Amor E Caos... escrita por Bel Russeal


Capítulo 12
Bandeira Branca


Notas iniciais do capítulo

Leioras fantasmas, por favor, apareçam!!



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Em minha vida é tudo tão momentâneo, posso assim dizer. Falar que sou a garota mais azarada do mundo, seria dramático demais. Tenho algumas felicidades momentâneas e isso já é o bastante para quem não tem nada e é certo que tem pessoas por aí que não possuem nada. Então quem sou eu para dizer que tenho a pior vida do mundo? Eu sou herdeira de uma fortuna da minha mãe, já viajei por quase meio mundo e posso viajar ele inteiro se eu quiser, tenho uma mãe extremamente maluquinha, mas tenho uma mãe, tenho um pai que me abandou quando era menor e que retornou agora, mas eu tenho um pai. Entretanto nada é tão completo em minha vida, pois no dia 20 de julho de 2013, o dia fatídico, tudo ficou vazio.

Meu irmão morreu, acidente de carro. Ele era tudo de bom e eu tudo de ruim, mas ai ele morreu, e eu não.

Desde esse dia eu me fechei para o mundo, eu tenho medo – e não é nada fácil admitir isso- de me aproximar das pessoas e perdê-las. Ter um período longo de felicidade não é nada normal para mim desde aquele dia, pois eu só fui perdendo desde lá. Perdi uma relação mais ampla com minha mãe que logo me trocou pelo seu marido e me mando para morar com um senhor que eu não via a 6 anos.

Egoísta demais de minha parte eu não perdoá-lo ? Mas se eu derrubar a barreira entre nós dois e ele for embora de novo? Isso já aconteceu antes, na verdade as coisas serem arrancadas da minha vida aconteceram várias vezes.

...

_ O que ta escrevendo ai ? – Gabe se sentou na cadeira da minha frente na sala de aula.

_ Coisas.

_ Tipo um diário ?

_ Mais ou menos, titular diário seria melancólico demais, eu não sou melancólica.

_ Hm.. Certo.

_Como foi o trabalho com Caroline ?

_ Ela é legal e inteligente, isso é suficiente para recuperar a matéria. Mas e o seu trabalho com Antenor ?

Pensei no Antenor surpreendente de ontem, sem brigas e troca de ofensa, um Antenor concentrado e interessado, um Antenor que toca violão e canta super bem e de modo misterioso só cantou na minha frente, um Antenor que me beijou e eu não sei porque queria que isso acontecesse de novo, mas eu só pensei .

_ O Antenor foi o Antenor. – Falei algo totalmente errado, Antenor não tinha sido o Antenor no dia anterior, ele tinha sido outro Antenor, total diferente do idiota que ele aparenta ser na escola.

_ Entendo, boa sorte com isso. – Gabe respondeu.

Depois da confusão que estava passando em minha mente de quem era realmente Antenor Grayson, o mesmo entrou na sala. Cabeça erguida como sempre, Cabelos castanhos bagunçados e pouco caídos na testa, mãos no bolso e distraído.

_ Eu vou marcar o próximo trabalho, quero terminar isso o quanto antes. – Disse saindo da minha cadeira e Gabriele apenas afirmou com a cabeça e colocou seus fones de ouvido e saindo do mundo real.

Caminhei até o outro lado da sala, Antenor tinha como companhia Caio que conversavam extremamente concentrados que quase não repararam em mim até eu me pronunciar.

_ Antenor eu queria marcar outra reunião, quero terminar esse trabalho o quanto antes e hoje...

_ Garota, podemos falar disso outra hora to tendo uma conversa importante, ta atrapalhando. – Ele pousou seus olhos intensos em mim e tinham uma certa fúria neles. Quem era mesmo aquele garoto ? A personalidade dupla dele estava pirando com a minha cabeça, como ontem ele me beija e hoje simplesmente volta a ser o mesmo idiota que eu odeio.

_Tanto faz, seu idiota. Quer saber eu faço o trabalho sozinho e você ganha credito no final. Eu to cansada de você. – Disse saindo da sala de aula e perdendo a primeira aula.

Narração Antenor:

Bagunçando minhas idéias, era exatamente isso que Samantha Lorenzzi estava fazendo comigo. Uma hora eu tinha uma raiva incontrolável por ela e outra eu tinha apenas vontade de beijá-la. Ela é irritante, toda fragilzinha, mas toda rebelde ao mesmo tempo, patricinha um pouco como a mãe, sempre combinando o seu estilo com o dia e tudo que é certo pela moda, afinal ela é filha de uma das ditadoras da moda mais popular do país. Mas o que eu coloco em evidencia é o jeito como ele consegue mudar o meu humor tão rápido como ninguém consegue.

