Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 14
Preparativos


Notas iniciais do capítulo

Fiquem de olho, que o próximo capítulo é do babado!

http://www.youtube.com/watch?v=1bbceaR0nm4 trilha sonora de hoje é fofa, mas a do próximo... Surpreenderá, com certeza auhsuhauhsuauhsa



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Dinho acordou ao som do despertador. Olhou para Lia em seus braços e, por um momento, daria tudo por não precisar acordá-la, por ficar abraçado na garota que amava pelo resto de seus dias, mas precisava ajudá-la a se tratar. Percebeu-a mexer a cabeça e sorriu. Se existisse paraíso, para Adriano seria como ali, naquele momento, vendo-a sorrir ao encontrar seu olhar e acomodar-se em seus braços como se tampouco quisesse sair da cama. Ainda assim, um paraíso com a roqueira traumatizada e assustada não seria perfeito.

– Ei, marrentinha, odeio ter que dizer isso, mas é hora de acordar. – Dinho sussurrou hesitante.

Lia beijou o rosto do ex e se levantou lentamente, cada passo a prendendo de volta à cama.

– Se o Dr Hernandez te encontrar de pijama e mechas descabeladas quando chegar, corre o risco de se apaixonar, e nós dois sabemos que eu não quero isso. – Zombou mexendo nas mechas da loira.

Lia sorriu e respondeu com um leve empurrão.

– Ok, então vai lá pra cozinha ver o que tem pra comer, que eu não vou fazer showzinho de strip tease pra ex-namorado safado, não.

– Assim você enfraquece a nossa amizade! – Dinho protestou imitando o amigo funkeiro.

– Problema seu, Pilha. Vai lá, vai. – Lia indicou a porta ainda rindo.

Ao chegar à sala, já apresentável, encontrou Adriano no balcão da cozinha rindo com Tatá. Surpreendeu-se ao ver que o café da manhã já se encontrava sobre a mesa e que Dinho parecia organizar a louça.

– Você que fez? – A roqueira perguntou impressionada.

– Um dos meus muitos talentos, lembra? – Dinho piscou sorrindo, observando a ex se aproximar e contornar o balcão.

– Na frente da Tatá, não. – Lia sussurrou envergonhada, beijando novamente o rosto do aventureiro.

– Na boca! Na boca! – Tatá implorou já sentada à mesa.

– Cala a boca, pirralha! – Lia ordenou sem jeito, com a mão no ombro do garoto.

– Por que você não cala a do Dinho com um beijo?

– Você acha mesmo que ela não sabe que você dormia lá em casa? – Dinho perguntou rindo.

– Uuuh! – Tatá exclamou divertida.

Lia preferiu não responder e se sentou à mesa com a irmã, sendo seguida pelo ex. A caçula, entre comentários sobre o quão “bonitinhos” estavam os dois dormindo abraçados, queria saber mais das viagens do ex-cunhado. Meticuloso, Adriano tomou o cuidado de não citar a presença de Valentina no início, muito menos de qualquer mulher que encontrara na África. Percebeu imediatamente o desconforto da ex à pergunta da irmã sobre a viagem que os separara por um ano, mas Lia logo se entreteve com as histórias contadas. Não tirou o olho da roqueira por um segundo até a chegada do psicólogo.

Ao ouvirem o interfone, a roqueira logo se agarrou ao ex, nervosa. Tatá atendeu enquanto o ex-cunhado abraçava sua irmã e tentava tranquilizá-la. Ao soar da campainha, Lia tremia. Tremia tanto que não vira o doutor se aproximar.

– Lia, tá tudo bem. – Dinho sussurrou levantando delicadamente a cabeça da ex em direção a Hernandez.

– Você deve ser o namorado? – Questionou o simpático psicólogo.

– Não. – Lia respondeu secamente.

– É complicado. – Dinho respondeu ao perceber a expressão confusa do doutor.

