Na plataforma de trem, Lucy estava apressada. Com o pouco de dinheiro que tinha, comprou uma passagem para Hargeon, enquanto andava com uma única mala de roupas, na qual encaixara as roupas jogadas de qualquer forma, numa verdadeira bagunça. Foi quase que um milagre para ela conseguir ter encaixado tudo aquilo de roupa numa mala só.

Por sorte, faltava 10 minutos para o trem chegar. Ela tinha chego quase encima da hora.

Nesse meio tempo, Gajeel tinha passado na casa dela. Ela não estava lá, seguira seu cheiro até metade do caminho, quando percebeu a rota que traçara e a partir daí, deduzira.

Ela ia voltar para a vila. Porque não falou nada? O que será que ele tinha feito?

No impulso, seguiu-a.

–Lucy! - Gajeel gritou no momento em que a viu esperando o trem, de longe. - Para onde você vai?

–Para Hargeon. - Ela disse, calando-se logo em seguida como se o que ela fosse fazer lá fosse lógico. Como se fosse óbvio. Ela concentrava sua mente na voz doce e delicada que fizera aquela promessa a ela. Seja lá quem ele era, ele sabia alguma coisa do que tinha acontecido com ela. Talvez ele tivesse respostas.

–Porquê? - Gajeel insistiu. Lucy manteve-se silenciosa, começando a se sentir culpada por ter deixado para trás. - Por que você vai sozinha? Por que não me chamou?

Lucy estava agradecida por ele ter ajudado a cuidar dela quando precisava, mas agora ela queria fazer aquilo sozinha. Ela ainda queria demonstrar para alguém que não estava ali, que ela sabia se virar sozinha. Ela ia tentar novamente, já que a primeira vez não deu tão certo quanto esperado.

–Não precisa mais cuidar de mim. - Ela disse, decidida, tentando colocar aquela frase da forma mais delicada que podia. Lucy mostrou um sorriso para Gajeel. - Já posso andar agora.

–Por mais que você possa andar agora, não é permanente. - Ele disse, dando um suspense antes de continuar. Lucy virou seu rosto para ele esperando ele continuar o pensamento. Então Gajeel lembrou-se que Lucy pode não ter ouvido. Ela estava muito ocupada dormindo. - Polyuska disse que o que ela fez, foi uma forma de calar a dor. Sua perna ainda está machucada, não foi curada. Ela disse para não deixar você exagerar, senão vai acabar piorando.

–Quanto tempo? - Ela perguntou, a cabeça abaixada em tom de relutância. Ela não queria perder tudo. Mas ela tinha de saber. Gajeel se surpreendeu com a rapidez do raciocínio dela. Ela já tinha percebido. Como se já não bastasse perder seus poderes mãgicos, ela ainda pode acabar perdendo muito mais. Se continuasse nessa jornada louca, ela poderia perder suas pernas. - Quanto tempo até eu perder as minhas pernas?

–Não sei. - Gajeel disse, tentando lembrar-se do que Polyuska disse. - Por volta de três ou quatro dias. Isso se você não exagerar.

–É o suficiente. - Lucy disse finalmente, decidida. - Eu preciso saber.

Como se Gajeel tivesse perguntado alguma coisa, Lucy continuou, explicando para ele. Como se ela precisasse contar.
–Eu me lembrei de uma coisa. Provavelmente não deve ser nada, mas eu me lembrei de quando eu machuquei minhas pernas. Uma viga em fogo caiu encima de mim. Mas alguém me tirou de lá, não me lembro do seu rosto. Mas lembro de sua voz. Eu só preciso ouvir de novo.

Então foi por isso que ela pediu para ele dizer aquilo?

–Então, tá. - Ele disse, suspirando. - Mas eu vou junto. Do jeito que você é, pode acabar extrapolando e acabar com tudo de uma vez antes que tenha uma chance de voltar ao normal.

–Hey! Eu não... - Ela começou, não sabendo direito se deveria ou não se sentir ofendida.

–Você não vai deixar seu namorado para trás, vai?

Lucy sorriu achando graça.

–Tá bem, então. Mas vê se não me atrapalha, ok? - Ela disse, brincando.

–Entendido. -- Disse Gajeel no mesmo tom de brincadeira.