isso e eu não dedico parte da minha vida só pra isso como ela faz.

_Tem razão esse programa é um saco. – Ele disse desligando a TV.

_ E porque assisti?

_ Sei lá. – Ele ficou calado, mas logo depois comentou.

_Adorei o tom loiro do cabelo da sua mãe.

_ Cezar, você perdeu minha mãe. Eu nunca perguntei o motivo, mas você perdeu ela. Siga em frente.

_ Eu sei, Sam. – Ele disse triste. – E acho que ta na hora das minhas explicações.

_ Eu acho que ainda não estou pronta para ouvi-las.

_ Por que acha mesmo que ouvi-las não vai conseguir me perdoar ? – Ele perguntou.

_ Sim, porque não consigo pensar em algo que justifique você não ter parecido seis anos, foram natais, aniversários, balé, primeiro namorado, e mais datas que você fez questão de não aparecer.


_ Sam...

_ Nâo estou pronta para ouvir. – Disse subindo para o meu quarto.

Deite sobre a cama e puxei um livro da estante, Augusto Cury era o autor do livro escolhido desta vez, ele tinha tanta sabedoria para dizer coisas inspiradoras sobre sonhos. E foi lendo suas palavras encorajadoras que dormi.

Acordei com barulhos vindos do lado de fora, no meu quarto as luzes estavam apagadas e eu estava envolvidas por corbetores, modo diferente do qual eu estava antes de adormecer.Levantei e apenas me envolvi em um dos meus velhos casacos por cima da roupa que vestia – um blusão curto. Olhei pela janela e vi alguém deitado sobre a calçada, gritava alto e quebrava garrafas e mais para direita avistei o carro de Caio.O que Caio faz aqui ?

Corri até a porta e cheguei até a varanda, vi Caio gritando com Antenor que era quem quebrava as garrafas em direção a sua casa.

_ Estão acordando toda vizinhança. O que vocês estão fazendo ? - Gritei da varanda, mas logo depois caminhei até o portão e me aproximei deles.

_ Desculpa por te acordar, Sam. – Caio disse levantando Antenor do chão.

_ Sorte que meu pai tem um sono pesado, mas o que há com você ? – Disse olhando o estado de Antenor, estava bêbado .

_Eu só quero pegar as minhas coisas. – Antenor disse meio enrolado.

_Amanhã de manhã você pega, Toni. Seu pai viajou e Ana não vai abrir a porta pra você assim. – Caio relutava em manter Antenor quieto.

_Como assim ? – perguntei.

_ Fui expulso de casa, marrentinha do sul. – Antenor disse risonho .

_ O quê? – Disse surpresa, tudo bem que Antenor aprontava muito, mas o Sr. Grayson expulsar ele de casa era uma medida muito extrema.

_Não foi exatamente isso que aconteceu, Toni. Você saiu por que quis.

_ Dane-se. Eu não preciso das minhas coisas. – Antenor disse empurrando Caio e se sentou na calçada com um pouco de dificuldade.

_Por que não usa um pouco de cérebro que te resta e para de beber? – perguntei e Antenor deu uma risada sarcástica.

_ Não provoca, Sam. – Caio advertiu.

_ O que pretende fazer? – perguntei.

_ Colocar ele a força nesse carro e levá-lo para minha casa. Ele está passando por um momento difícil. – Caio disse ajudando Antenor a levantar e o mesmo já cochilava.

_ Eu te ajudo. – Disse colocando Toni no carro juntamente com Caio.

_Obrigado, Sam. Devia voltar a dormir, daqui algumas horas já vai amanhecer.

Caio entrou no carro e Antenor dormia no banco de trás, então deu partida e o carro sumiu no fim da rua.

...

Na escola nem Caio e Antenor apareceu, perderam o primeiro jogo das estaduais deixando o treinador furioso. Contei a Gabe o que havia acontecido durante a madrugada e ela ficou furiosa por Caio estragar uma oportunidade ajudando Antenor.

_Eles são amigos, Gabe.

_ Não, Caio é amigo, mas o Antenor não é amigo de ninguém.

_Talvez esteja enganada.

_ O que? Samantha Lorenzzi defendendo Antenor Grayson? Ta brincando não é?

_ Não, não estou defendendo. Eu só acho que talvez Caio conheça um lado de Antenor que ele não demonstra aqui na escola.

_ Pra mim ele é uma babaca, aqui na escola e em todo lugar. Mas se eu não conhecesse você diria que esta desenvolvendo uma certa queda por Antenor Grayson.

_ Nâo, ta doida? Delirou ? confundiu ? – Disse rápido e engoli um seco.