_ Vai se atrasar, Toni. – Rebecca, Governanta da casa bateu na porta e depois entrou, nas mãos tinha várias toalhas limpas e dobradas.

_ Se eu fosse você, garoto... Espera, o que ta espiando pela janela ai ? – Ela disse com uma risada forte que só pertencia a ela.

_Nada. – Disse vestindo minha camisa e disfarçando.

_ Esta olhando a casa da nova vizinha? Ela é bonita, fiquei sabendo que é filha daquela Lucia Lorenzzi da televisão.

_ Eu não estou olhando nada, Becca.

_ Sei, finjo que acredito.

_ Não seja intrometida, Becca. – Disse rindo – O que ia dizer antes “ Se eu fosse você, garoto” ? - Disse me jogando na cama e a observando a guardar as toalhas no meu guarda roupa.

_ Se eu fosse você evitaria se encontrar com o seu pai quando descesse para ir ao colégio, ele esta furioso com algo.

_ Furioso? Mas eu não aprontei nada essa semana. Sem carro batido, sem álcool, sem mulheres e sem camisinhas dentro da piscina.

_ Como se fossem só mulheres e camisinhas que você já deixou naquela piscina. – Ela disse rindo – Nunca me esqueço quando Jorge foi limpá-la de manhã e quase teve um infarto quando encontrou o seu antigo carro lá dentro. – Rebecca gargalhava.

_ Mas sério , Becca. Eu não fiz nada nessa semana, desde aquela briga que tive com ele, estou me comportando. Evito ate me encontrar com Ana, para não brigarmos. Estou ate fazendo um trabalho de filosofia...

_ Eu não sei mesmo, garoto. Mas que ele esta lá em baixo furioso ele está.

_ Eu vou ter que enfrentar a fera mais cedo ou mais tarde, então que seja cedo não é?

_ Boa sorte. – Becca disse saindo do quarto.

...

Desci as escadas e meu pai estava lá na companhia de Ana, eles conversavam algo e Becca tinha razão meu pai estava furioso.

_ Bom dia, pai. – Disse descendo as escadas e rezando para todos os santos do qual eu não acredito.

_ Bom dia ? – Ele riu sarcástico. – Não vai dar um “ bom dia” para Ana ? - Ele perguntou.

_É.. Bom dia, Ana. – Apesar de eu achar impossível ela não ter um bom dia, sendo bancada pelo meu pai e o traindo de formas descaradas. Ela respondeu e tive vontade de vomitar.

_ Aconteceu algo? – perguntei e assinei minha sentença para um sermão de meu pai.

_Sim ,recebi uma ligação do seu advogado, espera de um novo advogado não é ? Garcia, ele se chama. Diz que você quer tomar posse da herança de sua mãe antes dos 20.

_Eu não acredito que ele te contou isso. – O que esperar do advogado que é pai de Dinho, o meu inimigo.

_Era para ser escondido, Antenor? Achava que eu não ia saber.

_ A herança é minha, pai. Eu não tenho direito dela?

_Aos 20 anos, determinado e desejado por sua mãe. Adquirir um dinheiro quando tivesse responsabilidade, algo que é notável que você não tem nesse momento.

_Eu preciso do dinheiro agora.

_ Pra quê ? A minha mesada já não basta para mulheres, bebedeira, boite e coisas fúteis que você faz?

_ Não basta para um apartamento novo.

_ Você quer se mudar? – Ele riu.

_ O Clima dessa casa esta insuportável, pai, convenhamos.

_ Esta insuportável, por sua culpa. Você não almoça e nem janta na mesa, por sua besteira de ter raiva de Ana. Algo incompreensível.

_ Pai, essa mulher é uma vadia.

_ Não precisa dar ouvido a isso, Amor. – meu pai disse a Ana que chorava agora. – Toni, tudo bem. Se você ta incomodado então tente o seu apartamento novo, mas sem a minha mesada para pagar esses advogados, porque eu duvido que conseguira essa herança sem um.

_ o quê ? Vai cortar minha mesada é isso?