O psicólogo tentou abrir assunto com Lia, que lentamente deixou as defesas exageradas de lado. Não mais abraçava com força o corpo do ex, apenas agarrava com força a mão de Dinho, que era cravada pelas curtas unhas da nervosa roqueira. Adriano explicou a situação que viviam, descrevendo os surtos e como Lia não conseguia sair de casa. Em pouco menos de uma hora, sentia-se mais tranquilo. Não conseguia dizer se a roqueira também estava calma como resultado da consulta, ou se era apenas alívio de ver o homem longe de seu apartamento.

– Doeu?

– Não enche, Dinho.

– Eu já te falei que você é um amor com as pessoas? – Adriano zombou, mostrando a palma de sua mão.

Lia se sentiu culpada ao ver os cortes, que sangravam discretamente.

– Você tá apanhando de mim todos os dias e ainda quer voltar comigo?

– Com certeza! Eu te amo até me cortando o braço fora, marrentinha. – O garoto brincou.

– Exagerado! – Lia riu, dando um tapa no ombro do ex.

Os três gargalhavam quando o celular de Dinho vibrou.

– Opa! Festinha no Orelha, e você é a convidada VIP! – Anunciou.

– Eu não vou. – Lia respondeu enfática.

– O dr Hernandez falou pra ir com calma, mas sem deixar de tentar. Vem comigo, eu juro que não vai acontecer nada.

– Eu não vou, Dinho! E se ele me leva de novo? – Lia se arrepiou.

– Ele não sabe onde o Orelha mora, marrentinha. Aliás, ele nem está por aqui. Se o cara esse estivesse rondando, o Seve já teria nos dito.

– E você acha que ele ia se deixar notar? – A roqueira questionou como se fosse óbvio.

Vencido, Dinho se lembrou das orientações do psicólogo. Precisava seguir as orientações de Lia.

– Ok, marrentinha.

A roqueira se sentiu aliviada.

– Eu te levo disfarçada.

– QUE? – Lia exclamou chocada.

– Eu te levo disfarçada, ele não vai te reconhecer e nós ficamos no Orelha até o dia seguinte, quando estiver claro e seguro na rua. A gente volta no carro dos pais dele, que têm vidros escurecidos.

– Deixa eu ver isso aqui. – Lia puxou o celular. – Só podia ser ideia do maluco do Orelha esse plano.

– A Ju contou pra ele que você não tava saindo de casa. Ele passou o resto da manhã tramando esse plano, por favor, vem com a gente! – Adriano implorou.

A roqueira considerou a proposta.

– Quando?

– Hoje à noite, pra notícia não se espalhar.

– Eles pensaram em tudo isso? – Lia perguntou admirada.

– E você vai mesmo recusar essa festa, mesmo depois de tudo que eles combinaram pensando na sua tranquilidade?

– Eu tenho saída?

– Não. – Dinho sorriu irônico.

A roqueira balançou a cabeça vencida. Dona Paulina chegou logo depois para verificar como estava a neta e levar a caçula à escola. A avó das meninas preparou o almoço com a ajuda de Adriano, enquanto falavam sobre a consulta. Paulina estava cada vez mais impressionada com o ex da neta. Em silêncio, observou o garoto e Lia à mesa. Comportavam-se como um casal, ou como o tipo de casal que foram e poderiam voltar a ser. Implicavam-se ao mesmo tempo em que trocavam olhares cúmplices; deixavam as mãos em contato por quanto tempo conseguissem entre os pratos; quando um se distraía, o outro o mirava sem cessar e sorriam a cada encontro de olhares, ainda que fossem rudes um com o outro segundos depois. Divertida, Paulina percebeu que a caçula também os observava. Piscou para a neta de forma cúmplice e riu.

Sozinhos por algumas horas no apartamento após o almoço, Lia e Dinho discutiram novamente sobre a festa. A roqueira ainda não estava convencida.

– Eu sei que você não confia em mim, marrentinha, mas eu jamais botaria a sua vida em risco.

– Esqueceu de avisar o Valdinho e sua trupe. – A roqueira lembrou.

