Gajeel ficou parado na frente dos portões da guilda por mais um tempo enquanto observava Lucy desaparecer na rua inclinada. Colocou suas mãos na cintura e olhou para o céu nublado. O sol se escondia por trás das nuvens, tirando as esperanças de quem anseava por um dia ensolarado.

Ele deixou sua mente vagar um pouco antes de voltar a pensar em Lucy. Então, passou a mão no cabelo, suspirando enquanto murmurava:

—Droga. Onde será que ela foi? — Ele não esperava que alguém fosse responder.

—Será que ela não foi para a casa dela? — Levy disse, assustando Gajeel. Ele não a vira se esgueirar silenciosamente até o seu lado. Sua voz chamou a atenção dele, que se virou para encará-la enquanto Levy sorria em retorno. Ela estava sorrindo, mesmo não tendo nenhuma razão para sorrir perto dele. Quando Gajeel não sorriu de volta, o sorriso da baixinha desapareceu. Ela fitou o chão. — Gajeel... A Lucy está bem, não está? — Ela perguntou, claramente se referindo aos gritos de mais cedo. Gajeel também pensava nisso quando ela perguntou. Pensava no que Polyuska disse para ele.

—Não sei.

Levy observou o olhar perdido e preocupado de Gajeel antes de falar:

—Você está apaixonado pela Lucy?

—Hã? — Ele corou violentamente, seu corpo pulando inconscientemente como se tivesse levado um susto. — Que pergunta é essa?

Levy deu uma risadinha antes de dizer:

—Sabia. — Ela voltou a fitar o chão, enquanto seu sorriso transformava-se lentamente num sorriso triste, perdendo as pontas sorridentes, sua curva exagerada se inverteu. Gajeel percebeu seu sorriso triste e se perguntou porque ela estava assim. No que será que ela estava pensando... — Anone, Gajeel. Tinha uma época em que eu era apaixonada por você.

Gajeel assustou-se de novo, sem saber como reagir.

—Mas já passou agora. — Ela forçou um sorriso e levantou sua cabeça, fitando o céu nublado. As nuvens estavam ficando cada vez mais negras. Ela tinha medo de olhar nos olhos de Gajeel e enxergar o que ela tanto queria ver nos olhos dele. Ou pior, tinha medo de não ver nada naqueles olhos vermelhos naturalmente intimidante. — Quer dizer, eu ficava morrendo de ciúmes toda vez que você ia fazer uma missão e não me levava, mas eu aprendi a me controlar. — Ela riu zombando de si mesma — Eu cheguei até a namorar o Freed só para ver se você reagiria de alguma forma.

—Freed? — Sem saber como reagir acabando por se descontrolar, Gajeel acabou falando alto demais e chamando a atenção de Mirajane que passava por ali. A fofoqueira resolveu parar ao lado dos portões, seus ouvidos aguçaram-se, curiosos para saber o resto da conversa.

—Você nem percebeu, não é? — O olhar dela mostrou-se sério de repente. O sorriso sumiu. Os olhos arregalaram. — Mas tudo bem. Eu já te superei. Até porque, me apaixonei por ele. Ele é carinhoso, gentil, romântico, protetor... Um pouco impulsivo às vezes, mas isso faz parte. E sabe o que mais, Gajeel? Ele me faz feliz. E é esse tipo de felicidade que eu, sinceramente, desejo que você sinta com a Lucy. — Ela disse por fim, soltando as palavras que estavam presas em seu peito. Sinceramente? Ela queria que Gajeel se sentisse feliz perto dela, mas já que isso não era possível, já que ele estava apaixonado pela sua melhor amiga, ela o deixaria de lado. Ela não competiria com Lucy por um pedaço de mal caminho. — Que você a faça se sentir feliz.

Depois de um segundo em silêncio, levy perguntou esperando que não tivesse entendido errado. Sua voz saiu entrecortada, gaguejando embarassada.

—Vocês estão namorando, não é?

—Sim. — Gajeel sorriu. Tudo estava saindo de acordo com o plano. — Estamos namorando.