_ Não querer morar sozinho? Ser independente? Então se vira. – Ele disse pegando sua pasta – Ah, e se ta tão incomodado com a presença de Ana eu digo o velho ditado “Os incomodados se retirem”.

_ Ta me expulsando de casa?

_ Não, até porque não teria pra onde ir sem a minha mesada.

_Ótimo, pai. Era tudo que eu precisava ouvir. – Disse rindo, eu estava furioso. Desde quando meu pai se tornou total cego?

_Eu vou conseguir a herança da minha mãe, antes que a vaca da sua esposa a sugue também.

_ Eu exigo respeito, Antenor. Mas vá em frente duvido que a consiga antes da data. – Ele disse pegando as chaves e indo em direção a saída.

_ Pai! – O chamei e ele virou ainda segurando a porta- Não se preocupe, o incomodado vai se retirar. – Não consegui controlar a lágrima acabou escorrendo pelo meu rosto.

_ Faça como desejar. – Ele disse fechando a porta e eu não reconhecia mais o meu pai. E nada mais me fez falta do que ter minha a mãe naquele momento.

...

Sem mesada, sem herança e sem casa. Eu poderia dormir no meu carro, era a única coisa que estava no meu nome. Eu estava perdido. Meu pai tinha razão eu não conseguiria os termos para herança ser entregue aos meus 20 anos invés dos 18, foi porque minha mãe acreditava que eu não precisaria dela tão cedo, já que ela pensava que meu pai e eu continuaríamos os laços em que tínhamos quando eu era criança, e também porque ela acreditava ser a idade ideal para a responsabilidade. E algo que todo juiz que investigasse meus antecedentes, descobriria que eu não tinha.

_ Ei, cara perdeu o treino logo cedo. O que houve? Se faltar o Dinho ainda vai roubar sua vaga de capitão em ? – Caio disse ao me ver na sala de aula.

_ Como se tivesse essa capacidade. – disse ríspido.

_Até que o moleque joga bem.

_ Ele vai me pagar, isso sim. Eu vou armar uma pra ele, que o moleque vai se arrepender de ter vindo estudo aqui na escola.

_ O que ele te fez?

_ Eu fiz a burrice de contratar o pai dele como meu advogado pra conseguir o lance da herança que te contei, mas o advogado deu com os dentes para o meu pai, ele ficou furioso. E tenho certeza que Dinho induziu Garcia fazer isso, ou ele mesmo fez.

_Eu falei pra deixar esse lance pra lá, se sua mãe quis que você recebesse aos 20 anos é porque tem uma razão. – Caio disse.

_ Eu sei, Caio. Eu entendo os motivos da minha mãe, mas ela morreu e na época não fazia idéia do quanto eu precisaria agora, meu pai é outra pessoa ao lado da vadia da Ana. – Disse levando a mão ao meu rosto, eu faltei o treino e devia ter faltado aula, estava nervoso e furioso.

_Você tem uma boa mesada e uma casa, vai querer essa herança por uma birra com a madrasta.

_Eu não tenho mais, meu pai me cortou a mesada e praticamente me colocou para fora de casa. – Falei ríspido e um pouco alto, mas não o suficiente para as pessoas da sala ouvir.

_ Eu não acredito! O senhor Grayson fez isso mesmo?

_ Praticamente, “ Os incomodados se retirem”. Foi isso o que ele disse e não se importou quando eu disse que ia me retirar.

_ Cara, vamos dar um jeito.

_ Não tem jeito, Caio. Eu estou ferrado. – Disse levantando e andando de um lado para outro entre as filas da cadeira.

_ Senta aqui, a gente vai pensar, talvez a gente consiga outro advogado e adiante a herança.

_ Que advogado? Com que grana? E também nenhum juiz vai me dar o direito, eu tenho péssimo antecedentes, até na prisão já fui parar por dirigir bêbado. Que responsabilidade ele acha que vou ter de acordo com o que pede no documento?

_ Eu não quero te deixar mais furioso, mas isso tudo é consequência das suas atitudes. Todas as vezes que te falei “para Antenor, para de fazer tudo o que o Peter acha divertido”, você não me ouviu.

_ O Peter não tem nada a ver com isso, eu fiz porque eu quis.

_Ah ele tem assim.

_ Que saco, Caio! E daí ? Eu fiz e gostei, não me arrependo, eu vivi, sou impulsivo é da minha natureza. Eu não penso antes de fazer, eu só faço e me divirto. E não precisa dizer que a culpa é minha, porque eu sei que é. – Falei estressado.