_ Ta ta.. não ta mais aqui quem falou. – gabe disse soltando uma risada.

_ Mas fica ligada Sam, não vá se iludir como as outras meninas aqui do colégio pelo Antenor Grayson. – Gabe disse séria desta vez.

_ Gabriele, eu já disse que...

_ Me escuta. O charme que Toni possui é inegável e faz você cair em ciladas, então cuidado.

_ Por que diz isso?

_ Por que me preocupo com você. E metade da escola venera Antenor e a outra metade o detesta, mas não tanto como nós duas dizemos o odiar, mas eu tenho vários motivos para não gostar daquele garoto. Mas você diz que o odeia, mas não é isso que os seus olhos falam.

_ Eu não entendo porque está me dizendo isso tudo. – disse firme.

_ Espero mesmo que não tenha entendido, porque eu sei que já tem magoas demais colecionadas, amiga. E mesmo eu não conhecendo metade delas, só sei que não quero que tenha mais uma pra coleção. – Ela disse me abraçando e depois saiu.

...

_ Adoro a Inglaterra. – Uma voz de timbre forte sussurrou em meu ouvido.

_ O quê ? – Dinho havia sentando ao meu lado sobre a sombra da gigante árvore no campus.

_O programa da sua mãe ontem, a minha irmã adora, então tive que assistir. – Ele disse me fazendo rir.

_ Esta se justificando por assistir um programa de moda?


_Ah.. Acho que sim. – Ele riu.

_Não se preocupe seu segredo está guardado comigo.

_Obrigado, me sinto mais seguro. – Rimos juntos dessa vez.

_Você adora muito essa árvore não é? Senta sempre aqui antes das aulas, ou depois delas, não que eu venha te observando ultimamente é que... – Arqueei as sobrancelhas e ele soltou outra risada - Ok, ok, eu venho te observando.

_Ela me lembra minha antiga cidade, havia muitas dessas por lá. Mas devo ficar assustada pelo fato de esta me observando ?

_ Não, deve se sentir admirada. – Ele disse se aproximando.

_ Atrapalho o casal ? – Antenor disse alto fazendo Dinho se afastar imediatamente.

_ O que perdemos hoje? O time ganhou? –Caio perguntou ansioso ao lado de Antenor.

_ Ganhamos, não com a ajuda de vocês é claro. – Dinho disse irritado e levantamos.

_O treinador está uma fera com vocês dois. – Comuniquei;

_ Eu disse que ele ficaria. – Caio falou irritado para Antenor.

_ Calma, vamos conversar com ele, o treinador vai entender. – Antenor animava Caio.

_ Eu duvido muito. – Dinho disse com ar provocador e Antenor deu um leve sorriso um pouco ameaçador a meu ver.

_Tenho que falar com a Gabriele primeiro, te encontro mais tarde. – Caio disse saindo.

_ O jogo foi ótimo, que pena que não pode ver o quão bem o time funciona sem você. – Dinho continuava a provocar.

_ Não acredito muito vindo de alguém como você. – Antenor ainda encarava Dinho.

_Sabe se eu fosse você aproveitava o máximo essa faixa no braço, pois não vai ser o capitão do time de futebol por muito tempo.

_Não vão brigar aqui na minha frente vão ? – Perguntei ao ver que os dois já se provocavam demais.

_ Não, desculpe, Sam. Te vejo outra hora. – Dinho disse me dando um beijo no rosto.

_ Sabe, todos querem muito ocupar o meu cargo de capitão do time e o rei do colégio, mas espero que sua inveja não esteja te iludindo tanto assim, Adriano. Você não tem essa capacidade e muito menos o meu charme. – Antenor disse rindo com um tom sarcástico que só ele dominava.

_ Tenha um bom dia, Samantha. – Dinho saiu ignorando Antenor.

Juntei os meus livros no chão e coloquei na mochila e estava pronta para enfrentar as aulas de teatro. Mas Antenor Grayson ainda estava parado ali me olhando.

_ O que foi? – perguntei.

_ Esta flertando mesmo com o idiota do Dinho?

_ Ele esta flertando comigo.

_ E você pareceu gostar.

_ Talvez um pouco, mas o que você tem a ver com isso?

_ Ele é um babaca, Sam.

_ Ele é assim com você e com todos os motivos, você o deixou a deriva em um barco sem combustível e filmou isso para todo colégio ver.

_ Eu acho pouco do que esse cara merece, esse cara é um vacilão, Sam. Não se envolva com ele.

_ Sabe com o que você parece assim mandando o que devo ou não devo fazer? – Disse cruzando os braços e encarando Antenor na minha frente.

_ O quê?