– Verdade... – Dinho suspirou derrotado. – É por isso que você vai de peruca ruiva, óculos escuros e uma roupa bem de perua.

Lia gargalhou.

– Você tá maluco? E onde a gente vai encontrar tudo isso? E ele pode te reconhecer e descobrir tudo! – Lia acrescentou preocupada.

– Primeira pergunta: a Ju acaba de mandar uma mensagem e tá trazendo tudo. Segunda: o Sal não me conhece.

– Não?

– Não. Nós não nos cruzamos na mata, ele não faz ideia de quem eu sou.

– E quando eles nos encontraram no carro?

– Eles viram um vulto de cachos. Eu posso prender o cabelo e deixar um bigode.

– Credo! Não!

– Verdade, você não ficaria comigo...

– E quem disse que eu vou ficar com você? – Lia riu sarcástica.

Dinho preparava uma resposta, mas a campainha foi mais rápida. Notou Lia tremer onde estava e se levantou em direção à porta. Seria uma longa noite. Felizmente, era Ju. Animaria a melhor amiga em poucos segundos.

–x-

Ju arrumava a melhor amiga para a festa, uma roupa por baixo e o disfarce por cima.

– Como estão as coisas com o Dinho? – Juliana perguntou de repente.

Lia parou por um momento.

– Estão melhores. Sei lá, depois daquela briga a gente meio que se entendeu.

– Você quer dizer que-? – Ju perguntou animada.

– Que agora nós somos amigos. – A roqueira cortou. – Ou algo parecido... Sei lá, eu e o Dinho nunca fomos amigos, mas eu acho que é isso que a gente é agora.

– Aposto que ele acha outra coisa.

– Problema dele. Ele sabe muito bem que não tem chances comigo.

– Será mesmo, Lia? – Ju indagou. – Ele estar passando dias inteiros cuidando de você já não é prova suficiente de confiança?

– Foram só alguns dias, Ju, e ele pode muito bem sumir depois disso.

– Lia, entende uma coisa: ele não voltaria ao Brasil sozinho, com a família morando em Miami e no meio do sonho de volta ao mundo dele, só pra aprontar de novo.

– Será mesmo, Ju? O Dinho tá com o orgulho ferido, ele deve estar querendo me recuperar porque fui eu que terminei. Depois ele me troca por outra. – Lia respondeu incomodada.

– Não viaja, Lia! Você gosta dele, ele tá abrindo mão de tudo por você, vocês estão passando os dias grudados e até dormindo juntos. O que falta?

– Confiança.

– Caramba, Lia! O cara está vivendo pra você há dias e é assim que você enxerga? Você perdeu a noção na mata, foi?

– Não, ele que me perdeu de vez. – A roqueira respondeu seriamente.

– Você é impossível! Aposto três dias sem maquiagem que hoje à noite vocês vão ficar e depois você vai vir chorar a confusão da sua vida pra mim. Cacete, Lia, desculpa pela palavra, mas você já tá sofrendo horrores, podia estar feliz com o Dinho pra amenizar, e insiste em não se deixar viver o que sente? – Ju discursou irritada.

– Em primeiro lugar, eu não vou ficar com ele nessa festa. Segundo: muito pior será ter que aguentar também a dor da perda dele, de novo, de ser traída, feita de trouxa, além do que já está me comendo viva. – Uma lágrima escapou dos olhos da roqueira.

– O Dinho te ama. – Ju garantiu, segurando as mãos da amiga. – Nenhum outro garoto faria o que ele tá fazendo por você. Se você visse a dor no olhar dele quando ele te vê sofrendo assim, saberia. E digo mais: álcool muda destinos, amiga.

– É só eu não beber. – Lia teimou.

– Lia, quem mais precisa encher a cara naquela festa é você! – Ju riu.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pelo apoio de todos, e beão: dizem que a expectativa aumenta a emoção na hora ;) Capítulo que vem, com certeza, tem o que tu espera, e valerá a pena!