__ Antenor eu queria marcar outra reunião, quero terminar esse trabalho o quanto antes e hoje... – Samantha me abordou no pior momento em que ela tinha pra fazer isso, que droga, o trabalho tinha a semana inteira, mas ela queria justamente se ver livre de mim e aquilo já tava me enchendo. Trabalho de filosofia ? Minha vida estava um caos, eu não queria saber de trabalho.

_ Garota, podemos falar disso outra hora to tendo uma conversa importante, ta atrapalhando. – Eu sabia que não deveria falar aquilo para ela depois do dia harmonioso que tivemos ontem, mas eu tinha a raiva no controle e acabei descontando nela.

_Tanto faz, seu idiota. Quer saber eu faço o trabalho sozinha e você ganha credito no final. Eu to cansada de você. –Ela disse saindo da sala de aula.

_ Em falar de agir por impulso. – Caio falou logo depois que ela saiu.

_ Droga! - Exclamei, mas quer saber talvez isso era o certo, eu era um idiota e ela tinha razão.

_Você precisa se acalmar, Toni. Vamos dar um jeito e até lá você mora na minha casa, vai ficar tudo bem.

_ Obrigado, Caio!Mas eu ainda tenho a minha ultima mesada, vou dar um jeito.

_ Você que sabe, mas pode ficar na minha casa o tempo que quiser.

...

Segunda vez que pisava no chão daquela biblioteca e era segunda vez que todos lá dentro me olhavam surpresos.

_ Duas vezes em uma semana ? Acho que to delirando. – CarolineDick disse ao me ver.

_ Engraçadinha! –Disse sarcástico e ela logo fechou o sorriso e colocou o cinismo em seu rosto.

_ Você viu a Samantha?

_ Ela ta penúltima mesa como sempre, se viesse mais aqui não me perguntaria. – Caroline disse saindo com muitos livros em seus braços.

E realmente ela estava lá, concentrada em uma pilha de livros e fazia anotações em um caderno.

_ Perdeu as primeiras aulas, assim vai perder seu troféu de aluna exemplar. – Disse sentando ao seu lado.

_ Estou adiantando o trabalho de filosofia, já que fiquei sem parceiro. – Ela disse cheia de sarcasmo e pousou seus olhos claros e intensos em mim.

_ Ele quer pedir desculpa e dizer que precisa muito da nota. E se não for muito tarde, ele quer ajudar.

_ Garoto, sua bipolaridade está me matando. – Ela disse fechando os livros e os colocando na bolsa muito irritada.

_ Sério, Sam. Não quis falar daquele modo com você.

_ Pois eu acho que queria, você era um idiota antes, não mudaria só por causa de ontem.

_ Isso, ontem! Eu to cansado desse lance da gente se odiar e tal. Quero propor uma boa convivência, o que acha? Não precisamos ser melhores amigos, se não quiser nem precisamos ser colegas, apenas vizinhos civilizados. – “Vizinhos” era algo que a gente não era mais lembrei, mas só lembrei.

_Pode ser, mas, por favor, controle sua personalidade dupla. – Ela colocou a mochila de volta na mesa mais tranqüila - Porque ate entendo que você não goste de demonstrar seu lado menos idiota – Eu ri com isso “ menos idiota” ela me achava mesmo idiota e media as proporções de acordo como eu agia; e isso me fez rir mais – tudo isso para agradar seus amigos brutamontes do futebol. – Ela fez cara de nojo na parte dos “brutamontes do futebol” e eu ri novamente porque isso me incluía também, não ?

_ Personalidade dupla ? – perguntei e ri novamente.

_ Sim, personalidade dupla. – Ela afirmou novamente convicta – Isso me deixa confusa, não sei como consegue, na verdade me deixa irritada.

_ Adequar a expectativa a realidade. – Falei.

_ O quê ?

_ Adequar a expectativa a realidade, é o segredo da vida dupla, eu por exemplo já quis a paz mundial hoje eu já fico feliz quando acho um lugar pra estacionar,

_ Bobo. – Ela riu e percebi que não estava mais irritada, fiquei feliz com isso.

_Então, o que ta faltando aí ? – Disse olhando suas anotações.

_ A metade ainda. – Ela disse suspirando.

_Que tal você pegar um lanche pra gente, enquanto eu leio essas anotações.

_ O quê? Vai sonhando. Não sou sua empregada.