_ Você parece um namorado ciumento. – Ele riu.

_ Você bem que gostaria.

_ Não, mas você gostaria. – retruquei.

_Por favor, não se esqueça com quem você está falando. – Antenor disse com um ar sarcástico.

_ Enfim, temos que terminar o trabalho.

_ Pode ser.

_ Na minha casa às..

_ Pode ser em outro lugar? Não quero encontrar com a sua vizinhança.

_ Quando diz vizinhança se refere ao seu pai? – perguntei indignada.

_ É melhor não se intrometer nisso, Sam. Não quero brigar com você.

_ Tudo bem, nos reunimos na biblioteca então.

_ Combinado.

...

A biblioteca estava normal, as mesmas pessoas de sempre e o mesmo Antenor atrasado. Mas algo poderia mudar com a visita de Gabriele na sala:

_ Acho que estou delirando, Gabriele Rossner na biblioteca é isso mesmo? – Disse dando uma risada e ela revirou os olhos.

_Palhaça, Caroline Dick adora esse lugar e eu sou a dupla dela. – Gabe disse suspirando e sentando-se à mesa ao lado.

_ Por que fala como se eu não estivesse aqui? – Caroline disse irritada.

_ Desculpe, mas você é tão calada que quase não me lembro. – Gabe disse irônica.

_ Você é cruel. – sussurrei para Gabe.

_Essa biblioteca tem presenciado muitos milagres ao começar por Antenor Grayson. – Caroline disse enquanto escolhia livros na estante.

_ Antenor vem aqui? – Gabe disse surpresa.

_ Ele é minha dupla. – me pronunciei.

_ Falando de mim? – Antenor disse ao entrar e Gabe suspirou mais uma vez.

_Pelo visto falando mal. – Antenor disse ao ver a expressão de tédio de Gabriele.

_ Não importa, vamos começar o trabalho. – Disse engolindo o seco e me sentia em uma corda bamba, como se estivesse fazendo algo extremamente errado contra Gabriele, levantar a bandeira branca juntamente com Antenor, ela não entenderia.

Estávamos todos concentrados em seus devidos trabalhos, Caroline e Gabe na mesa ao lado da minha e Antenor e a minha curiosidade estava me corroendo.

_ Posso te perguntar algo? – Sussurrei a Antenor.

_ Pode, mas eu não sei muita coisa sobre Islamismo. – Ele sussurrou de volta.

_ Não é sobre isso. – sussurrei de volta.

_ É sobre o quê? Espera, porque estamos sussurrando se estamos sentados um do lado do outro? – Ele sussurrou e soltou uma leve risada chamando atenção das meninas a mesa ao lado e dei uma cotovelada forte em seu estomago.

_ É por que a pergunta é sobre Gabriele. – sussurrei de volta quando as meninas voltaram a se concentrar nos livros.

_ O que tem ela?

_ Por que ela te odeia tanto?

_ Muita gente me odeia. – Ele disse.

_ Mas é porque você é um idiota, mas ela me parece ter um motivo maior.

_ Obrigado pela parte que me toca. – Ainda continuávamos nos sussurros.

_ Não vai me contar?

_ Não é nada que te surpreenda Samantha. Deixa isso pra lá e concentre se. – Ele disse, apenas atiçando mais minha curiosidade.

Passaram alguns minutos e não tinha como eu me concentrar até eu descobrir tudo.

_ Terminamos por hoje, meninas. A biblioteca é só de vocês. – Disse levantando.

_ Mas a gente nem fez nada.. – Antenor protestou e eu chutei sua canela debaixo da mesa.

_Até amanha, Sam. – Gabe disse se despedindo.

...

Do lado de fora do colégio, Antenor ainda passava a mão em sua canela e fazia drama.

_ Ah qual é foi só um chute. – Revirei os olhos.

_ Por que fez aquilo?

_ Me conta logo sobre Gabe.

_ Não quero contar, você já me acha babaca o suficiente.

_ Ótimo. – Disse saindo em direção as ruas a caminho de casa.

_Ei, eu te levo em casa. – Antenor disse alto.

_ Vai me contar ou não?

_ tudo bem. – Ele disse e então entrei no carro.

...

Paramos na pracinha, Toni não queria me deixar exatamente em casa, estava fugindo do seu pai, eu acho. Mas até o momento ele só me enrolava e não me contara nada sobre o assunto Gabriele.

_ Me conta logo, para de embromar. – Disse enquanto caminhávamos pela praça e ele suspirou dado por vencido.