_ Ah qual é Sam, eu não tomei café da manhã hoje e saiba que foi um dia estressante, preciso disso para me concentrar.

_ Tudo bem, mas não se acostuma, em manezão? – Ela disse levantando.

Enquanto Sam saiu, foquei em suas anotações era fácil de entender devido sua organização. Fui comparando com os livros em cima da mesa, mal empilhados caíram derrubando a mochila de Sam e derrubando alguns cadernos e folhas, coloquei novamente, mas uma página de jornal solta caiu de um caderno que mais parecia um diário.

A folha de jornal não era atual, ano de 2013. A manchete dizia “ Motorista bêbado causa acidente fatal” Na foto um carro em cima de outro, um acidente chocante. Juntei as coisas do chão coloquei de volta na bolsa, sentei-me e me concentrei novamente no jornal.

“ Na madrugada de quinta feira, dois carros se chocaram causando um terrível acidente. Resultando em uma vitima fatal e uma jovem em estado grave de saúde. Vítimas essas chamadas Nicolas Lorenzzi e Samantha Lorenzzi. Dois irmãos cujo sobrenome é de família bastante conhecida no país. A única afirmação que temos é o que o jovem Nicolas morreu na tragédia, mas a garota ainda continua viva na UTI em estado de observação.”

Revelaram- se para mim a maior parte do mistério de Samantha Lorenzzi, o motivo da morte do seu irmão, o motivo por não gostar de “carros dirigidos de forma errada” e o motivo de não mostrar muito o sorriso lindo que tem.

Ouvi o barulho da porta se abri e guardei imediatamente o jornal em minha bolsa e tentei mostrar normalidade.

_ Voltou rápido! - Exclamei sem olhar para porta e tentando me recuperar da noticia que acabara de ler.

_Quando se trata de Antenor Grayson, eu sempre volto correndo. – Não era Samantha, se tratava de Melanie.

_ Mel? O que faz aqui? Pensei que você não queria me ver nunca mais. – Disse levantando e me escorando na mesa e ficando de frente a ela.

_Eu errei ta? Você tinha razão. Dinho armou, descobri isso fazendo trabalho de filosofia com ele. – Mel disse o que era obvio para mim, mas que não era tão obvio pra ela, compreensível.

_Preciso falar que eu te avisei?

_ Desculpa. – Ela suspirou e se aproximou.

_ Desculpada.

_ Me abraça ? - Ela pediu e eu a abracei.

_ Estraguei tudo entre a gente por causa desse garoto. – Ela disse dengosa.

_Não estragou, Mel.

_ Não? – Ela disse animada e colocando seu rosto na frente do meu.

_ Quer dizer ainda somos amigos.

_ Eu não quero amizade. Eu gosto de você, eu quero continuar o lance da praia.

_ Acho melhor ficarmos na amizade. – Falei, mas ela insistia.

_ Foi tão bom aquele dia, não acha? – Ela disse beijando o meu pescoço, Mel não era a menina mais inteligente, mas era linda e atraente com certeza.

_Não sei, Mel. – Ainda relutava, mas ela permanecia colocada em mim.

_Sabe, eu sei o que aquele Dinho é agora e eu vou te ajudar a se vingar dele. Mas esquece que eu acreditei nele e fica comigo? – Ela disse colocando seus lábios no meu de forma ousada.

_ Mel, podemos nos vingar dele sendo amigos. Beleza? – A afastei.

_ Eu sei, mas em toda historia de vingança tem romance e muita sacanagem. – Ela sussurrou em meu ouvido.

_Historia de vingança? Interessante. –Disse rindo das idéias de Mel.

_ Cala boca e me beija, Antenor Grayson. – Ela disse me empurrando sobre a mesa e sentando em meu colo e me beijando.

_ Eu não sou do tipo que resiste às tentações. – Disse a empurrando e a encostando na estantes com os livros, caindo alguns deles.

_ Esse é o Toni que eu quero e conheço. – Ela disse me beijando ferozmente.

Narração Eduarda:

Antenor era uma mala quando queria, percebi que era mais mala quando está perto de Peter e os idiotas do futebol. E exatamente essa personalidade dupla dela que esta pirando minha cabeça, ele tentou explicar como adequar a expectativa a realidade, me deixou mais confusa ainda, o sarcasmo era algo que pertencias aos dois Antenor e mesmo ele levantando a bandeira branca não acredito realmente em uma paz entre nós. Entretanto estou buscando um lanche para ele, talvez essa proposta de harmonia de certo, mas se tratando do meu humor e do dele, não por muito tempo.