_ Ano passado, no baile de fim de ano da escola, Peter armou um trote para Gabe, ela e Caio estavam tendo tipos encontros, estavam quase engatando um romance, mas Peter fez que ela acreditasse que Caio estava afim de outra garota no colégio e então ela desistiu de ir ao baile e desistiu de Caio também.

_ E o que você tem a ver com isso?

_ Eu fiquei sabendo do trote, fiquei incomodado por ela não querer ir ao baile, então a convidei e a gente foi. No baile, Caio foi acompanhado de outra garota por pensar que Gabe estava apaixonada por mim. E estava indo tudo bem, ela parecia ter superado Caio, nós dançamos, nos beijamos, mas...

_ Mas?

_ Mas no fim da noite ela me pegou tendo uma conversa errada com Peter e achou que o baile e tudo aquilo era mais um trote igual Peter fez com ela e Caio. Fui correndo me explicar para ela, mas ela estava furiosa e acabei brigando com ela, virou tudo uma confusão Peter derrubou ponche em seu vestido e...

_ E ela virou a palhaça da noite. – Completei.

_ Mas você não teve culpa, quero dizer não foi Peter que armou tudo ?

_ E eu sabia, Sam. Mas mesmo assim deixei que meu melhor amigo perdesse a garota que ele gostasse. Mas mesmo descobrindo tudo Caio não me odiou e Gabe ficou mais irada ainda.

_Caio tem um coração enorme.

_ ele tem sim, mas ele não ficou tão bravo porque talvez uma coisa não fosse mentira em todo aquele baile.

_ O quê?

_ Gabriele estava realmente começando a gostar de mim, mas eu fui um idiota.

_ Você acha que ela ainda gosta de você.

_ Não aquele ódio dela não é amor, Sam. É rancor e mágoa. Eu sei muito bem quando o amor se disfarça em ódio. – Ele disse aproximando.

_ Como assim você sabe? - Perguntei.

_ Por que eu tentei te odiar, Samantha.. E é justamente por não conseguir te odiar que eu te odeio. - Desde quando Antenor Grayson conseguia roubar as palavras da minha boca?

_ Acho que eu tenho que ir para casa, já esta tarde. – Disse depois de alguns segundos.

_ Queria ser cavalheiro e te levar até a porta da sua casa, mas não quero encontrar com meu pai e muito menos com minha madrasta.

_ Não se preocupe, Antenor. Cavalheirismo nunca foi o seu forte. – Disse piscando para ele e retornando para casa.

...

Ninguém mais estava em casa além de mim, Cezar ainda estava no trabalho e aquele era meu cenário favorito de paz. No meu quarto, a minha mente girava em torno de tudo que aconteceu naquele dia e por mais que eu tentasse não pensar, Antenor ocupava muita parte de meus pensamentos.

Mas outras partes estavam Gabriele, minha mãe e Nicolas. Olhando todas as fotos no meu mural, sentia falta de esta acompanhando dona Lucia em suas viagens, mas mesmo relutando tanto em ter vindo morar aqui, parte de mim estava começando a gostar da cidade. A cidade e essa casa me traziam lembranças de Nicolas e eu quando menores, era quase como se ele ainda estivesse vivo.

“ Barulhos de sirenes e cheiro de gasolina era o que eu conseguia ouvir e sentir, minha audição e olfato nunca estiveram tão confusa como agora , mas conseguia destacar tais característica perfeitamente, sentia como se o cheiro de gasolina estivesse impregnado em mim e as sirenes me acompanhavam. Mas a visão não me pertencia, eu estava consciente, mas não conseguia abri os meus olhos.

_ Vamos precisar reanimá-lo. Suas batidas cardíacas estão diminuído, vamos perdê-lo, vamos perdê-lo! – Uma voz de timbre forte ecoou e me fez esquecer um pouco sobre as sirenes.

Tentei abrir os meus olhos, com muita dificuldade consegui. Uma forte luz branca invadiu me fazendo piscar e depois uma mulher de branco me olhou aflita, mas algo no pescoço me impediu de olhar ao redor, mas do pouco que via julgava ser uma ambulância, logo depois apaguei.

Acordei e estava sendo arrastada sobre uma maca, várias pessoas de brancas ao meu redor, eu tinha chegado ao hospital. Meu desespero veio ao lembrar o acidente e de Nick. Com maior esforço que fiz para olhar ao meu redor com aquela coisa no meu pescoço, encontrei o olhar de Nicolas sobre mim, ele estava deitado em outra maca ao meu lado e também tinha várias pessoas de brancas ao seu redor, conduzia-nos para algum lugar.

Uma lágrima caiu dos olhos de Nick, e eu queria gritar por ele, mas eu não conseguia. Ele levantou um dos seus braços encharcados de sangue em minha direção, mas logo os seus braços caíram e seus olhos fecharam. “

Sobressaltei da cama, piscava os olhos várias vezes tentando acordar daquele sonho, ou melhor, acordar daquela lembrança. Liguei o abajur, levantei da cama e ao lembrar os braços sujos de sangue tropecei em um dos lençóis e caí sobre o chão. Caída sobre o carpete eu fiquei, cansada e ofegante, eu poderia retornar a dormir ali mesmo, mas barulhos vindos da janela me forçaram a levantar.

Abri a janela e acabei sendo acertada por um pequena cascalho vindo debaixo. Olhei furiosa e Antenor estava lá embaixo.

_ O que faz aqui? – perguntei.

_ Desculpa te acordar, posso subir?

_ Não!

_ Dane-se, eu já to subindo. – Ele disse escalando até a minha janela e entrando.

_ O que você quer Antenor?

_ Eu mudei de idéia e vim ver o meu pai, mas ele e eu apenas discutimos de novo. – Ele disse sentando na poltrona ao lado da minha cama.

_ Eu sinto muito por isso, Antenor. Mas por que veio até aqui so para me contar? Tudo bem, que a gente fez um acordo de paz, mas invadir o meu quarto de madrugada não pertence ao acordo.

_ Eu estava indo embora, mas vi uma lâmpada ligada no seu quarto, então pensei que ainda estava cordada e não sei por que quis vim aqui.

_Ta. Se quiser falar do seu pai sou todos ouvidos, em péssima relação com o pai eu sou perito. – Disse me jogando na cama e suspirei me dando por vencida.

_Na verdade, não quero falar dele. – Ele disse me empurrando para o outro lado da cama e deitando-se.

_ Como você é espaçoso, garoto. – Disse revirando os olhos e ele riu.

_Posso tocar violão se quiser? – Ele disse olhando o violão de Nick.

_ não, Cezar vai acordar se fizer isso. – Ele apenas concordou com a cabeça.

_Não consegue dormir ? - Ele perguntou.

_ Na verdade consigo, não consigo é me manter dormindo, to tendo pesadelos.

_ Como são esses pesadelos?

_ Ruins.

_ Sobre o acidente? – Ele disse meio cauteloso e o olhei assustada.

_ Andou pesquisando minha vida em sites de fofocas?

_ Na verdade não, mas vi em um jornal que caiu de sua bolsa dias atrás. Mas não fique surpresa muitas pessoas sabem disso, Sam. Afinal, você tem uma celebridade na sua família, mais cedo ou mais tarde isso vai se espalhar aqui pela cidade também.

_ Você não tinha o direito de mexer nas minhas coisas. – Disse nervosa.

_ Eu não mexi em nada, apenas vi. Desculpa, mas você sabe que isso não iria ficar oculto por muito tempo, também não foi tão dificil decifrar. Você tem medo de carros dirigidos em alta velocidade e eu a levei no cemitério aquele dia, lembra?

_Antenor, eu me mudei de cidade por muitos motivos, mas esse é um dos motivos principais, eu estava cansada dessas noticias e aqui quase ninguém sabe..

_ Não se preocupa eu não comentei com ninguém. – Ele disse e suspirei.

_ Obrigada.

_ Por que te preocupa tanto se as pessoas descobrirem ? Foi um acidente, um idiota bateu no carro de vocês e infelizmente..

_ Você não entende. É uma maneira de me preservar e de preservar ele.

_ Eu não entendo, mas eu respeito. – Antenor Grayson realmente era melhor do que demonstrava ser.

_Você ficou em coma por quantos dias? - Ele perguntou e apesar de não gostar de falar sobre o assunto eu estava a vontade.

_ 10 dias.

_ Perdeu o funeral dele? Por isso que não tinha visitado o tumulo dele ainda.

_ Sim, a minha mãe resolveu fazer aqui para desviar muito as noticias e por isso não tive oportunidade ou coragem. – Disse limpando a lágrima antes que caísse sobre o meu rosto

_ Desculpa, eu não deveria esta te fazendo essas perguntas, sei que não gosta de falar sobre o assunto.

_ Tudo bem. – Mesmo assim ele me abraçou e beijou a minha testa.

_ Isso aqui é estranho, nos odiamos lembra? Disse rindo ainda envolvida por seu abraço e sentido o seu perfume.

_ Fizemos um acordo de paz, lembra?

_Ah é verdade. Mas não se convença muito, eu ainda o acho um idiota.

_ Eu ainda acho você uma marrentinha do sul insuportável.


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Notas finais do capítulo

O que tão achando? Leitoras postem sua opinião, ela é sempre bem vinda!



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