_ Aqui o sanduíche, querida!

_ Ah obrigada! E o refri? - Perguntei a garçonete.

_ Esta no pacote também.

_ Obrigada!

Entrei na biblioteca e não vi Antenor na mesa, só o que faltava era aquele cretino ter me feito de besta. Coloquei o lanche na mesa perto dos livros e ouvi um barulho vindo do fundo da biblioteca. Vinha da ultima prateleira de livros e eu fui até lá para total arrependimento.

Antenor e Melanie estavam se agarrando, nunca vi tamanha vulgaridade em se agarrar na biblioteca daquela forma, eu estava parada ali estátua, eu não conseguia sair daquela posição de otária olhando aquilo.

Uma cena repugnante e me dava vontade de vomitar. Melanie já vinha quase descoberta com aquelas minissaias para o colégio, mas sua empolgação com Antenor deixava muito mais a amostra. E para o bem publico da biblioteca não podia deixar rolar algo mais prosmicuo ali. Era nojento ver aquela cena. Dei dois tossidos e nada, derrubei alguns livros da prateleira e nada. Eles não percebiam que eu estava ali. Então eu me aproximei mais e falei:

_ Dá pra parar com essa promiscuidade dentro da biblioteca, que nojo! Não tem outro lugar pra fazer isso? – Disse um pouco alto e os dois se afastaram imediatamente.

_ Samantha ? – Antenor disse espantado.

_Ah garota, vai te catar! – Mel disse se recompondo.

_Ah eu não acredito que me fez sair da sala com o papo de lanche pra isso. – olhei para Antenor reprovadora e voltei a mesa.

_ Não, Não... Eu não sabia que a Mel ia chegar. – Antenor correu atrás de mim junto a mesa.

_ Não precisa me explicar. – Disse irritada e de certa forma aquilo me incomodou sim, vê-lo beijar Melanie.

_ Não precisa explicar nada para estranha, Toni. Deixa ela ai e vamos! – Mel se pronunciou.

_ Calada, Mel!

_ O quê?

_ Depois a gente se encontra ta? E conversa sobre o que aconteceu. – Ele disse se aproximando dela.

_ Tudo bem. Passo na sua casa ?

_ Não; - Antenor a respondeu imediatamente.

_ Por que não ? – Mel perguntou e Toni suspirou impaciente.

_Depois eu encontro com você, em outro lugar.

_ Ta, eu te aguardo. – Ela disse dando um selinho nele e depois saiu.

Antenor sentou na mesa na minha frente, passou a mão no rosto e depois ergueu sua cabeça em direção a minha.

_ Que casal lindo! – Exclamei.

_ Que foi? Ficou com ciúme?

_ Eu? Ciume de você? – gargalhei – Até parece! – Ele arqueou as sombrancelhas e depois colocou o sorriso de lado charmoso.

_ Adoro esse sanduíche! Acertou em cheio, em marrentinha. – Revirei os olhos e ele riu devorando o lanche em seguida.

_ Que foi ? – Ele perguntou a me ver o observando.

_ Nada.

_ Fala logo.

_ Ta namorando Melanie ? - Disse rindo.

_ Não, mas por que?

_ Porque a garota é bizarra.

_ Não zomba, Mel é legal só é meio distraída.

_ Meio? A garota nasceu com menos neurônio do que o normal. –Ele gargalhou.

_ Mas ela é linda, atraente e sabe agradar.

_ Ah ta!

_ Vai negar que ela é feia? – Ele perguntou.

_ Bonitinha.

_ Ela é linda e boa de cama. – Ele comentou me fazendo revirar os olhos e me deu uma vontade de vomitar outra vez.

_ E Fútil.

_ Mas não estamos namorando, ela me agarrou aqui. Eu sou a vítima.

_ E você odiou. – Disse rindo.

_ Não, mas já beijei melhores. – Ele disse com os seus olhos intensos ligados aos meus.

_Já beijou tantas que nem deve saber distinguir a melhor. – Disse desviando o seu olhar e guardando os livros.

_ Engano seu. Sim, eu já beijei muitas, mas eu sei quem foi a melhor.

_ Am.. Ah, é.. A gente continua o..o tra-ba..trabalho amanhã, ok ? - Disse saindo nervosa da biblioteca.


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